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E la se vai mais um...

31 de Dezembro, 21h00, eu aqui do lado do Bush, longe da praia, assistindo TV ja que ninguem se animou a sair da toca pra ir ver os fogos ha 1 hora daqui...sem fogos nem areia no chinelo, mas ainda alegre por ter meus irmaozinhos, mamae, Princhuquinho, Princhucaoe demais agregados por perto pra ficar falando besteira e rindo ateh fazer xixi na calca enquanto o pobre padrasto gringo tenta entender " what a hell is going on"...

Ainda nao cansei de fazer nada, minha programacao genetica tem uma combinacao recessiva de resistencia a produtividade e ao excesso de acucar, mesmo assim, vim aqui soh pra desejar um Feliz Ano Novo, com metas que eventualmente se concretizem antes de 2009 - ou nao, com agenda nova soh pra anotar aniversarios e compromissos de lazer, com sorrisos de bebe e beijinhos matinais todos os dias, com cheirinho de pizza no forno ou de terra molhada depois da chuva, com sol que derreta a neve, com prato preferido na mesa, com tempo livre pra fazer nada -ou tudo, com casa que fique limpa sozinha, com roupa quentinha recem passada por alguem que nao seja voce, com familia que nao saiba porque esta rindo mas ria mesmo assim - e que chore quando preciso for, com dinheiro que voce nao esperava naquele bolso que voce nem lembrava, com pelo menos um novo lugar, cheiro ou gosto, com aquela musica que voce nao ouvia ha seculos tocando no radio no meio do transito, com elogios ouvidos sem querer, com frio na barriga, seja de montanha russa, de primeiro beijo ou de defesa de tese, com jogos de tabuleiro e outras coisas que lembrem que mesmo sendo grande eh preciso ser pequeno. Isso e mais o elementar como amor, saude e paz na terra...mas isso tudo vem de troco quando a gente eh feliz aos poucos.

Pra todo mundo por ai nesse mundo, ligados sem sapatos, olhando pra uma tela bem agora, um 2008 com muita felicidade aos poucos e com a mao de Deus lembrando que todas as pequenas felicidades dessa terra nao sao nada comparadas a felicidade que Ele ainda tem reservada pra gente.

E a piadinha batida que nao que calar: Ateh ano que vem!
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Mural

Gostaria muito de escrever um post assim bem inspirado e instrutivo, mas estou muito ocupada fazendo absolutamente nada, ou melhor, ainda de pijama, assistindo TV e comendo, como se sabe, muito ocupada mesmo, aqui na casa da minha mae onde soh pra explicar o cenario, nem lixeiro passa...



So pra fazer alguma coisa de utilidade publica:



Gislane: Minha filha, nao sei responder suas perguntas nao(quem quiser saber do que se trata vide comentarios), primeiro porque eu nao moro em Toronto, segundo porque tudo eh muito relativo mesmo (se eu te perguntar quanto custa um tenis em Sao Paulo voce saberia dizer?), tem coisas de tudo quanto eh preco, de tudo quanto eh tipo.... entao tente consultar ou um forum de imigracao ou um blog de imigracao de alguem que more em Toronto.



Flavia: A sua pergunta eh mais facil :-) Comprei a roupinha de papai noel na nossa viagem ai...calma, calma, foi em Seattle, tambem nunca achei em terras canadenses.



Quando eu cansar de fazer nada eu volto...
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Colocando o Sapato (na janela do quintal...)


As fotos de natal da mãe organizada: Perceba o charme do cenário com a tomada ao fundo...


Amanhã é o último dia útil antes do Natal, mas por aqui o clima já é de feriado. Já que por aqui, pra quem não sabe, no fim do ano são duas semaninhas de feriado e só.

Natalinack em pleno aniversário de maior idade bebesística (18 meses de praia, digo, de neve) decidiu tirar o dia "off" e ficou com um febrão danado, o que segurou Papito em casa enquanto Mamita, não tendo opção, saiu pra encarar o Rally dos Sertões, digo, o Rally do Pólo Norte. Pense você que dirigir em uma cidade pós-consecutivas nevascas é tarefa pra qualquer um...eu estou me sentindo suficientemente diplomada pra ir pro próximo Paris-Dakar (embora eu ache que o trajeto não seja mais Paris-Dakar-?-), é só trocar o "tudo branco" da neve pelo "tudo marrom" da areia do deserto e estou no páreo. Derrapadas, carro virando 180 graus sozinho, transpor dunas de neve e até fazer balisa sobre uma montanha de neve, tudo treinado. Só fui mesmo motivada pela visão de que este era o meu último dia útil antes das duas semanas de pura inutilidade...ah! Inutilidade...que falta você me faz!

Mas bom, voltando ao clima de feriado, se você esquecer que está há 3 horas no trânsito tentando chegar em casa e que já parou em todos os "drive-thru" do caminho e portanto já consumiu calorias suficientes pro ano novo inteiro, ligar o rádio em qualquer estação tocando músicas natalinas e olhar aquela neve toda caindo, tudo branquinho, as luzinhas das casas refletindo na neve, Papai Noel vestido apropriadamente para o clima, as crianças com pazinha e baldinho de areia construindo bonecos de neve...nossa, você realmente saca qual é a do "Natal Branco" e vê que poxa vida, não é que o Natal tem a maior cara de Natal?
A alegria natalina toma conta de vez e você sai cantarolando "Pinheirinhos que alegria" quando você recebe uma ligação desesperada do irmão do Brasil perguntando qual é mesmo o personagem preferido do Cocóricó de Cocóricack, porque contra todas as probabilidades, ele conseguiu o visto americano (que ele pediu há menos de 1 mês, porque deixar as coisas pra última hora é gene dominante na minha família) e conseguiu também passagem (que ele foi ver segunda-feira), ou seja, vem passar o Natal com a família expatriada (nos E.U.A, já que a mãe e o irmãozinho estão por lá, mãe casada com gringo e proibida pelo Tio Sam de sair do país até que tenha o afamado green card).

Mas é aí que você também lembra que, embora conheça bem o verdadeiro significado do natal, todo mundo está esperando um presentinho, e adivinhe...você ainda não tem nenhum. Aí você lembra que quando você crescer, até pensa em ser uma pessoa minimamente organizada e com uma vida planejada, do tipo que escreve na agenda e faz e não fica escrevendo nos próximos dias: "olhar ontem", "olhar antes de ontem", "olhar semana passada", para saber tudo o que tinha que ter feito mas jamais fará. E quando você for assim, há 4 dias do natal você já vai ter todos os presentes comprados e embrulhados, sob a árvore de Natal. Aliás, você vai até ter montado sua árvore de Natal.

E é assim que amanhã eu serei uma dessas pessoas ridículas, que arrasta um menino meio doentinho (mas que pelo menos é o único que já tem presente de natal garantido, o que ele aliás está aguardando ansiosamente, é claro) por um shopping lotado comprando roupa pro marido que detesta ganhar roupa, roupa pra mãe que adora ganhar roupa, roupa para os irmãos que já tem roupa para os próximos 20 anos. Bem eu que em uma época remota, tinha como filosofia só dar presentes criativos. O que me redime é que pelo menos nos cartões eu gasto um tempinho e mesmo que o presente não seja lá essas coisas, os cartões dão a mensagem. Afinal de contas, todo mundo gosta de um agradinho material, mas ninguém cruza o mundo, liga todo dia falando que está esperando e aguarda o ano inteiro pra ganhar presente, mas o que todo mundo quer é ser lembrado de que, mesmo longe, mesmo não ligando tanto quanto devia, o amor que a gente sente é tão grande que nem cabe em uma caixa de presente qualquer e que a maior alegria natalina é ter mesmo sua família por perto - e depois de saber disso ninguém liga mais pro presente xoxo. Ou se liga não tem coragem de dizer. Em qualquer um dos casos o que vale é o clima de tudo é paz.

Pois é, amanhã é o último dia útil antes do Natal e depois de entregar uns formulários na faculdade e levar uns presentinhos para as professoras de Crechack, eu vou sair as compras, mas também queria passar no museu de Belas Artes já que é o último dia "de graça" (ô pobreza!), cortar o cabelo, passar em uma feira de artensanato quebecois, ir à academia para amagrecer 10 kg antes do natal (nesse caso acho que eu deveria ir no consultório do Pitanguy), preparar a aulinha de Natal da escola sabatina, ensaiar uma música que vamos cantar, fazer biscoitinhos daqueles em formato de homenzinho para as crianças da igreja, fazer um bolo de cenoura que você venho prometendo há anos para a amiga canadense e visitar a inimiga doente (em um gesto de "o verdadeiro espírito do natal"). Mas é claro que metade disso vai pra agenda de 2008 (ah sim, porque depois do apoio moral dos caros leitores eu decidí que em 2008 vou ter agenda de papel de novo), no formato: "Olhar ano passado".

Como amanhã a agenda está cheia, sábado pior ainda e domingo cedinho partimos rumo ao sul (o sul aqui pertinho, não o sul da terrinha amada, infelizmente), já vou me adiantando e desejando a todos um Natal bem feliz, com peru (vegetariano, pra quem quiser), presentinhos com e sem graça, abraços e palavras só ditas neste dia. Coloquem os sapatinhos na janela do quintal, mas sobretudo não se esqueçam que podem até dizer que Papai Noel não se esquece de ninguém, mas quem não esquece mesmo é Deus, que mandou seu Filho pra nascer aqui, só porque te ama demais!


E a produção um pouco mais produzida do ano passado, graças ao presépio do prédio e ao irmãozinho que estava por aqui pra tirar as tomadas da parede no photoshop, lembrando do verdadeiro presente de Natal, em todos os sentidos.

FELIZ NATAL!!!




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Grog

Hoje fui fazer programa de menina. Marido foi fazer programa de menino - Esquiar. Porque tem que ser muito macho pra ir pra montanha com -17. Sogra em temporada por aqui se encarregou de levar a criança embora, dar janta e botar pra dormir. Lembrei que família por perto também é bom.

Saímos pra assistir filme, mas só tinha coisa de menino. Monstros, bichos, último sobrevivente - caímos fora - em plena saída de meninas, em plena véspera de natal e nada de amores que não dão certo até chegar o fim, príncepes no cavalo branco, lágrimas no meio e final feliz com musiquinha natalina de fundo - um desaforo.

A solução foi experimentar uns sapatos e não comprar nenhum, jantar num café simpático, jogar conversa fora, falar mal da vida alheia...só faltou mesmo comentar sobre a última edição de CARAS...mas não tínhamos nenhuma em mãos.

Queria arrastar todo mundo pra minha casa enquanto aguardávamos os maridos atletas, só pra dar boa noite pra Saudosack (que eu tinha visto pela última vez há longas 2 horas), mas a amiga sábia me lembrou que com sorte, eu ainda vou dar boa noite pra ele nos próximos 20 anos pelo menos. Argumento vitorioso, fomos pra casa da outra e ficamos assistindo House, sofrendo com a menininha que no final das contas só estava doente porque o pai estava querendo aumentar suas funções masculinas pra conquistar a professorinha da creche, por assim dizer. Princhuco liga só pra dizer que ama. Tudo perfeito.

Até que depois de umas conversas meio filosóficas cheguei em casa numa tristeza...Dorminhack dormindo só meu deu mais tristeza, quase acordei pra cantar "Old McDonald has a farm" - só pra ouví-lo responder: "Ia, Ia Iô". Mas em um surto de sabedoria passei a ler todos os blogs da minha lista, porque bem se sabe, nenhuma TPM vence a leitura exaustiva de blogs até você não aguentar mais e dormir segurando o mouse. Resolvi finalizar a leitura com um post terapêutico, e foi aí que eu saquei...é esse clima de natal, essa neve que não para de cair e meus hormônios dizendo: "Compre batom", não, não na verdade eles dizem: "Vá dormir minha filha, chega de baboseira". Então é isso, esse fim desconexo vem com a mensagem: "Não deixe uma conversa triste arruinar seu dia perfeito, ele pode ser seu último". Gente do céu...tá dando tilt, ok, esquece tudo, o dia foi bom e depois que eu dormir e recobrar minha lucidez eu venho aqui deletar esse post sem sentido.

Ah sim, só importante dizer que não, eu não bebi, é só sono mesmo, fim de semestre, ansiedade de rever mamãe e irmãozinhos em uma semana e a vaga lembrança de que quando comecei a escrever este post ele tinha um fim que fazia sentido, mas realmente eu não lembro qual era.
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Excesso

Eu sempre fui meio maníaca por informação. Principalmente as inúteis. O tipinho que lê caixa de sucrilhos e sabe todos os ingredientes e valores nutricionais do pão, porque fica lendo enquanto toma café da manhã, que tem sempre 2 revistas e um livro no banheiro, tudo muito coordenado, a leitura da manhã no trono é atualmente "Estorvo", a da noite é "Today's Parents" e se sobra um tempinho "Boa Forma". Na gaveta do escritório tenho um guia de nutrição infantil que é pra planejar o menu da semana enquanto reino por lá, ou se canso de fazer qualquer coisa mais útil, pra não ficar olhando pro teto. Na cabeceira da cama tenho a a Bíblia, um manual de estudos da mesma e "Um Antropólogo em Marte", pra acabar o dia com alguma coisa útil, pra variar.

Também sou do tipo que lê todos os anúncios de publicidade no metrô, que fica com raiva quando alguém para bem na frente daquela propaganda que você está lendo, pô, tanto lugar par parar e o cidadão estaciona alí, na frente da minha propaganda. Isso, é claro, além de ter lido a série vaga-lume inteira. A regra de ouro é, não há tempo a perder, mantenha-se informada, seja a informação útil ou não. Por essas e outras que estou ficando cada vez mais míope. Cega, mas bem informada.

Mas nem só de informações inúteis vive a Keiko. Chega uma época na vida que você é obrigada a passar para um nível mais útil...é matéria de faculdade, livros de gravidez, educação, nutrição, e ão, ão, ão que não acaba mais. Pra piorar, tenho acesso às bases de dados de todas as publicações de saúde, aí é uma triteza. Entro lá pra minha pesquisa, começo com "Paralisia Cerebral", "Determinantes", e quando me dou conta já estou pesquisando "Disciplina", "Educação", "Desenvolvimento Cognitivo" e imprimo pilhas e pillhas de artigos que vão sendo lidos na calçada enquanto ando, na academia (isso é, quando eu apareço por lá - Sandra, acho que é por isso que eu não faço amigos, estou sempre lendo).

Já é velha a notícia de que hoje temos acesso à informação como nunca. Fico pensando que pra conseguir um artigo que hoje consigo em um clic, na faculdade podia demorar até meses. Fico pensando que há algum tempo as caixas de sucrilhos nem tinham tabela nutricional e eu jamais iria saber que o prato cheio que como nem é tão light quando parece e eu só deveria comer 1/3 de xícara. Não que eu deixe de comer a xícara inteira, mas nada como uma decisão bem informada. Você engorda sabendo com o quê. Como eu acredito piamente que informação é poder, não acho ruim não, mas acho que a coisa está ficando meio exagerada.


Não basta aquela vaga sensação de que você não pode ser boa em nada se não tiver lido tudo que existe no mundo sobre o assunto. Do último artigo na Science até a notinha de rodapé do jornal, do pop up do site até o spam do cara da África que quer fazer um depósito milionário na sua conta. Agora outro dia me enfezei. Entrei na farmácia pra comprar um shampoo e saí tonta. Comecei a ler as embalagens : Cabelos longos com frizz e volume. Cabelos médios com a raiz oleosa e as pontas secas. Cabelos que tem mais volume de manhã e menos a noite. Cabelos enrolados com ondas médias. Cabelos curtos que armam e fazem pirueta. Fala sério?! Fiquei frustrada, percebi que o que eu queria era mesmo um absurdo...onde já se viu, em pleno século XXI querer shampoo pra cabelos Normais. Isso sem falar na coleção de condicionadores pra combinar com os shampoos. Bons tempos os do shampoo Seda cabelos Normais, Oleosos ou Secos e do Condicionador Neutrox pra todos os tipos de cabelo e ponto final. Saí da farmácia meio contrariada com um shampoo pra "Cabelos escuros que precisam realçar o brilho natural" e um outro para "Obter cabelos 75% mais macios em 3 lavagens", de repente no meio disso meu cabelo fica normal.

Só de raiva decidí, nunca mais leio caixa de sucrilhos no café da manhã.


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Mural

1. Sobre a famosa "Elbow pain" @ Mcgill (Respondendo Lilian e Sandra):

As ciumeiras acadêmicas não valem um post, muito triste. Basicamente é assim, tenho uma colega que também é T.O. e nós duas "dividimos" nossa super orientadora. Tudo ia bem, nova amizade, alegria até que entre outras coisas bestas (como eu sugerir dar um presente de natal em conjunto para nossa orientadora, ela falar que não tinha nada a ver dar presente pra orientadora e depois ir lá e deu um sozinha), eu consegui uma bolsa de estudos bem concorrida, para a qual ela não tinha nem aplicado. Ela perguntou se eu tinha conseguido, eu falei que sim e ela: "Mas como?? Nossa, mas você nem fez nada de especial!". Depois que eu ganhei o primeiro prêmio ( e não fiz nem questão de contar pra ela, mas o departamento manda um email anunciando os ganahdores pra todo mundo), ela não só soltou frases piores que essa, mas ficou indignada, foi reclamar no departamento porque ela tinha as mesmas notas que eu, como eu tinha ganhado o prêmio? - Não sei, mas a impressão que eu tenho é que algo como: "Poxa, parabéns!" - Soaria menos invejoso, não precisava nem ser sincero.

Depois dessa teve outras tantas coisas como ela me perguntando a cada minuto que nota eu tinha tirado nisso, naquilo, para o que mais eu ia aplicar, o que eu ia fazer no fim de semana, o que eu comi no jantar...e cada vez que eu perguntava qualquer coisa altamente inapropriada, como: " E você?" - Ela falava que não queria falar sobre o assunto. Também teve quando eu fui "fast-tracked" para o doutorado, depois de apresentar meu "research proposal", com recomedação do departamento. Ela novamente ficou indignada, foi de novo reclamar no departamento, porque ela tinha feito as mesmas matérias, como o departamento ousava me convidar a ir para o doutorado e não convidá-la também?
Depois que Princhuquinho nasceu eu pedi um escritório para trabalhar no instituto de pesquisa, pois bem se sabe (Lilian que o diga) que trabalhar com um nenê no colo tentando digitar seu próprio texto e comer o mouse não é assim muito produtivo, embora eu preferiria mil vezes, caso não tivesse o tal bebê (e tem coisa melhor do que ficar o dia todo de pijama?). Minha supervisora me arranjou um escritório e foi só ela descobrir que eu tinha um que ela também quis, o meu, é claro, alegando que precisava de um espaço porque....sei lá, até hoje eu não entendi o argumento. Só sei que no escritório só tem um computador e que sempre que ela está lá temos que dividir o computador e eu tenho a leve impressão de estar sob vigilância constante, praticamente um Big Brother, só que ao vivo. Se eu fosse assim bem ruim mesmo como se faz necessário nesse mundinho, eu até ficaria feliz porque ela quebrou o braço e não vai poder aparecer por lá por uns 2 meses, mas como eu não dou conta e a consciência pesa só de pensar que eu pensei isso, já ofereci ajuda pra digitar os trabalhos finais e entregar pra ela...quem sabe pagando o mal com bem a coisa não melhora...

Enfim...isso realmente só pra contar os momentos mais gritantes, por essas e outras eu não tenho amigos na academia (nem na academia científica, nem na de ginástica, mas aí as razões são outras ;-)

2. Marquito:
Pois é, diz a regra que você tem que nomear outros 3, os critérios eu não sei não, acho que você tem que ver quem combina com o título do prêmio e boa!


3. Cristiana:

Sim, o "Porque Heloísa?" chegou tem um tempinho, já lí e relí pra mim e pra Inclusack, ambos adoramos, o texto é uma delícia e as ilustrações são perfeitas! Já recomendei também, sucesso total!!

PS - Tenho 2 posts no meu rascunho mental de posts (aqueles que você fica escrevendo e reescrevendo mentalmente enquanto está subindo escadas ou andando na rua - por favor, alguém me diga que também faz isso, assim eu não me sentirei uma maluca solitária) só aguardando o fim do semestre para serem transformados em letras. Alguém por favor crie uma disciplina do tipo: "Fenomenologia do Blog", ou qualquer coisa que conte créditos em um curso de pós-graudação, porque honestamente, isso sim é útil e produtivo. Enquanto ninguém inventa essa, deixa eu terminar meu trabalho, noite longa pela frente...

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Eu?

Nota de Gratidão: Meu muitíssimo obrigada a todos os leitores do "Departamento respostas rápidas e eficientes para perguntas cretinas" que tão prontamente me auxiliaram a resolver o mistério da data do post. Mas já que estamos falando em prêmios, tenho que dizer no entanto que o prêmio de resposta do ano vai para a Lilian, porque quando você copia e cola em um novo post as fotos ficam todas fora do lugar e aí tem que arrumar tuuuuudo de novo. Já a solução da Lilian vale a pena aprender! O post muda de data com os comentários e tudo, uma verdadeira maravilha! ( Vide comentário da Lilian no post S.O.S - e aprenda como mudar as datas dos seus rascunhos com eficiência e agilidade! )

E agora, o texto velho, com data nova:

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Prêmios são coisas assim que você ganha sem esperar... alguém acha que você merece e você fica se achando merecedora a partir do momento que ganha, e fica com aquela cara de ganhadora de Oscar... Eu?? Oh! .



Por essas bandas de cá existe todo um sistema de premiações que eu desconhecia totalmente. Basicamente você pode ser premiado por tudo que faz na universidade. Várias pessoas decidem doar quantias, propriedades para faculdades e cursos, que se transformam em premiação por bom rendimento acadêmico ou outro critério qualquer. Aparentemente, o fato de ganhar os prêmios não só te dá um incentivo financeiro mas conta muito no seu currículo, principalmente na hora de pedir bolsas de pesquisa e empregos acadêmicos.

No primeiro mês do mestrado a secretária da faculdade me liga pra dizer que eu tinha ganhado um prêmio. Alguém, do nada, tinha decidido fazer uma doação para a faculdade de terapia ocupacional, o dinheiro aplicado, deveria ser dado anualmente para novos alunos do mestrado, com boas notas durante o bacharelado. Eu, hein? E agora eu mereço um prêmio pelas notas que eu tirei lá no Brasil? Mas eu nem pedi...bom, bom, cavalo dado não se olha os dentes, já diria alguém que certamente morava na fazenda. Dalí uns dias chega na minha casa um cheque de $2000,00. UAU! - Como diria Admirack, gostei da coisa. No Brasil o máximo que eu ganhei pelas minhas notas foi um "Parabéns !" - da minha mãe. Aqui, pelas mesmas, estão me pagando.




No fim do primeiro ano do mestrado, eu de barrigão de 6 meses com Premiack dentro, me liga a secretária de novo. Eu deveria comparecer à uma cerimônia dia tal porque ia receber um prêmio. Chego lá, meio sem saber do que se trata, todos os professores da faculdade, alunos, morango com champagne...Uma senhorinha já de idade, ex-terapeuta ocupacional, resolveu que a cada ano iria doar uma quantia em prêmio para o melhor aluno do mestrado. Lá vou eu feliz e garbosa, outro cheque, um certificado, fotos pro site...

Dia desses me liga a nova secretária da faculdade. Eu tinha que comparecer a outra cerimônia dia tal, hora tal. Chego lá, o mesmo povo, almoço de recepção, outra senhorinha que ao fazer 50 anos pediu aos amigos que ao invés de lhe dar presentes, dessem quantias em dinheiro para a faculdade de Fisio e TO. O dinheiro novamente investido, vai para a pesquisadora de doutorado cuja pesquisa tem maior potencial para beneficar ações de reabilitação, aparentemente essa aí era eu. E bom, outro certificado, outro cheque, mais fotos pro site.


A impressão que eu tenho é que no Brasil, por exemplo, é fácil achar mil causas precisando de doações e apoio para questões de vida ou morte, de pobreza extrema, de sofrimento social. Por aqui, na falta da pobreza por definição, as pessoas resolvem doar mais para educação e cultura, um sistema bem mecenas.


Se esses prêmios fazem bem à ciência, fazem ainda mais bem ao ego e ao bolso dos premiados. Cada prêmio desse eu fico pensando..."poxa, eu não tava esperando essa grana, então posso comprar X, Y, Z" (X= bolsas Y= roupas Z= sapatos). E não pensem que eu estou fazendo mal uso do dinheiro dedicado à pesquisa. Estes prêmios nominais são mesmo para a pessoa, e não para a pesquisa. Outros tantos existem destinados à pesquisa especificamente. Se o pesquisador achar que precisa de um novo computador, então que compre, se ele achar que precisa de uma nova bota marrom e uma bolsa, que compre também, o uso é totalmente pessoal. No entanto, nem tudo são flores e cheques. Uma vez que você ganha um prêmio desses, você perde uns 2 ou 3 "amigos". Mas como amigo que se preze não se perde assim, a gente ignora as perdas e se contenta com o sapato novo. É claro que isso também revela a faceta vilã do sistema de prêmios que recompensa performance, rendimento em detrimento do processo e alimenta o espírito de competição, já mais acirrado nas bandas de cá, nada saudável. Mas isso é prosa pra outro dia.


Diz meu irmão que não se escreve em blog essas coisas de auto-crédito, de ficar se "amostrando", em bom baianês. Mas tudo isso passou pela minha cabecinha de vento só porque andei sendo premiada pela Juliana, o prêmio: "Escritores da Liberdade". Aí lembrei que a Thelma, há mileanos tinha me nomeado também. Poxa gente, que coisa chique! Eu??


E boa como sou em manter essas coisas, me esqueci completamente de nomear meus 3 premiados. Esses prêmios virtuais são também uma massagem no ego de escritora frustrada. Não tem cheque, mas tem a vaga sensação de que o monte de bobeiras que você escreve, que te servem tão bem de catarse, também servem de alguma maneira a alguém mais. Valeu Thelma! Valeu Ju! A grande vantagem dos prêmios virtuais sobre os reais é que você não perde pretensos amigos e com sorte, até ganha uns.


Como achei esse nome "Escritores da Liberdade" chique demais, escolhi a dedo, da minha sempre crescente lista de blogs lidos, blogs que conseguem tratar de temas que de alguma forma libertam:


Estou no mundo a PC: Esse site coletivo conta histórias reais de mães e seus filhos e a liberdade que experimentam ao encarar os preconceitos, as dificuldades e as vitórias de cada dia na vida de uma criança com paralisia cerebral.


Blogtalk: A Cristiana além de ser a escritora que eu queria ser é uma mãe do tipo pé no chão e mãos a obra. No blogtalk ela fala de assuntos diversos e sinceros, livres de preconceitos e censura. Se eu não me engano, ela que criou o Estou no Mundo a PC. Ou seja, é premiação dupla. Se tivesse cheque, você agora estava rica!


É por aqui que vai pra lá? : Marquito, o autor, é meu amigo de verdade (digo de verdade, do mundo real e de verdade verdadeira, do mundo afetivo) e pai da minha criança preferida (fora a minha,é claro). Mas além disso, ele é também um escritor nato disfarçado de advogado que liberta ao escrever sobre religião, família, cultura e até futebol.


Como eu sou lesadinha e não sei colocar as imagens na barrinha aí do lado, vão aí as imagens dos meus prêmios (eu sei Dê, ficou meio metida a besta, foi mal...)



Indicado pela Debby, trocentos tempos atrás:


Indicado pela Juliana e Thelma há uns outros trocentos tempos:






Eu e minha mecenas na entrega do prêmio nesse ano na McGill (do outro não tenho as fotos):





E o maior prêmio de todos, que não vem com cheque, mas vem com este sorriso:




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S.O.S

Alguém aí por favor, com mais do que 2 neurônios computadoriais (os meus são um para o Word, outro para emails, e olha lá...) me diz como eu faço pra publicar hoje um post que foi salvo como rascunho outro dia?

Porque eu estou tentando publicar este post hoje, mas ele só aparece lá embaixo... Então ou alguém me diz como trazer ele aqui pra cima, ou por gentileza o leiam lá embaixo mesmo.

Grata.
Equipe da redação que aprendeu a escrever em papel almaço.
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Dias Perfeitos

"Dias perfeitos são aqueles que a meteorologia diz que vai chover, e chove mesmo"
(Composição de um grupo de amigos para um trabalho de Português no segundo ano do ensino médio)

Você acorda as 7:o0, feliz e disposta (ok, talvez triste e raivosa soe mais verdadeiro) pra levar o filhote ao dentista, para o exame neurótico de rotina. Olha pela sacada do apartamento e vê isso:



Liga pro dentista e cancela. Em alguns minutos, a amiga simpática liga e avisa: "Não venha pro centro a não ser em caso de vida ou morte. Eu vim e tive que andar atolada na neve até o trabalho porque o ônibus não conseguia andar mais". Mensagem dada é mensagem recebida. Minutos depois a pessoa que você tinha que encontrar ao meio dia também liga cancelando. Minutos depois liga o marido da amiga:"As escolas estão fechadas, se você ia trabalhar nas escolas não precisa ir!". Você pensa que é uma pena que não é hoje que você trabalha para as escolas, mas sim amanhã. Mesmo assim, agradecida pelo serviço de informações meteorológicas gratuito, fica feliz da vida em casa, satisfeita por ter um emprego/estudo flexível e a possibilidade de ficar em casa em um dia como esses. Pensa que vai passar o dia inteiro terminando o trabalho gigantesco que tem pra fazer, mas na verdade passa o dia inteiro brincando com Divertack. Depois que ele vai dormir, você começa a fazer o trabalho e lá fica até as 3:00 da manhã, crente que amanhã, as escolas também estarão fechadas.

Amanhã nem amanhece e você já está de pé, a cena pela sacada é a mesma. Liga a TV na esperança de que não vai ter que trabalhar. Esperanças perdidas, as escolas estão abertas. Pega o menino e vai-se, as 7:30. Na rua, a cena é igualzinha do "O dia depois de amanhã" (sem a estátua da liberdade nem os lobos sem nexo), só que o dia é hoje mesmo. Dá 5 voltas no quarteirão da creche até achar uma vaga, tira a criança do carro, vai andando com neve até o joelho (não é exagero, era até o joelho mesmo), volta bufando. Gasta exatas 2 horas e meia pra chegar ao trabalho, à uma velocidade de 10km/h. Acha uma vaga pra estacionar a 3 km de distância, anda com a neve na cara, na bota, na calça. Chega atrasada, os alunos que você tinha que avaliar estão saindo para uma excursão. Porque criança não dirige nem desatola carro, então eles realmente se divertem com a neve.

Ao sair da escola seu carro está cheio de neve. Polyana como você tenta ser, agradece porque seu carro é aquele com alguns centímetros de neve e não este:




Raspa a neve do carro e sai dirigindo, agora a 5km/h enquanto as pontas do seus dedos descongelam aos poucos. 1 hora e meia depois você chega na creche (que normalmente fica a meia hora), cata o menino, depois de mais 1 hora e meia, várias cochiladas no volante, 527 repetições do CD preferido da criança (criado por você mesma pro aniversário do cidadão - se arrependimento matasse) e você chega em casa, as 7 da noite pensando: "Mas que raios eu estou fazendo nesse freezer?". Ao mesmo tempo, lhe vem a iluminação: E se ao invés de gastarem $17 milhões com a operação de tirar a neve da cidade, evacuassem todos os cidadãos para o Brasil e reinvestissem os 17 milhões em educação, saúde, etc. Em troca, mandassem por exemplo, o pessoalzinho lá de Brasília (e não estou falando nem da Juliana nem da minha sogra, cunhadas, por favor, entendam bem) pra uma temporada no gelo, juntando assim o útil ao agradável? - Me diz aí se não é um bom plano?

Viu só, dias perfeitos são aqueles que a gente descobre sozinha a solução para todos os problemas do mundo.

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Mural

Bibi - Já provei o tal do Ceres, mas cá pra nós, suco, sem as sementinhas que dão apendicite não se compara...
Agora, quanto à mutação do nosso pequeno corpo hospedeiro, deixe pra esquentar a muringa depois que o peixinho sair...se você já tinha o hábito de se mexer de alguma forma, com 1% a mais de disciplina do que eu você volta ao seu estado original rapidinho. Meu caso é meio patológico mesmo...Nesse fim de semana uma amiga pediu um pedaço do meu segundo chocotone e eu não dei...imagine que monstrinho que sou eu. Este é o penúltimo nível da "Síndrome da gordinha compulsiva desesperada", não querer dividir comida. O último é comer escondido, dentro da geladeira a noite, nesse não cheguei ainda...mas logo vem. No entanto, eu tinha esquecido que pedi pro meu marido trazer uma Chocolícia pra você! Sério mesmo. Ela está aqui, sã e salva por enquanto, vamos tentar marcar uma hora e o local pra entrega do bagulho, se for impossível ( o que é bem possível nestes tempos de fim de semestre) mande o endereço pra redação que a gente manda pelo correio.

Lilian - Acho que pitomba eu nunca comi...melhor nem experimentar que é pra não ficar sofrendo mais ainda depois.

Sandra - Já mandei a informação pelo Evaldo, mas vai aqui também a título de informação pública. Eu me matriculei na Energie Cardio, no plano mais chinfrim, que mesmo assim não é essa pechincha toda. Basicamente sai quase $50/mês (se você faz o plano anual)+ uns $85 de matrícula. O plano inclui as aulas de cardio, musculação, 3 aulas com personal trainner e avaliação física. Agora pergunte quantas vezes eu já fui desde quinta? R - 1, no dia da matrícula. Mas ainda vou melhorar esses números.

Ceci - Isso mesmo, mata de inveja, "tem nada não", como dizem aí na sua terrinha cheia de fruta boa! Quando eu vou pro Nordeste me acabo de chupar picolé de Cajá e beber suco de Cacau...ô delícia!
Quanto a temperatura para os seres pequenos, acho que eles acostumam com o que for. No entanto, em Janeiro quando estivemos em Ilhéus, Invernack quase morreu de tanto calor, o pobrezinho. Mas por aqui quando a gente sai em dias simpáticos como hoje (temperatura de -15) o bichinho também sofre, fica a própria rena do nariz vermelho. Mas tem uma vantagem, enquanto o calor tende a deixar os bebezinhos mais agitados e agoniados, o frio tem efeito contrário, pode estar o maior berreiro, saiu no frio até a birra congela.

Isabela - Já me falaram muito desse Adonis, preciso ir (digo isso há 2 anos, desde que alguém me falou que lá também tem requeijão...) é claro que "ser vermelha" é uma propriedade importante pra goiaba, mas tendo gosto já está valendo.

Do post anterior:

Marquito: Fica frio (literalmente), a gente derrapa mas não bate não. Pelo menos até hoje eu não morri, veja bem.

Flávia: Ah minha filha, to incorporando o espírito quebecoise de ser, ou é isso ou é passar 6 meses dentro de casa, não dou pra isso não.

Paula: Vou escrever um dia desses um post sobre o meu trabalho e minha tese, aí se você quiser saber mais pode mandar seu email que a gente se fala...
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Males necessários e bens inesperados

Essa semana não teve jeito, decidí, decidí, nada me impede. Depois de comer um chocotone, uma caixa de Nhá Benta de Maracujá e um pacote de Chocolícia, lá fui eu, paguei pra um ano. É isso, agora eu estou matriculada em uma academia, pela sei lá...vigésima vez? Mas dessa vez vai, ah vai...já fiz aula de step e já estou com dor muscular até na pálpebra, mas como dizem por aqui, "no pain, no gain". Enquanto eu estava pagando minha anuidade o moço da academia, vendo minha cara de total desespero e descrença me pergunta se está tudo bem. Ao que eu respondo: "E como poderia, meu caro?? Eu estou pagando um ano de academia! O que significa que de duas uma, ou eu vou fazer academia por um ano, ou eu vou ficar com peso na consciência por um ano - e nenhum dos dois cenários me traz qualquer alegria".

E por falar em dinheiro gasto com coisas odiosas, essa semana fui também ao dentista. No Brasil te roubam no semáforo com caco de vidro (eu mesma já fui roubada umas 3 vezes assim), aqui te roubam no consultório dentário com um uma broca (sei lá eu como chama aquilo). Entre ser furada com um caco de vidro ou ficar duas horas com aquela maledita maquininha fazendo zzzzzzzzzzzz e pegando a raiz do seu dente, sei não...Sem contar que nos assaltos lá em Sampa só me levaram uns "10 real" cada vez. Teve até uma vez que o mocinho meliante disse "obrigado tia". Por aqui os males do corpo são curados "de grátis", já os do dente...você paga e paga caro que é pra lembrar bem a cada vez que ficar com preguiça de passar fio dental. E ninguém me agradeceu pelos vários dólares deixados pra trás.

Pois é, acabei a semana mais pobre, com mais dor e tudo estaria perdido não fosse eu receber uma caixa vinda de Los Angeles, de uma amiga que vive mandando roupinhas pro Zack, presentinhos, aquele tipo de pessoa que você não entende como pode pensar tanto nos outros e ser tão querida. Enfim, na etiqueta identificando o que tinha dentro vinha escrito: "Baby shoes" e eu já estava feliz, mas quando eu abri descobri que os "baby shoes" eram na verdade 2 GOIABAS !! Me fale de alegria... Me fale da sorte que é ter uma amiga do outro lado do outro país que do nada resolve te mandar duas goiabas?

Então fiquei pensando...nada é tão ruim assim, enquanto houverem amigos e goiabas, ainda há esperança, mesmo fazendo ginástica e obturação.

PS - Pra quem não sabe, goiaba é uma das minhas frutas preferidas, se não era, ficou sendo depois que vim pra cá.
PS2 - Nesse país as raras goiabas que se encontram vêm do Brasil, custam $3 em média (cada) e não tem gosto de absolutamente nada. Já as da minha amiga, são plantadas no quintal da casa de alguém que trouxe uma muda clandestina do Brasil e sendo L.A. e não esse freezer onde moro, a goiabeira cresceu feliz e dá frutos docinhos e suculentos como os originais "made in Brasil".
PS3- Alguém por favor conhece outro alguém com uma Jabuticabeira clandestina no quintal? Porque essa semana eu me desesperei ao chegar a conclusão que talvez nunca mais eu coma Jabuticaba na vida! (Nunca é época quando eu vou pro Brasil!)
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Agenda

Semana passada andei meio ocupada organizando um chá de bebê e sendo mãe solteira enquanto o marido Princhuco ainda estava no Brasil. Baixei minha carga de trabalho pra um dia só por semana, o resto pra pesquisa e pra Princhuqueto, que agradecido, deu pra desembestar a falar, cantar tudo que ouve, tocar piano no ritmo e fazer denguinho.

Essa semana estarei meio ocupada comendo todos os doces que eu expressamente pedi pra Princhuco não trazer do Brasil, mas me conhecendo como ele só, ele trouxe assim mesmo, com medo da morte em caso contrário. O Chocotone Bauduco foi a primeira vítima e já está pra lá de um terço comido. Não vou nem contar sobre a cena em que uma mãe histérica ataca um pai inocente que ousa comer a última chocolícia do pacote (também não vou contar que a madame em questão tinha comido o resto do pacote inteiro). Ah sim, a dieta vai bem, obrigada.

Enquanto isso, no mundo exterior, ele está de volta:


Não, não - não é o carrinho de supermercado, mas sim, o inverno. Longo e tenebroso como há de ser (perceba também o talento nato da pessoa aqui para tirar fotos, que enquadramento, que ângulo perfeito!). E é em um dia como esses (quinta passada) que você percebe que sua sanidade foi mesmo para o beleléu quando decide que TEM que ir ao shopping comprar uma bota marrom e um casaco marrom. Cata a criança, bota gorro, casaco, cachecol e casaco e vai-se. O freio do carro não freia (derrapa um bom tanto até finalmente parar), o limpador de pára-brisa não limpa o pára-brisa (a neve é meio dura então não se limpa como chuva), você não enxerga nada, quase morre, mas mesmo assim volta feliz, sem ter comprado nem casaco nem bota marrom, mas com algumas blusinhas novas e isso:


É ou não é uma coisinha fofa? Provavelmente eu seria mais feliz comprando um novo par de Havaianas, mas...quem não tem castelinho de areia, caça com boneco de neve.

Nada como uns docinhos no bucho pra te ajudar a ver o lado positivo das coisas.


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Dicionário

Nos tempos que Bebezack era só um bebezinho e falava "mama, papa, dada", tudo querendo dizer: "me troca, me dá comida, me põe pra dormir", eu vi no Mothern um post com o vocabulário da filha de uma delas e fiquei morrendo de vontade de copiar a idéia, só esperando meu dia chegar, e finalmente, ele chegou.

Hoje em dia Papagaiack repete em versão fofinha tudo o que você diz e faz, um perigo. Outro dia eu soltei um: "saco!" e lá veio ele: "tato!" com direito a cara brava e tudo...podia ter sido pior, eu sei.

Mas fora a papagaíce, ele já tem um vocabulário fixo bastante prodigioso, penso eu em tanto que mãe não coruja que não sou. Obviamente que o vocabulário é mais amplo que o listado abaixo, o único problema é que a mãe, ignorante como só, ainda não aprendeu todo o Zackolês, a despeito das ínumeras tentativas de Comunicack de ensiná-la. Obviamente também que é só eu falar pra alguém que ele fala "tal coisa" e pedir pro bichinho falar que Mutack faz cara de paisagem e não fala nada, faz parte da série "Passando vexame com seu filho", episódio anterior ao da criança se jogando no chão do supermercado.

E vamos lá, Dicionário de Zackolês, em Novembro de 2007:

Aguá = Qualquer coisa dentro de um copo.

Alô = Objeto usado para longas conversas com os outros falantes de Zackolês, ou com vovó. Objeto a prova de choque, jogado no chão inúmeras vezes ao fim das conversas.

Amém = Fim da oração.

Atô!! = Achou! O tal do peekaboo (inglês) ou Coucou (francês). Brincadeira que marca a permanência do objeto, se for pra falar chique.

Babía = Mamífero aquático de tecido que dorme com você. Aplica-se também a qualquer outro mamífero aquático tais como golfinhos, tubarões e peixes (o que? Então você não sabia que tubarão e peixe são mamíferos como as baleias? Pois é, tanto a aprender como uma criança de apenas 17 meses)

Bééee = Ovelha, cabritos, vacas e similares.

Bye bye = 1.Interjeição de adeus. 2.Some daqui. 3.Chega.

Carrr = Veículo de 4 rodas.

Cócócó= Galinhas do cocoricó (e somente elas) DVD ao qual mamã eventualmente recorre quando tem que ficar lendo blogs ou fazendo outras coisas menos úteis como faxina e estudos.

Dedadô = Coisa na qual você entra em um lugar e quando a porta abre de novo você sai e vai pra casa ou pro carro. Há algum tempo ele ficava desesperado pra apertar o botão pra chamar o elevador, agora ele descobriu que é só chamar mesmo, e ele vem. Lei do menor esforço.

Eneonor = Melhor amiga da creche (ou a única que ele consegue pronunciar o nome (Eleonor), os outros sendo: Ure, Mason, Guida, Saja - não é a toa que todos os outros sabem chamar Zack.

Inha = Escolinha. Lugar onde mamã te abandona enquanto cuida da sua própria vida. Ou melhor, lugar onde você chega, manda um beijo e dá tchau pra mamã, sem o menor remorso, ainda por cima cantarolando "Inha" enquanto abraça e beija os colegas de classe. (Origem: Fim da canção "Vamos para nossa escolinha", hit composto por mamã, cantado no caminho para a Escolinha).

Lalá = Escova de dente (Origem: Fim do clássico "Escovinha da limpeza", mais uma composição de mamã que termina com as profundas palavras: "lá lá, lá, lá")

Má = 1. Mais. 2. Me dá. 3. Quero. 4. Agora! (nesse caso é "má, má, má, má, máaaaaaa") - Acompanha o sinal em ASL.

Mamã = 1.Escrava branca cuja função exclusiva no mundo é te servir e atender seus desejos. 2.Interjeição de alegria (quando o ser em questão chega pra te buscar na creche). 3.Interjeição de socorro (quando você quer sair do berço). 4.Interjeição de raiva (quando ninguém te tira do berço). 5.Seio, leite, aquela coisa embaixo da camisa que não se pode sair pegando em público.

Mamía = Tecido que se coloca no pé.

Nenê = Todo ser que se mova e tenha menos de 1 metro, ele inclusive.

Ô-ôuu = Fiz besteira. Geralmente usado inocentemente quando propositalmente ele derruba alguma coisa no chão, assim, sem querer...ô-ôuu...

Papá = 1.Serviçal de reforço, a quem recorrer em caso de falha nos serviços de mamã - Variação: "Papito" - Pessoa com quem você divide a sua comida (sempre que ele está comendo ele pega uma colherada e fala: papá, oferecendo para a foto quando papá não está, depois: nenê - oferecendo para ele mesmo, pra mamã que é bom, nada!) - Pessoa que faz tudo o que você quer, principalmente dar doces escondidos de mamã e trazer um brinquedo novo a cada dia. 2. Objeto colocado no pé após a mamía (também conhecido por sapato). 3. Patos que tomam banho com você.

Pipi = 1. Passarinho. 2. Pequeno órgão genital (desnecessário dizer que quem ensinou essa foi o papá).

Pupapô = Palavra socialmente imposta que você deve dizer mesmo sem saber o que quer dizer quando quando alguém te pergunta: "Como é que a gente pede?". Acompanha o sinal de "please" em ASL e dependendo do pedido, acompanha uma cara de gato do Shrek.

Tchi Tchi = Aquilo que mamã faz quando senta na privada.

Úlio = Personagem da turma do cocoricó (Júlio). Usado intermitentemente como "cócócó"- acompanha a melodia.

Uva = Fruta arredondada (morango, blueberry e até uva) que você come desesperadamente, sempre mantendo uma em cada mão e pelo menos duas na boca ao mesmo tempo.

Vovó, titi, dede, dadá = Familiares que moram dentro do computador ou do Alô.
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O túnel do tempo

Youtubando por aí achei um vídeo de uma galerinha, em algum ano do "ensino médio" (antipatia de ensino médio, pra mim ainda é segundo grau...) da escola onde estudei a vida inteira, cabulando aula pra ir ao cinema, registrando o fato como heróico e obviamente se divertindo.

Me deu uma saudade do tempo que correr risco era cabular aula, do tempo que de fato, se você decidisse que em uma manhã, em um dia de semana, você queria ir ao cinema, era só ir, sem maiores conseqüencias. Lembrei de uma tarde na faculdade, fim de semestre quando eu e uma amiga que morava no mesmo prédio, decidimos ficar em casa assistindo sessão da tarde - sessão da tarde! Um filme sobre um alce que se perde ou coisa assim...fazendo unha e comendo carolinas da padaria da frente do prédio. Saudade do tempo que eu podia almoçar passatempo recheada com Todynho e não engordar, de um tempo com menos compras "de supermercado" e mais compras "de shopping", com mais "vamos vivendo" e menos planejamento, de um tempo quando eu sabia o que ia ser quando crescer.

E aí vem aquela tristeza de constatar que os adultos estavam certos, você era feliz e não sabia. E pior, constatar que em 1 semana dei pra escrever 2 posts nostálgicos...o que é isso minha gente, eu não tenho nem 30! Eu, hein?!
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Razões

6 razões para não ir dormir à 1:00 da manhã:

1. Acostumei tanto a dormir as 3:00 que 1:00 parece cedo demais, deve ter alguma coisa a mais pra fazer (a pilha de louça suja na pia e a aula que eu tenho que dar amanhã mas não quero preparar não contam)

2. Se eu for dormir não vou ter desculpa pra comer a última passatempo recheada (a desculpa sendo: se eu tenho que trabalhar até tão tarde então mereço comer. Freud explica)

3. Finalmente atinei pro fato que de repente, existe uma versão online da "Nova Brasil FM", minha companheira de trânsito em São Paulo. E descobri que obviamente, existe. Agora quero ficar ouvindo...

4. Minha cama está grande demais. Vou ter que arranjar uma cama de solteiro pra quando Princhuco estiver no Brasil. Tem coisa pior do que todo aquele espaço e nenhuma perna pra enroscar o pé gelado?

5. Virusack está com Crechite (e qual é a novidade?) e fica tossindo e acordando a cada 1 hora, chorando. Volta a dormir, exceto as 2:00, quando ele acorda e não consegue mais dormir,a pobre criança. Então pra que eu vou dormir à 1:00 se tenho que acordar as 2:00?

6. Ainda não lí todos os blogs que existem no mundo, só a metade deles. E todo mundo sabe que ninguém deve ir dormir sem antes ter lido todos os blogs do mundo.

ok, boa noite!
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Papirus

Houve um tempo...quando no fim do ano a minha maior alegria era sair com a minha melhor amiga por todas as papelarias e lojas da cidade, em busca da "agenda perfeita". Eu sempre fui meio maníaca com agenda. A definição de agenda perfeita foi mudando com o tempo, no começo era a mais papagaiada, com a maior cartela de stickers no final, com desenhos nas páginas. Servia pra tudo, desde anotar a lição de casa até colar papéis de bala, palito de picolé, fotos de amigos e por aí vai, de forma que no fim do ano ela não fechava.

Depois foi ficando com cara mais séria, afinal, quem ia dar moral para uma terapeuta que tirasse uma agenda dos Ursinhos Carinhosos para anotar um compromisso. Chegamos ao nível "agenda de couro", mas ela ainda tinha seu charme. Saquinho para guardar coisinhas, clipes coloridos em uma página e é claro, a sempre presente possibilidade de usar canetas coloridas, colocar uns stickers escondidos (inclusive alguns "economizados" há anos, muitos anos de outras agendas e outros carnavais) aqui e lá, enfim, ainda havia esperança.

Desde o ano passado troquei minha agenda de papel por um Palm, doado pelo sócio do marido que não conseguiu se adaptar a tecnologia e voltou ao papel. No começo achei chique, pensei que agora sim, tinha virado gente grande. Um ano passado e eu estou entrando em depressão. Até colei uns adesivinhos atrás do negócio, mas vamos combinar, ficou ridículo, tive que tirar.

Outro dia em uma reunião vi uma colega terapeuta grifando com canetas marcadoras de 2 cores diferentes 2 reuniões futuras que estávamos agendando e fiquei morrendo de inveja. Eu lá, com aquela canetinha sem graça que nem cor tem, anotando no meu Palm, bargh! Não vou dizer que ele é de todo ruim, me economiza por exemplo repassar os telefones e datas de aniversário de uma agenda pra outra, está tudo lá. Mas existem outras questões altamente existenciais envolvidas, como, e se eu não quiser mais saber o aniversário daquela pessoa no ano seguinte? E que desculpa eu posso dar se não ligar pra alguém? ("Perdi o papelzinho onde anotei seu telefone" é um clássico...e no meu caso era sempre verdade, agora já era). E como você personaliza um Palm? Tá, bota umas fotos, umas músicas, mas ninguém vê, só você. Falta aquela troca, aquela chance de deixar os outros te conhecerem um pouco só olhando pra sua agenda. Bom, talvez eu seja a única maluca que fica fazendo análise de personalidade através da agenda, mas que eu faço eu faço. E ninguém pode fazer de mim, porque eu não tenho mais agenda!

Isso só pra falar de agendas, sem contar as cartas, com papel de carta perfumado e envelope que combina (que aliás, podia ser trocado por 2, certo?- observação exclusiva para meninas que já colecionaram papel de carta). E os cartões de aniversário?? Tem coisa mais antipática, e no entanto mais prática, do que cartões virtuais? Poxa vida, e aqueles cartõezinhos que vinham do Paraguai e tocavam parabéns pra você com aquele som irritante quando você abria, até a bateria acabar? Acabou, acabou. Hoje em dia, mesmo morando longe de vários potenciais "remetentes" as únicas cartas que eu recebo são contas, nada divertido isso. Mas aí é assunto pra um post mais sério e reflexivo sobre os males e dilemas da tecnologia (e este post de hoje é só uma reflexãozinha inútil de uma moça sem agenda, sem marido ( no Brasil) e por isso sem vontade de ir dormir).

Se quem sabe então Montreal for um dia uma cidade submersa, pobres escafandristas, a não ser que inventem hardwares a prova d'água, não vai sobrar nada pra dar para os sábios decifrarem...
( e aqui eu colocaria um link para a letra de "Futuros Amantes", caso alguém não saiba do que eu estou falando, mas por alguma razão misteriosa minha barra de endereços sumiu e eu não sei como copiar o link. Veja só, a tecnologia.)
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De outro planeta

Você sabe que não mora em um país tropical abençoado por Deus quando, finalmente acha um mamão papaya no supermercado, murchinho, meio verde, meio podre, mas contente ou contentada, o pega assim mesmo. Vai até o caixa toda prosa com seu mamão e a mocinha do caixa pergunta:

- O que é isso?

Com ar de quem acabou de ver um Alien.

É verdade que 4 meses com neve também remetem levemente à falta de tropicalidade do local, mas deixa esse papo pra daqui umas semanas...
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Muralzin

Sandra: Pois é, muita distância pra pouco dia...

Cláudia: Essa coisa de ser pajem é só pra minha mãe poder dizer: "Tá vendo o que eu passei?". Já que eu mesmo fui daminha umas 20 vezes, tadinha.

Anônimo: A parte de Vancouver está aqui.

Ciça: Vixe, aproveita mesmo enquanto os bichinho é semi-imóvel, depois é só maratona, mas como tudo com esses serzinhos, vale a pena, mesmo com a paciência e as horas de sono sendo pequenas.
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Apenas um Fim de Semana Comum - última parte - finalmente

Bom, demorei tanto pra contar a estória toda que cansei, aí ia desistir de contar a última parte, mas achei que ia ser mancada, o final sempre é o melhor, ao menos em Holywood, porque esse final aqui tá mais pra cinema europeu, onde tudo dá errado no final, para o desespero dos carentes de um final feliz, vou logo avisando.

Sábado: Basicamente o sábado foi uma alegria, como já dizia uma canção que aprendí na minha infância, "o sábado é um dia feliz". De manhã fomos à igreja onde praticamente nasci, cresci e vivi até vir para o Canadá, todos viram e apertaram o pobre Princhuquinho que respondeu à altura dando beijos e sorrisos até se cansar e ir catar pedrinhas (na falta de coquinhos). Em um dado momento, não habituado com um sol de rachar em pleno Outubro e não querendo abrir mão das duas pedras que carregava, Desequilibrack caiu de boca no chão, "estragando a figura" do pajem do casamento que era a tarde. Gelo na cara sob protestos, a vida continua, com um beiço meio mulato.

Na hora do almoço banquete de amigos que trouxeram um banquete de comida, todas ao meu gosto. Essa é a grande vantagem de morar "fora", quando você volta é um mimo só. E eu que não sou besta exploro mesmo, fui logo encomendando mousse de maracujá, pavê de sonho de valsa, massa fresca de requeijão com amêndoas e ainda ganhei de brinde bobó de queijo, carne louca vegetal e outras iguarias vegetarianas e doces. Enquanto eu comia, o pai tentava fazer o Quiçá-pajem dormir, uma fazia chapinha no meu cabelo, outra mostrava as super produções de scrapbook, a outra trazia paninhos umedecidos pra limpar a cara e fazer maquiagem, tudo enquanto as fofocas do ano inteiro eram botadas em dia, aquele caos básico que tanto me faz falta.

Lá pelas 4 saímos que nem loucos para ir pra casa do irmão, tomar banho, trocar de roupa, vestir o pajem que obviamente, só agora pensou em dormir. Dá banho dormindo mesmo, vai de fralda até a igreja, madrinha e padrinho vestidos, maquiagem por fazer no carro. Busca a amiga querida que vai sempre de carona (e que constatou que é por isso que está sempre atrasada nos casamentos). Trânsitinho amigo na Marginal, chegamos junto com a noiva, a fila de padrinhos já pronta. Enfia o semi-fraque no pajem, agora em plena birra pós-ser acordado, taca um spray no cabelo do pobre, larga com a primeira desconhecida que vê na frente e entram na rabeira da fila de padrinhos, ao som do menino (e dos comentários: "gente, de quem é essa criança?") que berra no colo da desconhecida. Sorrisos, fotos, sobe no altar. Sai o pai pra socorrer Escandalosack, fica a mãe sozinha no altar com cara de tacho. No fundo da igreja a mãe agora consegue ver que o Possível-pajem se acalma e volta a ser feliz.

É chegado o grande momento, aquele que todos aguardavam, aquele que trouxe a família "do estrangeiro" diretamente para o casamento. A entrada do Pajem, com as alianças. A Mãe, no fim do corredor aguarda pra chamar o menino. O pai, no começo do corredor tenta convencer a daminha, de 4 anos, a dar a mão pro Pobrezinho do pajenzinho, olha como ele é bonitinho e nada. O outro pajem, de 2 anos e meio dá birra e resolve que não vai entrar mesmo. O Pai convence a daminha de pegar na mão do menino, fala pra ele que Mamãe está lá, dá aquele empurrão básico e lá se vão eles, corredor abaixo, a Daminha Nervosa e o Pajem do Nariz Vermelho. O Projeto de Pajem, embora exitante dá uns passos no corredor e começa a chamar Mã-Mã-Mã-Mã, conforme o prometido. Atrás de 2 fotógrafos e 2 câmeras que insistem em ficar na frente das crianças, uma madrinha maluca discretamente agita os braços, esperneia, quase grita: "A Mamãe tá aqui!", enquanto na frente do povo, um certo pajem vai ficando progressivamente mais desesperado, até começar a chorar já que não consegue ver a prometida Mamãe. A Daminha Nervosa se cansa daquela criancice e dá um puxão no menino como quem diz: "Cresça, muleque, você está estragando minha performance", típico. Meio cansado, meio chateado, meio atordoado e meio desequilibrado, o pajem, em slow motion, cai de novo de cara no chão, dessa vez no meio do corredor, para o desespero da platéia e da mãe que salta sobre os câmeras e fotógrafos e segue pelo resto do corredor com o Ex-pajem aos prantos, nariz mais vermelho, boca mais beiçuda e carreira de pajem definitivamente arruinada, como em Holywood, não adianta ser simpático e inteligente tentando provar pra todo mundo que 1 ano e 3 meses não é idade pra ser pajem, sem um rostinho perfeito você não é nada meu caro.

Após mostrar umas florzinhas pro Nunca-mais-pajem ele se acalma, a mãe sobe com ele no altar sob risadas complacentes da noiva, ele fala "Amém"um tanto de vezes durante a benção, começa a cantar Parabéns ao ver as velas, pede "água, água, água" ao ver a pia batismal e a paciência acaba junto com a cerimônia. A mãe sai pelo corredor com o pajem no colo, sem o pai que a essa altura estava escondido lá no fundinho da igreja, espertinho. Ainda havia esperança, as fotos fotos com a noiva na festa. Olhando o álbum anos depois ninguém lembra quem entrou ou não, o importante é aparecer sorrindo do lado da noiva.

Na festa, a cada vez que o Pajem-aposentado via a noiva, começava a chorar, e não houve bola, flor, luzinha ou Ritalin que fizesse o menino se acalmar. Não rolou foto com a noiva. Rolou foto com todos os convidados, o segurança, o garçom, o Dj, mas com a noiva...nem pensar! E eu que gastei R$130,00 nessa mini-roupa e não vou ter nem uma fotinho profissional. Bom, sobraram as nossas fotos escuras ou borradas como recordação do primeiro e provavelmente último casamento do qual o menino vai ser pajem, ufa! Como todas as outras histórias, não quero ouvir falar de pajem até ele ter 18 anos, pelo menos. Depois disso também acho que ninguém mais vai querer convidá-lo de qualquer forma.

E é isso...domingo só alegria, mais comida com as amigas, uma amiga mais chegada que um irmão veio de São Carlos só pra me ver um pouquinho, dia feliz fazendo compras na feirinha de artesanato, caldo de cana com pastel. Volta correndo pra casa do irmão, há 4 horas do nosso vôo. As amigas enfiam tudo na mala enquanto tomo banho e dou banho em Doentack, agora com febre. Tylenol pra baixar a febre e com sorte dormir no vôo. Passa no "Pedaço da Pizza" para uma última comidinha e encontrar a afilhadinha, corre para o aeroporto, larga a amiga na rodoviária, tudo corrido assim é bom que nem dá tempo pra tristeza, trânsito na Marginal pra lembrar que isso realmente é parte da viagem. Chegamos no aeroporto e o check-in estava fechando, não fosse a fila preferencial (exclusividade no Brasil) não teríamos chegado a tempo pro vôo. Despede correndo do irmão e do casal de amigos oficial-de-todas-as-despedidas. Pela primeira vez na vida, não choro depois de passar na Polícia Federal, não deu tempo, tínhamos que correr. Entramos no avião e esperamos quase 2 horas (sim, eu disse 2 horas) dentro do avião, porque relampejava. Impacientack prova que Tylenol não faz dormir, trocamos os "ol", tinha que ser "Tegretol". A viagem recomeça e vide capítulo 1 para mais detalhes. Só acrescente um pai para carregar as coisas e o bebê ter caído no chão 2 vezes durante a noite, a essa altura, ninguém mais se importa, está provado que o menino é a prova de choque.

Segunda de manhã: De volta à Montreal, corre pra botar o trabalho em dia e a vida continua...
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Apenas um fim de semana comum - Parte 2

Sexta-feira ( passada):
Amanhece no céu do Brasil. Dentro do avião, há meia hora da aterissagem, Insoniack decide que agora sim, é hora de dormir. Calmo e sereno ele dorme sobre a mãe de braços dormentes, pernas com caimbra e pescoço com torcicolo após passar a noite tentando ficar imóvel enquanto Sonambulack procurava, em vão, a melhor posição para dormir.

Os passageiros vizinhos aos poucos vão fingindo que acordam (já que dormir mesmo ninguém dormiu) e "simpaticamente" comentando: "Nossa, tadinho, está morto agora, né? Ele quase não dormiu a noite toda!". A mãe sorri e se passa por desentendida, fingindo que não sabe que o que eles queriam mesmo dizer era: "Por que não proíbem logo bebês com menos de...18 anos em aviões? Que desaforo! ". Não importa. A mãe já decidiu: O bebê volta de Fedex. Sem peso na consciência, ela não vai esquecer de fazer furinhos na caixa e escrever bem grande: "Este lado para cima". Ok, o problema da volta está resolvido.

Aterrissam. Acorda Belo Adormecido que obviamente, agora está de mal humor, só ele. Bota no sling, pega mochila, junta brinquedos, descem. Espera mala, pega mala, bota no carrinho e oooooooooo (música angelical de fundo), estão em terra firme. Na saída do Desembarque Internacional, o irmão e a cunhada esperam, alegria, alegria, pra todo flagelo há de haver uma recompensa.

A criança mal humorada ao ver os tios liga imediatamente a "função duas caras", abre aquele sorrisão e começa imediatamente a mostrar todas as suas proezas e novos truques, o último sendo cantar "Twinkle, twinkle, little star". Frente a tamanha simpatia ninguém entende as olheiras abissais da mãe. Melhor não tentar explicar, agora é sentar no carro e curtir o trânsito da Marginal, o cheirinho do Tietê...eita saudade!

Aqui acaba a tortura e começa a curtição, curta e exaustiva, mas certa. O primeiro objetivo do fim de semana era assistir ao casamento da amiga, mas o segundo, não menos importante, era fazer umas comprinhas e tirar a barriga da miséria, ou consumir 432000 calorias em dois dias, segundo a amiga. Casa do Pão de Queijo - Pão de queijo, pão de batata, Todynho. Banca de Frutas - Goiaba vermelha, mamão papaya, carambola, manga e mexerica poncã. Padaria da esquina da ex-casa - queijo quente na chapa, mini-sonho (mini porque pode não parecer, mas até meu estômago tem limite), Yakult, iogurte para Princhuqueto. Shopping: Comprinhas enquanto Exaustack dorme no carro com a cunhada, bolinha de queijo do Viena com suco de Acerola e bolo do Amor aos Pedaços para a mãe insaciável.
Próxima parada: loja de aluguel de roupas para ajustar a roupa do projeto de pajem. Badalação total na loja, ninguém nunca viu nem vestiu um pajem tão pequeno. Corta a roupa pela metade, dobra e costura pra dentro outra parte e voi-là, está vestida a coisinha minúscula. Todos param pra tirar foto com o celular, Exibicionistack faz pose de galã. Bom seria deixar umas fotos destas em display no avião, com legendas: "Tá vendo, eu posso até parecer insuportável agora, mas na verdade eu sou assim, lindo e bonzinho".
Outros shoppings (porque paulista que é paulista sai do Canadá pra ir ao shopping) e muitas outras comidas depois, passam na casa de uma amiga (lá pelas 22:00, já que tinham combinado de passar ao meio dia) que velha de guerra, esperava sem ansiedade. Matam-se saudades, dá-se banho na criança, bota pijama e vão pra casa do irmão onde outros amigos esperam. Um monte de conversa boa a beça jogada fora, papo, risada. Lá pela meia noite, Energizack em pleno pique conversa e transita pelas malas abertas cuidadosamente espalhando os presentes pela sala inteira. A mãe decide que é hora de botá-lo na cama. Diz para os amigos que vai ninar o menino e volta em 5 minutos. Acorda as 3 da manhã achando que são 12:05. Os amigos "já" foram (eita pessoalzinho que não sabe esperar, viu?) mas o irmão e o marido ainda estão acordados, jogando "quem consegue falar mais palavras que começam e terminam com "a" e só tem 2 letras no meio" - Agora ela se lembra porque sente tanta saudade do irmão. Convence os dois de continuarem o jogo até ela terminar a depilação. E lá ficam os 3, até umas 4:00, jogando e depilando...isso sim é vida!
...to be continued...


Banquete
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Muralzin

Sobre a parte 1

Tatty - Ah sim, todos sobreviveram, sem muitas marcas. Fora a criança que caiu de cabeça pra baixo no avião, mas isso é estória pra parte 3, aguarde...

Bibi - Se fosse pra ter sessão especial no avião então que fosse só pra crianças mesmo, um compartimento a prova de som e movimentos bruscos da aeronave, tipo aqueles quartinhos de isolamento de hospício, com paredes acolchoadas. Aí a gente largava as coisinhas pequenas lá e viajava tranquila...vou sugerir pra alguma companhia, será que eles vão tirar meu filho de mim? Ai que horror...é cada uma que a gente tem que ouvir!

Sandra - Já voltei sim. De ônibus e com vômito realmente, ninguém merece. É como dizem, nada é tão ruim que não possa ser pior.

Deby - Quem me dera estar na Bahia!!! Oh sonho! Tô aqui no frio minha filha...

Ciça - Com certeza os primeiros meses são dureza, mas fica fria, depois piora! Mentira, mentira, se for viajar, aproveite pra viajar enquanto seu bebezinho fica quietinho no colo e tudo que você tem que ter na mão são fraldas...
Minha mãe passou 6 meses aqui comigo quanto meu pequerrucho nasceu, ter gente que ama a gente e faz tudo pela gente por perto no começo é fundamental para a sanidade e sobrevivência em geral. Mas não há viagem cansativa que mude o fato de que ter um serzinho pra chamar de seu, que sorri, que fala e até que chora e berra é de longe a melhor coisa do mundo!

Bom, depois desse muralzin (de mineirin) a parte 2 fica pra amanhã...
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Apenas um fim de semana comum - parte 1

Quinta-feira: Ela acaba de arrumar as malas e fazer relatórios às 3h30. Acorda às 6H00, sai de casa as 7h00, larga Abandonack na creche, corre para uma reunião no trabalho onde, se tivesse tempo, teria pedido demissão, mas o tempo foi curto e ela estava atrasada. Sai correndo para comprar uns últimos presentinhos no centro, pega Catarrack (ninguém naquele lugar tem coragem de tirar o catarro do menino e quando ela chega metade da cara dele era uma crosta, eca!), tira o salto, bota tênis, corro para o aeroporto. Estaciona no "Park and Fly", bota o menino no sling enquanto carrega as 3 malas no ônibus que leva para o aeroporto. Check - in. Criança na coleirinha (horrível, horrível, mas tente fazer check in sozinha Zacward, maos de pinca (com cedilha) se estiver no sling ou Forest Zack, se estiver no chao), atendente morrendo de dó da mãe visivelmente acabada coloca etiquetinhas na coleirinha para Nervosack se distrair enquanto a mãe preenche os papéis da alfândega. Despacha as malas, ufa...coisas a menos pra carregar. Passa pela segurança, tira tênis, cinto, relógio, moedas do bolso, sling, criança, abre a a bolsa, coloca cremes, pasta, gloss no saquinho zip (desde que algum líquido explodiu não sei onde você tem que colocar qualquer coisa um pouco líquida num saquinho plástico. Isso porque saquinhos plásticos, bem se sabe, são resistentes à explosões químicas). A criança foge, alguém da segurança pega do outro lado. Passa tudo pelo raio-x, pega tudo do outro lado. Bota tênis, cinto, bolsa, a criança de volta no sling, corre para o portão de embarque. Passa um carrinho e dá carona, alívio, criança se diverte dando tchau para os transeuntes. Embarcam por último porque cada minuto de liberdade conta. Avião pequeninho, mãe esbarra com a criança em todos os passageiros até chegar ao seu assento. Criança nervosa quer andar. Aeromoça mal humorada não deixa. Criança nervosa grita. Mãe desesperada mete-lhe o peito. Paz. Vencidos pelo cansaço, todos dormem até NY. Desembarca, pega mochila, criança no sling (bendito sling!), procura o carrinho. Não está, botaram junto com as malas para o próximo vôo, não adianta xingar. Anda 7 km até o próximo portão de embarque. Dejà-vu, foi nesse aeroporto que perderam o vôo em Janeiro. Corre pra não perder esse também. Chegam a tempo, embarcam de novo. Esfomiack quer jantar. Mãe abre a mochila em busca do saquinho de viagem com comidas perfeitas para distrair e alimentar que tinha sido preparado no dia anterior, não encontra. Pânico, agarra o primeiro muffin que ve pela frente e entucha no menino. Chega a vizinha de poltrona e faz cara feia ao ver a crianca, deixa um banco vazio de distancia, benza! Nutricionack nao quer saber do muffin. Mae pega o primeiro livro-entretenimento da viagem, com dedoches. Colaborack joga todos os dedoches pelo aviao inteiro. Passageiros simpaticos pegam e trazem de volta - mas desistem depois da vigesima vez, gente sem paciencia. Aviao parte, a janta chega. Comportack sentado no banco vazio finge que vai comer tudinho mas na verdade pega o pao e espalha migalhas por todos os cantos. Comeca a imitar e querer cutucar a vizinha de poltrona que agora dorme, mas nao por muito tempo. Apagam-se as luzes da cabine, a mae liga a TV. Surdack nao quer saber do fone de ouvido, entao nao esta nem ai pra TV. A mae tira o notebook da mochila pra passar o DVD preferido, ele assiste por uns 15 minutos e desiste. Mae olha no relogio, agora soh faltam 8 horas de viagem...
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Vancouver, finalmente

De antemão vou dizendo que se conselho fosse bom eu aconselharia a quem quer que seja que não é uma boa idéia você inventar de ir pra congresso e juntar uns diazinhos de passeio no meio de um semestre corrido. Ainda mais se na semana seguinte você inventar de ir ao Brasil, por um fim de semana para o casamento de uma grande amiga. Fica pior se entre uma viagem e outra seu marido for para o Brasil e te deixar sozinha com um bebê metido a gente grande com crises de infância. Nenhuma das coisas é boa idéia, aliás, todas as coisas são péssimas idéias. Aliás, pior fica mesmo se você tiver um nene de 1 ano e tantos e por um acaso do destino resolver levá-lo para ambos os eventos. Péssima, péssima idéia.

Sobre Vancouver e a costa Oeste em geral (com amplo conhecimento de quem viu 2 cidades, Seattle sendo a segunda) digo que tudo é lindo. Você olha pra um lado e vê mar, olha pro outro e vê montanha. Seria mais lindo se quando você olhasse pra cima não visse uma gota de chuva, ou várias caindo na sua cabeça, mas perfeito, todos sabem, só o Céu. No kit que "ganhei" do congresso vinha caneta, propaganda de remédio, resumos das apresentações e...um guarda-chuva! Mais útil impossível. É claro que no último dia, que eu tive que passar inteirinho no congresso, abriu um sol lindo, céu azul, tudo pra gente curtir no caminho do aeroporto, tremenda injustiça.

Sobre o jantar com o pessoal do Iglu digo que tudo foi muito bom, mas muito abreviado pela presença de não um, mas dois moleques de 1 ano e poucos que digamos, não são muito fãs de eventos do tipo. Pior ainda quando a mãe aqui sendo confusa como é chegou atrasada e o Pacotinho já estava cansado de esperar, também pudera, eu também estaria, pobrezinho. Um encontro mais tranquilo ficou prometido pra quando as crianças forem maiores de idade.

Se eu não tivesse que fazer dois relatórios, preparar um power point pra um congreso, um texto de apresentação para outro congresso, lavar roupa de uma viagem para a outra, lavar a louça que está lá criando vida desde domingo, arrumar a mala (como? com a roupa suja ou molhada!), tudo isso ainda hoje, eu juro que contaria em detalhes e com dicas turísticas as venturas e desventuras da viagem. Mas sendo 21:30 acho melhor deixar pra lá e fazer o que tem que ser feito. Já disse como eu odeio fazer o que tem que ser feito???

Bom, como diria o Pernalonga, por enquanto é só pessoal. Acho que mais notícias só semana que vem, quando a vida voltar ao normal, se é que isso acontece um dia.
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Dá-se

Menininho simpático a beça, 25% nipônico, sorri pra todo mundo, sabe pedir água e comida, imita caretas e dá beijinho, mas infelizmente depois de uma certa viagem dormindo no quarto com os pais não quer mais saber de dormir sozinho e está lá no quarto aos berros chamando mã mã mã, pá pá pá (que foi pro Brasil), mas esperto como ele só, aprenderá rapidamente a chamar qualquer um que o busque. A mãe, com uma semana de trabalho atrasado por fazer e muita dor de cabeça, doa a criança, em bom estado, por enquanto.

Interessados deixar recado aqui.


E sendo assim, quem tem tempo pra contar da viagem??
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Irmãozinho


Acabei de chegar de Vancouver nesse instante, mas esse assunto precisa esperar. Primeiro as coisas primeiras. Apesar de aqui em Montreal já ser dia 13, no meu fuso de Vancouver ainda é 12 de Outubro, então deixa eu aproveitar.

É que num dia como esse, há exatos 19 anos eu estava na minha salinha da primeira série, comemorando o dia das crianças quando a bedel bateu na porta e avisou: "Keiko, vem correndo, seu irmãozinho nasceu, papai está vindo te buscar". E lá fui eu e meu irmãozão, conhecer o irmãozinho.

Meses antes, minha mãe tinha contado a novidade, eu já tinha 7 e meu irmão 11, esse que vinha era a raspinha do tacho. Eu fiquei radiante com a possibilidade de finalmente ter uma irmãzinha. Mal sabia eu o quanto seria infinitamente mais divertido ter um irmãozinho.

O tempo passou, o bebezinho da casa foi crescendo, não sem antes penar um tanto na mão dos mais velhos, não sem antes sofrer outro tanto ao perder papai no começo da adolescência, não sem antes ser o absoluto xodó da casa, meu talvez mais que de todos. Afinal, ele foi minha "boneca" quando era pequeno (eu sei, mancada isso aí, mas foi mal, tinha que contar), foi meu filhinho nos 3 primeiros meses de vida dele enquanto minha mãe mesmo estava internada por conta de uma infecção pós-parto, foi meu companheiro de andanças pela madrugada na noite do velório do nosso pai e foi meu companheiro de risadas e bobagens em tantos outros incontáveis momentos.

Meu irmãozinho, mesmo que eu não queira, agora é um homem, frasezinha brega essa, eu sei...mas fazer o que? De fazedor de coisinhas engraçadas que nos faziam rir (coisas do tipo: "Dadá, guarde seus brinquedos" - "Ah mãe, não enche o saco!" - "O que????" - "Tá bom, pode deixar que eu encho!") virou meu salvador da pátria ao fazer apresentações de power point pra defesa de tese, poster para apresentação em congresso e outros trabalhos que me deixaram famosa ("Nossa, você que apresentou aquele trabalho com o power point lindo, eu ouvi falar!!!") mesmo o crédito não sendo nadinha meu. Ele já provou ser o melhor baby sitter do sobrinho Zackolino, é o melhor e único fazedor de espuminha de leite e café ideal, sabe tudo sobre as inutilidades do mundo cibernético, sabe achar e fazer a melhor e mais eclética seleção de músicas, faz a melhor bruschetta do mundo, também o melhor macarrão e sanduíches gourmands, me entende como ninguém, é altruísta como eu não sei ser e é claro, ainda é o autor das bobagens e tiradas mais engraçadas que matam qualquer um de rir.

Meu irmãozinho me faz falta todo dia. Tem dia que eu queria só sair de madrugada para ir assitir um filme e depois ficar comentando um monte de bobeiras, tem dia que eu queria ficar batendo papos altamente filosóficos sobre a vida, o futuro e a existência do mundo que só com ele fluem assim. Tem dia que eu só queria estar pertinho pra cantar parabéns na cama com café da manhã, ser "escrava por um dia", comer bolo do Amor aos Pedaços, dar um abraço contra a vontade dele e dizer: "Feliz Aniversário irmãozinho, te amo muito!".


Meu irmãozinho.

Feliz Aniversário Titio!!

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Rapidas

A 0,20/minuto tudo que eu posso dizer eh que finalmente a viagem esta sendo divertida, jah tomamos chuva, jah comemos em restaurante estranho, jah fiz minha media fingindo que sou uma pesquisadora dedicada com o povo do congresso, ou seja, amanha vou passear mais e vou encontrar o povo do Iglu daqui a pouco. Pra viagem que comecou com pe esquerdo, ateh que esta se endireitando, ainda bem que eu nao sou canhota.

Agora estou 40 mais pobre.

Fui.
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Diversao

Diretamente de Seattle, um dia antes de Vancouver, do computador sem acentos

Depois de um voo de 5 horas, 435 idas e vindas pelo corredor do aviao atras do coelhinho da Duracel, 2 fraldas trocadas naquele espacoso banheiro, todo o meu repertorio de cancoes esgotados, chegamos a Vancouver para uma noite - nao soh mal dormida como completamente NAO dormida devido a um nene estressado pela viagem e pelas 3 horas de diferenca de fuso.

Dia seguinte - 6 horas da manha acordamos (como se alguem tivesse dormido) para pegar o trem rumo a Seattle. Chegamos na estacao, descobrimos que o trem na verdade eh um onibus. 4 horas e meia de viagem de onibus, nene angustiado, chegamos, cidade chuvosa, marido resolve ter dor de dente, nene ainda mais cansado soh reclama. Outra noite sem dormir, amanhece o dia, sem chuva...marido ainda com dor de dente, nene com tosse que nao para, mamae arranja um computador e pensa...Pai do Ceu, o que eu to fazendo aqui?? Enquanto se questiona se vai mesmo conhecer a cidade ou se tranca no banheiro e fica esperando tudo passar, o marido dorme no quarto e o nene catarrento fica gritando ao lado e destruindo a sala de computador do hotel...

Aguardem mais noticias.
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De onde vem a fama

Todo gringo que se preze sabe que no Brasil só tem macaco, floresta e índios. Ou talvez alguns já saibam que esta é uma visão completamente ultrapassada. O Brasil agora é lugar de malandro.

Na nova série que começou hoje para preencher minhas noites sem séries, a mãe abandonou o filho e fugiu, adivinha pra onde? Pro Brasil, é claro. O filho abandonado por sua vez, ainda tinha uma visão retrógrada, desenhou a mãe no meio da selva, no Brasil, estas crianças...

Em outra série um fugitivo da polícia é rastreado ligando de onde? Sim meus caros, do Brasil.

Uma amiga da faculdade tem uma parte da família super problemática, gente confusa a beça com os quais a parte civilizada da família, que mora no Canadá, não quer nem conversa. Dispensável dizer que a família problemática mora sim, no Brasil.

O marido da minha orientadora, neurologista, contou um dia todo orgulhosos que foi a um Congresso no Brasil. Bacana, congresso é coisa de gente civilizada. Mas ele completou todo feliz que do congresso ele nem lembra, mas que das caipirinhas ele jamais se esquecerá.

Excessão salvadora da pátria, literalmente, é um colega de trabalho que tem dois amigos que trabalham em uma ONG no Brasil e estão adorando a experiência, nas favelas em Recife e agora em Belo Horizonte. Mas pelo menos favela é uma realidade. Não que o resto não seja, mas daí a o pais ser isso só...é triste.
3

Mural

Bibi - Mas é claro!!! É só marcar! Normalmente eu marcaria para comer algum doce em algum lugar, mas dado meu estado regimístico, só posso jantar, onde e quanto então??

Sandra - Pois é, você foi a primeira conhecida via blog, mas é que com você eu tinha aquele sentimento de que já conhecia há tempos...só depois que você falou que eu me dei conta que não conhecia, né? Bom...agora temos que marcar mais encontros então.

Lilian - Pois é, você que é experiente no assunto de encontros virtuais reais pode me dar umas dicas do tipo, como conversar com a pessoa sem parecer que você está fazendo um texto pro blog??


Carol - Valeu, quem sabe um dia, quando ou SE eu conseguir acabar minha tese eu não resolvo investir num livro blogal...ou talvez melhor seja mesmo largar esse negócio de tese e só ficar escrevendo bobeira!!! Beeeem mais divertido!

Eva - Apesar de não usufruir do seu homestay, a gente ainda pode se encontrar também e fazer um encontro bloguísitco triplo, hein?

Tatty - Quer dizer que eu devo beliscar a Flávia?

Flávia - Você leu, vou ter que te beliscar, prepare-se.


9

Do virtual pro real

Eu nunca conheci ninguém de verdade por internet, não tenho amigos que acabaram casando com a "Gatinha23" que conheceram na sala de chat, não tenho nem Orkut e até um dia desses não sabia que existia um mundo paralelo chamado Blogosfera, Blogolandia ou sei lá o que.

Na verdade, eu nunca achei que internet era lugar de conhecer gente, mas sim pra manter perto as "gentes" já conhecidas. No entanto, depois que comecei com essa insanidade que é bloguear, me peguei mais de muitas vezes pensando o que fulano vai pensar quando ler este post? Será que ciclano voltou de viagem? Como será a casa nova dela? Será que ele já fez isso? Tadinha dela gente...Poxa vida, vou orar por isso e tantos outros pensamentos - sendo ciclano, fulano, ela e ele pessoas que eu nunca vi na vida, muitas vezes nem sei que cara tem, com algumas raras exceções.

Mas bem, de passaporte virtual carimbado, estou empolgadíssima com meu primeiro encontro real do mundo virtual. Gente, gente, gente...eu vou conhecer a Flávia!! . E pensar que foi por causa do Iglu que este blog surgiu...é quase como conhecer a mãe do seu filho, sendo que ela não é você...ok, pensamento confuso, esquece a metáfora.

O fato é que arranjei um congresso de desculpa pra conhecer a costa Oeste. Convenci o marido que ele vai ter muitas coisas para fazer com Impermeabilizack (a prova de chuva de Vancouver) enquanto eu estiver no congresso e que vai ser super divertido. É claro que o congresso nesse momento passa a não ser mais tão importante assim... Vancouver aí vamos nós! Contagem regressiva, em duas semanas. Aguardem fotos do encontro histórico das pessoas sem sapatos com os habitantes do Iglu... (histórico para mim já que vai ser o marco da travessia da fronteira cibernética -ok, hoje eu estou meio alterada nos meus exemplos, melhor ir dormir).

Flávia - eu vou ser a moça baixinha, meio gordinha, tentando tirar uma pedra da boca de um nenê baixinho e meio magricela que foge fazendo tchau, com uma rosa amarela no colarim :-)
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Educação de Primeiro Mundo

Pois é, hoje não é segunda, mas como a saga das "Segundas-sérias" só durou um dia mesmo, vamos de "Terça-séria", pero no mucho.

Para começar a coisa, estou trabalhando na rede de escolas inglesas aqui de Montréal é observar os alunos (e professores, por conseqüência) nas salas de aula para ver quais são as dificuldades e promover estratégias para melhorar a função e a participação no ambiente escolar para todos os, inclusive aqueles com necessidades especiais. Todo esse blá, blá, blá só pra dizer o quanto estou horrorizada com o sistema escolar daqui, e com a formação dos professores, principalmente.

Logo de cara, os prédios das escolas são todos antigos, com carteiras que provavelmente foram usadas por Jacques Cartier (ou pelo menos pelo filho dele, que queria aprender inglês para um dia poder morar em outras partes do Canadá - piadinha infame, interna para os leitores de Quebec), paredes sujas, tudo feio. Mas...já diria alguém, o que é uma escola se não um espaço físico, o que faz a escola é o conteúdo humano, ok então.

Observando uma turma de maternal (alunos de 5 anos, que entraram pela primeira vez em uma escola há 2 semanas) hoje, eu fiquei abismada, pra não dizer revoltada. A atividade era fazer uma colagem livre com formas geométricas que tinham sido previamente cortadas. A dita cuja da professora, simpática como parecia ser, dizia incansável: "Explorem, explorem, pode fazer tudo o que sua imaginação deixar, vamos fazer coisas diferentes". Poxa, bem legal isso. E ela ia passando pelas mesinhas e repetindo, estimulando. Até que em um dado momento, a fadinha vira monstrinho e ela chega perto de um aluno e fala:
- O que é isso??? Crianças, parem tudo e olhem aqui (enquanto mostra o trabalho do menininho, que a essa altura já tinha os olhos esbugalhados de susto). Isso aqui (ela continua com voz absurdamente brava) , isso é ridículo (juro, a palavra foi ridículo!) , inacreditável. Olha, Fulaninho, seu trabalho vai pro lixo.
E para o lixo o trabalho foi.

O grande erro incabível cometido pelo menino tinha sido explorar, mas não como a professora pensou. Ele foi além. Além de explorar as formas, ele quis também explorar os materiais. Pegou a cola (que provavelmente nunca tinha pego antes) e encheu um dos quadrados de cola. Não é nem que ele estava jogando cola pro alto, fazendo chuva de cola ou passando no cabelo das meninas (o que ainda assim não chegaria a ser ridículo, já que era uma atividade de exploração, ao meu ver). Não, ele colocou a cola certinho, preenchendo o contorno, um quadrado de cola, genial, não?! - Não, ridículo. O quadrado de cola foi pro lixo, a cola foi tomada e o pequeno gênio ficou lá, visivelmente arrasado na sua cadeirinha. Mas uma lição ele aprendeu com certeza: Da próxima vez que a professora mandar explorar alguma coisa, ele vai perguntar antes como.

Aí eu penso no que pra mim é o ícone da educação: "Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino".( Paulo Freire )

Esse é só um exemplo entre muitos já testemunhados, infelizmente. Sem quadrados de cola, que tipo de busca é possível?? Não se aprende, não se ensina, é assim que eu tenho visto o sistema de educação por aqui. Por enquanto Alunack só brinca na creche e isto está de bom tamanha (é claro que eu preferiria que o dito "professor de música" fizesse uma aula de estimulação musical de fato ao invés de só ficar tocando, mas assim...brincar é bom), mas minhas pulgas já começam a saltar atrás da orelha enquanto eu monto um plano estratégico para mudar tudo em 4 anos, quando ele vai chegar lá, nesse mundo que é a escola. Afinal, já diria o Drummond (se foi ele mesmo que disse eu não sei já que nunca chequei a fonte, mas eu gostei da frase, atribuída a ele):

"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem."( Carlos Drummond de Andrade )

E voi-là. Medo.
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Mural

Bibi: Já respondi no seu blog, mas vai a resposta pública. A leoa em questão foi vista no Parc Safari, um passeio bem "família" que realmente vale a pena, até com nenê na barriga. Além dos animais "nas jaulas" (que dá o maior dó...mas fazer o que?) como ursos lindos (que estão obesos por não terem espaço suficiente, tadinhos) tem uma parte tipo Simba Safari, onde você pode alimentar girafas, zebras, camelos e outros bichos que nem o nome eu não sei (aliás, se bobear você até leva um pra casa, a girafa por exemplo, quase ficou entalada dentro da Van, já pensou a situação? - O que você trouxe de lembrancinha? - Uma girafa). Também tem uma parte de parque aquático com "prainha" de mentira, parquinho de diversões e show de música africana. Ah sim, e de agora até o fechamento (meio de Outubro eu acho), a entrada é "de grátis".

E resposta de séculos atrás: O tal doutor que você viu em algum lugar falando que bebês são como homens da caverna deve ser o Dr. Karp. De todos os doutores que acham que sabem a fórmula mágica para a educação perfeita, este é um dos poucos que eu boto fé e concordo com muito (mas não tudo, obviamente) do que ele diz. Ele tem dicas ótimas e altamente recomendadas (testadas e aprovadas por aqui).

Flávia: A viagem pra Vancouver está virando novela...caro demais!!! Mas eu estou buscando incansavelmente uma passagem barata. Conhecendo a família aqui e sua ampla tradição de fazer as coisas com antecedência, se tudo der certo, umas horas antes do embarque eu vou saber se vou mesmo, e te aviso!



E resposta 2 - Herbalife, sim Herbalife mesmo, aquela dieta maluca que você troca 2 refeições por shakes ditos nutricionalmente balanceados. Além dos shakes, você (ou eu, no caso) tem que tomar 2 litros de chá verde por dia...como diria minha sogra: fome, peste e guerra, ou "a porta dos desesperados", qualquer coisa pra me livrar desse extra que não me pertence!



Mariana: A mochila é mesmo do tamanho que parece ser, mas não se preocupe, não é ele que carrega, se fosse pelo menos teria rodinhas, né? :-)
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Relatório

Quase uma semana tomando esses deliciosos, saborosos, estupendos shakes, que não te deixam com fome e sobretudo não te fazem pensar em comida jamais, e pasmem...estou super contente e satisfeita.


Mas isso é só nos raros minutos que eu não estou matando alguém ou pensando em um plano de fuga de mim mesma, onde eu possa trapacear e comer o mundo inteiro, exceto os jilós.

Coisa chata essa de não ter ninguém no seu ouvido falando: "Mas eu paguei isso, agora faz direito", ou: "Eu não te eduquei pra isso menina", nadinha disso pra se revoltar contra e comer de vez aquele ovo de páscoa que pela primeira vez na vida não acabou antes mesmo da Páscoa e que você sabe, está escondido lá no depósito.

Alguém aí, por favor, invente rápido a fórmula mágica do emagrecimento milagroso ou a bomba atômica seletiva que só extermine os seres com IMC menor que 24, deixando os outros seres humanos (os normais), felizes e em paz.

Grata,
Keiko - breve, em um sanatório perto de você.
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I'll be there for you

Esta é a primeira frase do coro da música de abertura do seriado favorito de todos os tempos pra muita gente, inclusive a minha própria pessoa, se você reconhece a frase, sabe do que eu estou falando.

Ultimamente eu andava tão entretida com a leitura de blogs como atividade preferida quando pilhas de louça estão por lavar, o jantar por fazer e kilos de artigos por ler, que havia abandonado a TV, que desde então passou a servir apenas como palco para Estrelack, que sobe em cima do rack e fica fazendo seu showzinho. Ajudou o fato de estarmos na "mid season", também conhecida como "o terror dos fãs de seriado". Essa época do ano (de Maio a Setembro) na TV, é pior do que Domingo, e nem tem o Fantástico no fim pra dar um consolo.

Pois é, agora que retomei a vida como ela é e saio de casa as 6h e volto as 17h, finalmente redescobri o prazer de ficar largada no sofá sem mover um músculo e sem gastar nenhum neuroniozinho sequer. Isso inclusive, condiz perfeitamente com a promessa de fazer atividades lúdicas, estimulantes e divertida com Sedentariack ao chegar em casa, para compensar as horas de terror e abandono que ele anda passando na creche ou melhor, escolinha.

Meu filho sabe que " eu estou aqui para ele" (I'll be there for you - hã? hã? hã? sacou o trocadilho?) , no sofá, assistindo pela milésima vez algum episódio de "Friends", e ele junto. Que "Backyardigans" que nada, o programa preferido de Seriack agora é Friends, com direito a gargalhadas quando a mãe histérica se mata de rir com a piada que já sabe de cor, e dancinha na hora do intervalo. Nada no mundo pode ser uma experiência mais enriquecedora e estimulante para uma criança de 14 meses do que assistir todos os episódios de Friends na companhia de sua mãe. Privilegiack é mesmo muito sortudo, eu só fui conhecer Friends lá pelos meus 18 anos, ele não tem nem 18 meses e já tem essa honra.

Vida deprimente essa de mãe solteira com um filho carente em adaptação na creche, você acaba se alegrando com momentos de mãe e filho nunca antes imaginados, como fazer depilação com ele em cima de você, ir ao banheiro com ele no colo, dormir abraçada com ele por pura carência sua e finalmente, assistir Friends juntos, você em cima do sofá, ele em cima de você. Já diria a música-tema: "So no one told your life was gonna be this way "(Então ninguém te contou que sua vida ia ser assim) - pra mim não contaram, contaram pra você?


PS - Em tempo, a vida de mãe solteira acaba amanhã, para o alívio da mãe solteira, quando seu Princhuco retorna em seu cavalo alado do Brasil, vindo salvar a mãe e o pobre filho das garras da solidão, do serviço doméstico solitário e das alternativas de lazer sedentárias.
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Trânsito

Desde que mudei pra cá ficava feliz da vida achando que aqui, não tinha trânsito como o de São Paulo. Quem já ficou mais de 4 horas parada na Marginal Tietê sabe do que eu estou falando, trânsito é aquele que te obriga a desligar o carro, pegar a pinça e começar a fazer a sombrancelha e outras atividades altamente recomendadas e seguras já citadas por aqui.

Essa semana eu entendi porque eu achava que aqui não tinha trânsito, era porque eu andava de metrô.

Esta semana minha alegria se provou vã, aqui tem trânsito, e muito. As distâncias são menores, logo as horas também, mas que tem, tem.Um leitor atento pode se perguntar: "Mas por que raios então ela não continua andando de metrô?". E a resposta é simples, desde que eu sou uma mãe solitária, com um filho para levar para a creche, eu me recuso a usar o transporte público. O metrô tem sim inúmeras vantagens, mas acessbilidade, definitivamente, não é uma delas. Tente carregar um bebê em seu carrinho, a bolsa dele e sua própria bolsa, escada a cima, escada a baixo, e sobe, e desce e puxa e vai...minha gente, te digo, não é divertido. Troquei a meia hora de metrô por uma hora de carro, mas pelo menos não chego suada e desfigurada ao destino final. É fato que também tive que trocar os $32 que se paga para usar o transporte público livremente o mês todo por mais do que isso por semana, mas o que a gente não faz para ficar bonitinha, e se poupar do esforço físico.

Outro dia recebí um email daqueles encaminhados que eu odeio, mas que eventualmente resolvi ler. A tal mensagem era ótima e apresentava alguns fatos que comprovavam que você vive no Québec. Um deles era: Se você conhece as 4 estações: Quase inverno, Inverno, Ainda a estiagem do inverno e as Obras nas ruas e estradas, você vive no Québec. Aparentemente a estação atual é a das Obras. Boa parte da rua que me leva à creche e ao meu trabalho está fechada para obras, assim, fechada mesmo, o retorno por si só é uma viagem . A rua da creche, ops, escolinha, foi cortada pela metade. Quando digo cortada eu quero dizer cortada mesmo, foram lá e cortaram a calçada e o asfalto, não me perguntem o porquê. E é por essas e outras que há tempos minha sombrancelha não andava tão bem feita. Se bem que agora tenho outras distrações, como tirar o picolé da mão de Larapiack que ia pegar só um pedacinho e me tomou tudo e fazer diferentes gestos e caras pelo retrovisor para o mesmo enquanto canto todo o meu repertório de canções. De um jeito ou de outro, o povo que passa e me vê questiona minha sanidade e por vezes até me chama a atenção, mas como ninguém paga minhas contas, não ligo não.

E foi assim que, quem diria, eu sentí saudades do trânsito de São Paulo...Lá pelo menos sempre tem um moleque vendendo Bijou, Suflair (2 por 5 real), água, castanha de cajú de vigésima qualidade e por aí vai. Se bobear, você chega em casa com as compras do mês feitas (nesse momento você se pergunta que tipo de pessoa tem por compra do mês os itens supracitados...mas enfim...). É fato que você nunca sabe se o vendedor vai mesmo te vender ou eventualmente te assaltar, mas até aí, já diria minha mãe, não se pode querer tudo.