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Adeus Ano Velho

Para a multidão de 5 ou 6 leitores assíduos deste humilde blog, que por alguma desventura do acaso encontram tempo em meio as alegres festividades de fim de ano pra vir aqui conferir alguma novidade, venho dizer que o tempo é curto, os parentes são muitos e sinceramente, com uma praia cheia de coqueiros logo à frente do Ciber Café, não sobra muito vontade, embora sobre inspiração, pra atualizar este bloguinho.

Então só uma passada, direatamente da terra de Jorge Amado, onde o souvenir clássico chama-se "Pau do Nacib", e é de chocolate (imaginem do que se trata, se é que isso deixa algum espaço pra imaginação - esses baianos são mesmo divertidos)... pra desejar um Ano novo cheio de risadas de nenê (se não tiver um por perto, peça emprestado, alugue, mas garanta a sua), de rascunhos que virem textos (no papel ou na vida), de bilhetes premiados (de rifa de cesta de chocolates ou de pequenas grandes surpresas que presenteiam nosso cotidiano e as vezes passam batido) e muitas bençãos do Papai do Céu, porque estas sempre estão por aí.

Adeus ano velho,
Feliz Ano novo!

de Mamãe Teto, Princhuquinho e Cia.
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Do lado de baixo e meio ano depois

2 dias e 13 horas depois... cá estamos nós, onde já se sabe...não existe pecado, nem tão pouco ar condicionado... e se era pra fugir do frio, a missão está mais que bem sucedida, estamos em bicas.

A viagem foi um sucesso, salvo pequenos detalhes. Nunca se viu um avião com tantos bebezinhos dentro. Esperteiko aqui até achou que chegando bem cedo para o chek in teria uma chance de pegar um lugarzinho na primeira fila, de repente até um bercinho...doce ilusão. Bercinho não tinha nem pra remédio, já que nada mais nada menos que outros 6 bebês, disputavam o único bercinho disponível, que é claro, ficou pra mamães mais espertinhas que consideram antecedência 2 meses, e não 2 horas antes. Mamãe, vovó e Princhuquinho se contentaram com a última fila do avião só pra eles (injusto falar eles sendo que o único "ele" tem só 6 meses???) , com um banco só pra Sorrisack, que conquistou todos: a moça do check in, que acabou não cobrando a passagem dele, a mocinha da polícia federal em Montréal, que deixou a mamãe entrar com uma garrafa de água para a sede sem fim durante as mamadas, até a aeromoça no avião, que decidiu que ia ficar com ele. Houve luta, mas sem sangue, a mamãe convenceu-a que não ia dar certo.

A viagem foi tranquila, na medida que é possível não estar esgotada estando por 12 horas em uma poltrona que não reclina, com um nenê dormindo em cima, ao lado do banheiro...chegamos inteiros, e já fomos pra gandaia, antes de chegar em casa já tínhamos uns 5 compromissos marcados pro dia. Muitos "ai que coisa mais gostosa desse mundo, dá ele pra mim" depois, uma única e primeira crise de choro pra descarregar o estresse todo, dormimos em paz em um bercinho emprestado pelo simpático amigo Duduzinho, o menino-que-não-é-meu-mais gostoso-e-articulado-do-mundo, acolhidos pelos amigos com uma estrutura "baby friendly" da qual tanto precisávamos naquele momento (porque mesmo com toda a bagagem absurda, não sobrou espaço pra banheira, berço...essas amenidades)

Chegando na terra natal, muitas realizações resumidas: já experimentamos açaí (não aprovado) suco de cupuaçú (aprovadissimo), de laranja (indefinido), manga (paixão total), passeamos pela Av. Paulista (de carro, porque somos paulistanos, não loucos), conhecemos muitas caras novas, mas a preferida foi de longe a Canela, cachorrinha da melhor amiga, isso até ela latir, demorou um pouco pra sintonizar as ondas de comunicações caninas, isso ajustado, a relação fluiu como nunca, com direito a risadinhas, gritinhos, tudo devidamente registrado pela Camera-mom. Ah sim, e um clássico, tiramos foto com papai-noel no Shopping (esse programa de verão paulistano - tudo por um local com ar condicionado). Adaptack, ao contrário da mamãe quando pequena, não temeu o bom velhinho, encarou o barbudo e até outros passantes tiraram fotos do nenezinho de fralda (quem precisa da mala de roupas gigantes que a mamãe trouxe com um calor de 32 graus?), ele só ficou um pouco decepcionado porque não ganhou balinha...moço injusto esse tal de Noel...

E não pode ficar sem menção, meio ano de vida pra Velhack. Isso é o que eu chamo de um aniversário quente e cosmopolita... 6 meses de gala, comemorados no ardor do maravilhoso trânsito de São Paulo. Princhuquinho, canadense como ele só, está mesmo deslumbrado com tanto calor e tantas informações novas pra processar na sua caixola. A celebração foi com a família japonesa (que tem seu primeiro membro "aloirado", para surpresa geral) e bolo do Amor aos Pedaços (claro, quem desfrutou foi Mamãe Bolinha, que semana que vem vai rolar na praia)

E a pergunta do mês é: Como é possível um ser em 6 meses ocupar um espaço tão central na sua vida?
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Resistência

A questão é:
Ou eu adquiri poderes mágicos de resitência ao frio ou deveria mesmo começar a me preocupar com o aquecimento global...
O pobre do irmão mais novo fez toda uma peregrinação pelo caminho de Santa Claus de Montreal em busca de uma trilha sonora natalina com neve caindo ao fundo, mas aparentemente, o calor também quis cumprir suas penitências e veio logo atrás...
Os termômetros registram estranhos 2 graus positivos e dizem que vai subir (beija, beija, tá calor, tá calor!) a neve já foi embora, o coitadinho (do irmão) se consola fazendo raspadinha com gelo do freezer.

Hoje foi o almoço de natal do meu laboratório de pesquisa. Minha amiga, orgulhosa, me lembrava que nesta época, no ano passado, eu estava praticamente histérica atrás de um casaco de frio ultra potente, impermeável, capaz de fazer qualquer mamute da era glacial parecer pelado. Este ano, compareci ao mesmo almoço com um "casaquinho" de lã. Não fosse meu claro fenótipo cambojano (sim, esta foi a última nacionalidade que me foi atribuída) eu passaria fácil por uma nativa.

Agora, os nativos de verdade estão preocupadíssimos mesmo é com a perspectiva de um Natal "não branco", o que não parece viável. Outro dia passei por um interrogatório sobre como pode ser um Natal sem neve e ainda com calor. Me pediram fotos...acho que vou ter que tirar com um jornal do dia 25, provando que é verdade. Como de nativos já me bastam o marido e o filho, ficarei contentíssima com um Natal bem verde e quente, já que quando eu voltar em Janeiro não vai haver resistência capaz de resistir ao longo e tenebroso inverno. Pensando bem...acho que não vou mandar consertar o motor do carro não... e viva o efeito estufa, os pinguins já passaram por tudo aquilo no filme ( A Marcha dos Piguins, quem já viu nunca vai querer ser um pinguin - ah sim, porque quem nunca viu, vive querendo, certeza), eles vão saber se virar...

( E antes que este blog seja vetado não só pelo Comitê de Defesa da Língua Portuguesa, mas também pelo Green Peace...isso é só brincadeirinha)
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Errata

Sobre o post "Fazem 5 meses..." de 19/11/2006

Caros leitores,

Venho por meio desta corrigir um erro fatídico no "post" supra mencionado.

Confesso que quando estava escrevendo o dito cujo a dúvida foi grande entre "Fazem 5 meses" e "Faz 5 meses". Por precaução, pensei em colocar "Há 5 meses..." no lugar, mas como o verbo haver neste caso parecia transmitir uma idéia de algo pontual como em: "há 10 anos eu cabulei a aula de gramática que ensinava essa regra", e não eventos ocupando um espaço contínuo no tempo transcorrido como em: "Faz 15 minutos que eu estou morrendo de ódio por ter cometido tal erro", acabei optando pelo "Fazem". Lembro-me até que no dia, consultando o "Pai dos pobres e desvalidos de Gramática", o Google, haviam exemplos de ambos...então acabei optando pelo acordo de número, ledo engano.

Me vem hoje o irmão que, colocando a leitura em dia, detectou o erro e veio implacável "tirar uma da minha cara", bem quando eu estava cantando os louros da minha qualificação do mestrado, e do convite feito pelo comitê de graduação para "pular" para o doutorado...pobre menina rica...se achando tão inteligente! Ao que tudo indica, quando falando de tempo, não se faz o acordo.

Bom, como eu não quero Camões se revirando na tumba, nem tão pouco as linhas deste pobre blog publicadas em algum livro de Gramática sob o título: "Nunca faça isso" , o post já está editado e fica aqui a errata, acompanhada de um conselho:
Não confie no Google, tenha sempre uma Gramática em mãos.
E também um pedido aos caros leitores:
Quando virem algo assim, não "vos avexeis", corrijam-me! Afinal de contas, já diria (se soubesse falar) Tentativack ao tentar rolar sem sucesso (em tempos remotos): "É errando que se aprende", ou "Só não erra aquele que não tenta" e todas estas frases feitas para aqueles que
sentindo-se um lixo após um erro, não se joguem da ponte...ainda existe esperança! (Dramática a menina...)

E falando em jogar-se da ponte, eu ia até escrever um post de verdade, mas como auto-flagelo, vou dormir!
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Olhos de Primeira Vez

Eu sempre gostei de estudar. Era do tipo CDF mesmo, rata de biblioteca (estava sempre na sala da coordenadora atrás das últimas aquisições) e ainda adorava os professores, com direito a cartinhas, poesias e recadinhos no final da redação, ideais e propostas pedagógicas me inspiravam. Aquele tipinho que irrita um ou outro aluno menos apaixonado, mas que motiva o professor a continuar trabalhando, mesmo quando o salário ó... , tenho até testemunhas desta época remota. Isso durou mais ou menos até o fim do ginásio, não que eu não mantivesse o sentimento escondido depois, mas no segundo grau já era mico demais...a sobrevivência social na adolescência demanda outras qualidade (falar mal dos professores é uma delas e você pode ser CDF, desde que passe "cola" para os amigos, fazer o que...).

Eu estudava em uma escola tida como "Escola Modelo" e parte do projeto pedagógico de cada série era ter um "lema do ano". Como apesar de todo o meu amor pelos estudos, minha memória não foi uma faculdade exatamente bem desenvolvida, o único dos tais lemas do qual eu ainda me lembro foi o da 4a série, sinal de que esse foi de fato marcante (minha memória é muito seletiva, a pobrezinha, sou do tipo que vai até a geladeira para pegar alguma coisa e ao abrí-la não tem mais a menor idéia do que foi fazer lá, me dei conta hoje de que fazem 4 dias que eu não tomo minha pílula...só lembrei porque o caixinha estava em cima de algo que eu ia pegar - se Princhuquinho tiver um irmão daqui uns 9 meses já se sabe o porquê - , e se não fosse uma amiga minha, minha infância se contaria em um parágrafo) - um parênteses meio exagerado este. Mas bem....do que eu estava falando mesmo? A sim, o lema era assim: "bom ou ruim esse ano pode ser, depende do jeito que a gente vê". Durante o ano inteiro falamos sobre como as coisas podem ser diferentes quando olhamos "com olhos de primeira vez", aquele ponto de vista do novo, da descoberta, que é capaz de transformar um rabisco em arte, uma garrafa em brinquedo, um floco de neve em razão pra ficar muito, muito feliz - explico...
Ano passado foi meu primeiro inverno "branco" (em São Paulo eles são bem mais cinzas). Lembro direitinho a primeira neve (do inverno e da minha vida) - estava eu saindo de uma aula (não lembro de que) aqui do mestrado, cercada de colegas (todas nativas canadenses) e começa a nevar...Me senti uma mineira - que nasceu em Minas Gerais, não que trabalha em uma mina - vendo o mar pela primeira vez aos 24 anos... fiquei maravilhada, abestalhada, contentíssima - e sozinha. Não me conformava com a indiferença de todos que, "nascidos e crescidos" com neve no inverno, perderam a capacidade de admirá-la. É compreenssível, já que depois de 4 meses de neve todo dia, você quer mesmo morrer um pouco, especialmente quando a neve branquinha vira lama marronzinha e nojenta e você cai, congela esperando um ônibus, entre outras cenas invernais. Mesmo assim, poucas coisas são tão bonitas quanto galhos congelados, parques branquinhos a perder de vista e pinheiros cobertos de neve de verdade! (E não aquela que a gente compra de pacote na 25 de Março). É como estar dentro de um filme de Natal (daqueles de sessão da tarde especial de Natal), a trilha sonora natalina (White Christmas, pra começar) fica tocando dentro da cabeça constantemente e você começa a achar que o Papai Noel, com aquela roupa toda, finalmente se deu bem (o bom velhinho, e todos os seus ajudantes que trabalham nos shoppings, deviam adotar um outro visual pro nosso Natal tropical, vamos combinar...).

Sexta-feira passada foi a primeira neve do Princhuquinho. Ele acordou todo feliz as 9h da manhã (esse horário por aqui é madrugada...) só pra ver os primeiros floquinhos caindo, e pegar um na mão, pra colocar na boca, é claro. Mais lindo do que o floquinho de neve (que aliás, tem forma de floco de neve mesmo, aquele que vem desenhado no ar condicionado - só pra compartilhar minha descoberta) só mesmo o olhar de primeira vez de um bebezinho. Não só para a neve, mas para tudo no mundo, cada olhar, é o primeiro. Parece óbvio, mas é realmente uma coisa única acompanhar cada descoberta do seu próprio filhote, e de quebra, redescobrir o mundo também. No começo era a fascinação com qualquer fonte luminosa, depois a primeira palhaçada que o fez sorrir, o primeiro encontro com um cachorro de verdade, a primeira chuva, a primeira folha de árvore na mão, o primeiro caldinho de uva (se bem que isso é paladar, não olhar, mas eu lembrei porque foi hoje, ele adorou...fica o registro) - Clichê como possa ser, cada "primeiro"dele me faz dar mais valor às pequenas coisas da vida (tendo 1,51m. de altura é até uma questão de auto- estima), e me remete ao lema de muitos anos atrás, parafraseado: "boa ou ruim essa vida pode ser, depende do jeito que a gente vê".