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Autoestima

Eu já li e já ouvi muitas vezes que uma das habilidades mais importantes a se desenvolver em uma criança é a autoestima.

Criança que tem confiança em sí e que acredita ter a capacidade para vencer desafios não se deixa abalar pelas adversidades, é resiliente. E é aí que entra também a discussão sobre o excesso de incentivos "falsos" que pais podem dar, no sentindo de dizer que tudo que a criança faz é bom, bonito, o melhor e tal. Ao contrário do bom incentivo e na medida certa para que a criança perceba que, merece sim os créditos por algo bem feito, o reforço positivo, que a fará eventualmente acreditar que pode realmente fazer o que quiser, desde que esforce-se para tal. E mais que isso, que ela realmente sabe como ser ótima, independentemente do que outras pessoas possam dizer.

Daí que você tenta fomentar este tipo de autoestima, aliada à uma confiança inabalável também em Deus, ou seja, juntos, você e Deus sabem como ninguém como ser uma pessoa sábia, correta, querida e feliz. Daí vem o seu filhote de cinco anos e aos prantos diz que não quer vestir a camisa do "Cookie Monster", porque algum amiguinho falou que aquela camisa era de bebê. Não só falou como chamou outras crianças para confirmar sua tese. A camisa que semana passada ele escolheu e pediu pra vestir. Depois que a vontade de sair e fazer justiça com as próprias mãos, dar um soco na cara do moleque e falar que "bebê é você, seu otário! Vai mexer com alguém do seu tamanho", você pensa que talvez, só talvez, esta não seja a melhor solução, se recompõe e com toda a calma do mundo bate um papo cabeça sobre ser ou não ser, acreditar no que os outros dizem, quem são seus amigos, quem é você e o que fazer quando alguém fala alguma coisa que você não gosta. Troca-se a camiseta, sai o menino pra escola, fica a mãe pensando que cada vez mais ela sabe cada vez menos, e lá fora o mundo cresce sem controle.

As vezes eu acho que exagero. Que esta é realmente só uma questão sobre gostos de camiseta e um menino meio bobo (não o meu, obviamente), contra um menino muito bonzinho (o meu, obviamente) tendo uma discussão mais boba ainda durante o recreio. Mas e se não for? Saudade do tempo que minha única preocupação era a cor do cocô, e uma leve impressão de que mais fácil não fica.
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Atualizações

Este negócio de facebook (fala a senhora no fundo da sala, agulha de crochê em mãos, que ainda acha que Facebook é novidade) está acabando com a já pouca frequência de postagens por aqui. As coisas acontecem e o ritmo de lá é tão mais rápido do que o de cá, e não necessita parágrafos introdutórios nem explicações. Joga-se a frase solta e pronto. Tchi-bum (foi a melhor onomatopéia que eu achei pra atualização!Certeza que não faz nenhum sentido), tá lá, todo mundo vê, comenta e curte... será este o triste fim do blog? Espero que não. Porque o objetivo daqui era prover algo da memória que me falta para Ninoca e Zackolino no futuro rirem de sí, e das fofurices, e dos causos da vida de cada dia... e no Facebook, vai que ele some que nem Orkut? Pelo menos no blog eu tenho todos os textos no email! Medo!

Bom... vou colocar umas coisinhas exclusivas aqui que é pro Sr. Blogger não ficar tão chateado, o tema de hoje são "Jogos":

Ninoca e um dos nossos sempre divertidíssimos papos-cabeça na volta da escolinha:
- Olha mamãe, é um jogo...
- Como é, filha?
- Eu falo alguma coisa e você fala: "que gostosa!""

Vejam bem que eu venho jogando isso há tanto tempo que ela achou que era hora de formalizar a situação.

Enquanto isso, no mundo dos que vão à escola "dos grandes"... Competitack veio me informar que para o seu aniversário (de 6 anos, daqui há 5 meses) ele está organizando um campeonato com as meninas... com as meninas ? Sim, me explicou o moço, com as meninas, porque os meninos já estão convidados, mas as meninas...ah, as meninas, vão ter que participar em uma série de jogos (que incluem amarelinha, desenho, partida de BlayBlade e jogos de neve) e só as campeãs serão então convidadas para a festa. O motivo, explica ele para uma mãe horrorizada, é que não dá pra chamar todas as meninas para a festa! Prova disso é que os seus amigos mais próximos só chamaram os meninos, inclusive, a mãe do Albert disse que ele não poderia chamar ninguém da escola para festa de 6 anos, mas só para a de 7. Aparentemente existe uma política de festas no nível escolar que eu ainda não domino. E nessa eu fiquei sem saber se achei um horror o meu filhotinho estar estabelecendo tais regras (e como eu disse pra ele, você deve convidar quem é seu amigo, e amigo não tem que fazer nada pra merecer sua amizade), ou se isso faz parte do processo social. Acho que eu não estou pronta para lidar com este mundo de escola onde a gente tem tão pouco controle da situação. Então eu decidi voltar no tempo uns 3 anos, só para eu me preparar melhor...

Eu acho... só acho que essa coisa de jogo está meio que exagerada aqui em casa... vou ter que revisar as noites de jogos que fazemos com os amigos, e talvez o meu comportamento durante as mesmas. Chegou aquele momento definitivo onde você se depara com o inevitável: seus filhos são você. Medo! O mundo está mudando muito rápido! - Diz a senhora no fundo da sala, agulha de tricô em mãos e uma leve impressão de que nada disso tem volta...




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Desabafos de uma mãe doutoranda

Esta semana eu dormi no total, 9 horas, desde sábado. Não é exagero, acabei de contar. Hoje é quinta.

Acho que cheguei no ponto em que posso dizer seguramente que nunca estive tão cansada, tão estressada, tão sem paciência e com tanto sono na minha vida.

Nesta semana: esqueci de abastecer o carro e fiquei sem combustível no meio da ponte, tive que ser guinchada até o posto e contar com a imprescindível ajuda dos amigos queridos (valeu mesmo Márcia e Silvio) para ir buscar os filhos nas respectivas escolas. Esqueci a chapinha ligada um dia inteiro e quando eu voltei a pia estava fervendo (e não, eu não passei a chapinha no cabelo de manhã, porque eu basicamente achei legal ligar a chapinha e ir embora), saí de casa sem casaco (num frio de -9 graus) e só percebi quando cheguei no trabalho (tá bom, foi semana passada, mas ainda entra na conta do descerebelamento), Atrasack chegou na escola atrasado dois dias, perdeu aula de violino e natação.

Só pra se ter uma ideia, cheguei no ponto de passar no drive-thru do McDonald's, comprar o lanche e deixar as crianças comerem assistindo televisão enquanto eu solenemente escrevo este post, pela pura e simples falta de força física para fazer janta ou subir a escada e botá-los pra dormir. Tamanha é a gravidade da situação.

Em compensação, eu analisei 500 páginas de estatística (não é exagero, eu abri uma resma de papel sulfite e gastei-a inteirinha - aliás, faltaram ainda algumas páginas), enviei dois artigos para publicação e submeti 2 resumos para conferências e uma "aplicação"de pós doutorado de 123 páginas (também não é exagero), além de avaliar 3 novos pacientes para minha pesquisa.

Sílvio: - Você quer trocar esta vida acadêmica maluca e este título de PhD inútil por uma noite inteirinha de sono e uma praia com água de côco e tempo para brincar com seus filhos?
Keiko: - Siiiiiiiiiiiiiim!

PS - Maridex está no Brasil esta semana, e é quando eu tiro o chapéu para qualquer mãe solteira. Eu não dou conta.

PS 2 - Você, mãe dedicada e companheira de guerra que estiver sentindo-se a pior mãe por ter ignorado seu filho por 5 minutos por qualquer razão bem justa, não se acanhe, lembre-se que em algum lugar do mundo sempre tem uma mãe pior que você.