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Escrevi semana passada e chorei tanto que esqueci de publicar!

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Filhotinha gostosinha, nervosinha, safadinha, deliciosinha, espertinha, cheia de personalidadezinha.

3 anos de você não tem sido qualquer coisa. Três e como?? Não faz nem um dia que era madrugada de um mês antes do que era pra ser e você decidiu que já estava bom, vamos sair que o mundão era grande demais pra ficar perdendo tempo lá dentro no escuro. E com a luz do mundo de fora, veio minha menininha, bochechuda desde o dia 1. Irresistível e perfeita, meu pedacinho de mundo.

No seu primeiro banho você ficou vermelha da cor de uma lagosta e nem o banho de luz fez você se acalmar, de óculos de sol e luzinha quentinha pra mandar embora o amarelão você já batia perna e mostrava que não veio ao mundo pra ser contada história. Você veio pra contar a sua, pra escrever com graça, caras, gestos e frases tão únicas a sua própria, e mudar de quebra cada linha da nossa.

Em 3 anos não tem uma pessoa que te conheça e não se apaixone. Quer seja dizendo que você é "tão fofa" - com a nossa total concordância, ou dizendo que você "tem uma personalidade forte, não?"- com o que também temos que concordar. Quer seja pela fofura ou pela tal personalidade, você quase sempre consegue dobrar qualquer um. Na hora de dormir você faz uma carinha de matar, coloca a mãozinha no meu peito e pede em um tom completamente inegável: "Mamãe quentinha, dorme comigo só um pouquinho?!" - e é assim que em 85% das noites nos últimos 3 anos eu acabo capotando com você bem abraçadinha e acordo toda torta, de maquigem na cara e roupa de trabalho as 2 da manhã. Nos outros dias você diz: "Eu quelo ficar sozinha"com a mesma ênfase, mas as vezes, horas depois você grita chamando a mamãe pra passar um creminho na barriga que coça, colocar um bandaid em um machucado invisível. De todo jeito, eu tenho que te confessar, que estas horas de abraço apertadinho, mãozinha no meu peito e você inteirinha enroladinha colada comigo são as horas que eu mais amo no meu dia, que eu me sinto mais inteira, que me fazem rir por dentro e chorar por fora ao pensar que estes momentos não podem ser congelados e guardados pra sempre. Muito ao contrário, 3 anos se passaram e eu não tenho a menor pressa que eles continuem passando, porque eu não quero nem pensar como vai ser triste o dia que você enroladinha não encaixar mais em mim.

Sabe Ninoquinha, Maluquete, Mamita Gordita, Nineta... é difícil mesmo definir quais são as coisas que mamãe deveria enfatizar nesses seus 3 anos. Você é mesmo uma definição completa de um raio de sol. Você nos faz rir de um jeito sem explicação, porque filha, você é engraçada! Você desafia nossas melhores concepções de educação com suas sempre novas e desafiadoras ideias. Você sonha com aranha e decide que tem que passar o dia de meia para a aranha não subir no seu pé. Você sabe exatamente qual penteado quer em qual dia (pony tail- "bem alto", cocotinha, maria chiquinha, duas trancinhas - porque o Zack gosta, ou trancinha de ladinho - igual a mamãe). Você é capaz de contar seu dia inteirinho em detalhes, gestos e frases sem parar de falar por mais de 30 minutos - não é exagero, você consegue! E sim, você só tem 3 anos. (Mensagem para o marido no futuro: Viu, não diga que eu não avise!), quer dizer, você só tem 3 agora, mas faz isso desde os 2. Aliás, perdi as contas de quantas vezes eu já escutei: "Mas ela só tem 3 anos?? E fala assim? E dança assim? E canta assim?"- É, Tutuca, você é assim!

Você, minha mocinha, é completamente louca de paixão pelo seu papai. E é só ele ter que ir pro Brasil que você fica triste, e chora, e sofre de cortar o coração. E é por isso que quando você acorda de manhã e vem pra nossa cama, é seu papai que você quer abraçar. E eu acho vocês dois a coisa mais linda de ver, parecem um ursão polar abraçado com a ursinha panda. Sério, parece muito! E é óbvio que a loucura é recíproca. E como não ser!

Não preciso falar das suas proezas, de como você pega um lápis certinho e já desenha um "happy face"e um sol com muitos raios! Não vou falar de como acho lindo você usar sempre plurais corretamente com sua linguinha presa no "S" e do seu vocabulário enorme pra sua idade. Não vou falar como na escolinha suas amiguinhas ficam completamente enlouquecidas quando você chega e vêm correndo e gritando: "My Nina"e saem no tapa (literalmente) pra te abraçar até que todas caem no chão... em um ritual que eu agora acho engraçado, mas olhando de longe dá um certo medo! - Então, não vou falar sobre nada disso porque a sua mãe não é assim, sabe, de contar vantagem, de não saber falar de outra coisa que não seja você e absolutamente não acha que você é a menina mais linda e esperta do mundo (mas que você é, isso é um fato!).

Já falamos do seu pai, da sua mãe e agora falta seu irmão. Ai filha, você veio assim achando que só estava nascendo sem muitas pretensões. Mal sabe você que, enquanto eu e seu papai já éramos pais antes de você, você veio mudar por definitivo a vida do Zack, que com você virou irmão. E que irmão. Acho que faz parte do papel de irmão mais velho cuidar e proteger, mas o seu irmão, ele tem gosto, sabe? Ele veio falar ontem "lembra mamãe, quando a Nina era bem pequenininha assim? (fazendo com a mão o tamanho de uma caixa de fósforo, mais ou menos). Seu irmão além de ser seu defensor e protetor, é também seu fã. E é pra ele que você vai quando tem que ir até o quarto trocar de roupa mas não quer ir sozinha, quando você precisa de ajuda pra subir em algum lugar, pra fugir do monstro (vulgo Papai). Vocês dois são a aliança do poder. Você e o "Seu Zack", como você faz questão de enfatizar, vão ser assim, vocês dois pra sempre, eu tenho certeza. E isso também aquece meu coração nestes seus 3 anos, de saber que, Deus queira, vocês vão ter vocês pra sempre.

Seu aniversário foi uma festa do chá japonês, com logos e coisinhas com a sua cara! Aprovados por você, é claro! Mas mais do que cupcake enfeitado que você tanto ama, bisnaga de brigadeiro que mamãe fez mais pra ela mesmo, o que eu espero que você lembre destes seus 3 anos é saber que com 3 você já é tão você, e nós, somos tão unicamente nós, por causa desse pedacinho de gente que acorda falando "ei!" pra quem estiver por perto, que fez os últimos 3 anos mais cheios de amor e presilhinhas, de risadas e apertos beeeem fortes. Tão bom ter você!

Feliz Aniversário filhinha! E se der, não cresce mais não?

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Ninar

Não conhecia... tão lindinha! E a Nina aqui levantando a mão: Sou eu! Nina! - Agora o Chico e a Adriana são os melhores amigos.


Ninar

Adriana Calcanhotto

Viva
Nina
Venha
Ver
Pequenina
Vem
Viver
Vem menina
Ser
Você
Vem menina
Nana
Nene
Dorme
Nina
Nana
Nene

Escute aqui

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Acontece

Cedo ou tarde, acontece na vida de toda mãe:

- Mamãe!!! - Diz a menina de 2 anos para a mãe que tenta trabalhar no computador. - Olha! O Zack cortou meu cabelo! - Feliz da vida com um chumaço de cabelo na mão.
A mãe olha esperando pelo pior...confere e bom...nada tão trágico, só uma franja muito torta (salva parcialmente pela parte que estava presa com tic-tac), nada que o pai não tenha feito (pior) no cabelo do próprio Zack, e isso, também escondido da mãe.

*****
- MamÃ-Ãe (já viu que quando eles sabem que aprontaram o "mamãe" sempre vem assim divididinho?) !! - Diz a menina de 2 anos para a mesma mãe que tenta trabalhar no computador (ao que você conclui que ou desiste de trabalhar em casa ou vai ter que arcar com as consequencias) - Eu fiz cocô!! - Retumbante e orgulhosa, bundinha gorda ao léu, fralda na mão.
- Fez cocô na privadinha Ninoca?? - Diz a mãe esperançosa.
- Não, no chão!

E você só pode agradecer pela invenção das toalhinhas umedecidas "Lysol".



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Antídoto

Antídoto 1:

plic, ploc, plic, ploc (foi a melhor onomatopéia que eu achei pra passos de pazinhos gordos chegando no quarto da mãe de manhã) ... esforço pra subir na cama sozinha...mãe continua fingindo que está dormindo pra ver se consegue dormir mais um pouquinho de fato... até ter suas pálpebras sumariamente abertas por uns dedinhos mais gordos que o pezinho e:

- Mamã-ãe, eu acordei! E eu tô feliz!

Antídoto 2:
Fim do dia, canseira, pega as crianças na creche e quando "sai pra fora" (em bom quebecois):

- aaaa, que gostoso esse ventinho.. olha o sol mamãe... que lindo!

Agora me diz se tem mau-humor, cansaço ou ziquizira que aguente!

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Chiconina

Ah gente, vê bem se não é pra ficar um pouco histérica e morrer de amor, e correr no site e comprar logo o CD na pré-venda!? - ô Chico, será que pode trocar a noite de Moscou pela de Montreal e a vodca por um leitinho??



Nina
Chico Buarque/2010


Nina diz que tem a pele cor de neve
E dois olhos negros como o breu
Nina diz que, embora nova
Por amores já chorou
Que nem viúva
Mas acabou, esqueceu

Nina adora viajar, mas não se atreve
Num país distante como o meu
Nina diz que fez meu mapa
E no céu o meu destino rapta
O seu

Nina diz que se quiser eu posso ver na tela
A cidade, o bairro, a chaminé da casa dela
Posso imaginar por dentro a casa
A roupa que ela usa, as mechas, a tiara
Posso até adivinhar a cara que ela faz
Quando me escreve

Nina anseia por me conhecer em breve
Me levar para a noite de Moscou
Sempre que esta valsa toca
Fecho os olhos, bebo alguma vodca
E vou


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Projeções



- Nina, o que o cachorrinho está fazendo no cantinho?
- Tá de CATIGO! - Diz uma menina muito brava e séria.
- Ah é? E por que ele está de castigo?
- Poque ele bateu no I-MÃO-ZI-NHO - enfatizar o objeto de ataque é importante.
- Ah, tá certo, bater no irmãozinho não pode,né?
- Não pode, é feio. Muito feio. "Cachoinho" feio!

Pra ninguém dizer que criança não aprende brincando.
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Coisinha

No carro, voltando pra casa, mamãe dirigindo, os dois na cadeirinha, Zack faz alguma coisa fofinha e a mãe eloogia:

- Ah meu príncipe!
- Zack "píncipe" mamãe? Nina "píncipe"?
- Não, a Nina é princesa.....
- Nina "pincesa"? Não!!! Nina "gotosa"! - Com a maior cara de safadinha gostosa que se pode imaginar.

Em casa, mais tarde, ela solta um arroto:
- Mamãe, o te é isso? A Nina fez pum na boca!

É nessas horas que você se pergunta como é que você vai viver sem essas fofurices daqui uns anos. Ao contrário das horas que ela se joga no chão ou fecha a boca bem forte pra não deixar escovar os dentes, quando você se pergunta como é que consegue viver com isso. Ah, a maternidade...


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Tagarelina está naquela idade que quem a conhece bem, entende quase tudo que ela fala, e quem não entende geralmente dá uma risadinha e acha fofo, e finge que entendeu. Tudo ia bem no quesito compreensão aqui em casa, mas de uns dias pra cá (porque nessa idade tudo muda em questão de dias. Um dia tem 6 dentes... no outro você olha e são 8, um dia fala duas palavras, no próximo já são 18 e assim vai... não consigo pensar em anda mais que possa ter 8 no meio, mas deu pra entender o conceito da mudança, não?).

Ontem ela estava lendo um livro da Arca de Noé, mostrando um porquinho ela dizia em um autodiálogo:
- É a vaca? Não.... é o au-au? Não.... É o gatinho? Não...É o poquinho? Xim!!!!

E mais tarde,começou a mostrar uma girafa:
- Oh mamãe... tá cain...
- Tá cain filha??? Taquara? - Diz a mãe retardada tentando fazer sentido (já viram a música "Taquaras" do Palavra cantada?? Estranhérrima, mas eles adoram).
- Não.. tá cain...- Diz ela com cara de quem está disposta a explicar.
- Ah tá bom filha - Diz a mãe que já desistiu de entender, mas quer enganar fingindo interesse.
Nisso, Interpretack, o nosso tradutor de Ninês por excelência, que estava fazendo outra coisa alí por perto vira e me diz:
- Não mamãe, tá "crying", tá chorando, ela quer dizer que a girafa tá chorando, olha!
E ela repete com ar todo satisfeito:
- É mamãe, tá cain...tá tiste...
E não é que a tal da girafa parecia estar chorando mesmo?!
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Conversê

Princhuco e Inventack voltando da "Cabane à Sucre", um dos eventos tradicionais que marcam o início da primavera no Quebec (basicamente você visita uma fazenda de maple, vê os baldes pendurados nas árvores no maior estilo seringueira e come maple com tudo - beterraba, ovo, batata, torta, além da famosa "tire", um pirulito de maple feito com maple (de maple feito com maple? jura?) quente, que o moço joga na neve e você enrola num palitinho - de tal forma que você passa bem o resto do ano sem nem querer sentir cheiro de maple). Eles estavam lendo um livro sobre o sol (é o mês do sistema solar na escolinha):

- Filho, vamos inventar umas histórias doidas? - Diz o pai achando a história do livro meio chata.
- Vamos!! Então assim, quem inventar a história com mais fome ganha, tá bom?.
- Tá bom... era uma vez um menino, que foi à Cabane a Sucre, mas na hora de comer, ele só queria brincar. Quando eles estavam voltando, ele ficou com muita fome, com tanta fome que ele comeu tudo que via pela frente: a comida, a mãe dele, a Cabane a Sucre, o ônibus, comeu tudo que existia! - Diz o pai cujo senso de competição é claramente mais aguçado do que o bom senso.
- Ah tá... era uma vez uma zebra que foi para a Cabane a Sucre e ficou com tanta fome, mas com tanta fome que ela comeu a comida, a mãe dela, a Cabane a Sucre, o ônibus, tudo que existia e daí ela comeu ela mesma!! - Fala aí Papai, qual é a história com mais fome, hein???
- É verdade... você ganhou. - Diz o pai derrotado na história, mas vitorioso por saber que o filho tem o mesmo espírito que ele!

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E lá do quarto, estou ouvindo há uns 15 minutos:
- Zack! Za-ck!!!!
- Oi Nina...
- A Nina vai dormir, tá bom?
- Tá bom Nina...
- Zack! Zaaaaaack!
- Oi Nina...
- A Nina vai dormir, tá bom?
- Tá bom Nina.
- Zack, Zaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaack!!
...



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Totosices

- Nina vem aqui pra mamã arrumar o cabelo (Parênteses pra dizer que "Oh céus, como eu me divirto arrumando esse cabelo!!! Mesmo que ela tire qualquer coisa que eu coloque, em menos de 5 minutos...eu me divirto assim mesmo!!!)... nossa, tá linda Filhota!!!
- Linda não mamãe.... Totosa!!! - diz ela apontando o dedinho na minha cara.

--> Certo, agora é só fazer um suco dela!! E bota Ttosa nisso!
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- Mamãe... tiLa casaco pu-favô
- Pede pro Zack te ajudar, filha
- Zack, ajuda Nina tilá casaco pu-favô?
(Irmãozão prestativo ajuda)
- AgoLa a Nina coloca nu lugá...
(e vai pendurar o casaco no lugar dos casacos, que ela não alcança, mas tenta com muito esforço)
--> Eu eu juro que não fui eu que ensinei, porque o meu casaco, geralmente vai parar no sofá, na cadeira do computador...na mesa... Finalmente parece que não são só malcriações e palavrões que as crianças aprendem como mágica não se sabe de onde... bom, ponto pro mundo.

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E desde que parei de dar peito (snif, snif..tinha um post triste sobre isso sendo editado, mas o post sumiu unto com todos os arquivos do meu laptop, que morreu...serea que forma as lágrimas?) ela ficou gága gente!!! Alguém aí já viu isso?? Ao menos essa foi a interpretação da minha sábia mãe, e diagnóstico de vó a gente não contesta.
A bichinha agora vai falar e fica:
- e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-u queLo bincá/mamá/comidinha...

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2 anos

Sabe Filhota, a mamãe está escrevendo um texto bonito, cheio de lágrimas que molharam o teclado do laptop enquanto ela fingia que fazia anotações do congresos na semana passada (pense a cena, Dr. Sei lá o que falava sobre modelos animais para reproduzir a genética do autismo e de repente, a pessoa aqui toda séria, de óculos e tudo com o laptop fazendo tic tic, tic, tic, tic copiosamente enquanto de vem em quando dá uma olhada concentrada pro palestrante só pra disfarçaar, e de repente começa a chorar... muito triste essa coisa de experimentos com ratinhos mesmo). Mas o texto ficou inacabado e como já passou uma semana, deixa eu registrar aqui essa musiquinha tão linda que diz quase tudo que eu quero dizer nesses dois anos de você. Mas tem mais depois, muito mais...coisas que não caberiam em nenhuma canção.

Canção pra Jade (Mas a Jade empresta pra Nina, certeza)



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O plantão noturno

Não vou dizer que se não fosse por isso eu estaria na cama as 22:00, mas Insonina nas últimas duas noites
deu pra acordar a cada meia hora. E não é que ela queira brincar ou mamar, não,ela sempre tem algum pedido muito pertinente.
Essa noite já foi:
- Mamãe, ávua (água)eu quelo ávua.
Uma vez a água dada:
- Tá bom mamãe, tchau.
Dali meia hora:
- Mamãe, cobe a Nina, mamãe!
Coberta posta:
- Tchau.
- Mamãe!!Mamãe!! Cocozão fedido!
Fralda trocada (sem cocozão nenhum, agora ela acha que tudo que sai é cocozão, e é fedido):
- Tchau mamãe.
Mais um tempinho e...
- Mamãe!!!Mamãe!!! Não qué mais ávua, tó.
Copo de água colocado em um perímetro aceitável de distância:
- Tchau mamãe.

E não fique pensando que se deixá-la chamando lá no berço que ela vai desisistir e voltar a dormir sem suas necessidades devidamente atendidas. Acreditem, ela não dorme. Ela chama até eu vir. Ou até acordar o irmão, o vizinho, o prefeito da cidade. Vamos adnitir, a menina tem seus métodos.

De modo que, sendo 3:38 da manhã acho que eu vou esperar até a próxima chamada. E já que é pra ficar acordada mesmo, acho que vou instalar uma daquelas campainhas que têm em cama de hospital, pra sofisticar o processo.
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Como num passe de mágica...

Então você ouve dizer de lendas de bebês que dormem a noite inteira desde os 2 meses de idade, e vão pra cama cantando, saltitando e falando: " boa noite mamãe, dorme bem, a gente se vê amanhã as 10!".

E daí que seu filho de 4 anos ainda te convence todo dia que " Mamãe, vou dormir com você só mais hoje porque hoje é um dia de muitos abLaços, né?" - sabendo que o tema do dia muda a cada dia, todo dia, há 4 anos, há despeito de todos os bons livros sobre todas as técnicas de sono já inventadas.

E daí que sua filha de 19 meses que até que estava dormindo com pouco protesto aos 6 meses, descamba geral depois de várias viagens e poucas rotinas, e passa a não só fazer protestos verbais como também fisiológicos. Leia: gritar, berrar e chorar até vomitar e fazer cocô (sim, eu disse cocô porque...o que mais se pode dizer??), e isso em tempo record (porque o pai não aguenta mais do que 5 minutos de choro, e quem aguenta?).

Mas aí, um dia, inspirada pela fada do sono (ou pela total necessidade de dormir), você se confronta com um dilema intelectual e arrisca. Você percebe que de manhã, perguntou pra menina (aquela de 19 meses e que descambou a falar mais do que a velha da cobra de umas semanas pra cá): " Filha, tá comendo uva?" - Ao que ela responde: " Não, melão... papai" - e aponta em direção à sala, aonde está o pai, que certamente lhe deu a uva (embora ela acredite que seja um melão...ninguém precisa contar). Você então, engajada no diálogo pergunta: " Ah, foi o papai que te deu?" - sem esperar nenhuma resposta, mas ela não perde tempo: " Fooooi!!" - fazendo que sim com a cabeça. MEDO! A bichinha foi pra cama ontem falando só "mamãe e papai" e acordou respondendo perguntas... estranho. Mas é aí que a lâmpada acende e tlin! Você pensa...se ela entede isso, talvez, e somente talvez, entenda que a mamãe tem sono e precisa dormir (ou terminar de corrigir provas, ou um artigo, ou lavar a roupa, ou fazer a unha, ou escrever no blog, poxa vida...).

E daí, a mágica acontece: A noite, após mamar, escovar os dentes, historinha, musiquinha, você a coloca no berço. Ela chora, mas você faz um cafuné e explica no maior estilo papo-cabeça:
- Ninoca, mamãe agora vai dormir, e você também tem que dormir, tá bom?
E entre soluços um pouco incoformados, mas conscientes, você escuta:
- Bá bom.
Meio descrente, você fala...
- Então tá, tchau.
- Tchau.

A porta fecha, não se escuta mais nada... fiquei surda? Não, deu certo!!! Gente, deu certo!!!
A cena se repetiu com precisão milimétrica por umas 10 vezes durante a noite (acorda chamando: mamãaaaae!" - eu entro no quarto e repito o conversê e tudo dá certo, até uma hora depois...), mas depois da primeira noite, e consecutivamente pelas últimas 5 noites, isso tem dado certo todo dia, sem acordadas noturnas!

Então aquela mãe do primeiro parágrafo está pensando: " Bá, grande coisa!" . Mas pra mim, meus amigos, esta foi a conquista do ano.

Então, para as companheiras insones eu digo: Bebês de 19 meses entendem. No desespero, apele para a razão! Para aquelas com bebês mais novos, não se desperem, a idade, e o juízo, um dia chegam! Junto com noites melhores dormidas!




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Novíssimo Dicionário de Ninolês

" Palavra: Do latim parabola, que por sua vez deriva do grego parabolé. Pode ser definida como sendo um conjunto de letras ou sons de uma língua, juntamente com a ideia associada a este conjunto. A função da palavra é representar partes do pensamento humano, e por isto ela constitui uma unidade da linguagem humana." (Wikipedia)

E é assim que surge o Ninolês, com várias unidades de linguagem deste pequeno ser arredondado. Ininteligível para a maioria dos outros seres humanos de estatura superior, a língua é perfeitamente entendida na longínqua terra de aquém-porta-de-casa.

Abí= Os linguistas debatem se a palavra se originou no nome melhor amiga da escolinha, Abigail, e depois se extendeu sem nenhuma razão clara ou científica para substituir verbos diversos tais quais: abrir, pegar, ajudar levantar ou se o fenômeno foi inverso. O que sabe-se é que desde que alguém entendeu e demonstrou uma reação, "Abí" é o verbo mais Bom-bril do momento, sempre conjugado no imperativo, obviamente.

Ábua= Líquidos, qualquer coisa em um copo, piscina, chuveiro, chuva. Me dá - não importa o que você está tomando, eu quero!

Baãa = Banana. A primeira coisa que se pede ao acordar, antes do sol nascer.

Bye, byeee (acompanha gesto)= Orig. do Inglês. Tchau. Pode ir embora agora. Eu tenho que ir embora agora. Eu preciso guardar esse brinquedo, que pena! Chega de escovar os dentes, agora eu vou dormir (Uso: Bye, bye - pra escova de dente).

Babuuu (acompanha sinal) = Acabou. Advérbio de negação quando relativo à comida, acompanha crise de choro, birra e pânico generalizado seguido de conformismo por falta de opção.

Datinnn = Gatinho. Objeto curioso e animado que fica na janela da vizinha e com para o qual deve-se gritar quando o vê. Objeto inanimado na casa da tia Bibi.

Dendin (acompanha movimento de pescoço inclinado pro ladinho) = Denguinho. Graça ensinada pela mãe há alguns meses, e que ela repete quando quer fazer um charme, ou digamos, um denguinho. Subterfúgio utilizado para quebrar os corações mais irritados, geralmente usado no cadeirão, após ter derrubado cada gão de arroz cuidadosamente no chão.

Hi = Oi. Intejeição de saudação normalmente dirigida à qualquer transeunte na rua, aos professores na escolinha e ao computador toda vez que a mão senta (e o locutor já acha que vai aparecer alguém no skype). Acompanha movimento de aceno real, à la Rainha Elizabeth.

Mamãe = Derivada do latinês "mamã". Aquela da qual se sai de dentro e de quem portanto não se desgruda para nada e por nada neste mundo, até os 21 anos, no mínimo. Advérbio de intensidade. Primeira palavra conhecida do Ninolês, diz a lenda que pronunciada aos 6 meses.

Mamá = Fonte de alimentação. Sin.=Consolo. (Uso: Se é meia-noite e você está na rua, na gandaia, morrendo de sono mas não quer perder a festa, peça com ênfase e repetidas vezes: Mamá? Mamá? - Sempre apontado para o objeto de desejo ou enfiando a mão mesmo, caso não seja atendida).

Papai= Aquele do qual, teoricamente, também se saiu de dentro, mas com menos dor e sem necessidade de pontos. Advérbio de intensidade. Aquele que não resiste as suas manhas. Sin= Resgate (Uso: Toda vez que alguém te coloca no berço você deve chamar: Papaaaaaa, Papai, Papi, Papaiiiiii! Até que o próprio não aguente e vá te buscar). Verbete que deve ser utilizado sempre com ênfase, igualzinho se ouve vindo do próprio (Ele grita: Mamitaaaaaa, e ela responde: Papaaaaaiiiiii! - Coisa linda).

Papúuuuu (acompanha sinal) = Formal: Por favor. Coloquial = Comida, brinquedo, chave, qualquer objeto que se queira. Advérbio de tempo (sendo o tempo: AGORA) = me dá isso que você está comendo agora!!! Pouco importa se é cebola crua, sapato ou Coca-Cola, eu quero, mas peço com educação. Mas não por muito tempo.

Papáa = Sapato. Coisa sem a qual não se pode sair na rua, mas que deve ser tirada assim que se chegar nela. Objeto surrupiado do guarda-roupa da mãe (será que mania de sapato é genético?) e econdido nos cantos mais remotos da casa, como o cesto de lixo ou embaixo da almofada do sofá.

Pé = Só isso mesmo, pé.

Pp-p-tchu= Escova de dente. Substantivo que deve ser dito com segurança e com evidência do esforço que se faz para repetí-lo precisamente. Se sua mãe disser: "Es-co-va" repita com firmeza: "Pp-p-tchu", seguido de um sorriso confiante de quem sabe o que diz.

Tau= Tchau. Interjeição definitiva usada quando realmente se está decidida a ir embora ou ficar. Uso: Quando sua mãe ameaçar ir embora e te deixar pra trás caso você não queira ir junto, dizendo: " Tchau Nina, mamãe vai embora" (não que alguma mãe realmente decente no mundo faça isso, veja bem) você deve usar esta interjeição, sempre se assegurando de virar as costas e ir embora pro outro lado, de verdade, e nunca mais olhar pra trás.

Vovó= Ser que mora dentro do computador ou do telefone. Se o telefone toca ou alguém senta em frente ao computadr você deve sair de onde estiver, parar tudo o que estiver fazendo e vir correndo conversar com a vovó, vovó, vovó!!!!

Zazá= O irmãozão. Pessoa preferida na vida, a qual se acorda chamando (na ordem ela chama: papai - me tira do berço, mamãe - me dá mamá, baã - preciso de uma banana, zazá-agora vamos ao que interessa, deixa eu dar oi pro meu irmãozão querido). O substantivo geralmente é seguido por um sorriso e um abraço apertado de irmãozinhos que me mata cada vez que eu vejo.

Enquanto isso, no mundo dos que falam até demais:
- Mamãe, vamos apostar corrida?
- Ah filho, tô cansada.
- Ah, tudo bem, é porque você é menina, você não é boa em esportes.
- O que é filho???
- Porque meninos são bons em esportes, e meninas são inteligentes.

E acredite, eu jamais disse isso (em voz alta pelo menos ;-p). Quem disse foi a amiga, de 6 anos. E não houve argumento meu, por mais inteligente que eu, uma menina, seja, que o convença do contrário. Porque eu posso até ser inteligente, mas é a amiga de 6 anos que realmente sabe das coisas.



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Um pequeno passo para o homem...

- Houston, ela está babando muito e molhou toda a roupa da mãe.
- Talvez um dente novo esteja se aproximando da superfície Apolo?
- Houston, ela teve febre e não dormiu a noite.
- Apolo, confirmar a aproximação de um agente nocivo, precauções devem ser tomadas...
- Ela teve diarreia, Houston, o pacote teve que ser devolvido da escolinha.
- Apolo, confirme a invasão de antígenos externos, talvez de origem lunar.
- Houston, a situação é crítica, ela vomitou no berço inteiro, estamos atingindo a marca de 3 sintomas, confirmado, 3 sintomas e contando...
- Apolo, não desista, nosso status indica que algo histórico está para acontecer, 2 minutos para a missão Apolo, que vai colocar o bebê oficialmente no mundo dos seres bípedes.
- Houston, ela se estabilizou, começou a sorrir do nada depois de um episódio de Lost. Pediu para aterrisar no chão, sim, pouso confirmado, base de apoio estável, ela está de pé sozinha.
- Apolo, etapa 2 cumprida, a sequencia deve ser retomada.
- Houston, estamos na superfície, está confirmado, é muito lindo, um pequeno passo para a menina, um salto gigante para a humanidade...acorda o pai, o irmão, a Terra inteira tem que ver! Filme tudo, guarde na memória, ponha nos jornais, não é todo dia que acontece esses passinhos engraçados, desajeitados de quem anda na Lua, e aquele abraço seguido de risos histéricos - de um lado, quem conseguiu andar, do outro, pai, mãe, irmão e tio esperando pra abraçar...e anda pra cá, e anda pra lá...Houston, estamos prontos, a aventura começa!






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Zack Drummond

"Chocolate quando come,
come, come, come, come
E depois quando ele some,
É porque comeu!"

Poesia recitada espontaneamente para sí e ouvida pela mãe por acaso no carro. Pré-Hallowen, pós-muitas festas e seus saquinhos de surpresas cheio de docinhos e durante visitas dos tios e vovó, com muitos chocolates.

Muita alegria ter dois irmãozinhos (os meus) e uma mamãe (a minha) em casa por uns parcos dias. O tempo que já não tinha antes agora tenho que dar todo pra eles, obviamente. Consolo de blogueira sem tempo pra postar, é filhote que fala coisas engraçadas. E a outra Tagarelina, tenho que admitir, ontem em um diálogo emocionante com Papito começou do nada: Pa-pa-pa-pa-pa...
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Imagens do dia

Foi semana passada, mas meu computador, que anda ruim da cabeça e doente do pé, não estava reconhecendo as fotos do celular.

Tive que ir ao dentista, isso nunca é feliz. Mas deixei PequeNina com Papito e uns saquinhos de leite e já que estava na rua fui buscar Estudiack na escolinha. Na volta, fugindo do trânsito, acabei passando sem querer na frente de uma loja que Bibi tinha dito que era boa. O nome é sugestivo e não engana: "Point G". Mas não, não saí de lá com calcinha comestível e nem com o último modelo de...bom, dessas coisas que se encontraria numa loja com este nome. Ao invés disso, saí com uma caixinha destas:





Pra quem mora em Montreal recomendo fortemente, fica na Avenue Mont Royal e minha gente...que prazer! Para ser polida. Estes macarons são simplesmente uma absurdo de deliciosos, do tipo desesperadoramente deliciosos, inclusive aquele ali do cantinho, de Lichia com Framboesa. Os outros foram escolhidos por Colorack, pelas cores que ele gostou e não se enganem pela cor de Bala Juquinho, os trecos são bons, mas bons mesmo (não que bala Juquinha não seja, mas há de se evoluir na vida!).

Eu já estava feliz com os macarons e o dia podia acabar assim, mas chegando em casa, ainda acho isso no sofá:

Só mesmo um moranguinho é mais gostoso do que macaron de Lichia.

Mais tarde no mesmo dia, não satisfeita de ter devorado a caixa inteira de macarons (com ajuda de toda a família, é claro. Obviamente contando que eu, que sou a fonte de alimentação de Macaronina tive que comer a parte que lhe cabia), fui dar uma olhada no que poderia comer da nossa "cesta de delícias", uma cesta que fica em cima do armário, com delícias do Brasil (alpino, opereta, passatempo recheada, etc), coisa de gordo mesmo isso de ter uma cesta cheia de besteira para ser consumida em caso de emergência (e por emergência entenda: tristezas, alegrias, decepções, sucessos, capítulos de Lost, ou qualquer outra desculpa esfarrapada). Enfim, subi na cadeira e fui pegar alguma coisinha e quando vejo, dentro da cesta encontro isso:



Maridinho engraçadinho que só ele, escondeu todas as delícias. Fiquei na dúvida se morria de rir ou mandava matar. Como não quero ficar viúva com duas crianças pra criar, resolvi só tirar uma foto pra postar.


Foi um dia bem fotogênico, que também combinou com esse evento, que desde semana passada vem se repetindo:



Bochechina e seu sorriso banguela (esse foi o primeiro que eu consegui fotografar, assim, envergonhadinho, os próximos foram mais gengivas a mostra, mas aí eu já estava muito abestalhada para registrar).
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1 mês e 2 dias

Gente! Só hoje me dei conta que a pobre Abandonina fez 1 mês no sábado e eu só percebi hoje! Primogenitack teve até festinha de 1 mês com direito a bolo e brigadeiro...já a pobrezinha, só foi lembrada dois dias depois. Coisas de segundo filho? Eu, sendo a segunda da minha família devia saber. Um dia fomos fazer um álbum de dia das mães pra minha mãe e facilmente constatamos a degressão geométrica (ou seria aritimética? Isso é, se degressão for mesmo uma palavra) da quantidade de fotos entre meu irmão mais velho e os dois próximos sendo que o terceiro, coitadinho, tinha visivelmente menos que nós dois.

Como ficou definido que segundo filho não tem muita vez, e como nenezinho de 1 mês e 2 dias, apesar de ser fofinho e bochechudo e fazer barulhinhos gostosos, não faz muita coisa que não cuidar de suas próprias necessidades básicas (leia: comer, dormir, cocô e xixi - porque eu sou menina fina e não falo cagar e mijar, que é muito feio, nem defecar e urinar, porque é muito estranho...), aproveito o post comemorativo do mensário de uma, pra falar das peripécias do outro. Fomos tomar um "brunch" ontem, Civilizack senta no cadeirão, pega o cardápio, "lê" e quando a garçonete chega na mesa ele é o primeiro a falar:
- I will have a bagel, please.
Não sei se me pegou de surpresa porque a gente só escuta ele falando português, ou se eu é que sou muito abestalhada, mas nem dormi a noite depois dessa (a verdade seja dita, quem dorme a noite com um bebe de um mês em casa?)

Quanto a comemoração do primeiro mês, será que comer pizza assistindo Madagascar 2 conta? Se não, vou fazer um photoshop de uma super festa, e colar a gente lá, ela não vai saber nunca...o único problema é que antes eu definitivamente tenho que aprender a mexer no photoshop. Bom, melhor deixar pra lá, fica registrado:

Filhinha, a mamãe é meio distraída e muito esquecida, mas te ama tanto que não te trocaria nem por um milhão de brigadeiros (e olha que se tratando da sua mãe, essa seria uma barganha e tanto). Faz só um mês que você chegou, tudo passou tão rápido, mas você já é um pedacinho essencial da nossa família e fazer tudo com você em cima de mim ou pendurada em mim é minha nova e prazeirosa diversão. Eu não acharia ruim se você decidisse dormir a noite, mas sendo filha de quem é, eu entendo. Também não me importaria se você não vomitasse em mim 20 vezes por dia ou não fizesse cocô 2 segundos depois de ser trocada, mas isso faz parte do pacote. Eu poderia ficar horas olhando e rindo sozinha das caretas que você faz enquanto dorme, queria guardar numa caixinha cada sonzinho que você faz quando mama e dorme, queria ter a memória exata dos seus longos olhares pra luz e pra gente. O tempo vai passar e esse primeiro mês vai ser só uma fração minúscula da sua história, mas quero que você saiba que mesmo nessa fraçãozinha de tempo, você foi amada por toda uma vida. Olho pra você e te vejo astronauta, te vejo prêmio nobel da paz, te vejo mochilando pela Europa, te vejo fazendo coisa escondida e me contando depois (não custa sonhar...), te vejo em tantas coisas minha filhinha, mas por enquanto te vejo assim, só minha menininha do bochechão enorme, dos olhos cinza que vovó jura serão azuis, do cabelo arrepiado, do cheirinho de bebê e tudo que eu quero, por mais clichê que seja, é te ver feliz.
Feliz 1 mês e 2 dias!

Valsa Para Uma Menininha
Toquinho / Vinícius de Moraes
"Menininha do meu coração
Eu só quero você a três palmos do chão.
Menininha não cresça mais não,
Fique pequenininha na minha canção.
Senhorinha levada, batendo palminha,
Fingindo assustada do bicho-papão.
Menininha, que graça é você,
Uma coisinha assim, começando a viver.
Fique assim, meu amor, sem crescer,
Porque o mundo é ruim, é ruim, e você
Vai sofrer de repente uma desilusão
Porque o mundo somente é seu bicho-papão.
Fique assim, fique assim, sempre assim
E se lembre de mim pelas coisas que eu dei.
E também não se esqueça de mim
Quando você souber, enfim,
De tudo que eu guardei."
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Um solzinho

A temperatura anda subindo por aqui, mas não foi suficiente pra evitar que Amarelina (sim, o nome final é Nina! A não ser que eu ainda mude de idéia, o que pode acontecer a qualquer momento) ficasse com icterícia e tivesse que voltar pro hospital por mais 2 dias. Com a mãe dela a tiracolo, obviamente.

Eu tentei convencer o médico a prescrever uma semana no Ceará ao invés da fototerapia, mas ele não topou, esses médicos antiquados...
Na falta da rede ao sol e da água-de-côco, passamos os últimos dias assim:



Vou sugerir esse modelinho de óculos escuro pra Channel, com Modelina estrelando a campanha publicitária, é claro. Com o dinheiro do cachê aí sim vamos todos pro Ceará ou pra Natal tomar um sol de verdade.

O sol foi tanto que deixamos no hospital de recordação o cordão umbilical, e enquanto o calor de verdade não vem, vamos nos contentando com os escaldantes +4 graus e uma nenezinha com saúde que só mama e dorme. Aliás, é o que vou fazer também (só dormir, mamar não :-), seguindo a regra de ouro dos cuidados com o recém-nascido: nenê dorme, mamãe dorme - e quem sou eu para desrepeitar as regras!

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Só sei que foi assim...

Estamos de volta ao mundo dos que não tem uma enfermeira tirando sua pressão, temperatura e perguntando sobre seu xixi e cocô a cada 2 horas. Ah, como eu amo esse mundo de cá! Sério, descobri que eu não gosto de dar satisfação sobre meus movimentos internos. E se a bebê só mamou por 10 minutos e caiu no sono isso é problema meu e não venha me dizer que eu não tentei "hard enough", você não sabe nada sobre minha vida! (Certo hormônios, agora controlem-se. De repente, mas só de repente, ela só perguntou porque faz parte do trabalho dela).

Do lado de cá também, existe uma casa em estado de caos absoluto. Eu falei caos?? Não, caos estava quando eu saí na terça-feira, hoje isso aqui está pior do que...nossa, incrível, não consigo pensar em nada que possa estar pior do que a situação da minha casa...Faixa de Gaza depois dos bombardeios me vem a mente, mas a comparação ainda seria injusta. Com vantagem pra Gaza, obviamente.

Mas bom. Sinteticamente falando a sequência de fatos foi esta: Sangramento. Hospital. Internação para observação. Contrações (será que eu estou sonhando?).Mais contrações (não, acho que não é sonho não. Melhor chamar a enfermeira).Cesárea de urgência. Bem-vinda ao mundo nenezinha!

A versão menos sintética pra quem tem paciência ou é muito curioso foi assim. Fui pro hospital com sangramentos na terça de manhã. A noite fiquei lá presa e no meio da madrugada comecei a ter contrações. Papito voltou correndo e chegou a tempo de sentir os chacoalhões pra tirar a coisinha do seu lugar quentinho, escutar um choro forte fortíssimo e cortar o cordão, ele já é experiente no assunto. Me chateou só ver a bichinha um pouquinho de nada e depois ficar de molho por 3 longas e tediosas horas na sala de recuperação esperando meu dedão do pé voltar a mexer enquanto sabe-se lá o que faziam com a minha nenê ainda sem nome.

Mas...3 horas passadas, um leve ataque histérico seguido de palavras muito gentis do tipo: Eu quero minha filha AGORA! E tudo resolvido. Mamazinho dado, ufa!Ela estava realmente alí.

Horas mais tarde chega Irmãozack e não podia ter sido mais lindo. Ele abre a cortina do quarto e solta contente:
- Minha irmãzinha!
Irmãzinha em cima de mim, irmãozinho sobe na cama e com a cara mais fofa do mundo, que já lhe é peculiar, começa a exploração ao mundo da irmãzinha encantada:
- Olha mamãe, a orelhinha dela! O cabelinho dela!
Levanta o cobertor e solta surpreso:
- Ela tem fraldinha! E o pezinho! Eu quelo pegar no colo!
Muitos carinhos e beijinhos depois, ele já estava satisfeito.
- Agola eu quelo vê filme.
Muito justo.

O tempo de molho no hospital pós-cesárea é de 72 horas. Nesse período dividi o quarto com 3 outras "famílias de parto normal". Bom...nada é perfeito e realmente eu tive minha cota de hospitalização por esse ano, ou por essa vida. Decidí que quando eu morrer não vou pro hospital (bom, provavelmente vá pro cemitério, mas digo, antes de morrer). Sério, não quero mais brincar disso. Sobre cesárea X parto normal vou fazer um post inteiro qualquer dia desses, o tema merece. Sobre não ter visto, ouvido ou se quer recebido uma ligação de nenhuma das "minhas" duas médicas (de família e obstetra) não quero nem comentar. O médico que fez minha cesárea não se deu nem ao trabalho de se apresentar ANTES da cirurgia. Mas depois de tudo devidamente costurado ele foi simpático, veio do outro lado da cortina e disse:
- Olha, a gente não se conhece, mas parabéns.
- Certo. Obrigada viu?
Ouço os otimistas de plantão dizendo que pelo menos, não desembolsei nada por isso, o que não é verdade já que eu pago quase $1000/ano de seguro da faculdade que me dá direito a um quarto semi-privado - com duas camas ao invés de 4. Mas enfim, faz parte do pacote "imigrou porque quis, agora aguenta". E o pacote de formulários para preencher e receber os benefícios mensais do governo pra criança dão uma compensada.

Quem me deu alta do hospital hoje foi um estudante de medicina. Se eu soubesse que a coisa estava diminiuindo em anos de estudo, eu não teria reclamado da residente que me atendeu da outra vez, pobrezinha. Quando ele tirou o curativo e me mostrou a cicatriz eu quis chorar. De alegria por finalmente lembrar que existe vida abaixo da minha barriga, mas de muita tristeza ao ver o tamanho da coisa e pior, dos grampos. Sim, grampos, do tipo que se coloca em papel, não em barriga!! Me digam se eu estou enganada mas no Brasil não tem uma parada de uma colinha muito da discreta? Bom, na segunda os grampos vão embora e aí veremos o tamanho do estrago. Minha barriga, que já não estava essa visão do paraíso depois da gravidez número 1, agora virou a visão do inferno de vez. Um misto de geleca (aquele dos "Caçadores de fantasmas") com gambá (com uma linha preta no meio) e um toque final de Jason e Frankstein. Coisa linda.

Em casa, apesar de apenas 8 meses sem amamentar eu tinha esquecido como é essa sensação nos primeiros dias. Por um lado, nada mais lindo do que uma nenezinha desesperada que se acalma em dois segundos ao ganhar leitinho da mamãe. E saber que tudo que ela precisa na vida é isso e amor. E ambos abundam. Por outro lado, essa sensação física de "eu sou uma vaca" e ter o peito cheio até o pescoço e tudo pingando e tudo que te toca cheirando a queijo minas não é das mais confortáveis.

Resumo da ópera: Agora nossa família tem mais cara de família. Agora tenho uma menininha gostosa pra empetecar e encher de lacinhos e sapatinhos e tantos outros "inhos". Agora eu sei que é verdade, no coração de mãe sempre cabe mais um e é tanto amor, mas tanto amor por uma criaturinha que eu conheço há apenas 3 dias e ainda assim, nada muda o amor pela outra criaturinha que conheço há longos 2 anos e 8meses. Maridão tá bobo e eu também. É muita bobeira e babação. É muita alegria dar vida a uma vida.

Essa gravidez foi chatinha.Foi cansativa, senti muita dor e reclamei muito. Ainda não sei se vou ficar diabética pra sempre ou não. Se ficar, vou reclamar mais. Mas de uma hora pra outra, tudo no mundo se resume a uma palavra: Amor. E é só isso o que realmente importa.