Depois de escrever o post de ontem passei o dia inteiro com peso na consciência hoje. Cheguei à conclusão que estou virando uma sub-espécie de Hardy (esta hiena aí do lado que vivia dizendo "ó vida, ó azar, ó tudo! - Lembram dele? Obviamente eu lembrava do personagem, mas não do nome, este quem lembrou foi meu amigo Google, a partir da frase caricata) e decidi apagar tudo e parar com esse negócio de não postar. Não só apagar tudo, mas também postar um post mais Pollyanístico (estou toda retrô agora). Não sem motivo. Tive fontes de inspiração que abriram meus olhos para a beleza da vida nas entrelinhas da falta de tempo e do caos total.
Fato 1: Fofurack, que está provisoriamente dormindo na nossa cama enquanto seu quarto está ocupado, veio de manhã fazendo carinho no meu rosto, enquanto eu fiquei curtindo, fingindo que estava dormindo. Dali mais um pouco, cansado de tanto carinho sem resultado ele chega mais perto, dá um beijinho e solta o seu já célebre: "Mamãe, Acoca!" (Mamãe, acorda!). Acordei, obviamente, mas não sem fazer uma análise filosófica e profunda da situação. A pobre criança passou ontem o dia inteiro com febre e vomitando, não conseguiu comer nada, nem brincou o coitado. Sua reação? Sentar no computador e sair reclamando da vida pra todo mundo??? Não, meus caros, mas fazer sua reclamona mãe ver que a vida é bela. A noite, quando cheguei em casa ele veio direto contando: "Um, do, teis e dá" (Um, dois três e já) e se jogando em cima de mim...Nem o mais pessimista dos seres pode ficar reclamando com uma criatura assim por perto.
Fato 2: Em uma das escolas que trabalho estava fazendo uma atividade com as crianças do maternal quando leio na parede: "Tartarugas são animais de sangue frio". Parei pra pensar qual era a última vez que eu tinha visto ou ouvido tal coisa e, oh céus...tinha muito tempo. Aí uma luz se abriu e ouvi vozes cantando AAAAAAAA (era uma iluminação, não uma assombração) e comecei a refletir sobre o bem que faz pensar em fatos triviais, essas coisas que a gente não tem mais tempo de pensar depois de grande, cá entre nós, eu nem lembrava o que era um animal de sangue frio mais, tanta coisa que a gente só tem tempo de pensar em refletir quando é criança...e enfim o mundo temporariamente se dividiu entre contas à pagar, problemas à resolver, filhos pra criar e animais de sangue frio ou quente, genial.
Fato 3: Ao voltar da aula no fim da tarde, para fugir do simpático frio (sim, simpático porque eu não sou mais uma pessoa que reclama) de -100 graus que fez hoje (não reclamo, mas ainda posso exagerar, poxa vida, não me tirem tudo!) entrei em um dos shoppings subterrâneos daqui e como já estava passando mesmo...fiz umas comprinhas, assim...só essenciais, uma blusinha preta (porque todo mundo sabe que blusinha preta nunca é demais), formas de muffin, uma camisa, uma calça e um chocolatezinho...
E foi assim, ao longo deste dia que compus as três primeiras dicas do manual Keiko de "Você pode ser feliz mesmo sem tempo" (tinha pensando em um nome mais comercial como "A felicidade não tem tempo" mas aí me ví figurando ao lado de um destes autores de auto-ajuda nas prateleiras da Saraiva e fiquei horrorizada, optei pelo menos comercial mesmo).
Dica 1: Tenha sempre uma criança por perto. Jesus, sábio como Ele só, já bem disse que tínhamos que ser como crianças pra entrar no sEu reino. Seja pra trazer a doçura que só elas sabem ter, seja pra lembrar informações essenciais sobre a vida, arranje uma criança. Se não tiver uma que te pertença, alugue, empreste, sequestre (não rapte, cruzes! - devidamente corrigida pelo meu amigo Marquito) mas assegure a sua dose diária de criancice.
Dica 2: Vá ao shopping. Ignore a gripe que te assola e do misto de dó (pelo meu nariz que parecia um tomate) e nojo das pessoas (pelo meu último lencinho - dos dois pacotinhos que eu tinha levado- que eu usava e re-usava e já estava só o farelo) . Aliás, tire proveito disso para olhar tudo que quiser sem que nenhuma vendedora venha oferecer ajuda, aliás, você pode até olhar, olhar e não comprar nada porque ninguém vai se importar que você e seus vírus deixem a loja. Mas no final compre assim mesmo, nem que seja pra devolver tudo no dia seguinte (Alerta: pra isso tem que estar por aqui, no Brasil não funciona bem), só pra deixar a vendedora com agonia de pegar seu cartão de crédito contaminado e sair com aquela sensação de poder que só uma nova blusinha preta pode dar.
Dica 3: Matenha seu blog ativo. Mesmo que para isso você tenha que deixar de escovar os dentes ou tenha que ficar até as 3 terminando aquele trabalho pra amanhã, prioridades são prioridades. E vamos combinar, essa coisa de tese, artigo é tudo besteira, nada como escrever um monte de bobeiras públicas pra sentir que seu dia valeu a pena.
10 comentários:
Nada como sindrome de Polyana pra ter um dia perfeito. Inspiracao as vezes... e' questao de escolha... Deus abencoe!
Não li o seu post pessimista mas me animei a não escrever o meu. Estou sem tempo nenhum, sem empregada, com três crianças animadissimas o dia todo e até 5 minutos atras eu estava exausta. Vou tentar me animar e voltar a escrever no meu blog porque ele está paradinho e eu fico ainda mais desanimada de vê-lo daquele jeito.
As crianças realmente são incriveis e com uma por perto não há como ficar desanimada.
Um abraço,
Marilena
Amei seu blog (descobri há pouco tempo, nem me lembro como...)!! Amei este último texto! Parabéns pela simplicidade com que escreve e diz tudo!!
Ah bom!
É isso aí, Keiko! Ânimo! Fiquei preocupado ao ler o seu último (agora penúltimo) post. Me divirto muito com a sua visão bem humorada da maternidade, "esposidade", "doutoranidade" ...
Pode deixar que, se um dia eu for para o Canadá, levo uma caixa de leite moça pra você :) ...
eeeeeeeeeeeeeeeee!
Keiko está de volta!
Obaaaaaaaaaaa!
E a academia vai bem? Acredita que eu estou malhando? E consigo estar feliz com isso... hahahaha
Que fofa!
Seu blog é um barato! Tem me ajudado muito na minha decisão de morar em Montréal.
Olha, boa sorte! E fica firme na Poliana que tudo vai bem!
Um abraço.
Cruiz, me deu peso na consciência de ir aí agravar o quadro todo. Mas já passou, huahahaha. Brincadeira. Prometo que seremos discretos e que vou fazer tudo o possível pra caber embaixo da mesa. Diga ao Johnny que vi o pequeno pé de tênis dele na vitrine da Cardsmania. Quanto ao mais, um toque inútil: raptar é diferente de sequestrar, porque o rapto tem fins libidinosos e sechuais. Pouca gente sabe disso. Como eu disse, é inútil, mas não custa mudar aí no seu post. Bye.
Keiko, perdi o post citado, mas gostei muito da versão mais atual.
Parabéns pela iniciativa!
Será que dá pra vc me emprestar o Fofurak quando vier à Vancouver?
Abraço,
Chris
"nada como escrever um monte de bobeiras públicas pra sentir que seu dia valeu a pena."
AMEN TO THAT!
Acredite: hoje cheguei disposta a postar algo sobre minha falta de tempo, do tipo "Não aguento mais". Depois dessa, acho melhor mudar de idéias.
Abraços!
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