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Mais pra lá que pra cá

Oi de casa,

Pois é, ando bem mais pra lá do que pra cá. Minha vida anda se resumindo em achar um médico decente (e por decente por favor leia: alguém que não te faça esperar 4 horas por uma consulta de 4 minutos e que não te dê nada, nenhuma informação que você não saiba ou não pudesse obter na internet, e que te prescreva exames de primeira necessidade sem que você tenha que dizê-lo quais são os tais exames e que sim, você quer fazê-los). Depois disso eu me mato pra botar a pesquisa em dia, chego em casa, vomito e durmo no sofá enquanto o pobre marido cuida da criança, da casa, da vida.

Pra não parecer aquelas grávidas reclamonas, que reclamam do médico, do sistema de saúde, da política mundial, do preço do dólar, do Brasil que não ganhou ouro no voley masculino apesar de do feminino e até do marido que apesar de fazer tudo e mais um pouco, não sabe limpar a privada, na qual você passa boa parte do dia com a cara enfiada, abstenho-me de qualquer comunicação com o mundo durante a semana. No fim de semana tento recuperar o prejuízo e levar a criança pro parque, o marido pra passear e até fazer uma faxina. Logo, os posts escassos. O mundo que me perdoe, espero que tudo logo passe, como já diria o sábio ditado, na vida tudo é passageiro e aqui nem cobrador os ônibus têm.
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Em parcelas

Aos poucos, vamos contando a viagem:
Dia 1
Chegamos em Roma, alugamos um carro e fomos pra Pisa. No caminho, umas cidadezinhas medievais, la no alto das montanhas, a coisa mais linda. 
Paramos aqui e ali pra achar uns cantinhos tirados de livros de contos-de-fada, tudo muito magico e bonitinho...
Eu, como boa co-pilota que sou, dormi em uma parte da viagem (sou incapaz de ficar uma viagem inteira acordada, reclama o marido. Por isso eu queria ir de trem, mas ele insistiu...bom, jah me conhece ha 11 anos, estava bem informado). Em um certo ponto, Princhuco me a
corda angustiado, o GPS ficou doido e ele nao sabe mais como chegar em Pisa, estamos perdidos, declara. Acordo e quando olho pra frente la esta ela: Linda, Loira e Torta:
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Um dentro, outro fora

Coisas de segunda gravidez:

A mãe grávida, que enjoou como ninguém na primeira gravidez e repete a dose na segunda, pára o carro no semáforo, abre a porta e vomita no chão. (Perdoem a riqueza dos detalhes)

No banco de trás, o primogênito, Pedregulhack, o maior amante das pedras, que nunca anda sem uma pedrinha em cada mão e acha pedrinhas por todos os caminhos onde passa:

- Mamãe cupiu? (Mamãe cuspiu?)

Tentando não repetir a cena, a mãe responde sem abrir a boca:

-Hum-hum

- Cupiu no chão? (cuspiu no chão?)

- Hum-hum

- Cupiu na pedinha mamãe? (cuspiu na pedrinha mamãe?) - Porque onde há chão, há de haver pedrinhas, bem se sabe.

- Hum-hum

Pelo retrovisor a mãe encara um menino com uma cara muito indignada que diz:

- Não pode mamãe, cupi na pedinha não!! A pedinha chola! (a pedrinha chora!)

E eu que pensei que ia ganhar algum apoio e solidariedade. Quem ficou com toda a piedade foi a pedrinha, e aposto que ela nunca, nunca vomitou tanto por ele!
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Roda viva

Eu tinha planos, muitos planos. Sério mesmo que passei as férias inteiras só pensando, maquinando na caixola como eu iria descrever aqui tudinho, cada lugar, cada ponto visitado, com dicas, causos, fotos etc e tal. Eu ia também fazer um longo ensaio sobre as primeiras férias sem Abandonack que terminaria apoteóticamente com o grande reencontro (não aquela da Elba, Zé e Alceu, até porque este era só O grande encontro) onde mãe e filho se abraçam em lágrimas e juras de nunca-mais-abandono são feitas e esquecidas na próxima birra.

Ora pois, imaginem, meus planos incluiam a descrição de uma cidade por dia, a partir do dia do meu retorno à Montreal, isto significaria que hoje, eu já teria descrito a viagem inteira, inclusive todas as massas ruins comidas na Itália, as ruínas sem fim e maravilhosas de Éfesos, a arte de tirar o fôlego da Capela Sistina, a falta do mesmo fôlego para escalar o Acrópolis e a minha grande dica de "nunca visitem Creta", a não ser que realmente você já tenha conhecido o mundo inteiro.

Ah....como seria bom ter feito isso, eu tinha até ambição de virar um daqueles blogs de viagem, cujos escritores são pagos pra viajar (fala sério, quer profissão melhor que essa na vida? Viajar e bloguear) e para isso eu já tinha um plano, iria montar alternadamente um roteiro "com" e "sem" filhos. No roteiro "com" estariam todas as atrações divertidas para crianças, eu iria criticar os lugares cujos banheiros não têm trocadores ou aqueles que não são acessíveis com carrinho, iria festejar as atrações que terminam as 20:00 no máximo e prestigiar os hotéis que oferecem caminhas de bebê. Na verdade acho que eu só ia falar sobre a fazenda da minha vovó, e como lá é o lugar mais perfeito no mundo inteiro para se levar crianças, com direito a depoimento de Fazendack no fim, descrevendo alegremente o seu júbilo ímpar ao ter andado de cavalo, contado vacas até 12 umas mil vezes (ele só sabe contar até 12, o pobre), corrido atrás de pintinho, jogado infintas pedras no lago e tomado banho de bica. Assim, além de enriquecer com o blog, eu ia enriquecer também minha vó, já que ela teria que cobrar ingresso para o acesso à Fazenda, ia ser um luxo.

No roteiro "sem", descreveria minuciosamente as alegrias de acordar na hora que quiser, não ter fraldas pra trocar, não se preocupar com a hora do soninho da tarde, poder almoçar sorvete e ficar andando na rua até tarde...E obviamente, todos os lugares onde isso é possivel, desde que se tenha uma avó a disposição e hotéis com wi-fi pra falar todo dia com um certo serzinho do outro lado do mundo todos os dias pelo Skype.

Mas bom, eis que chega a roda viva e carrega o blog pra lá. A vida real é assim: Ninguém me fez nenhuma oferta milionária pra transformar meu blog em " Colocando o sapato na mala", mas também, pudera, eu não consegui, absolutamente não consegui arranjar um tempo pra sentar e escrever uma linha se quer, vocês bem notaram. Aliás, nem baixei as fotos para o computador de casa. Minha vida pós-férias foi tomada por uma incrível sensação de "tá vendo, quem mandou tirar um mês de férias e se divertir tanto? Agora agüenta!". E vamos agüentando. Limpa a casa aqui, trabalha até 22:00 alí, os dias passam e tempo de sobra??? Só pra dormir, ou ficar abraçadinha com maridinho no sofa assistindo as Olimpíadas. Ainda mais que no hospital onde faço minha pesquisa eles não deixam acessar o Blogger, então não dá nem pra ficar matando tempo entre artigos, estatística e recrutamento pra pesquisa, a maior injustiça.

As razões de tanta canseira e tão pouca inspiração? Vou abrir um fórum para vocês decidirem:

a) Quem na vida tem inspiração depois de trabalhar o dia inteiro, limpar uma geladeira que estragou no meio da viagem e assim ficou por semanas?
b) Quem na vida tem inspiração depois de trbalhar, limpar geladeira, lavar 5 máquinas de roupa, limpar banheiro e fazer janta?
c) Quem na vida tem inspiração depois de limpar geladeira, lavar 5 máquinas de roupa, limpar banheiro, fazer janta, brincar e botar menino pra dormir, isso entre enjôos, vômitos e uma indisposição generalizada causada por um certo elemento interno adquirido durante as férias?

As votações estão abertas. Dê sua opinião, participe!

PS - Ah sim, se você prestou atenção e bem notou, a verdade é esta, fomos 2 e voltamos 3. Gente maluca (e que que casa com marido que quer 5 filhos) é assim, sai de casa no roteiro "sem" filhos e volta "com". Maluca sim, e muito feliz, obrigada.
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Voltamos!

Olá crianças!

Estamos de volta ao mundo real onde decidir qual será o próximo destino e o que vamos fazer amanhã não é uma opção...onde para consertar a geladeira quebrada não basta ligar para a recepção e para ter um computador que funciona não basta só fazer o log off em um e sentar em frente do outro, onde o quarto e a casa não estão perfeitamente em ordem e arrumados quando você volta...ai, ai...

Por estas e outras, aguardem notícias fresquinhas, da vida divertida como deveria ser sempre logo, logo, assim que eu conseguir andar pela minha própria casa sem tropeçar em roupa suja.