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Chiconina

Ah gente, vê bem se não é pra ficar um pouco histérica e morrer de amor, e correr no site e comprar logo o CD na pré-venda!? - ô Chico, será que pode trocar a noite de Moscou pela de Montreal e a vodca por um leitinho??



Nina
Chico Buarque/2010


Nina diz que tem a pele cor de neve
E dois olhos negros como o breu
Nina diz que, embora nova
Por amores já chorou
Que nem viúva
Mas acabou, esqueceu

Nina adora viajar, mas não se atreve
Num país distante como o meu
Nina diz que fez meu mapa
E no céu o meu destino rapta
O seu

Nina diz que se quiser eu posso ver na tela
A cidade, o bairro, a chaminé da casa dela
Posso imaginar por dentro a casa
A roupa que ela usa, as mechas, a tiara
Posso até adivinhar a cara que ela faz
Quando me escreve

Nina anseia por me conhecer em breve
Me levar para a noite de Moscou
Sempre que esta valsa toca
Fecho os olhos, bebo alguma vodca
E vou


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Feminismo sob a óptica de Claudinho e Bochecha

Primeiramente... toc, toc, toc, tem alguém ai? Andamos meio alienados do mundo virtual por aqui. Tá todo mundo bem por aí? Ouvi dizer que há vida do lado de lá da tela, mas será? :-) A gente só não anda escrevendo, mas as coisas continuam acontecendo...

Dia desses, chega um certo menino de 5 anos e me pergunta assim, do nada:

- Mamãe, o que é "dominam"?
- Dominam, de dominar, filho? É mandar, ter o poder, ou conquistar alguma coisa, como se fosse um rei. - Responde a mãe achando a pergunta interessante.
- Mamãe, aqui no Quebec são as mulheres que dominam também?
A mãe, semi-embasbacada, bem pasma, um tanto surpresa e um bocadinho orgulhosa com visões de grandeza do futuro Sociólogack, que aos 5 anos capturou a essência da sociedade quebequense onde homens e mulheres são iguais, homens lavam a louça, levam os filhos no parque e limpam banheiros, mulheres fazem manutenção nos prédios e dirigem ônibus e empresas, aquela sociedade do século XXI e tal e coisa e coisa e tal - mas em um exercício de construção do diálogo e sob a forte tendência de nunca oferecer respostas prontas, mas sim fomentar a discussão no intuito de ampliar as perspectivas da criança, retorna a pergunta, se achando a própria versão materna de Sócrates:
- Por que você acha isso, filho?
- Ah, porque no Brasil são as mulheres que dominam, né?
A mãe-mentora, agora confusa, mas crente que o menino vai relatar algum episódio vivido do qual ele extraiu estas observações refinadas da realidade, continua a sequencia de perguntas:
- Ah é filho? E por que você acha isso?
- Porque tem aquela música "no Brasil são as mulheres que dominam" - Diz ele, aludindo não à realidade, nem sequer à um documentário na TV, não foi o vizinho que disse, nem Chico que assoviou, mas sim... uma música que não, não foi composta por Sócrates, tão pouco por Platão. Acho que nem mesmo a Xuxa, que encabeça a lista dos "muito ruins mesmo" cantaria essa aí... mas sim do "Claudinho e Bochecha". Música que o pai, sob todos os protestos da mãe, coloca para eles escutarem no carro, escondido. Na referida música, a frase inteira é: "O bonde vai, zuar, fica de (não sei o que, nunca consegui entender) que é pro bicho não pegar". Sério. E assim vão por água a baixo todos os meus planos de grandeza pro menino...

Mas pra provar que ele sabe observar o mundo e se encontrar nele, ontem estávamos assistindo um show de rua no Juste pour rire, nosso festival de verão preferido. O carinha estava fazendo malabarismo com uma bicicleta, ele andava de costas, plantava bananeira no guidão, pedalava a bicicleta estando em cima do pneu da frente, fazia a volta suspendendo o corpo no selim com uma mão só. Impressionante mesmo. Mas o que mais chamou a atenção de um Observack muito empolgado foi:
- Mamãe, você viu isso?
- Eu vi filho, não é demais!?!?
- É mamãe, ele faz essas coisas na bicicleta SEM rodinha!!
Sim, porque todo mundo sabe que dar mortal na bicicleta, dirigir ao contrário e com uma mão só no banco é fácil, senhoras e senhores. Difícil mesmo, é andar na bicicleta sem rodinha. E isso, meus caros, é o que Bicicletack sabe fazer.