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Todo mundo dentro

Acabei de conhecer o BlogTalk e assim fiquei sabendo de mais um livro que já está na lista de compras de Princhuco, que vai pro Brasil um dia desses.

Daí lembrei da minha monografia, da minha tese, do trabalho que começo aqui amanhã e do assunto do meu coração sobre o qual venho querendo postar há um tempo. Mesmo porque às vezes é bom falar sobre algo útil, só pra variar. Como normalmente eu tenho muita inutilidade pra falar e acabo postergando uma eventual utilidade, decidi criar a "Segunda- Séria" (embora esteja aparecendo "Sunday" ali em cima, hoje já é "Monday", 1 da manhã, esse negócio aí é doido, liga não), pra me obrigar a deixar para a posteridade cibernética algo além de um monte de bobeiras.

Desde que escolhi meu curso universitário (Terapia Ocupacional) adquiri uma paixão incondicional pela palavra "inclusão". O conceito é simples e figura em frases de precurssores do movimento como Maria Mantoan e slogans de diferentes entidades: "Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças", "Ser diferente é normal", "Inclusão: Ampla, geral e irrestrita". A aplicação no entanto, é bem mais complexa, especialmente em um mundo de adultos, que desenvolveu a intolerância ao diferente, que passou por fases horríveis de construção social da não aceitação.

Para incluir não é preciso só construir, é preciso antes desconstruir as já muito sólidas barreiras que colocam uma imagem, um som, uma cor, uma cadeira de rodas, um entender diferente do mundo entre nós e um outro alguém.

Meu trabalho como TO e professora de música sempre foi pró-inclusão, como mãe quero fazer o mesmo. Inclusão de crianças com necessidades diferentes em uma classe onde bem...todos têm necessidades diferentes, intérpretes de linguagem de sinais onde quer que alguém fale e outro alguém não escute, material em braile onde houver letras a serem descobertas por alguns, rampas e elevadores onde houverem degraus, amigos onde houver pessoas que são antes de mais nada, seres sociais, crianças, pessoas.

Sempre quis mostrar para as mães dos meus pacientes e alunos, para os irmãos deles e os meus, para os professores, para os meus próprios amigos, que nada é mais saudável do que a diferença, do que estar bem em um mundo onde cada um é cada um e mais nada. Quer me ver de mau humor é contar piadinha onde a tentativa de graça é preconceituosa, de qualquer forma. Já me irritei demais com professores que pensam ser impossível pra um tipo de aluno estar em uma sala de aula, com pais que pensam que tal criança não é boa companhia pro seu filho, quando na verdade é a sala de aula, o professor, o pai, que não são bons para o aluno. Por outro lado já fiquei muito feliz com essas mesmas pessoas mudando de atitude, não por obrigação ou força, mas por experiência. A experiência do estranhamento frente ao diferente, da adaptação, da convivência, da inclusão, que só funciona quando o processo é feito em duas mãos.

Embora Jesus já tenha estabelecido um marco há mais de 2000 anos, chamando todos para perto dEle, o tema da inclusão é relativamente recente e vem tomando forma especialmente depois da "Declaração de Salamanca" , em 1994. No Brasil, desde 1998 a inclusão de alunos com necessidades especiais na sala de ensino regular é obrigatória. As normas técnicas para construção vem sendo constantemente aperfeiçoadas e cobradas para que atendam o chamado "design universal". No entanto, mais do que regras, leis e declarações, para que seja efetiva, a inclusão precisa de pessoas.

Quero que meu filho cresça sabendo que o mundo é espaço de todos, que não é questão de respeito ou bondade, é questão de direito. Que embora ainda exista na cabeça de muitos, o preconceito é incabível, as características que cada um carrega e desenvolve é o que faz o mundo um lugar especial, para todos. Faço questão de ler histórias sobre todo tipo de crianças, que ele tenha brinquedos e bonecos de todos os tipos, que ele conviva com crianças que como ele, precisam de coisas específicas para experienciarem um mundo completo. Nem sempre é fácil. Não existem muitos livros nem brinquedos que tratem a coisa do jeito que tem que ser tratada, não existem muitas crianças onde elas tinham que estar.

Se invisto no meu filho é também porque nunca vi uma criança, sem a influência de um adulto, mostrar alguma forma de preconceito. Tristemente, já vi também muito adulto sendo a influência que a criança não precisava. Já disse para alguns professores "em processo de inclusão": "Quando não souber o que fazer, olhe para uma criança e copie". Alguns adultos, no entanto, já escreveram livros infantis que merecem menção por já terem me ajudado a pensar e fazer pensar. Alguns abordam temas específicos como necessidades especiais e raças, outros, só falam de como olhar a vida, com os tais olhos de primeira vez, limpos de qualquer pré-conceito:

Abrindo Caminho, de Ana Maria Machado - pra abrir o caminho de quem ainda o fecha e pra quem quer uma leitura perfeita, é de longe meu livro infantil preferido.

FLICTS e O menino marrom, do Ziraldo - clássicos, eternos e atuais.

Esta é Sílvia - Jeanne Willis e Tony Ross - A história de Sílvia, simplesmente.

Na minha escola todo mundo é igual - Rosana Ramos - Pra quem sabe que ninguém é igual a ninguém.

E você, como anda abrindo seus caminhos?
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Mural atrasado

Bibi e Deby: Parece improvável, mas pasmem, eu também já tive meus dias sem doces. Primeiro, durante 1 tórrido e longo, longo mês antes do vestibular da FUVEST. Alguém disse que se ficasse 1 mês sem açúcar e na hora da prova comesse de novo o cérebro receberia uma super dose de endorfina e pronto. Se era verdade eu não sei, mas que funcionou, funcionou, se foi por causa disso, provavelmente não, mas enfim, eu provei que posso. O difícil foi só fazer a prova e comer o tanto de chocolate que eu levei. Não, sério, foi engraçado, eu tinha um saco de chocolate, era uma questão, um chocolate, outra questão, uma passatempo recheada...
Segundo, durante os 4 primeiros meses de gravidez (explica- se sua condição, Bibi). Eu só conseguia comer maçã, alface e bolacha água e sal. O resto eu não podia nem cheirar, vai entender.

Bibi: Consegui uma vaga na creche da McGill, onde eu estudo, que é em inglês. Mas coloquei o nome dele na lista de espera no dia que eu saí do hospital com o resultado do exame de sangue. Quase 2 anos depois, ainda teve toda uma história de persistência, chatices e confusões para realmente conseguir a vaga, mas agora ele está lá!

Flávia e Lilian: É por causa de tipos como vocês que o mundo não é um lugar de gordinhas felizes :-). Tem também aquelas que de fato fazem coisas absurdas como dieta e exercício. Fala sério, essa coisa de perder peso sem querer, não gostar de comer...ô inveja! Tenho uma amiga que é bem desse estilo, até esquecer de comer ela consegue, enquanto eu não paro de lembrar...fazer o quê? Malditos genes banhados à banana frita, pão de queijo, biscoitinho de polvilho. Se bem que os seus (Flávia) também são, não? É, então é só falta de vergonha na minha cara mesmo.

Mariana: Bem vinda ao clube, puxe uma cadeira, tire os sapatos e...vai um chocolatinho? Um pãozinho de queijo com requeijão então? Que nada, continue firme na sua dieta, dou o maior apoio. Só não me conte se você emagrecer porque nesse caso, eu vou acabar tendo que me convencer que essa coisa de dieta funciona.

Sandra: Os casacos "clássicos" daqui, "orgulhosamente feitos no Quebec, para o frio do Quebec", são da marca KANUKI. Eu particularmente não curto o estilo, mas que eles são super quentes e leves, isso são. O meu (e digo "o" meu porque você fica usando o mesmo casaco durante pelo menos 4 meses, todos os dias, sem lavar...argh! Pois é, mas isso é assunto pra outro post) eu comprei na "Le Monde des Athletes" e é super bom também, não passei frio, na medida do possível. Aparentemente, o importante é que ele seja "recheado"de pluma de ganso (porque é quente sem ser pesado), de tecido impermeável (pra não molhar com a neve) por fora e de preferência de "polar" por dentro (um tecido tipo o soft que um dia foi moda no Brasil), com gorro (eu particularmente odeio toca porque o cabelo fica todo amassado, entao só uso o gorro do casaco), sendo o gorro removível (pra você usar lá por Março quando não está mais tão frio assim) e com pluminhas em volta (as do meu também são removíveis - a pluminha ajuda a neve a não entrar no seu olho quando você está andando), de ziper, mas com uma cobertura sobre o ziper que pode ser de botão ou velcro (para não deixar o vento frrrrrrio passar pelos buraquinhos do ziper), deve ter um elástico por dentro na manga, pra não deixar a neve, nem o vento entrarem e longo (o meu é até o meio da canela, ou seja, até a altura que a bota vai). Veja na etiqueta até que temperatura ele aguenta (em geral, os bons devem aguentar até -30). Para as crianças é legal ter 2 peças (comprei o novo do Zack ontem, na loja "Souris Mini", eles tem uns super fofos. Ano passado comprei na "Bleu et Rose", mas essa eu não sei se tem em Quebec), um macacão por baixo e a jaqueta por cima, seguindo os mesmos critérios. As 2 peças dão mais liberdade de movimento (porque ao contrário dos adultos que fogem da neve, as crianças se esbaldam e brincam MESMO. Na creche ou escola eles brincam todo dia do lado de fora, a não ser em condições extremas= menos de -30, ou tempestade de neve).Vixe, só de falar deu frio.
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eu sei, eu sei


Eu sei que são 23h00 e eu prometi que hoje era o "dia não" para blogs, já que ontem eu fiquei lendo até as 2h00 e acordei as 6h00, ansiosa pelo primeiro dia de creche de Princhuquinho (assunto que será postado no "dia sim") e depois disso fiquei zumbizando pelas ruas e reuniões nas quais estive.


Mas é que eu lembrei, que há muuuuuuuuitos anos, a Deby, Tiradora de Sapato fiel, tinha nomeado o Tirando o Sapato e depois me incumbido de eleger 5 blogs pro tal do Laughing Blog Awards. Eu sei que eu tinha esquecido completamente disso, mas como eu também sei que decidi que não deixo mais pra amanhã o que lembrei de fazer hoje, mas deveria mesmo ter feito há tempos, vai lá, minha listinha.


Eu tenho uma preferência, quase exclusividade por blogs engraçados mesmo, de triste já basta não poder dormir todo dia até meio dia. Sendo assim, escolher os 5 + é meio difícil, mas vamos lá. Alguns dos blogs mais divertidos que eu leio são em inglês, nem sei porque, nem sei como fui parar neles, acho que por causa da Lilian. Só sei que é lendo isso que eu fico olhando pra tela e rindo que nem uma abestalhada e assim meu marido logo descobre que ao contrário do que eu estou dizendo, eu não estou fazendo nenhum tipo de pesquisa:

Frankamente - Pra ser franca, é bem bom. É o único da lista que não é um blog "de mãe". A Franka é mãe, mas as crianças já são crescidinhas, logo, ela sabe fazer graça de outras coisas da vida.

Notes from the trenches - Essa é minha heroína. Ela tem 7 filhos, dá aula pra todos eles em casa e aparentemente, vive de blog - e que blog! Ela tem 2, mas o "Notes" é o mais pessoal, fazendo graça das vicissitudes da maternidade. Tirando a parte de ter 7 filhos e dar aula pra eles, não é um sonho?

My minivan is faster than yours - Essa é mãe "só" de 2, mas sabe fazer disso uma grande piada.

Crônicas da Iglu - Foi por causa da "graça" da Flávia, que um amigo meu disse que eu também devia ter um blog. Comecei a ler e agora deu nisso, viciei no negócio. Ela é mesmo uma graça.

Mothern - Agora acho que elas ficaram muito famosas e estão ocupadas com outras coisas, mas na época que o blog era atualizado era sempre do tipo "humor maternal altamente inteligente e crítico" (só querendo inventar termos difíceis porque estou me sentindo "a crítica" de blogs). Também acabaram vivendo de blog (que virou livro, série da GNT, e sei lá mais o quê). Acho que vou largar esse negócio de doutorado e investir fundo na minha carreira blogal, é TÃO mais divertido.

e voi-là...leiam e divirtam-se.






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O início do fim

Depois de 2 anos você já fica esperta...

Vai chegando o fim de Agosto, um vem vindo o outro indo, tudo discretamente.

Um dia você sente um ventinho e resolve não sair de saia, outro dia coloca um casaquinho de malha, outro dia um de lã e quando você menos percebe lá está você, cinco camadas abaixo das suas roupas, só o nariz, escorrendo, pra fora.

Como aqui em casa o funcionamento é sempre de última hora, ao perceber o fim iminente, a cadeirinha de bicicleta (coisa de lugar onde bicicleta é realmente um meio de transporte) de Passeack foi finalmente instalada, em um último movimento desesperado para aproveitar qualquer raio de sol restante. Os pais atléticos resolveram jogar um pouco de tênis (no caso da mãe, chame de jogar tênis qualquer coisa parecida com correr atrás de um bolinha, com uma raquete na mão, sem que uma necessariamente encoste na outra ) com a ajuda dos amigos babysitters entretendo Gandulack, que corre atrás das bolinhas, quase sempre com o intuito de comê-las.

Também passamos o dia inteiro fora (o dia começando às 15horas, horário que os pais organizados conseguiram sair de casa) , na "Fête des Enfants", um evento do dia das crianças daqui, comemorado no parque com brinquedos infláveis gigantes, caixas de areia com megablocos, milho cozido (que Galinhack come na espiga e adora, só perdendo para a areia, que ele também come e adora), e outras tantas atividades para crianças de todas as idades, uma grande comemoração do início do fim.

É Inverno, não adianta disfarçar, eu sei que você está chegando.



Aventurack aproveitando os últimos raios do Astro-rei em um dos infláveis gigantes da " Festa das Crianças"
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Comemorando

Só pra dizer que essa é a minha centésima postagem...não é mesmo emocionante?

E também pra tirar "da capa" o último post altamente glutão, que não pega nada bem pra minha imagem.

Amanhã voltarei com alguma coisa possivelmente interessante, mas mais provavelmente bem inútil que pensei em algum momento do dia, mas que agora não me ocorre.
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Psicologia Reversa

Conversei por email essa semana com uma amiga no Brasil, sua filhota está com uns 8 meses, se bem calculo. Não gosto de me comparar aos outros, mas ela toda feliz contando que já perdeu todos os "extras gravídicos", tomando Herba Life, poxa vida, sujeira isso aí. Tudo seria mais fácil se simplesmente ninguém emagrecesse e eu pudesse ficar enternamente culpando Engordack (que só come mesmo pra viver, diga-se de passagem) por toda a borracharia que eu insisto em carregar (quem sabe um dia não venha a ser útil).

Herba Life eu não topo, só de pensar em trocar uma refeição minha por um shake, já morro de fome. Eu sei, você que não fugiu do SPA como eu, não entende a dimensão da fome eterna, de almoçar pensando na janta, dormir pensando no café e deve estar pensando: "Tadinha...precisa mesmo de tratamento".

Eu sou terapeuta, vocês sabem, fiz 3 cursos de psicologia na faculdade. Dizem os cientistas que quando a psicologia tradicional não funciona, apele pra reversa, muitas vezes bem mais efetiva. Vale pra educação de crianças, vale pra persuadir alguém a fazer algo, vale para se auto-enganar.

Amanhã será um novo dia. Amanhã e só amanhã eu vou comer no café da manhã panqueca com Nutella e leite integral com Ovomaltine. Não vou andando até o metrô, afinal de contas, 1km pode ser fatal para uma sedentária convicta que serei amanhã. No meio da manhã, pra manter o aporte calórico vou comer, hummm, um sorvete com calda de chocolate e casquinha crocante, vou almoçar sanduíche com batata frita e coca-cola não diet, vou ficar beliscando cookies de chocolate a tarde inteira, e beber milk shake com calda de baunilha, água, jamais. Se acaso eu enjoar de tanto doce, comerei logo um saco de Cheetos pra balancear. Nem pensar em subir escadas, amanhã eu só pego elevador. Ao chegar em casa, vou sentar em frente ao computador e ficar lendo blogs por horas a fio, vou pedir pra alguém mexer o mouse pra mim, preciso poupar meus esforços. Enquanto leio, comerei calmamente um bolo de chocolate com recheio de brigadeiro e cobertura de brigadeiro, inteiro, a raspinha que sobra na forma inclusive. Antes de dormir, vou comer um ovo de páscoa bem grande sozinha, pois já é hora de dar fim no bendito, afinal, já é quase Natal. De sobremesa, um pão com manteiga e geléia. Ah não, geléia é muito saudável, um pão com manteiga e creme de amendoim e uma porção de poutine, a comida típica daqui (breve descrição: batata frida dormida com molho e queijo derretido).

Tá vendo, já funcionou, só de reler me embrulhou o estômago, espero que tenha sido de ajuda pra você, que como eu, sonha com chocolates voadores.

Pois é, regime de novo, alucinações, idem.
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Lições

Essa coisa de ter gente na sua casa dá material pra reflexão. Vejam algumas lições de suma importância que eu aprendi durante essa temporada.

Na terça-feira passada fomos eu, as 2 sobrinhas mais velhas (de 6 e 8) e Princhuquinho para o parque de diversões daqui. Mais pra aplacar minha consciência pesada pois tive que trabalhar vários dias enquanto eles foram passear e minhas sobrinhas vieram dizer: "Poxa, tia, você quase nem saiu com a gente" e pra bancar a "super-tia", do que realmente por vontade própria, mas fomos.
Lição número 1: Se seus familiares estão na sua casa por um mês, tente ajustar sua agenda para fazer o máximo de programas possíveis com eles, porque quando você não faz, a consciência pesa e você tem que fazer um super-programa no último dia pra compensar tudo.

Não posso dizer que não foi divertido. Foi. Voltei só o resto, ou nem isso, mas valeu. Princhuquinho descobriu sua vocação pra cavaleiro e adorou o carrossel, além de outros brinquedinhos para bebês. Ainda tenho a impressão que seu brinquedo preferido foi um tal de "peito e sombra", esse sim sob medida para crianças de 1 ano, mas vale como primeira experiência "parquística". Adoraria ter uma máquina fotográfica pra registrar o momento, mas a minha foi perdida por uma das sobrinhas em um incidente fatídico. Pior é não ter nem moral pra dizer nada já que dias antes eu tinha perdido $1000,00 - mas essa é outra história.
Lição número 2: Nunca dê uma coisa cara para uma criança de 8 anos levar na bolsa, mesmo que ela jure que vai tomar cuidado. Também não dê dinheiro pra ser trocado no banco por uma pessoa de 26 anos que nunca confere o dinheiro que recebe, ela pode não notar que está faltando uns trocadinhos.

Agora entendo melhor porque minhas (5) tias faziam (e fazem até hoje) questão que a gente ficasse tanto tempo na casa delas e até brigavam pra ver na casa de qual iríamos ficar (já que metade de Uberlândia é parente meu). Ser tia é bem bom. Você pode ficar lá, bancando "A tia que eu sempre quis ter" e quando a coisa aperta, é só recorrer ao "só se sua mãe deixar". Em caso de resposta negativa o monstro fica sempre sendo a mãe, enquanto você mantém seu posto.
Lição número 3: Deixe suas sobrinhas em férias na sua casa comerem mais de 4 sorvetes em um dia, almoçarem no McDonalds, comprarem todos os chocolates, balinhas e chicletes que quiserem, brincarem na maquininha que ganha bicho de pelúcia, dormirem na barraca na sacada e ficarem acordadas até tarde, tudo escondido dos pais delas. Se eles perguntarem, negue tudo - mas longe das crianças porque você é legal, mas não é mentirosa.

Homens e mulheres/ Pais e mães são realmente seres distintos, as mulheres/mães sendo realmente dotadas de um algo a mais no quesito lidar com várias coisas ao mesmo tempo (leitores me perdoem, mas é um fato). Posso relatar inúmeras situações, mas a mais ilustrativa foi essa: Eu fazendo chapinha no cabelo da minha cunhada, enquanto ela conversava com meu marido e costurava a roupa de uma das meninas, além de escolher a roupa da outra e dar instruções pro marido na cozinha. A mais nova interrompendo a cada 5 segundos a conversa. Meu marido tentou: "Nicole, por favor pára, o tio está ocupado" - obviamente sem resultados. Minha cunhada: "Vou fazer uma mágica, pir-lim-pim-pim, você virou uma abóbora! Vai lá no espelho olhar, corre, corre!" - e isso rendeu paz por uns vários minutos.
Lição número 4: Se você nasceu homem, sinto muito meu caro, passe a vida fazendo uma coisa de cada vez.

Olhando minha cunhada e seu marido lidarem com as crianças, finalmente achei um ponto negativo em ter 2 empregadas e 1 babá a seu serviço (mas não se iludam, eu posso nomear pelo menos uns 427 positivos). O marido tende a ficar bem mais distante dos cuidados das crianças já que quando a babá não está lá, a responsabilidade implicitamente fica sendo da mãe. Além do que (ok, ok, isso são 2 pontos positivios), a própria mãe tende a sofrer mais já que todo mundo sabe, é muito mais fácil se acostumar com o fácil, do que com o difícil (o difícil sendo a vida sem empregada e babá, que fique claro).
Lição número 5: Se você não tem escolha (ou não tem quase $200/dia pra pagar uma babá e uma empregada no "primeiro mundo"), agarre-se ao fato e gabe-se pra mundos e fundos que você é realmente uma super-heroína conseguindo manter uma casa, um filho, um trabalho, um doutorado e a sua sanidade, tudo ao mesmo tempo, com a ajuda igualitária do seu marido. E enquanto outras se queixam das toalhas manchadas pela empregada e da falta de tempo, você está lá...viva pra começar, e até arranja tempo pra escrever bobagens como estas.
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Papito

Ontem a agenda foi cheia. Tão cheia que eu só fui lembrar que era dia dos pais no Brasil hoje (o daqui já tinha sido comemorado em Junho).


Meu pai já não está por aqui pra fazermos pra ele uma serenata matinal "surpresa", cantando mais uma vez a música de sempre e vê-lo feliz com nossos presentes "made in casa mesmo", quando éramos pequenos e "fruto do suor do nosso trabalho", quando começamos a ganhar nossos troquinhos. Pai faz falta.

Meu pai era daqueles que sabia de tudo. Sabia tudo de mecânica, por exemplo. Por isso escolheu por meses e a dedo um carro usado, mas com tudo novo, impecável sem nenhum arranhão, para me dar quando eu passei no vestibular da Fuvest. Carro esse que eu bateria no dia que ele trouxe pra casa, para sua extrema tristeza (pra não dizer fúria), isso porque ele sabia o quanto custava pagar o estrago. Ele sabia que a vida podia não ser fácil e fazia questão de nos ensinar o valor de tudo, contando e recontando sua história de infância pobre, de como dormia dentro do ônibus da oficina mecânica onde trabalhava aos 9 anos e de onde só saía para ir à escola a pé, por nem lembro quantos kilômetros, e como acabou dono de uma empresa de ônibus, com 2 faculdades. Sabia tudo de Física, de Matemática, se não sabia, fingia bem. Muitas coisas ele tinha um gosto imenso de ensinar, ficava orgulhoso quando perguntávamos. Outras, por razões desconhecidas por nós, ele não queria que aprendêssemos, como japonês, o que eu lamento. Mas ele sabia também brincar de voley de bexiga no corredor de casa, as melhores estratégias do jogo de dama, sabia resolver todo e qualquer problema, sabia ser um porto seguro. Eu, sendo a única menina sempre fui "a queridinha do papai", nunca tive dúvida disso, nem meus irmãos. É claro que eu sempre adorei o posto e procurava honrá-lo também sendo "a filha exemplar", tudo ia bem até eu resolver me casar com 18 anos. Mas até isso ele soube resolver e acabou amigão do meu marido, nem que só nos 4 meses entre nosso casamento e sua partida.


Outro dia eu estava conversando com meu irmão como deveríamos ter aprendido mais com ele, perguntado mais, sido melhores filhos e todas aquelas coisas que a gente só pensa depois que perde as pessoas. Como as coisas passam rápido e a gente nem sabe que está passando, e que logo elas podem acabar.


Fico um pouco triste porque Netack não tem nenhum avô, nem bisavô. Mas a sorte dele é que tem um paizão que vale por 3 gerações. Papito, como ele se auto-intitula, filmou o parto (ninguém merece....quem teve essa idéia devia ser condenada à 3 anos de reclusão sem direito a Passatempo Recheada), cortou o cordão e ficou mais de um ano sendo "dono de casa", a despeito de seus sentimos dúbios sobre o assunto, sendo o companheirão de seu Filhack e topando tudo para fazê-lo feliz. Papito não aguenta e vai socorrer Insoniack quando ele acorda chorando a noite, não aguenta e dá sorvete escondido da mamãe. Papito é danado e faz careta pra tudo, por isso Papitinho é tudo o que é, cheio de expressão, feliz até cansar, cópia reduzida de Papito. Papito também sabe de tudo e é bom que Papitinho saiba disso logo, pra curtir cada segundo do seu Papito e aprender tudo o que puder dele, desde agora...

Feliz Dia dos Pais atrasado para o Papito daqui e os demais Papitos por aí!
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Verão


Tirando o Sapato e colocando o chinelo...
Tá certo que ficaria melhor se o fundo fosse uma praia...mas esse pezinho...só mordendo.
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Mamá

Normalmente eu sou meio lerda com blogagens coletivas, mas essa proposta pela Denise Arcoverde e sugerida pela Flávia tem data marcada e dessa não dá pra ficar de fora...

Porque somos mamíferos...

Porque Deus sabe o que faz e não há Nestlé que o vença ou ache a fórmula secreta ideal (bem mais secreta e bem mais ideal do que a da Coca-cola).

Porque é assim que o bebê desenvolve de maneira ideal sua musculatura, sua visão, sua afetividade e cognição

Porque não há nada mais gostoso, especial ou maravilhoso do que um nenezinho que se nutre por 6 meses exclusivamente de você, sem precisar de água, chazinho, suquinho ou o que quer que seja.

Porque mesmo depois que come de tudo o bebezinho ainda acha conforto e nutrição no seu peito, sempre pronto, sempre esterelizado, sempre balanceado.

Por essas e outras, a primeira palavra de Mamiferack foi "mama", mas poderia ter sido "mamá", e mamãe teria ficado igualmente feliz pois sabe a importância do verbo que como todos, mas com resultados incalculáveis, só depende de uma ação.




Nada no mundo é mais delicioso do que chegar em casa, tirar o sapato e saciar a necessidade de amor e leitinho.
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Mercúrio

Deu no painel do metrô hoje:

31 graus - Alerta de calor avassalador ativado (ou qualquer coisa do tipo que eu não tenho certeza como traduzir já que nunca vi um alerta desses em São Paulo, por exemplo)

Agora me diz se é ou não é um lugar maluco esse daqui?

E as pessoas continuam me falando: "mas você já está acostumada, né? No Brasil é sempre assim!". Claro, na Bahia talvez, ou no Saara, que fica pertinho do Brasil, todo mundo sabe. Enquanto isso na minha boa e velha São Paulo vejo pela webcam os amigos embaixo dos cobertores, quase congelando. Não reclamo, daqui a pouco tudo se inverte.
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Um dia desses...(Post reflexivo de 1 ano do Princhuqueto, ligeiramente atrasado)

Um dia desses eu tinha uma barriga enorme, depois um nenezinho molinho, que de tão molinho e pequeno tinha que tomar cuidado pra não quebrar.
Hoje em dia eu tenho um menino danadinho, que se mexe de todas as formas possíveis, desce da cama, sobe no sofá, entra nos lugares mais improváveis, escala escada e tem que tomar cuidado se não é ele que quebra tudo.

Um dia desses eu acordava tarde e ficava enrolando na cama aos domingos
Hoje em dia alguém me chama cedo, o resgato de pé lá no berço e até tento o enrolar na cama comigo, mas ele morde meu nariz, faz "brrrrrr" na minha barriga, dá beijinho, abraço até me convencer que é inútil se fingir de morta, ele tem compromisso. E não adianta explicar que ele tem a vida inteira pra brincar, a vida é agora, as 7 da manhã.

Um dia desses eu me preocupava se um certo serzinho tinha frio, fome, sede.
Hoje em dia eu não preciso mais me preocupar pois ele sabe bem o que quer e não tarda a atacar meus peitos se quer mamar, fazer o sinal de "comer" quando quer comer, pedir "ábua" o tempo todo, nem que seja só pra se divertir com as maravilhas da comunicação e finalmente constatar que é compreendido.Além disso ele sabe bem como convencer a todos em um raio de 10km quando quer dormir ou não quer sentar na sua cadeirinha do carro, ninguém duvida.


Um dia desses eu poderia digitar um texto inteirinho sem parar.
Hoje em dia enquanto eu digito alguém vem sempre me inspecionar, ver seu eu ainda estou lá e como eu não resisto, só nesses parágrafos eu já saí pra trocar o CD, pra tocar pandeiro, pra construir uma nova torre de megablocos, pra botar o trenzinho pra funcionar e a vontade de ficar lá, brincando com ele é sempre maior do que a de voltar a fazer o que quer que seja.

Um dia desses eu não ficava abestalhada, olhando pra alguém.
Hoje em dia eu me pego rindo por dentro e por fora, olhando pra um menininho que dança ao som da música, que toca pandeiro com a pazinha de cavar areia, que descobre buraquinhos minúsculos onde pode enfiar seus dedinhos, que analisa a textura das coisas, que explora seus brinquedos com ar de cientista e que abre o sorriso mais lindo do mundo quando descobre que está sendo observado.

Um dia desses sair pra comer fora era isso, sair e comer fora.
Hoje em dia a mesma ação é quase uma operação militar, exige esquema de revezamento de pais, enquanto um come o outro distrai Explorack, depois dá comida pra ele, depois tenta recolher os 325 objetos que ele já jogou no chão, tudo isso enquanto finge que o restaurante inteiro não está olhando pra você e pensando que se você tem um bebê, deveria comer em casa.

Um dia desses eu poderia ir ao banheiro, fazer o número 2 de porta fechada, lendo uma revista tranquilamente.
Hoje em dia, se não tem mais ninguém em casa além de Semprivacizack, este "meu momento" parece mais um show de variedades. Fechar a porta é inútil a não ser que eu queira fundo musical. Tento o número de jogar alguma coisa longe pra ele ir buscar, coloco dentro da banheira com os patinhos, mas nessa hora especificamente, a despeito de toda sua independência em outros momentos, o que ele quer é ficar conversando comigo, no meu colo, aquele papo cabeça e aconchegante, super apropriado.

Um dia desses eu era filha.
Hoje em dia eu sou mãe, e finalmente me vejo obrigada a concordar com minha mãe com aquela frase horrível do "ser mãe é padecer no paraíso" e todos os outros clichês que fazem parte do pacote "quando você for mãe, você vai entender".

Um dia desses eu conseguia falar sobre vários assuntos, era até interessante conversar comigo.
Hoje em dia por alguma razão, 90% dos meus posts são marcados como "Papo de Mãe", pra dizer o mínimo.

Um dia desses eu não tinha idéia que hoje em dia minha vida seria tão diferente,mas tão completa de uma alegria inexplicável vinda de um serzinho que um dia desses só tinha meio metro.

Um dia desses eu achava que o tempo passava devagar demais.
Hoje em dia ele está voando...e do jeito que anda,
Daqui uns dias os brinquedos espalhados pela sala vão virar livros, roupas, namoradas, fotos e saudade...(credo!)