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Amizade depois de grande - parte 1

AVISO: Se você está com TPM, preguiça ou tendência suicida, por favor volte na semana que vem, essa semana aparentemente eu estou pra posts reflexivos, longos e potencialmente entristecedores.

Há tempos que eu ando pensando por que é tão difícil fazer amizade depois de "grande". Não, eu não tenho a pretensão de ser grande, já me conformei, aliás, com o tempo a tendência é encolher (veja minha mãe que tinha 1,50m - 1 cm a menos do que eu- e agora tem só 1, 48m, bizarro isso...), o que talvez com o tempo mude o título deste post para amizade depois de "menor", mas enfim...

Esse problema vem assolando meu ser há algum tempo (só usando palavras bonitas para dar ênfase ao problema). O problema todo começou na faculdade.
Eu tive o raro privilégio de nascer, crescer, e fazer quase tudo dentro da mesma comunidade, o colégio onde minha mãe dava aula.
Tal privilégio é, como diriam por aqui, "tricky" ou dúbio, sei lá qual seria uma tradução pra isso. A vantagem é você crescer com amigos de confiança, eu estudei praticamente com as mesmas pessoas desde a pré-escola até o terceiro "colegial". Com elas também toquei em banda, orquestra, cantei em coral, estudei inglês, viajei pra tudo quanto é canto, enfim...todo mundo conhece todo mundo, é quase como cidade de interior, sem os banquinhos na porta de casa. O outro lado da moeda é que eu nunca tive aquela sensação de "a nova menina da escola", que tem que se esforçar pra fazer novos amigos e ser popular, muito pelo contrário, sempre fui conhecida e conheci todo mundo, aliás, até hoje quando vou lá tem gente que vem com aquele papo "mas nossa, como você cresceu!"(certo, certo) "já casou?!" e o mais recente "já com filho!? E eu te peguei no colo...!" , e eu sorrio, sem nem saber quem é. Afinal, é isso que acontece quando você frequenta um lugar desde feto até sempre e ainda tem um espírito de amor universal, do tipo "todo mundo é legal até que se prove o contrário, e pra provar o contrário não é fácil não".

Na faculdade foi difícil, mundo hostil, primeiro esforço pra fazer novos amigos. Ainda mais eu, que bem informada como eu só, perdi a "semana dos bixos", e todos os eventos e rituais de iniciação que em sua idiotice, são fundamentais para o entrosamento no nível superior. Cheguei eu, toda feliz e perdida no primeiro dia de aula, atrasada (porque como não tinha ido na semana dos bixos, não sabia onde era o prédio de aulas naquela imensidão de campus) e tive pela primeira vez aquela sensação de..."o que eu to fazendo aqui?"? Panelinhas formadas, demandou esforço, mas consegui, fiz ótimas amigas (meu curso só tinha 1 homem, cujo status era duvidoso).
Mas pensando bem, todos ali estavam "suceptíveis a novas amizades", todo mundo morando longe de casa, sem família pela primeira vez. Assim formamos uma grande família onde não por acaso eu era a mãe - ser sóbrio, responsável por buscar amigas bêbadas em festas, levar pra hospital, escutar as lamentações de quem dormiu com não sabe-se quem...mas também passar boas horas de diversão, faltar aula pra assistir sessão da tarde e fazer unha, ficar no laboratório de anatomia estudando até dar medo, correr na chuva, estudar junto e fazer ceia de natal em Novembro. Amizades fortes a ponto de ser chamada pra participar da formatura (com direito a convite e citação no discurso e tudo), dois anos depois de ter mudado de cidade no meio do curso (por motivos matrimoniais), mas já não fortes o suficiente pra durar pra vida, prova disso, hoje em dia troco talvez um email por ano com 1 ou 2 amigas da época.

Esse período não foi traumático, pois eu sempre tive por perto a segurança dos meus bons e velhos amigos de infância, adicionadas de maridos/esposas bacanas - pois amigos de infância você conhece o gosto e ama os defeitos (que eventualmente são muito semelhantes aos seus, já que foram crivados sob as mesmas circunstâncias) - e portanto, se eles escolheram o/a sujeito(a), é porque o/a mesmo(a) deve merecer também sua amizade.

...
continua amanhã, porque ninguém merece um post de 5 páginas

6 comentários:

Deby disse...

Meus amigos (4 ou 5) da faculdade são amigos até hoje (acho q pq terminei o curso na mesma cidade). E serão p/ vida toda. Sou madrinha de casamento de uma, 3 desse grupo são padrinhos de um outro... São vínculos eternos.
Mas os mais chegados que um irmão são os da infância, adolescencia e juventude na mesma igreja. São mais de 20 anos lá, amigos se foram, outros vieram e hoje tenho-os guardados em meu coração.
Ah! Seu post (o anterior) está muito bom, mas não iria copia-lo, só iria fazer um meu no mesmo estilo que o seu. mesmo assim, muito obrigada.
bjocas e fica com Deus

Dani, Annie e Luiz disse...

sempre tive problemas em fazer amizade, sou MUITO fechada, ate coloquei como prioridade na minha lista de ano novo: ser mais social, enfim, vamos ver se consigo, rsrsrs...

Sandra Vicente disse...

Eu AMO fazer amizades e isso não mudou com o tempo. Semana passada tive o prazer de reencontrar 2 amigas do primário!!! E olha que já estou com 39. E tudo voltou assim, assim. Continuo fazendo amizade e amo ajudar meus amigos. Eles ligam pra mim. Me ajudam, mesmo os do trabalho, que já saí há um ano. Aliás, Keiko, você é uma recente aquisição que já tenho certeza que deu certo antes mesmo de estarmos pertinho uma da outra. Você já nos ajudou MUITO mesmo antes de nos encontrarmos. Que história de dificuldade é essa?
Vou aguardar o próximo post...

Lilian disse...

Hmmm... eu sei exatamente do que vc está falando, apesar de só ter feito a primeira amiga mesmo de verdade quando cheguei lá, naquele "velho" colégio com 13 anos, o mesmo onde meu avó e a minha avó se conheceram (parece q eles namoravam na frente do 1o grau debaixo de uma árvore q lá não mais está), onde meus pais também conviveram e onde moraram quando recém casados... Mas de lá saí com 24, quase 25 anos, então eu entendo...

Eu sei exatamente o q vc vai falar. Sinto na pele, passei 10 anos lutando com isso... às vezes desesperada pra voltar lá pro conforto do velho colégio.

Então, acho q vai dar pra ser a sua guru nisso também ;) Não que exista alguma solução pronta e arrumadinha para este nosso triste problema... não. Mas continuaremos este papo depois, como o post :)

Claudia S disse...

Oi keiko! Estive pensando seriamente nisso nesses dias melancólicos (estou passando por uma fase de transição, sabe...). Mas ao invés de me ver sem amigas, a verdade é que as tenho, mas não no dia a dia. No dia a dia só quem coincide mesmo, de estar no mesmo bairro, nos mesmos lugares...Mas muitas vezes não coincide e daí a gente acaba achando que não tem AMIGAS ou AMIGOS.
Nessa fase MÃE temos nossos melhores amigos ao nosso lado...esses seres em miniatura! Amigos em miniatura!!! beijocas

Claudia S disse...

Pode contar comigo Keiko!!!