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Desabafos de uma mãe doutoranda

Esta semana eu dormi no total, 9 horas, desde sábado. Não é exagero, acabei de contar. Hoje é quinta.

Acho que cheguei no ponto em que posso dizer seguramente que nunca estive tão cansada, tão estressada, tão sem paciência e com tanto sono na minha vida.

Nesta semana: esqueci de abastecer o carro e fiquei sem combustível no meio da ponte, tive que ser guinchada até o posto e contar com a imprescindível ajuda dos amigos queridos (valeu mesmo Márcia e Silvio) para ir buscar os filhos nas respectivas escolas. Esqueci a chapinha ligada um dia inteiro e quando eu voltei a pia estava fervendo (e não, eu não passei a chapinha no cabelo de manhã, porque eu basicamente achei legal ligar a chapinha e ir embora), saí de casa sem casaco (num frio de -9 graus) e só percebi quando cheguei no trabalho (tá bom, foi semana passada, mas ainda entra na conta do descerebelamento), Atrasack chegou na escola atrasado dois dias, perdeu aula de violino e natação.

Só pra se ter uma ideia, cheguei no ponto de passar no drive-thru do McDonald's, comprar o lanche e deixar as crianças comerem assistindo televisão enquanto eu solenemente escrevo este post, pela pura e simples falta de força física para fazer janta ou subir a escada e botá-los pra dormir. Tamanha é a gravidade da situação.

Em compensação, eu analisei 500 páginas de estatística (não é exagero, eu abri uma resma de papel sulfite e gastei-a inteirinha - aliás, faltaram ainda algumas páginas), enviei dois artigos para publicação e submeti 2 resumos para conferências e uma "aplicação"de pós doutorado de 123 páginas (também não é exagero), além de avaliar 3 novos pacientes para minha pesquisa.

Sílvio: - Você quer trocar esta vida acadêmica maluca e este título de PhD inútil por uma noite inteirinha de sono e uma praia com água de côco e tempo para brincar com seus filhos?
Keiko: - Siiiiiiiiiiiiiim!

PS - Maridex está no Brasil esta semana, e é quando eu tiro o chapéu para qualquer mãe solteira. Eu não dou conta.

PS 2 - Você, mãe dedicada e companheira de guerra que estiver sentindo-se a pior mãe por ter ignorado seu filho por 5 minutos por qualquer razão bem justa, não se acanhe, lembre-se que em algum lugar do mundo sempre tem uma mãe pior que você.




8 comentários:

Palmitos e Cogumelos disse...

Keikolina,
Tenho certeza absoluta de que vc é uma ótima mãe! E um dia eu te conto as minhas aventuras de mãe a TO pesquisadora(fiz a minha família se mudar pro Rio de Janeiro!!!)
Saudades (me lembrei de vc porque a Mariana me perguntou se adventista é batista...)
Carol

Lúcia Soares disse...

Keiko, tudo são escolhas na vida.
Se escolheu assim, tá certo.
E mãe nenhuma nesse mundo se sente totalmente sem culpa.
Você dá conta, sim, de olhar seus filhos. Do seu jeito. E eles devem adorar sair da rotina. Particularmente essa marca de sanduiches eu horrorizo, mas outra poooode! rsrs
Beijo e troca meu link aí:
www.luciahsoares.com

Dani Rabelo disse...

Keiko, não se sinta assim... acho que a sua vida deve ser mto mais difícil do que a de muitas mães por aqui, inclusive a minha. E eu, que considero complicado trabalhar e cuidar da filha, da casa, do marido... imagina um doutorado, uma tese, estudo.... morando fora, frio horroroso, sem dormir...
100000 pontos pra vc, não se preocupe. essa fase passará.

beijo!

Jakie Hein disse...

Mãe é mesmo um saco cheio de culpas, achei que no segundo bb isso melhorasse...Mas fica tranquila que eles devem estar achando tudo muito divertido, e vão morrer de orgulho quando estiverem na faculdade contando pros coleguinhas o quanto a mãe deles é uma profissional de ponta.
BJUS FELIZ SÀBADO!!

Anônimo disse...

Eu comecei a fazer mestrado, que não tem nem metade da chateação pela qual vc passa. Desisti. Chato demais, discussão demais que não leva a lugar nenhum (sou da área de humanas), trabalhos pentelhos que não me levavam a nada. Tudo para ganhar um diploma que não sei nem ao certo o que faria com ele depois. Hoje estudo para concursos públicos e sou mais feliz assim. Vida acadêmica simplesmente não é para mim.

Mas, se você gosta e contribui para o avanço da ciência, gosta de ler e escrever muito, suporta prazos malucos, só lhe resta desejar forças para que você acabe logo com o doutorado e pós-doutorado para desfrutar da família.

Kell disse...

Keiko... fiquei com tanta dó de vc! Dá vontade de ir aí te ajudar!
A semana passada foi tão trash tbm que dormi da tarde de sábado até domingo cedinho quase que initerrupetamente, com 2pausas pra banho (calor horroroso!). E nunca que eu sobreviveria a 9horas de sono em 5 dias.
Minha heroína!
Vai passar...

Beijos e boa sorte aí!

BLOG DA BIA disse...

Eu tenho uma lembrança muito gostosa de infância que era quando ficava em frente à TV comendo bolacha (sentada no chão, com o pote de porcelana entre as pernas.)
Imagine! Isso só era possível quando minha mãe levava minha irmã mais velha na escola sem mim, em caso de muita chuva ou coisa parecida. Era raridade.
Mas eu me lembro. E adorava!
Quando li seu post, "vi" seus filhos fazendo o mesmo, e quem sabe não terão a mesma recordação? :-)
Detalhe: minha mãe "não sabia"... (ah, tá!)
Às vezes eu estava tão distraída no desenho que ela abria a porta e me pegava em flagrante! Kkkk

Camila disse...

Ô, Keikucha...

Só tô vendo sua postagem agora. Me deu um apertinho no coração... Queria te dar um abraço bem demorado e colocar você pra dormir :,o)

As escolhas da gente vão sempre privilegiar X em detrimento de Y. NÃO TENHO A MENOR DÚVIDA de que Zack e Nina são a sua prioridade (e de que eles sabem disso), mas há mesmo FASES (veja bem, fases) em que a gente precisa ser "menos mãe" e mais outra coisa.

Não se sinta assim por causa de uma semana. Você é uma mãe incrível: atenciosa, amorosa, divertida e alguém de quem seus dois lindos vão se orgulhar imensamente.

Um beijo carinhoso da sua amiga fajuta e, por favor, quando Johnny chegar, DURMA. Mas durma mesmo.