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Jiló com doce de leite

Eu sempre achei que esse negócio de desejos estrambólicos de grávida fosse conversa furada. Ainda acho, na verdade. Acho que é sim uma estratégia válida pra arrancar favores de marido e conhecidos em geral. Afinal, há de se abusar dos outros já que você passa seus dias vomitando, se escorando em cada poste pra dormir um pouquinho, sentindo calafrios etc e tal. Tá certo que "os outros" geralmente não tem nada a ver com isso, agora, o marido, que quer ter 5 filhos sem ter que ficar grávido de nenhum deles, esse tem.

A questão é, o que fazer então, em um dia como este, quando, você vomita o café da manhã e não consegue comer mais nada o dia inteiro. Lá pelas 4 da tarde, faminta, porém enjoada,e sentindo a necessidade de alimentar o pequeno ser dentro de você, você começa a pensar: o que eu poderia comer nesse momento que não me faria vomitar...e as únicas coisas que lhe vêem a mente são: pão de batata com catupiry e lima da pérsia. Pois é, foi bem isso mesmo que me ocorreu. Você, aí na Terrinha amada, idolatrda, salve-salve, onde além de Palmeiras onde canta o Sabiá, tem também feira e padaria na esquina, pode pensar que este desejo estava fácil. Nas terras aqui do Norte a estória não é bem assim.

O marido nem aqui estava pra cumprir o seu papel e ir até as profundezas do abismo pra buscar, se necessário(aliás, está no Brasil, o danadinho).Pensei em ligar pra ele e mandar voltar agora, com pão de batata e Lima na mão, mas achei que ele não ia curtir a idéia. Sendo assim, peguei a criança na creche e fui em busca dos meus objetivos. Pão de batata com catupiry parecia possível, tentei um novo barzinho brasileiro que tem umas coisas (não muitas, mas tem.Não tinha. Comi uma empanada de palmito (e desde quando empanada é comida típica brasileira??) pra ver se resolvia o problema, não resolveu. Comi um pastel de queijo com requeijão feito lá mesmo. Horrível. Lima da pérsia a este ponto era caso perdido na certa. Até procurei no google pra ver qual seria um nome em inglês ou francês pra Lima, mas aparentemente isso é coisa que dá só no interior de São Paulo mesmo. Que dureza. Tomei um suco de manga com laranja pra enganar e aí, realmente passando mal, voltei pra casa arrasada.

Dias como estes, mas do que em dias de -30 graus e neve até o joelho, eu penso: O que estou fazendo aqui?? Que país é esse que não tem pão de batata com catupiry e Lima da Pérsia? hein, hein, hein?
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E.T. minha casa

Agora em 3D, e nem precisa de óculos.O(A) ETzinho(a) no conforto do seu lar.

E viva a tecnologia,que nos deixa ver um nenê de massinha, que só tem uns 6cm, chupando o dedinho e tudo (muito admirável pra quem nem olho tem). E viva Deus, que faz milagres assim, tão inexplicáveis.

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Updatando

Dia desses, Poliglack solta essa:
-Papai ta laughtando* muito mamãe!
*laughtando=rindo
Esse foi o primeiro mix total, agora coisas como:
-Olha a sheep passeando na grama!
ou
- Cadê o hat do nenê?
Estas "escalopem" o tempo todo.

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Doutoreiko fugiu de casa e foi sozinha para Atlanta, apresentar um congresso. Largou marido, filhote e visitas. Saudade? Sim, muita, mas uns dias de mordomia total, cama arrumada, nada de louça para lavar, nenhum dente (que não o seu próprio) para escovar e assistir televisão até dormir caem bem. Mas a melhor parte ainda é voltar pra casa e na recepção no aeroporto ter um menininho muito gostosinho dando um abraço apertado e falando: "Mamãezinha quelida!", como que aliviado ao ver que ainda tinha uma mãe.

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Vantagem de segunda gravidez é que você fica tão sabida. Acabei de achar uma médica muito boa, finalmente. Só sei que essa é muito boa porque passei por outros tantos muito ruins. Na primeira gravidez eu me contentei e achei que ruim era a norma por aqui. Agora fiquei espertinha e passei por todos os médicos da cidade até achar um que me fizesse feliz. Médica de família, com especialidade em obstetrícia e o mais incrível, ela perguntou:"Tudo bem com você, como estão indo as coisas?", com um sorriso e tudo - Isso é raridade por aqui. Primeiro mundo é assim, ninguém rouba seu celular na rua, mas também não espere cordialidade das classes profissionais "superiores".

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Tati e demais preocupados com a estória do coelho: Eu dei sorte e minha orientadora não só é uma verdadeira mestre Jedi (do tipo sabida, famosa e muito boa - no bom sentido) como é um amorzinho. Não trapaceia, não passa por cima de ninguém, é super ética e querida, além de se vestir bem e me chamar pra fazer compras no meio de um congresso. Mas nem todos são assim.
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Pensamentos sobre doutorado

Essa é uma piadinha interna para os mestrandos, doutorandos e demais, não sei quem é o autor mas quem me mandou foi meu irmãozinho que, mesmo não estando na vida acadêmica entende e sofre por ela, ficando noites e noites a fio acordado trabalhando em um poster pra mim (também, que mandou fazer essas coisas melhor do que ninguém??).

Neste momento trágico enquanto espero que a impressão do poster dê certo para apresentar em um congresso semana que vem e preparando um dossiê para uma bolsa, e obviamente, são 1 da manhã e tudo deve estar pronto amanhã as 8h. Ou melhor, hoje as 8h.

"Era um dia lindo e ensolarado, o coelho saiu de sua toca com o notebook e pôs-se a trabalhar, bem concentrado. Pouco depois passou por ali a raposa, e, viu aquele suculento coelhinho tão distraído, que chegou a salivar.
No entanto, ficou intrigada com a atividade do coelho e aproximou-se, curiosa:
- Coelhinho, o que você está fazendo aí, tão concentrado?
- Estou redigindo a minha tese de mestrado - disse o coelho, sem tirar os olhos do trabalho.
- Hummmm… e qual é o tema da sua tese?
- Ah, é uma teoria provando que os coelhos são os verdadeiros predadores naturais das raposas.
A raposa ficou indignada:
- Ora!!! Isso é ridículo!!! Nós é que somos os predadores dos coelhos!
- Absolutamente! Venha comigo à minha toca que eu mostro a minha prova experimental.
O coelho e a raposa entram na toca. Poucos instantes depois ouve-se alguns ruídos indecifráveis, alguns poucos grunhidos e depois silêncio. Em seguida, o coelho volta , sozinho, e mais uma vez retoma os trabalhos de sua tese, como se nada tivesse acontecido. Meia hora depois passa um lobo. Ao ver o apetitoso coelhinho, tão distraído, agradece mentalmente à cadeia alimentar por estar com o seu jantar garantido.
No entanto, o lobo também acha muito curioso um coelho trabalhando naquela concentração toda. O lobo resolve então saber do que se trata aquilo tudo, antes de devorar o coelhinho:
- Olá, jovem coelhinho! O que o faz trabalhar tão arduamente?
- Minha tese de mestrado doutorado, seu lobo. É uma teoria que venho desenvolvendo há algum tempo e que prova que nós, coelhos, somos os grandes predadores naturais de vários animais carnívoros, inclusive dos lobos.
O lobo não se conteve e farfalha de risos com a petulância do coelho.
- Ah, ah, ah, ah!!! Coelhinho! Apetitoso coelhinho! Isto é um despropósito. Nós, os lobos, é que somos os genuínos predadores naturais dos coelhos. Aliás, chega de conversa…
- Desculpe-me, mas se você quiser eu posso apresentar a minha prova experimental. Você gostaria de acompanhar-me à minha toca? O lobo não consegue acreditar na sua boa sorte. Ambos desaparecem toca adentro. Alguns instantes depois ouve-se uivos desesperados, ruídos de mastigação e … silêncio. Mais uma vez o coelho retorna sozinho, impassível, e volta ao trabalho de redação da sua tese, como se nada tivesse acontecido.
Dentro da toca do coelho vê-se uma enorme pilha de ossos ensanguentados e pelancas de diversas ex-raposas e, ao lado desta, outra pilha ainda maior de ossos e restos mortais daquilo que um dia foram lobos. Ao centro das duas pilhas de ossos, um enorme leão, satisfeito, bem
alimentado, a palitar os dentes.
MORAL DA HISTÓRIA:
1. Não importa quão absurdo é o tema de sua tese;
2. Não importa se você não tem o mínimo fundamento científico;
3. Não importa se as suas experiências nunca cheguem a provar sua teoria;
4. Não importa nem mesmo se suas idéias vão contra o mais óbvio dos conceitos lógicos…
5. O que importa é quem é o seu "padrinho/orientador/mestre sith"


Pois é...de volta ao trabalho.
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Notícias do interior

A gente vomita, a gente fica tonta, a gente fica cansada, a gente emagrece mas depois engorda e eventualmente nunca mais emagrece, mas a gente lembra que tudo vale a pena quando escuta um coraçãozinho batendo muito acelerado e vê uma pessoinha de verdade lá do lado de dentro.

O primeiro vídeo deste retrógrado blog é um especial, diretamente lá de dentro da "belly"da mamãe. Antecipando possíveis perguntas semelhantes as do pai, a ameba tentando engolir meu nenê deve ser o útero se contraindo, a placenta, uma coisa dessas...eu sou TO, não obstetra ;-)

Quem estiver grávida que derrame a primeira lágrima... (ou as segundas, porque as primeiras já foram)

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Plurais

Foi em Julho, no Brasil. O menino olhou pro céu e viu um avião. Comenta com o amigo da mãe:

- Olha um avião!

Aí apareceu outro:

- Olha, dois aviões!

Assim, no plural, certinho. Daí pra frente, tudo tem plural perfeito. Caminhão-caminhões, "Olha as quiançaS bincando", "eu quelo dois bicoitoS", "me dá duas guadanapaS pá limpá a mãozinha pofavô" (me dá dois guardanapos pra limpar a mãozinha por favor - porque plural tudo bem, agora gênero também é querer demais). Mas os meus favoritos são:

- Um, dois, três, quatroS, cincoS, seis, seteS, oitoS...

Porque todo mundo sabe que as coisas devem fazer sentido na vida e se "três e seis" são plurais, os outros também hão de ser. Pasquale que nos aguarde, Portuguezack vai re-escrever essa língua.

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Enquanto isso, na sala de justiça, ou melhor, no banheiro...
A grávida destraída que todo santo dia esquece de tomar a vitamina pré-natal, acorda no meio da madrugada com visões de desnutrição fetal e vai correndo tomar a vitamina, junto com o remédio para enjoo. Só pra vomitar tudo depois. E vir contar para os leitores solidários em seguida. Aliás, muito obrigada pelas palavras de apoio, pior do que vomitar o tempo todo, só mesmo vomitar e não ter como compartilhar esse sentimento com a coletividade :-)

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Alguém sabe me dizer porque raios eu tenho dois títulos aparecendo no meu layout???
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Por que?

Ainda seria tempo de perguntar: por que tantas pessoas não sentem nenhum enjôo durante a gravidez e eu tenho que sentir tanto, a ponto de ter vomitado em cima de mim enquanto dirigia hoje. Poderia perguntar também por que faz tanto calor nessa cidade em pleno mês de Setembro e subir uma ladeira de dois quarteirões me levou à exaustão absoluta a ponto de achar que ia ter que sentar no meio da rua e esperar a taquicardia passar, não sem antes chamar o 911. Como se vê, eu continuo sendo um grávida em plena (falta) de forma, obrigada.

Mas bom, o porquê da vez não é nenhum destes, mas sim, os infinitos porquês de Questionack. Meus livros sobre desenvolvimento infantil diziam que a fase do porquê era aos 4 anos, e não aos 2. É fato que a maioria das teorias sobre desenvolvimentos estão atrasados em relação as crianças super-estimuladas de hoje em dia (não a minha criança especificamente, mas qualquer criança que é hoje exposta a milhares de informações as quais não eram expostas na época que as teorias, em sua maioria, foram desenvolvidas). Mas agora achei exagero. E eu que achei que ainda tinha a minha frente alguns anos antes de ter que repensar questões essenciais da existência como: "Nenê tem que 'cová' o dente mamãe?...'Po quê'? ou "Tá na hola de domí?... Po quê?" ou ainda questões de cunho científico como: "O 'passalinho' tá láaaa no céu... 'Po quê'?" ou ainda o temático: "Mamãe cupiu? (cuspiu=vomitar)...'Po quê'?". Perceba que as perguntas não são assim, totalmente aleatórias ou impensadas, elas vem sempre após uma longa reflexão sobre o assunto em questão. Há de se achar a essência da vida, afinal de contas. A vantagem desta fase nesta idade é que ele geralmente se contenta com respostas simples e por enquanto até o "porque sim"- que como todos sabem, não é resposta - anda sendo suficiente para obter dele um satisfeito: "Aaaaaa, tá bom!".

Estou me dando satisfeita enquanto ele ainda não me veio com "de onde vêm os bebês", pra esta eu ainda não tenho resposta. Se bem que do jeito que a coisa anda, a questão não deve tardar a vir, vou logo procurar um exemplar de um livro desses que fazem o trabalho sujo e explicam a coisa toda, coloco na biblioteca do menino sem que ele se dê conta e quando eu vir, ele já vai ter achado sozinho todas as respostas para seus porquês. Ao mesmo tempo, duvido que venha mesmo já que ele acha que o bebê pode estar em qualquer barriga. Se alguém pergunta: "Zack, cadê o irmãozinho?". Ele prontamente levanta blusa (a dele) e mostra: "Aqui, na 'belly', dá beijinho". Meu plano é virar pra ele e perguntar: "Por que"?, depois eu conto a resposta.