Um comentário no blog da Flávia sobre uso de apelidos, me fez pensar nessa questão aqui em casa.
Dizem que depois que a gente vira mãe a gente só quer falar do filho. E pior é que é verdade. Em defesa das mães que sabem falar de outra coisa (e do marido que anda sentindo-se renegado), vamos virar o disco (nossa, essa expressão vai desaparecer? Já desapareceu?) e falar do marido.
Temos aqui em casa uma certa brincadeira, que acabou virando mania. Esses joguinhos de família que olhando de fora parecem idiotíssimos, mas olhando de dentro...bem, parecem idiotas também, mas a gente continua fazendo, e achando divertido. A nossa aqui é relacionada a nomes em geral. Tudo começou com a incapacidade do marido de chamar as pessoas pelo nome. Ele sempre tem que acrescentar algo ao nome original, geralmente um sufixo ligado a algo que a pessoa fez (nossa amiga Lidiane um dia fez algo estranho e virou Lidistrangers), ou mudá-lo completamente mesmo até um ponto que nem o próprio "apelidado" não é mais capaz de lembrar o seu nome original (caso do seus amigos Gamba e Fuca, cujos nomes eu desconheço, e mesmo sob tortura jurariam que é assim que foram registrados) .
Via de regra, um sufixo carinhoso ameniza um apelido potencialmente denegridor (se é que essa palavra existe...), exemplo clásssico, sua sogra (que não por acaso é minha mãe), virou "Sogrete", a coisa pegou e todo mundo a chama assim. Seria simples, mas aí vem o desdobramento do jogo. Se a "Sogrete" está "de frescura" (em bom Bainês), ela vira automaticamente "Frescurete", ou se não entende alguma coisa, naquele dia ela é "Burrete" (e mesmo assim ela defende o genro com unhas e dentes, contra tudo e todos, ou seja, contra mim, geralmente). O mesmo princípio foi aplicado a senhora para quem demos (com todo o sofrimento do mundo) nosso cachorrinho (Lhasa-apso, com pedigree e tudo, a coisa mais fofa desse mundo inteiro) antes de vir pro Canada. A dita cuja não queria deixar eu visitar o bichinho na minha primeira ida ao Brasil, nã deu outra, virou "Baranguete" (seu nome, Arlete, e aparência física contribuiram, quem mandou regular o cachorro).
Outra versão do mesmo jogo é manter o final do nome original e trocar o começo por um adjetivo. Meu irmão mais velho, "Idiotilson", sempre se embanana tentando entrar no jogo, o pobrezinho, acaba sempre soltando um "ImbeciliKeiko" quando o correto seria "Imbecileiko", não é a toa que este é o seu nome de guerra (mas não se enganem, a gente se ama). O mais novo por sua vez, no auge da sua adolescência e da completa "falta de noção" em situações variadas, virou "Noçailson", que mais tarde sofreu a influencia do anglicismo e virou apenas "Notion". Pessoas legais ou chatas (segundo o critério dele, o que não quer dizer que as mesmas não estejam entre nossos melhores amigos) podem ganhar um simples "le" ou "cha", caso do "Tile" e sua esposa " Nycha" - porque os opostos se atraem (e Nycha é minha melhor amiga de infância, o que me faz também Keile - e isso vai me render um comentário malcriado em sua defesa, certeza).
A única regra realmente importante do jogo, é que o apelido não pode ser de todo simpático, muito menos piegas, do tipo "Meu bem". Foi por isso que ele se acabou de rir quando viu outra amiga chamando o namorado (hoje noivo) de Príncipe. É claro que eu não perdi a oportunidade e comecei a chamá-lo de Principe também, nao só chamei como coloquei uma faixa enorme no escritório dele em um aniversario, com letras garrafais: "Principe: Feliz Aniversario!" , foi ótimo, o pessoal do escritório até hoje o chama de Príncipe. Por causa de chatices dele (que eu amo) ajuntei um "cha" ao Principe, que virou "Princha", e para amenizar, virou " Princhuco". Dentro do mesmo padrão provocatico, eu que era "Tia Teto" (chamado pela minha sobrinha que não conseguia falar o "K"), atualmente virei "Tia Tetôncias", não é difícil entender o porquê, dada minha proeminente comissão de frente, responsável pela alimentação de "Esfomiack"- mas isso não é motivo para escapar do codinome.
E foi assim que o mais novo membro da família não podia ficar de fora, filho de Princhuco, Princhuquinho é (já fiz referência ao Princhuquinho em outros posts sem nem explicar o porquê...não que alguém tenha notado, mas enfim...fica explicado), e é o bebê de 5 meses com mais apelidos que eu já conheci. Não seria ruim chamar um bebê de Princhuquinho, soa carinhoso, não conhecendo o histórico. Mas é claro que o pai não se contenta. O menino já tem nome que é apelido por si só (Zack), não sendo suficiente, o pobrezinho é frequentemente chamado de "Caga-cebo" quando bom...caga cebo (é assim que chamam o número 2 na Bahia, explica o pai-canadense-criado-na-Bahia, pensando que justifica-se), "Zé Bogola" quando fala coisas que ninguém entende (ou seja, o tempo todo - lembrando, o bichinho acabou de completar 5 meses), "Pisquileto", em momentos de ternura, "Tio Arnóbio", quando começou a ficar careca como um falecido tio, "Japoronguito", em referência aos genes que herdou de mim (ainda que atualmente eles sejam quase imperceptíveis, até pálpebra o moleque tem! - essa só quem é japonesa, e sempre quis passar sombra na pálpebra, sem sucesso, pode entender), "Zackolino" e muitos outros que são criados de acordo com situações variadas. Já não basta a confusão que o menino vai ter entre tantas línguas, ainda vai ficar confuso sobre qual é seu nome, porque até hoje, tenho certeza que ele ainda não sabe que quando alguém chama "Zack", a coisa é com ele.
Xii...rodei, rodei, rodei, e acabei falando de quem? É...parece que o mal é mesmo inevitável, "Mamãe Teto" aqui só sabe mesmo falar do seu "Pimpolhack".