Eu sou péssima com esses tais "memes". Primeiro porque acho meio difícl escrever sobre um tema específico, rola um bloqueio criativo, mas principalmente porque como eu já contei antes, tenho um caso raro de Alzheimer precoce e sendo assim, minha memória não é lá fonte muito confiável e eu nunca sei se o que eu acho que foi, foi mesmo. Diz minha amiga de infância que as poucas coisas que eu lembro são questionáveis e ela já perdeu as esperanças de vir me falar qualquer coisa que comece com: "você lembra quando...?"- eu nunca lembro. Esta amiga é inclusive praticamente meu HD externo, volta e meio tenho que recorrer aos seus serviços de memória, o que ela claramente usa contra mim se quiser já que a versão dela da história é geralmente a única disponível. Vou ousar escrever este texto sem consultá-la, só espero que ela não leia e venha aqui desmentir minhas memórias falhas (ouviu, né N?). Encontrei consolo no velho e bom Chico (o cantor, não o rio) em Estorvo: "Mas mesmo aquilo que a gente não se lembra de ter visto um dia, talvez possa ver depois por algum viés da lembrança".
Então, diretamente dos viés da minha lembrança, o meme da Bibi, o que eu estava fazendo nestes anos:
1978: 30 anos atrás
Não estava fazendo nada, eu ainda não era. Eu sei, morram de inveja da minha juventude :-)
1983: 25 anos atrás
Sei não minha gente, mas para isso eu tenho justificação científica. Existe um fenômeno chamado "aminésia da primeira infância". Estudos dizem que uma pessoa não é capaz de reter nenhuma memória real de fatos ocorridos antes dos 4 anos. Obviamente se retém impressões afetivas e tudo mais desta época, mas toda memória de "fatos" é forjada, ou seja, criada após essa idade baseada nas impressões psicológicas, mas não são necessariamente reais. Pois é, eu fiz 3 cursos de psicologia na faculdade só pra poder dizer que eu não tenho a menor idéia do que acontecia, eu tinha só 2 anos.
1988:20 Anos atrás
Estava na primeira série. Lembro que eu adorava levar tomate e cenoura de lanche na escola, que meu bolo de aniversário de 7 anos foi um urso gigante que segurava uma barra de chocolate branco na mão e que no dia seguinte ao aniversário este foi meu lanche - para o espanto da professora. Eu as vezes escrevia bilhetinhos com versinhos da Bíblia ou coisas do tipo "Bom dia amiguinho, seja feliz!" e deixava anonimamente na carteira de todos os meus amigos antes da aula começar (minha mãe dava aula na escola e eu sempre chegava antes de todo mundo). Também lembro de ficar triunfante porque aprendi a contar até mil! E aí eu queria contar até mil pra todo mundo, toda hora - imagine a alegria das pessoas. Não tenho muita certeza, mas acho que foi neste ano que comecei a estudar piano.
1993: 15 anos atrás
Eu deveria inventar alguma coisa pra colocar aqui, mas realmente eu não lembro absolutamente nada desse ano. Sei que cantava em um grupo infantil na igreja e que viajava pelo Brasil todo cantando, no ano seguinte fomos à Israel, Espanha e Egito e no outro fomos para a Holanda, Alemanha e Bélgica. Acho que foi por conta dessas viajanças que veio essa impressão de que o mundo é grande demais pra ficar no mesmo canto.
1998: 10 anos atrás
Este ano foi um dos melhores. Último ano de "segundo grau" (ai, ai, essas pessoas muito velhas e seus termos arcaicos...) época da vida cuja maior preocupação é passar no vestibular, e você acha que esta é a maior preocupação que você vai ter durante toda a vida, ledo e feliz engano. Fomos à Disney como viagem de formatura e foi muito divertido, minha turma de escola era realmente o máximo e eu chorei quando vi o Mickey, ta aí uma coisa que eu não devia contar, tarde demais. Boa menina que sempre fui, achei o máximo da ousadia sair escondido do hotel e passar a última noite da viagem na praia até o sol nascer com a galerinha. Duas coisas muito marcantes na escola foram dois trabalhos que tive que fazer, marcantes pelo trabalho em sí, mas também pela atitude dos professores. Em meio a loucura de estudar e se preparar para o vestibular, o professor de matemática pediu como "prova final" um resumo e crítica de um livro sobre o médico Ben Carson, uma história de conquistas e superação muito linda mesmo, foi marcante porque provou que a lição de vida era mais importante do que a licão de matemática e de fato sempre é. O professor de história por sua vez pediu para que fizéssemos uma auto-biografia como trabalho final, dizendo que nenhuma história é mais importante do que a nossa própria, e esta somos nós que fazemos. Este trabalho foi especialmente marcante porque tive a chance de coletar histórias familiares que eu jamais saberia de outra forma. Conversei por horas com minha Obatian (avó japonesa) pela primeira vez e só aí que eu soube que ela veio em um dos primeiros navios de imigrantes japoneses, aso 14 anos com casamento arranjado. Trabalhou em lavoura de café com meu pai a tiracolo e outras coisas mais. Meses depois ela começou a ficar muito doente e foi perdendo toda a memória, não fosse o professor de história, eu não saberia esse pedaço da minha. Eu já estava namorando meu Princhucão. Quando completamos 1 ano de namoro ele veio me buscar de helicóptero na escola e foi só a primeira coisa da série: "acostume mal sua namorada e quando você casar com ela, vai estar lascado" - o helicóptero foi seguido de balão, navio e outras tantas surpresas lindas. Não é de espantar que hoje em dia ele ache difícil me agradar ;-)
2003: 5 anos atrás
Também foi um ano de terminar. Último ano da faculdade de Terapia Ocupacional. Estresse total com monografia, estágio e planos de imigração ainda incertos na época. A mania de abraçar o mundo já era evidente e além de fazer faculdade em tempo integral eu dava aula de musicalização na Laramara (instituição para crianças com deficiência visual) e em uma escolinha de educação infantil, fazia estágio extra-curricular em um centro de reabilitação e coordenava o programa de inclusão escolar na escola onde estudei a vida inteira. Também coordenava uma oficina "de criativide" para crianças de 8-12 anos neste projeto aqui, outro projeto de vida que ajudei a começar e do qual sinto muita falta. A nossa escola de artes e línguas estava no fim do projeto de anos de elaboração, idéias mirabolantes e construção. Já estava casada há 3 anos, mas com faxineira e restaurante por kilo isso não era um problema, não que agora seja, vamos deixar claro. Fomos pra Jericoacoara comemorar os 3 anos de casamento no início do ano, uma delícia absoluta. Formatura no final do ano, alívio, fim de mais uma etapa, começo de outra como sempre há de ser.
O meme acaba aqui.
Mas embalada pelo ritmo do Parabéns a você, aproveito pra agradecer um presente, o prêmio que a Flávia mandou (não hoje, nem pelo aniversário, o que é ainda melhor):
Eleita por ser blogueira maternal...adorei! Valeu Flávia. Gostei tanto do prêmio quanto da comparação com o Veríssimo....que honra! Reza a regra que quem ganha passa o prêmio. Na minha seleção, mães que já me fizeram rir e chorar, refletir e certamente passar horas a fio lendo seus blogs. Para estas, repasso o meme acima (o que você estava fazendo há 5, 10, 15, 20 e 25 anos) e também o prêmio.
Flávia, a própria, com a qual compartilho genes diversos e com quem portanto me identifico um bocado. Ótima escritora, ótima mãe, ótima blogueira (não sei se vale mandar o prêmio de volta...)
Lilian, conhecida da vida real que virou amiga da matrix vida blogal/real, minha conselheira e exemplo de como sobreviver a um doutorado em uma língua que não é a sua, com filhos e casa pra cuidar. A Lilian escreve em inglês com uma desenvoltura que eu nunca vou ter, e é a blogueira mais sincera e de coração aberto que já li.
Sandra, está premiada por ser a mãe/blogueira com mais informação por pixel quadrado. Chegada aqui no Quebec a bem menos tempo do que eu, a Sandra já sabe tudo sobre tudo e transmite as informações no seu blog para os novos imigrantes sem segredos, além de ter sempre notícias da sua linda família.
Cris, mãe na definição da palavra (vide seu último post), adoro como ela consegue escrever sobre assuntos que não sendo de mãe, provam como ser mãe e tantas outras coisas ao mesmo tempo.
E aqui acaba esta edição aniversarial. Agora vou dormir porque mais tarde (são quase 3 da manhã agora) eu vou encher a cara de brigadeiro e aproveitar meu dia de aniversário, leia, escravidão do marido. Adoro aniversários, mesmo sendo de 27.
5 comentários:
PARABÉNS!!!!!!Pra vc,nesta data querida,blá,blá,MUITAS felicidades,MUITOS anos de vida e sáude que não pode faltar!!!Mil beijos e tudo de melhor te desejo hoje e sempre!Vou tentar fazer essa retrospectiva...se é que me sobram neurônios depois de infindas noites sem dormir mais que 3h seguidas!Ciça
Que legal! Aprendi várias coisas de ti hoje.
Você tem piano em casa?
Vamos tocar? Vamos?
Caraca, que vergonha que eu não consio te encontrar nunca mais...
Keiko,
hahahahahaha
eu sou apaixonada por informacao. Leio o jornal daqui todos os dias de ponta a ponta e ainda os do Brasil. Leio cartazes e tudo o mais por onde passo. Depois vou fazer esse negocio ai...
Merci.
Feliz Aniversário amiga!! E é hoje!?!! E eu li isso somente 11 e tantas da noite, e acho que não é uma idéia muito sábia ligar e acordar você, né? Além de q eu tou aqui dissertando, mas...
OBRIGADA pela menção honrosa, viu?!!
E pelo meme muito legal, foi ótimo, e uma boa maneira de comemorar os 27 aninhos. Exatos 10 a menos do que eu... (quer dizer, depois que passar meu aniversário).
Beijos e espero q vc tenha tido um dia MUITO especial!
Feliz aniversário! Pena não compartilharmos a idade... MUITA pena mesmo.
Tudibom.
Beijinhos comemorativos.
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