Primeiramente... toc, toc, toc, tem alguém ai? Andamos meio alienados do mundo virtual por aqui. Tá todo mundo bem por aí? Ouvi dizer que há vida do lado de lá da tela, mas será? :-) A gente só não anda escrevendo, mas as coisas continuam acontecendo...
Dia desses, chega um certo menino de 5 anos e me pergunta assim, do nada:
- Mamãe, o que é "dominam"?
- Dominam, de dominar, filho? É mandar, ter o poder, ou conquistar alguma coisa, como se fosse um rei. - Responde a mãe achando a pergunta interessante.
- Mamãe, aqui no Quebec são as mulheres que dominam também?
A mãe, semi-embasbacada, bem pasma, um tanto surpresa e um bocadinho orgulhosa com visões de grandeza do futuro Sociólogack, que aos 5 anos capturou a essência da sociedade quebequense onde homens e mulheres são iguais, homens lavam a louça, levam os filhos no parque e limpam banheiros, mulheres fazem manutenção nos prédios e dirigem ônibus e empresas, aquela sociedade do século XXI e tal e coisa e coisa e tal - mas em um exercício de construção do diálogo e sob a forte tendência de nunca oferecer respostas prontas, mas sim fomentar a discussão no intuito de ampliar as perspectivas da criança, retorna a pergunta, se achando a própria versão materna de Sócrates:
- Por que você acha isso, filho?
- Ah, porque no Brasil são as mulheres que dominam, né?
A mãe-mentora, agora confusa, mas crente que o menino vai relatar algum episódio vivido do qual ele extraiu estas observações refinadas da realidade, continua a sequencia de perguntas:
- Ah é filho? E por que você acha isso?
- Porque tem aquela música "no Brasil são as mulheres que dominam" - Diz ele, aludindo não à realidade, nem sequer à um documentário na TV, não foi o vizinho que disse, nem Chico que assoviou, mas sim... uma música que não, não foi composta por Sócrates, tão pouco por Platão. Acho que nem mesmo a Xuxa, que encabeça a lista dos "muito ruins mesmo" cantaria essa aí... mas sim do "Claudinho e Bochecha". Música que o pai, sob todos os protestos da mãe, coloca para eles escutarem no carro, escondido. Na referida música, a frase inteira é: "O bonde vai, zuar, fica de (não sei o que, nunca consegui entender) que é pro bicho não pegar". Sério. E assim vão por água a baixo todos os meus planos de grandeza pro menino...
Mas pra provar que ele sabe observar o mundo e se encontrar nele, ontem estávamos assistindo um show de rua no Juste pour rire, nosso festival de verão preferido. O carinha estava fazendo malabarismo com uma bicicleta, ele andava de costas, plantava bananeira no guidão, pedalava a bicicleta estando em cima do pneu da frente, fazia a volta suspendendo o corpo no selim com uma mão só. Impressionante mesmo. Mas o que mais chamou a atenção de um Observack muito empolgado foi:
- Mamãe, você viu isso?
- Eu vi filho, não é demais!?!?
- É mamãe, ele faz essas coisas na bicicleta SEM rodinha!!
Sim, porque todo mundo sabe que dar mortal na bicicleta, dirigir ao contrário e com uma mão só no banco é fácil, senhoras e senhores. Difícil mesmo, é andar na bicicleta sem rodinha. E isso, meus caros, é o que Bicicletack sabe fazer.