9

Tirando o sapato...

... e botando o chinelo. Estamos saindo de férias.


Após um muito exaustivo primeiro semestre regado à muito trabalho, doutorado e eventos dos mais variados.


Após uma muito exaustiva organização/realização de uma festa de aniversário de um tal menininho bem bonitinho que aproveitou a festa como ninguém, mas que deixou pra trás uma família e seus amigos mais próximos exaustos (mais conhecidos como "as vítimas" - no melhor estilo: quem manda ser amigo??? Agora tem que ajudar,tem que acordar de madrugada em pleno domingo, tem que cozinhar, tem que encher balão...).


No controverso roteiro das férias, largaremos o pequeno Abandonack com a avó enquanto pai e mãe retomarão seus papéis de marido e mulher em lua-de-mel pelas "Europa", seguindo para o Brasil, após retomar a guarda da criança, para o aniversário de 91 anos da bisa, na deliciosa fazenda em Minas Gerais.

Mais detalhes na volta em Agosto. Ou se rolar tempo, em algum cyber café pelo caminho.


Para os que ficam com o verão daqui, bom verão, para os que ficam com o inverno de lá, bom inverno. Para todos, boas férias, aproveitem, a vida passa rápido e as melhores lembranças sempre são das férias (esta mensagem é um oferecimento do meu último neurônio, as 2:20 da manhã).

Fiquem com a foto da mesa do aniversário deste ano. Eu sei que não se compara às mesas de festas de Holywood de qualquer festinha merreca por ai nessas bandas com Buffet Infantil. Mas fora o pequeno rombo no meio do arco de balões, até que estamos nos aprimorando na técnica de fazer festas "a mão" - leia-se, sem salgadinho encomendado, sem docinho encomendado, sem decoração encomendada, sem balões encomendados, tudo assim, na mão-de-obra escrava dos pobres amigos e tios importados diretamente do Brasil. A mesa e mais umas 50 bolas gigantes espalhadas pelo salão ficaram muito simpáticos, modéstia a parte. Ah sim, o bolo era encomendado, mas não conta, porque de tudo foi a coisa menos gostosa. O melhor foi que o aniversariante brincou até dizer chega, comeu tantas bolinhas de chocolate e brigadeiros quanto pode, fez e comeu seu próprio sanduíche, decorou seu próprio muffin, fez bolhas de sabão e se divertiu absurdamente muito. Tanto que a pilha, que tinha sido ligada 7 horas da manhã, para a festa que começou às 10:00, só foi acabar 7 da noite...as pilhas da mãe já estavam arriadas há tempos, mas sobrevivemos.

Caso não fique evidente, o tema deste ano foi bola, a nova paixão de Bolack.









Boas férias para todos!!!
5

Centenário da Imigração Japonesa no Brasil


Eu deveria estar mais atualizada sobre esta parte da história que faz parte da minha própria. Mas no momento só estou tendo tempo pra me ligar em preparativos para outras festas (a de 2 anos do Velhack e a festa das nossas férias, a partir da semana que vem).Mas achei este desenho do Maurício de Souza muito fofo pra não ser postado. Fofo também deve ter sido o "encontro histórico" da Hello Kit com a Mônica, que andou rolando por aí.
Minha avó chegou ao Brasil no terceiro navio de imigrantes, em 1914, se eu não me engano. Pequena, veio de casamento arranjado e já chegou trabalhando nas lavouras de café no interior paulistano. Na casa dela, onde passávamos sempre o ano novo, sempre assistíamos fita de karaokê, comíamos sushi e inari (aquele que ao invés de alga tem uma paradinha de tofu em volta - em termos bem técnicos), muito tofu com shoyo e peixe com olho, do qual eu, mesmo quando comia carne, morria de nojo (argh! Aquele baita peixe com aquele olho de peixe olhando pra você na mesa, eu, hein!) e bebíamos coca-cola de garrafa, que eu e meu irmão éramos responsáveis de trocar no armazém. Também tinha um ursinho panda de pelúcia que eu adorava, calendários com mulheres japonesas mandados do Japão pela tia que morava no Japão (não! Era mandado do Japão pela tia que morava na Indonésia, daar).
Minha tia, muito solteira e que morou com minha avó até o fim, era muito católica, e muito amiga de um padre. Tinha sempre dois cachorros Collie, lindos e bem cuidados e todos os livros do Sydney Sheldom, que eu e meu irmão líamos vorazmente nos anos adolescentes, pra matar o tédio durante os 3 ou 4 dias que passávamos lá a cada ano. Minha avó era Seicho-no-ie e tudo que eu sei sobre isso é que no velório dela tinha umas outras velhinhas japinhas rezando em japonês, eu suponho (se fosse russo seria estranho...) e muitas outras colocando envelopes (com dinheiro, me contaram) em uma caixinha com incenso e um negocinho escrito algo em japonês também.
Apesar do nome muito japonês, da cara meio japonesa (no Brasil, porque aqui todo mundo acha que eu sou filipina ou vietnamita ou qualquer outra coisa) e de ter sempre feito o papel de japonesa nas pecinhas da escola, meu contato com a cultura japonesa se restringia as idas na casa da minha "obatchan", era um mundo paralelo. A culpa deve ter sido da minha mãe, aquela brasileira (que diga-se de passagem, minha vó não gostava, por não ser japonesa, obviamente) que sendo a única 100% brasileira na família, era a que mais zelava pela nossa "japonesidade" já que meu pai era meio anti-japonesismos. Minha tia que morava no Japão até tentava me catequisar, sem muito sucesso. Sempre me mandava um Kimono original e cheio de apetrechos (que eu usava nas peças da escola, e mais tarde nas festas a fantasia) e a única Barbie que eu tive por muito tempo era uma versão Suzi de Mangá, de Kimono, chinelinho e meinha (isso deve ter outro nome), florzinha no cabelo (que era loiro, diga-se de pasagem).
Outro dia fizeram um super encontro da nossa família, com direito a montagem de árvore genealógica e tudo. Eu adoro árvore genealógica, elas contam tantas histórias que fazem parte da História, mas não deu pra ir. Me mandaram as fotos, um monte de japonesinhos, tudo igualzinho mesmo, com leves variações abrasileiradas (eram meus irmãos).
Hoje em dia como Sushi só se não tiver outra opção, odeio peixe cru, prefiro garfo à hashi, não falo mais que "Arigatô" e de origami só sei fazer barquinho de papel (que nem origami é), uma pena, eu bem gostaria de ser mais japonesa, e menos "japonesa do Paraguai", como vários já me intitularam.
Mesmo assim, fico feliz de ser essa mistura que mesmo não sendo, é parte de mim, de quem sou e até de quem Japonesack, apesar dos cabelos muito claros, é. Meu irmão, que sabe fazer conta, diz que somos 12, 25% japoneses. Espero que isso me dê o direito de celebrar esse centenário e dizer que eu também sou parte dessa história, que é uma parte tão interessante da História do Brasil. Uoba!
Feliz Centenário (e isso é coisa que se diga???) para os mais japoneses do que eu, e Arigatô, Sayonará, Kimono, Karaokê, Mangá para todos os outros...
11

Só 2 anos

Só dois anos, é o tamanho de uma vida inteira. Vida que veio acrescentar, virar de cabeça pra baixo e transformar definitivamente nossa vida, nossa família, deixando tudo com uma cara de alegria sem fim.



Só dois anos e eu já não lembro como era minha vida antes, o que eu costumava fazer com tanto tempo que hoje passo lendo histórias, brincando, fazendo piquenique no parque, cantando, colocando pra dormir e cozinhando. Lembro vagamente (e com uma certa saudade) que eu dormia mais, aliás, havia domingos que eu dormia até meio-dia, quem diria. Mas logo esqueço, mesmo sendo 5:30h, quando um serzinho de pouco mais de 80cm aparece na porta do meu quarto de manhã pedindo: "eu quelo mamá, tó um totinho" (eu quero mamar só um pouquinho) e aí, depois de mamar dorme de novo, só pra acordar umas duas horas depois cantando: "Acoda, acoda é hola de acodá - Nasce o sol, a biar, lindo!!- Acoda mamãe!!!" acompanhado de um beijinho.



Só dois anos e hoje em dia não acho nada mais tão lindo quanto ver Cresimentack crescer. Virei uma besta assumida, fico toda babona quando meu minusculinho reconhece a letra do "Cack" (que é o Z, não o C, vale dizer), e todas as outras que têm um significado pra ele (como as primeiras letras dos nomes das pessoas mais próximas). Quando ele canta o "ABC" então eu me desmancho, mas não tanto como quando ele acha algum objeto que têm em alguma das cem bilhões de músicas em línguas sortidas do seu repertório e automaticamente se lembra da música e começa a cantar, variando os padrões rítimicos, adaptando. A bobeira assumida toma conta quando ele conta de 1 a 5 em 3 línguas, e quando se ajoelha pra orar, colocando as mãozinhas e fechando os olhos, enrugando a testa que fica parecendo uma cara de bravo, mas é na verdade de muito concentrado. Outro dia estávamos olhando uma revista e achamos um grão-de-bico. Falei pra ele o nome e ele "pegou" o grão-de-bico da revista e colocou no umbigo, todo feliz, falando "bigo!!!". Fico me sentindo a mãe do ganhador do prêmio Nobel quando ele diz seus simpáticos "Bonjours" por aí e quando pede "popapô" e fala "obigada" (o Bonjour geralmente vem ser ser requisitado, os outros com um pouco de ajuda dos universitários, mas vem). Eu poderia ficar aqui mais dois anos só contando as venturas e espertices de Espertack, da sua memória prodigiosa, de como ele é afinado, de como ele gosta de sapatos e bolas. Mas vou parando, porque afinal de contas, tento (e quase sempre não consigo) falar de outras coisas na vida. Incrível como não falo tanto da minha pesquisa, por exemplo, que já me tomou 3 anos, como dessa coisinha que só tem 2. Mas como não falar de um trequinho que enquanto eu escrevo este post já veio aqui do meu lado, com um bolinho de brincadeira na mão cantando: "Happy birthday to mamãe, happy birthday to mamãe, happy birthday to mamãe! - Sopa mamãe, sopa!"(sopra mamãe, sopra!), depois pegou um papel e falou: "desenhá" e está aqui falando sozinho: " bonito nenê, bonito..." e isso tudo ele aprendeu só em dois anos...



Só dois anos e eu também aprendi tanto. Coisas de cunho altamente maternísticos e a existência de um mundo a parte, só de coisas de bebês, tipo Matrix. Você toma a pílula e quando vê, está em uma quarta dimensão, onde a existência de cereais de bebês, apetrechos infinitos de segurança, chupeta-termômetro, brinquedos bons e ruins viram parte do cotidiano. Aprendi outras tantas sobre nutrição como a ordem de introdução de alimentos, tudo sobre o "Canadian Food Guide", a quantidade de porções, cores e sabores para um crescimento saudável. Coisas bem menos essenciais à existência como o poder fétido de uma fralda de cocô e outras tão superiores como a grandeza do perdão instantâneo (aquele que dá uma mordida de raiva e depois de um segundo faz "calinho, calinho- decupa mamãe" - carinho, carinho, desculpa mamãe) e a existência do amor incondicional, tão grande que não cabe em lugar algum, absolutamente desatrelado à qualquer cláusula.



Só dois anos e meu nenezinho quietinho e bochechudo virou uma coisinha falante e magricela e mesmo assim, eu ainda quero fazer suco dele. Tanto em tão pouco, difícil de acreditar.



Parabéns meu filhinho lindo, você é a coisa mais preciosa do mundo. Se for pra mudar alguma coisa, por favor durma até mais tarde e me deixe escovar seus dentes em menos de 30 canções, o resto, pode ficar igualzinho, até os 200 anos.




9

$33,85

Ganhei de presente de uma amiga um "vale-manicure". Manicure não, porque manicure é coisa de pobre, um vale -"soins complete netteté des mains avec verniz" (algo como: "cuidados completos de limpeza das mãos + esmalte).

Nunca, nunquinha na minha pobre vida canadense eu tinha ido à manicure (e cada vez que vou ao Brasil pareço uma recém chegada de um campo de concentração, logo, necessitando de cuidados essenciais à sobrevivência como corte de cabelo, depilação completa e manicure/pedicure) e dessa vez lembrei o porquê. Mas como tinha sido presente, lá fui eu, dar uma de "madame" (porque você pode achar que "mão e pé" é coisa que se faça toda semana, mas pra quem já conheceu gente - e mais de uma - que aos 30 anos NUNCA na vida se quer fez as unhas, na manicure ou fora dela, como muitas quebequenses, manicure é definitivamente coisa de madame).

Chego na hora marcada, abro a bolsa pra pegar meu vale-presente e cadê? Desmemoreiko teve a capacidade de marcar o horário e esquecer o vale-presente em casa. Como aqui não é Brasil e dificilmente se dá um jeitinho (do tipo pagar no dia e trazer o certificado no dia seguinte pra ser reembolsada), muito sem graça que fiquei, resolvi fazer a mão e pagar, já que era dia dos namorados e íamos sair a noite.

Entramos na sala que estava mais pra centro cirúrgico do que salão de beleza, tudo muito limpo, muito esterelizado, mesa forrada com papel descartável, mocinha de máscara e luva, uma coisa de louco. Antipática que sou e como odeio jogar conversa fora em salão, peguei meus textos e comecei a ler enquanto a mocinha fazia minha unha. Um artigo (de 7 páginas) inteirinho depois, ela acabou uma mão. Olhei assim, ao acaso pra minha unha e em desespero pergunto:
- Você não vai tirar a cutícula?
- Ah não, eu não encosto em cutícula, porque você quer tirar a cutícula?
- Porque é assim que se faz unha????
- Ah não, não precisa não, não, não...
- Moça, eu quero tirar a cutícula!
- Ah, mas não...eu não mexo em cutícula.
- Pois pode mexer agora minha filha, porque eu não vou pagar $30 mais taxas pra você fazer absolutamente nada!!!!! -- Tá bom, isso eu não falei, mas que pensei, eu pensei, ao invés, o que eu falei foi um cortês, pero no mucho:
- Silt-tu-plait, enlève la cuticule... (porque em francês assim como qualquer folhadinho de cogumelo vira um "vol-au-vent aux champignons", qualquer conversinha desaforada parece muito mais chique - apesar de que eu nunc aprendi na aula de francês a escrever cutícula, até porque acho que isso não faz parte do vocabulário).

Muito lentamente e com as mãos visivelmente trêmulas, a mocinha tirou aproximadamente 1/20 da minha cutícula, passou um esmalte que ficou todo manchado e pronto. Nada de creminho exfoliante, nada de massagem, nada de spray secante, nada. Paguei $33,85, ou R$60,00, se preferirem. No Brasil com essa quantia eu sairia magra e loira, fácil. Ao invés disso, saí bufante e com uma raiva interna que só quem já pagou "quinze real" pra fazer pé e mão, com direito a frescuras, pode entender.
6

Notícias quentes

O verão chegou em Montréal. Estão anunciando temperatura ressentida de 41 graus amanhã, é calor pra Saara nenhum botar defeito, vai entender essa cidade.

Enquanto isso, na sala de justiça, chegaram também os vírus que estavam hibernando durante o inverno e agora, quando nós deveríamos sair, eles resolveram sair primeiro de onde quer que estivessem e por aqui está tudo dominado. Doentack, Doenteiko e até o Computador, que não tinha nada a ver com isso. Entre febres e gargantas inflamadas, o único que tinha backup era o computador, o resto está destruído.

Aliás, capítulo a parte foi a história do backup. Há uns 3 meses eu achei que era tempo de comprar um HD externo e fazer um backup de TODAS as fotos de Fotografack, que até então estavam a mercê dos vírus, já que Eficienteiko aqui não imprime nunca as zilhões de fotos da criança. Bom, entre comprar o HD e fazer o backup passaram-se 3 meses (essas máquinas ineficientes que não se plugam sozinhas e fazem o serviço completo, humpf!) até que quinta passada, por uma iluminação divina eu resolvi tomar vergonha na cara e fazer o tal do backup. Batata, na sexta o computador pifou geral, morreu. Agora, minha questão é: premonição, sexto sentido ou uma conspiração da companhia que fabrica o tal HD e que coloca um vírus no seu computador quando você pluga o HD, só pra você sentir que o HD acaba de salvar seus documentos, sua história, a sua vida e assim você, em um ato de gratidão eterna, se sentirá compelida a comprar outros HDs e outros produtos vendidos secretamente pela mesma, ou até ações na bolsa até ir a falência???? Hein, hein, hein?? - Eu sei, são esses vírus, a febre...

Conspirações industriais a parte, tudo que a mãe não tem de precavida (prova cabal é demorar 2 anos pra fazer backup das fotos), Preventack tem. Desde que a onda de calor começou, ele aderiu a novos hábitos. Agora só vai pra cama com sua baleia e seu copo de água. Não só vai pra cama, mas dorme abraçado com os dois, um em cada mão. A água, bem se sabe, do jeito que vai, se a água do mundo todo secar de repente, no meio da noite, ele vai ter o seu copo do Elmo, pra tomar a vontade enquanto esbanja os outros, ou ainda, vender a preço de ouro e dar todo o dinheiro pra mãe explorar novas jaziguas de água na lua ou em Marte. Agora, se ao contrário disso, as gelerias da Antártida derreterem de vez causando uma inundação mundial, ele já garantiu que vai ter consigo sua Baleia de estimação - todo mundo deve ser amigo de uma baleia numa hora dessas. E não tente dissuadí-lo de que as duas tragédias não podem acontecer na mesma noite, ele não larga nenhum dos dois.
5

De frente pro crime

Gente do céu, semana passada aconteceu uma das coisas mais estranhas de todas as coisas estranhas que já aconteceram na minha vida. Bom, na verdade não aconteceu comigo diretamente, mas foi muito perto. Foi tão traumático que tive que esperar uma semana pra falar sobre o assunto.

Longe de mim bancar Gil Gomes, "Aqui, Agora", se for pra tirar sapato aqui, não vai ser o sapato branco, mas essa história me deixou meio tonta. Basicamente, cheguei em casa e Princhuco estava falando com o pessoal no escritório dele em Sampa, o que ele faz todo dia, várias vezes por dia. Desta vez, no entanto, a conversa era: " Chama a polícia, agora, liga pra emergência!". Pensei comigo: Pronto, mais um assalto - nada novo, ponderei - vira pro lado e vai fazer janta. Mas não, dessa vez a história foi essa:
O pessoal estava lá, feliz e tranquilo no fim de tarde, trabalhando no escritório que fica no primeiro andar de um edifício comercial, e tem um "jardim de inverno", uma área aberta para a qual todas as janelas do prédio se abrem. De repente, escutam um barulhão, olham pro tal jardim e constatam: "Tá lá o corpo estendido no chão". Não veio camelô vender nada, muito pelo contrário, o pessoal ficou totalmente paralisado e a primeira medida foi ligar pro patrão aqui no Canadá, pois bem se sabe, só o chefe está apto a tomar decisões importantes como chamar a emergência dado uma pessoa agonizante no jardim de inverno. A história não melhora daqui pra frente. A emergência aparentemente veio logo, constatou a morte do cidadão e o deixou lá, até muitas, muitas horas depois, quando chegou a polícia e o IML, que, em uma demonstração clara de sensibilidade e respeito humano, arrastou o corpo pra fora deixando um rastro no escritório, objetos pessoais do homem, pedaços de um corpo, mas também de uma vida que acabou assim... Avisaram que descobriram familiares do homem, que trabalhava no décimo andar do prédio e que ao que tudo indicava, tinha sido suicídio.

Eu, no entanto, fiquei sem dormir umas boas horas (e acreditem, nada no mundo me tira o sono normalmente), só pensando no moço e o que o fez a vida dele ficar tão triste assim a ponto de ter coragem de se jogar de uma janela. Como foi que ninguém viu, interferiu? Será que um sorriso, uma escuta teriam feito a diferença? Que mundo é esse minha gente? Será que a indiferença foi o grande crime?

"...E um silêncio servindo de Amém,
sem pressa foi cada um pro seu lado,
pensando numa mulher ou num time..."
olharam o rastro no chão e fecharam a janela do escritório do meu marido de frente pro crime. *

Triste, muito triste.

*Citações e paráfrases de: "De Frente pro Crime", de Jõao Bosco (Favorita na voz do Chico).
4

Mural - Musicalização e cia.

Queila:
Eu não estou mais fazendo aula de música no Maman, Bebé et Cafe. Desisti por alguns motivos:
O método que a professora lá usa (Kindermusik) eu conheço e adoro, usava várias idéias dele quando dava aula de musicalização no Brasil, mas não acho que ela use da maneira correta. o mesmo para a linguagem de sinais, que é uma ótima idéia, cheia de potencial, mas não é muito bem explorada. Em relação ao método: Primeiro, a professora não toca nenhum instrumento na aula e ter um instrumento acústico (como violão ou piano) é muito importante pra criar uma boa referência e desenvolver na criança os conceitos básicos de som. Segundo, ela não dava tempo suficiente para as crianças explorarem cada atividade e brinquedo, dava os materiais, cantava uma vez a música e recolhia tudo, bem quando os pequenos estavam começando a entender, se apropriar dos materiais/sons e sinais. Terceiro, a professora é educadinha mas tem uma cara absurdamente inexpressiva, e isso me irrita um pouco, sabe aquele tipo de pessoa que estando feliz, triste, dando bom dia ou pagando conta ou qualquer outra coisa tem a mesma cara de paisagem? Tipo o Igor daquela novela "Explode Coração"(Nossa, essa eu desenterrei mesmo!) - então não dava, música é expressão e uma das grandes descobertas da musicalização infantil é justamente usar a expressão/emoção/afetividade como forma de transmissão e internalização da música, então cara de nada não dá!
Pois é, por essas e outras eu resolvi tentar outra aula de musicalização, agora estou nesse lugar aqui. A professora (Jennifer Gosoi) é na verdade uma cantora, nominada ao Juno e tudo, ela é ótima, super simpática e expressiva, toca violão e outros instrumentos de percussão durante as aulas e ensina não só músicas tradicionais como composições próprias, todas de altíssima qualidade (o que também é bom pra gente saber mais da cultura infantil daqui). Estou gostando bem mais das aulas mas também tenho minhas críticas (acho que o problema sou eu). Ela também quer cantar mil músicas por aula, não dá muita chance pras crianças se apropriarem das músicas e o que é pior, não deixa as crianças encostarem nos instrumentos, o que é muito triste e errado, pois bem sabemos, crianças, principalmente até os 5 anos, precisam encostar, sentir, explorar pra aprender...
Mas enfim, resumo da ópera, eu sou meio "crica" com relação a musicalização, mas estou mais feliz no Bebéssimo do que no Maman, Bebe et Café, embora eu sinta falta da "ambiance" do Café (no Bebessimo é só o estúdio) mas acho que vale a pena experimentar e ver onde você e sua Pequerrucha se sentem melhor. Acabei de descobrir este outro lugar aqui e acho que vou tentar na próxima sessão, até porque é MUITO mais perto da minha casa. Por enquanto continuo indo, mais pra me divertir com Musicack (que está feliz e cantando a plenos pulmões em qualquer lugar) e aumentar meu repertório de músicas infantis em inglês e francês, do que pela qualidade das aulas em sí. Ou seja, "tá valendo".

Debby - Bem-vinda de volta ao Blogomundo, sentimos sua falta!

Bibi - Também adoramos visitar vocês! E nós adoramos bolos naturebas (mesmo que eu não tenha experimentado), então nem esquenta. Vamos marcar mais sim!!!