Existem coisas inevitáveis que acontecem no curso dessa nossa vida e que quando você vê você constata tristemente...caramba! E não é que aconteceu?
Coisa 1 -
Neste sábado fomos convidados para a festa de aniversário da filha de uma amiga. Tudo bem se não fosse o fato de que a filha estava fazendo não 5, mas 18 anos. Consegui deixar todo mundo triste quando em meio a gracinhas de Princhucão (o pai mesmo) percebi os olhares complacentes da turminha "dos jovens", pensando certamente "poxa, esse tiozinho aí até que é engraçado" ou o pior "pô, olha o tiozinho coitado, mó mané" (no carioqûes da amiga carioca). Sim, éramos os tiozinhos, os amigos dos pais, convidados só pra trazer presente e não deixar os próprios pais deslocados na festa da filha.
A aniversariante esperta, aproveitou nossa presença pra despistar os pais, entretidos conosco, e sair com os amigos pra fazer a verdadeira festa, longe da velha guarda. Fomos os últimos a ir embora, quase ajudamos na faxina...ô tristeza, e pensar que um dia desses eram os meus próprios amigos que faziam 18 anos...
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Coisa 2-
Desde pequena eu sempre praguejei em alto e bom som para minha mãe (que era professora) que podia ser tudo na vida, menos professora. Porque embora eu achasse o máximo escrever no quadro-negro (no tempo que isso existia), eu achava insuportável ver as pilhas de provas que ela trazia pra corrigir em casa, muitas vezes à custa do nosso tempo de brincar juntas ou quando mais crescidinhos, entrávamos na dança corrigindo provas em troca de chocolate (essa moeda sempre foi forte lá em casa) ou não cumprimento de tarefas domésticas. Minha mãe ria e praguejava de volta: "quero só ver".
Sei que sendo membro da categoria (mãe) não deveria falar mal da mesma, mas praga de mãe é mesmo uma praga. Tanto foi que hoje, não sou professora, mas sou assistente aqui na faculdade. Isso quer dizer que eu não escrevo na lousa, não ganho maçã e nem me regozijo na honrada missão de educar cidadãos para a vida. Tudo que eu faço é corrigir provas. Ah sim, também tiro dúvidas por email e escuto reclamações, sempre que os alunos não tem coragem de se dirigir à professora "de verdade", quanto glamour!
Por conta disso hoje, as 6h17 da manhã eu não estou acordando, mas indo dormir, após uma noite de correções precedida de muitos dias enquanto uma pilha de 101 provas figurava em cima da mesa e minha vida consistiu de uma rotina divertidíssima de "auto reforço positivo" de várias categorias: se eu corrigir 5 provas posso beber água, mais 5 posso ir ao banheiro (assim, apelando pras necessidades básicas mesmo), mais 5 eu leio uma história pra Princhuquinho (para compensar a culpa de fingir que ele não estava lá mordendo meu pé e chamando "mamamama"enquanto eu corrigia), mais 10 como uma colher de Nutella (pra repor a energia gasta). Chegando a data de entrega das médias (hoje) o desespero foi tomando conta e até amigas desavisadas que ofereceram ajuda só pra serem bacanas se deram mal e passaram o domingo fornecendo mão de obra escrava - assitentes da assitente - cargo ocupado também por Princhucão que faz as planilhas, soma, confere, organiza, uma verdadeira linha de produção.
A recompensa final, o capricho que me ofereço após a semana de trabalho intenso: "quando eu acabar tudo (e só quando eu acabar tudo) eu escrevo um post sobre o assunto". Voi-là, agora posso dormir em paz. Só não posso contar nada disso pra minha mãe, pra me poupar do clássico: "mas eu te disse!".
C'est la vie...
2024 Stocking Stuffer Guide for Kids, Tweens & Teens
Há uma semana
6 comentários:
Minha mãe tb é professora. E sempre disse q não quero ser. Mas já fui por um semestre e agora quero ingressar num mestrado...rsrs
A diferença é q ela sempre dizia: "não seja mesmo, minha filha. professor, aqui não é valorizado." Mas foi com o salário dela e sua dedicação que hj eu e minhas 2 irmãs nos formamos e somos profissionais dedicadas...(ui!!!)...rsrs
è uma profissão linda e admirável.
Ah! vi vc e o Zack (infelizmente não foi pessoalmente).
Foi num blog amigo aqui na blogosfera. Não vou dizer aqui onde foi p/ manter sua privacidade (rsrs), mas só p/ dar uma pista... vc tava sentada ou deitada, sei lá, falando e gesticulando muitoooo. Fiquei emocionanda qdo vi seu rosto depois de tantas palavras lidas.
o Zack é mais lindo do q eu pensava.
um grande bjo p/ vcs e que Deus os abençoe
Keiko,
Mais uma voluntária aqui!
Engraçado. Como eu nunca tive uma professora por perto, achei que esse lance de corrigir provas fosse legal. kkkkkkkkkkkk
Talvez de matemática que é certo ou errado (quase sempre).
Bem de qq forma, estou disposta a te ajudar assim que entrar na rotina aí.
Valeu a dica do site. Vamos bater muita perna com as crianças.
;-)
Sandra, eu dou o maior apoio para voce entrar para o circulo da mao de obra quase escrava (ja que a Bianca e eu vamos filar hoje um jantar patrocinado pela Keiko). Quanto mais gente corrigindo melhor. De repente voce ateh entra para a turma da faxina (mas isso eh outra estoria:)
Keiko - quanto a se sentir coroa na festa de adolescente posso te garantir que mesmo eu ficando bolada, me diverti bastante :)
Poxa, eu ADORO corrigir provas ! Tinha um ex-namorado gringo professor de matemática e eu corrigia as provas muuuuito mais rápido que ele. Aliás, ele ficava P. da vida com isso !
Eu até dispenso o chocolate e a Nutella como pagamento, só precisaria mesmo é do calor de primavera como recompensa.
Beijinho,
Flávia.
Ai Keiko, essas são boas, as duas...
Quanto ao primeiro, não senti isso muito pois só tive o primeiro filhote com 30 anos, meio véinha mesmo, antes disso ainda me sentia "jovem" :)
Agora o segundo -- dito e feito, a MESMA coisa. Mas a minha mãe foi bem mais boazinha -- ela inclusive quase me fez prometer que não ia ser professora, e veja só no que deu... já fui professora muitos anos, uns 4 no Brasil e 6 aqui. Agora estou parada, e não sei se quero voltar a essa vida triste. Na verdade não quero não, mas que uso darei pro meu Ph.D.? PhD só serve pra ser acadêmico, que infelizmente não é só pesquisa, mas também lecionar :( buáaaa....
Oi Keiko! Cheguei aqui por intermédio do "Iglu" e adorei seu blog! Uma delícia! Parabéns!
Quanto às coisas da vida, da segunda não posso falar muito, pois não tive experiência de professor na família. Ao contrário, sempre sonhei em ser professora. Hoje faço isso, mas em ambiente corporativo, em que raras são as ocasiões de provas. Uma pena, pois à semelhança da Flávia, adoro corrigi-las!
Quanto à primeira, sei exatamente como se sentiu e me solidarizo completamente. Esses dias saímos para jantar com uma prima do meu marido, que acabara de chegar de longe acompanhada de seus 3 filhos. A mais velha, adolescente, uma menina muito bonita e simpática, ao final, muito educadamente, se despede: "Tchau, tia!! Prazer em encontrá-la!" Em choque, apenas penso "Tiiiaaa?? Por favor, eu tinha sua idade há apenas alguns dias??!!!"
Um grande abraço, para você e seu lindo bebê. Juliana.
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