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Centenário da Imigração Japonesa no Brasil


Eu deveria estar mais atualizada sobre esta parte da história que faz parte da minha própria. Mas no momento só estou tendo tempo pra me ligar em preparativos para outras festas (a de 2 anos do Velhack e a festa das nossas férias, a partir da semana que vem).Mas achei este desenho do Maurício de Souza muito fofo pra não ser postado. Fofo também deve ter sido o "encontro histórico" da Hello Kit com a Mônica, que andou rolando por aí.
Minha avó chegou ao Brasil no terceiro navio de imigrantes, em 1914, se eu não me engano. Pequena, veio de casamento arranjado e já chegou trabalhando nas lavouras de café no interior paulistano. Na casa dela, onde passávamos sempre o ano novo, sempre assistíamos fita de karaokê, comíamos sushi e inari (aquele que ao invés de alga tem uma paradinha de tofu em volta - em termos bem técnicos), muito tofu com shoyo e peixe com olho, do qual eu, mesmo quando comia carne, morria de nojo (argh! Aquele baita peixe com aquele olho de peixe olhando pra você na mesa, eu, hein!) e bebíamos coca-cola de garrafa, que eu e meu irmão éramos responsáveis de trocar no armazém. Também tinha um ursinho panda de pelúcia que eu adorava, calendários com mulheres japonesas mandados do Japão pela tia que morava no Japão (não! Era mandado do Japão pela tia que morava na Indonésia, daar).
Minha tia, muito solteira e que morou com minha avó até o fim, era muito católica, e muito amiga de um padre. Tinha sempre dois cachorros Collie, lindos e bem cuidados e todos os livros do Sydney Sheldom, que eu e meu irmão líamos vorazmente nos anos adolescentes, pra matar o tédio durante os 3 ou 4 dias que passávamos lá a cada ano. Minha avó era Seicho-no-ie e tudo que eu sei sobre isso é que no velório dela tinha umas outras velhinhas japinhas rezando em japonês, eu suponho (se fosse russo seria estranho...) e muitas outras colocando envelopes (com dinheiro, me contaram) em uma caixinha com incenso e um negocinho escrito algo em japonês também.
Apesar do nome muito japonês, da cara meio japonesa (no Brasil, porque aqui todo mundo acha que eu sou filipina ou vietnamita ou qualquer outra coisa) e de ter sempre feito o papel de japonesa nas pecinhas da escola, meu contato com a cultura japonesa se restringia as idas na casa da minha "obatchan", era um mundo paralelo. A culpa deve ter sido da minha mãe, aquela brasileira (que diga-se de passagem, minha vó não gostava, por não ser japonesa, obviamente) que sendo a única 100% brasileira na família, era a que mais zelava pela nossa "japonesidade" já que meu pai era meio anti-japonesismos. Minha tia que morava no Japão até tentava me catequisar, sem muito sucesso. Sempre me mandava um Kimono original e cheio de apetrechos (que eu usava nas peças da escola, e mais tarde nas festas a fantasia) e a única Barbie que eu tive por muito tempo era uma versão Suzi de Mangá, de Kimono, chinelinho e meinha (isso deve ter outro nome), florzinha no cabelo (que era loiro, diga-se de pasagem).
Outro dia fizeram um super encontro da nossa família, com direito a montagem de árvore genealógica e tudo. Eu adoro árvore genealógica, elas contam tantas histórias que fazem parte da História, mas não deu pra ir. Me mandaram as fotos, um monte de japonesinhos, tudo igualzinho mesmo, com leves variações abrasileiradas (eram meus irmãos).
Hoje em dia como Sushi só se não tiver outra opção, odeio peixe cru, prefiro garfo à hashi, não falo mais que "Arigatô" e de origami só sei fazer barquinho de papel (que nem origami é), uma pena, eu bem gostaria de ser mais japonesa, e menos "japonesa do Paraguai", como vários já me intitularam.
Mesmo assim, fico feliz de ser essa mistura que mesmo não sendo, é parte de mim, de quem sou e até de quem Japonesack, apesar dos cabelos muito claros, é. Meu irmão, que sabe fazer conta, diz que somos 12, 25% japoneses. Espero que isso me dê o direito de celebrar esse centenário e dizer que eu também sou parte dessa história, que é uma parte tão interessante da História do Brasil. Uoba!
Feliz Centenário (e isso é coisa que se diga???) para os mais japoneses do que eu, e Arigatô, Sayonará, Kimono, Karaokê, Mangá para todos os outros...

5 comentários:

Deby disse...

Japonesa de araque....hehehe
tb não só muito fã de peixe cru, mas admiro muito a cultura joponesa.
bjinhos e parabéns!!

Lilian disse...

Peraí, vc, genéticamente não seria 50% japonesa? (ou o seu avô paterno era misturado também?) Claro q culturalmente, os 12,25% são acurados :-)

***TATTY* disse...

Que maldade...se vc é 12% acho que pro Zack sobra quase nada...kkk
Parabéns pra criança....mas, mata aí a curiosidade decidiu fazer o que no niver? Aproveita pra passar lá no blog....Foi atualizado!!! ALELUIA.....ALELUIA....sei, sei....BJUS

***TATTY* disse...

Menina....não anuncia o negócio do testamento não...ai senhor a Marta (vc deve conhecer) já comentou embaixo dizendo que quer entrar no rolo também...ai senhor...
Pois é né? Tem que te amarrar numa cadeira e te obrigar a fazer scrap! Só assim sai...Enquanto isso as páginas do Zack estão aqui guardadinhas...como vc nunca mais mandou foto.......snifff....humpf! Nada de páginas novas...kkk
Mas se quiser é só mandar as fotos...pq vc sabe que o Zack é a minha única oportunidade de fazer páginas sem cor de rosa e com cara de menino mesmo! Afff...é bom treinar né?
Coragem menina! kkkk
Ah que menino não gosta de bola? Até a Sophia adora...fica me atormentando com um tal de boribó pra lá e boribó pra cá...Super tradução: boribó é futebol (sim, culpe os backyardigans) tudo quanto é bola é boribó...E ela ganhou uma toca que é uma piscina de bolinhas de presente de aniversário, mas como aqui tá frio as bolinhas ficam parecendo cubinhos de gelo, então ela ficou bem brava e toda hora que vê a toca fica atrás de mim: Boribó? Boribó? Tipo perguntando onde estão as bolinhas....Solução? Dobrei a toca e guardei dentro do guarda-roupa.......pelo menos assim ela parou de perguntar....Boribó agora só no verão...kkk
QUERO FOTOS!!!
BjUs

Juliana Werneck disse...

Ah, eu comprei para ler com a minha Filhotinha um exemplar especial da Turma da Mônica que trata dos 100 anos da Imigração Japonesa. A coisa mais linda!! Quase chorei, porque a coisa não foi fácil não!! Seus ascendentes ralaram muito e devem ter sofrido muito para adaptar-se numa cultura tão diferente. O primeiro navio chegou após uma viagem de dois meses!! Imagina as condições!! Depois, encarar hábitos, alimentação, idioma, vestimenta, religião, tudo completamente diferente!!!
Parabéns aos seus 12,25%!! :-D
Beijos grandes, Ju.