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Hoje é Domingo

Obviamente que não (hoje não é domingo), porque as coisas aqui em casa ultimamente (tipo... nos últimos 7 anos) raramente acontecem ou são reportadas em tempo real. Sim, elas não acontecem em tempo real. Tenho pra mim que a maternidade transporta tudo para um sub-tempo, onde tudo acontece só do jeito que tem que acontecer, sem contagem de dias, sem hora para aquela sua tele-conferência imprescindível que você não podia perder por nada (até que a filha fique doente e você esqueça completamente), sem horário para escrever no blog na hora que as coisas acontecem (nem pelos próximos meses ou anos), sem horário pra manicure sem a qual você achava que não podia viver, sem horário para eventos que precisam esperar até você ter tempo de organizá-los, sem horário para aquelas regras lindas de educação que funcionam tão bem nos livros (ou nos blogs das outras mães), enfim, vocês sabem do que estou falando, aquela tal da quarta dimensão...

Daí que ontem (que era domingo) foi daqueles Domingos de revista. Eu, que já estava com um filhote extra, topei agrupar mais 3 pra dar uma força pra amiga que sempre cuida dos meus (3 a mais, 3 a menos, e quem mora longe da família sabe que sem amigos nós não somos ninguém!). Seis crianças, dia de sol, maridão foi cortar a grama, e eu só deixei eles na televisão por umas 3 horas no máximo... (brincadeirinha amigas que deixaram os filhos comigo! Foram só 3 desenhos, eu prometo! Até porque nem adianta mentir quando se está cuidando de criança que fala! Que esses dão o relatório completo! Esses dedo-duros! - Aqui eu já falei: Pode comer o terceiro pedaço de bolo de chocolate, mas só se não contar pra sua mãe! Tooooo brincande de novo amigas que deixaram os filhos aqui em casa, é no máximo dois e ponto final :-p ).

Daí que eu tenho um "sub-solo"que eu acho divertidíssimo, é o que eu chamo de "terra do nunca", zona de ninguém, lá embaixo pode tudo. Pode riscar a parede, pode andar de carrinho, jogar hóckey, futebol, montar forte... os amiguinhos adoram, galerinha pira mesmo lá embaixo, e é claro, que Sapequina leva "tudo" ao pé da letra. Estava eu cá tentando arrumar um café da manhã saudável e feliz (mais ou menos meio-dia, tem que alimentar os filhos dos outros, veja bem) e Corretack vem ofegante:
-Mamãe!!!! Você não sabe, que desastre! A Nina está dentro do Puff, tem bolinha por todo lado, em tudo, mamãe, tudo, tudo, tudo (repare que o número de repetições é sempre proporcional ao tamanho do desastre).

Mãe chega lá embaixo, a menina literalmente dentro do puff (como será que escreve puff, gente?) só a cabeça pra fora, bolinhas de isopor espalhadas realmente por tudo, tudo, tudo, e a criança, com a maior cara de danada, danada, danada (eu tinha perdido meu celular, droga!) do universo, estica os braços (espalhando ainda mais bolinhas de isopor no movimento) e faz: Ta-dã!!!!! - Saca, tipo, circo: Ta-dã! - Olha o que fiz que liiiiiindo: - Ta-dã! As outras crianças rolando nas bolinhas, histéricas e contentíssimas com o feito: Ta-dã!

Normalmente eu ficaria naquele dilema: Rola de rir, chora, briga, enfia o resto da criança no puff? MAS, como no dia anterior ela já tinha começado este mesmo experimento e eu tinha sido bem clara que podia fazer tudo, menos abrir o tal do Puff, eu tive que mostrar que sou acima de tudo uma mãe consistente (cof-cof), e que sete anos de maternidade me ensinaram bem a a necessidade de as vezes, rir (muito) pra dentro. Leva pro castigo, no cantinho escuro (reservado para as ações de nível 5 - porque no claro não dá pra pensar muito bem), e só escuto ela falando:
- Não tem problema mamãe, eu nem vou ter medo de ficar no escuro porque eu confio em Deus.
Veja bem, que a menina é arteira, mas escuta as histórias da Bíblia como ninguém, uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa.

Quando a mãe se acalma, ri por dentro, e ela parece arrependida (castigo aqui é assim: quando você estiver pronta pra ser obediente você me chama):
- Nina, por que você abriu o puff se a mamãe falou ontem pra você não abrir?
- Ah, mamãe, é que parecia TÃO legal. (Fato, né gente! Pensa que coisa mais divertida entrar num puff de bolinhas de isopor, realmente MUITO legal...)
- Mas Nina, tem que obedecer a mamãe, né, filha?
- Até quando é muito legal, mamãe?
- Até quando é muito legal...
- Táaaa bom (com a cara mais triste e frustrada do mundo, do tipo, "pô, sacanagem ter que obedecer até quando for muito legal...mas tá bom...)

Depois de algumas horas aspirando bolinhas (que foi o castigo mais divertido da história), outras tantas brincando de rouba bandeira, elefante colorido e guerrinha de água no parque e andando de bicicleta eu acabei o dia sem mal conseguir subir uma escada (e hoje de manhã estava me perguntando porque tudo doía... acabei de lembrar), mas sinceramente, talvez eu não queira ter seis filhos (só se for em esquema de cooperativa, como eu sugerí às amigas)... mas não sei como seria viver em uma casa onde bolinhas nunca saem do puff, sem criança pequena e suas sapequices insuportavelmente fofas... como será viver fora esta quarta dimensão...

Maridinho romântico achou que se eu aspirasse todas as bolinhas e conseguisse cuidar de 6 eu merecia uma declaração de amor na grama
O sexteto - alegria e diversão, na quarta dimensão 


5 comentários:

Lúcia Soares disse...

Oi, Keiko. Que corajosa você! 6 crianças...rsrs Mas foi uma boa ação, pois quando você precisa, as amigas ajudam. Umas pelas outras. É assim mesmo.
Minha filha mora longe da família e tem 3 meninos. Ainda de vez em quando recebe mais um em casa, mesmo sabendo que vai ser só canseira!
Beijo!

Kell disse...

Dá vontade de morder essa Nina só pelas coisas que você conta!
E parabéns pela mãe maravilhosa que você é! Tenho certeza de que você está criando filhos muito, muito, muito, felizes!

Beijos!

piscardeolhos disse...

Mas, olha, até eu fiquei com vontade de entrar no puff (pufi. pufee. powfy.)
Mas não de ter 6 filhos, gata, socô.
Declaração de amor na grama? NUNCA ganhei, vou lá no procon pedir reembolso marital.
beijo nessas quiança-tudo!
Ro

Keiko disse...

Roberta -nem fale! Eu quase abri o puff-mãe escondido pra entrar dentro depois...

Acho q pra ter declaracao de amor na grama tem que ter 6... questao de pesar se vale a pena, ne nao?

bjo

Keiko disse...

Lucia - aqui tem que se assim, uma mao lava a outra, tudo familia emprestada!

Kell - a Nina eh uma gostosa, da muita vontade de apertar o tempo todo, e eu tento ser boa mae, ms aqui no blog so aparece as partes boas, ne? Eu berrando de manha pra tirar todo mundo de casa, comendo chocolate escondido, essas coisas a gente omite na esperança de que a posteridade as coloque no esquecimento! kkkk tentar eh o melhor q a gente pode fazer de qqer jeito! ;-)