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Capítulo 4


Como diria uma amiga: Eu quero fazer um Bonsai de Ninoca! Será que dá?

Minha filhota gostosa

4 anos!!
Todo pai e mãe fala “nossa, passou voando, parece que foi ontem”, e de fato, isso é verdade. Parece que a gente piscou o olho e um bebezinho muito gorducho e muito bochechudo virou essa princesa bailarina que canta, dança e fala O TEMPO TODO. Não é exagero, é o tempo todo, exceto quando a bateria acaba, o que só acontece em situações extremas tipo a nossa última viagem ao Brasil com mais de 20 horas de vôo em 4 escalas das quais todas deram errado de alguma forma. Mas vamos falar sobre isso daqui a pouco.

Por outro lado, neste momento de retrospectiva, eu não consigo entender como tanto tempo cabe em somente 4 anos. E ao bem da verdade, ando fazendo uma força danada pra tentar lembrar como era a vida antes de você… será que tinha uma? Você preencheu cada espaço, cada silêncio, cada momento de um jeito tão arrebatador, tão divertido, tão único que eu sinceramente olho e penso que “parece que foi há 200 anos”, parece que a gente sempre existiu e só existiu juntas. 

O tempo vai passar pra você também, minha coisinha gostosa. Daqui uns anos  você vai descobrir como aniversários não são dias mágicos nos quais, como hoje, você acorda se sentindo grande e forte e “virando 4 anos”, em boa tradução. Nem sempre o mundo inteiro vai mudar num passe de mágica no dia 4 de março, mas você, como eu, vai descobrir que aniversários são sim mágicos, mas de uma mágica deveras diferente. Uma mágica que faz a gente parar e pensar no que passou, no que virá, no que foi bom, no que precisa mudar. Porque aniversários fazem isso com gente que não é tão sábia  quanto você, que consegue ver bem o que está a sua frente, que me respondeu hoje à pergunta:
-       - O que você mais gostou dos seus 4 anos?
-       - De você, mamãezinha linda e quentinha!
Um dia, você também vai olhar pro dia 4 de março chegando no calendário e pensar: mas onde foi parar o tempo? E ao mesmo tempo, que tempo? – Essas reflexões meio que absurdas pra você, são apenas porque o seu aniversário é muito perto do da mamãe, e ela queria estar fazendo 4 também, tão mais divertido que 32!

Mas enfim, voltemos aos 4. Você, que sempre foi do partido das bailarinas, agora se afiliou com carteirinha e ações no sindicato das princesas. Eu posso culpar seu pai, que te deu uma peruca loira e “muito longa” da Rapunzel, junto com o vestido da mesma. Posso culpar sua avó que te deu o vestido da Cinderela, posso culpar o mundo e o capitalismo pela imposição cultural e social das princesas. Mas eu não aguentei quando você, num dia de vento batendo no rosto e seu cabelo mesmo voando lindo pra trás ficou toda séria e começou a cantar: “ Have you ever heard the wolf cry to the blue moon”, e quando eu quis tirar uma foto e falei pra você sorrir, você me falou que não, porque a Pocahontas é séria. Além disso, você não só constatou sozinha que você está mais pra Pocahontas do que pra Cinderela, mas fez uma constação que eu achei interessante, do ponto de vista antropológico, ainda que um pouquinho preocupante, do ponto de vista social , você falou que a Pocahontas e a Jasmin podem ser amigas, porque elas duas são “marrons”. Eu expliquei que não, que todas podem ser amigas, inclusive a Cinderela, coitada, que só tem irmãs más, que ela iria se divertir horrores brincando na floresta com a Pocahontas, ao que você reagiu com a maior cara de “dããr”: “Mamãe, as princesas são adultas, elas não brincam”. Enfim, princesas e suas concepções distorcidas da realidade a parte, a fofura é inevitável. Além do que, você anda se divertindo tanto com a turma da Mônica, com o Patati Patatá, com a Galinha Pintadinha e esses outros capitalistas mais tupiniquins, além dos seus amigos sem marca que são tão preferidos como a sapinha caolha, a tartaruga do projeto Tamar, o porquinho que tem filhotinhos que mamam e o macaquinho pendurado na mamãe, que no fringir dos ovos, eu acho que o negócio é relaxar e deixar você curtir o bom e o ruim. Fiquei tão feliz quando você escolheu sozinha fazer sua festa de 4 anos de “Boneca de neve”, sem nenhuma princesa por perto, que  acho que quando você crescer você vai saber que a roupa da feirinha é tão mais legal do que a da Pakalolo (se bem que você nunca vai saber o que é a Pakalolo), mesmo que só uma vezinha você queira pelo menos um elastiquinho de marca, tudo bem, a gente vai achar um equilíbrio bacana, de comer granola feita em casa mas de vez em quando ir ao McDonald’s.

Do que você é hoje, posso dizer por mim: uma bebezoca gostosa muito, muito engraçada. Você tem personalidade, minha filha, sempre teve! Sabe o que quer e se faz ouvir, característica que eu adoro quase sempre, exceto quando a gente está com muita pressa. Mas eu adoro seu senso de humor, como você não passa batido, e como você sempre tem resposta para tudo, e perguntas para as coisas sem resposta. Coisa de mãe achar que só você é assim. Mas já te digo que só você é assim! J Na escolinha a professora não cansa de me dizer que você vai ser ou artista, pelas suas inúmeras performances, caras e bocas, ou primeira ministra, porque você é uma líder nata. Já vi você liderando todos os seus 18 amiguinhos em um passeio de “ônibus”, onde você organizava quem entrava, quem saía, quem fazia o quê. Já ví você coordenando um piquenique e vejo todos os dias umas 5 ou 6 amiguinhas saindo no tapa, literalmente, pra te abraçar primeiro quando você chega na escolinha. O que eu amo nisso é que a professora vive me contando como você contorna essas disputas “com classe”, ou saindo dela de vez (do tipo, se vocês vão ficar brigando então eu vou brincar com os meninos), ou tentando organizar o coreto. E como você sempre tenta incluir outras crianças “menos populares” (eu jurava que essa de popularidade era mais pra frente...) para quebrar o atrito, e pra deixar todo mundo brincar. Eu amo até o fato de você dizer, sem vergonha nem pudores que você “gosta mais do papai do que da mamãe”, que você prefere piscina à praia, que você só vai usar o casaquinho enquanto eu estiver vendo mas que depois você vai tirar porque você sente calor, e que você era danada, quando riscou a parede de casa, mas que não vai mais ser porque o papai ficou bravo, mas você acha que não tem problema riscar a parede. Autenticidade te resume bem. Eu adoro ter sido a fábrica que produziu esse exemplar único. Sua patente não tem preço!

Das coisas que eu mais amo fazer com você, estão nossos bolos e cupcakes, que você pede pra fazer e eu não aguento, tenho que parar tudo para ver você se orgulhando por já conseguir quebrar os ovos direitinho sem deixar cair casquinha, limpando a mão depois de cada ovo porque não aguenta ficar com a mãe melada, igual eu, medindo a farinha bem certinho, passando o dedo pra ficar retinho e tudo. É delicioso demais ver você se deliciando com seu próprio sucesso. Adoro quando você me chama pra deitar no seu colo quando você está assistindo TV, e eu deito na sua perninha gordinha, e você faz cafuné. Adoro quando você me chama pra inventar brincadeiras onde eu tenho que dizer exatamente o que você tem no seu script mental, sem direito a mudança, e adoro nossas segundas-feiras, quando você fica trabalhando comigo no escritório, na sua mesinha de bricolagens. A outra coisa que me faz feliz a cada manhã, porque faz você feliz também, é arrumar o cabelo. A gente se diverte escolhendo presilhinhas, decidindo se vamos fazer maria-chiquinha, cocotinha, trancinha (uma ou duas, porque o Zack gosta mais de duas), rabinho alto, baixo, de lado...uma infinidade de vaidades que me lembram tanto eu! – E quanto mais eu te vejo, mais eu concordo que uma das coisas mais deliciosas de ser mãe, é a gente ver a vida de novo. E eu que sempre achei que as coisas só eram bem boas quando vistas com olhos de primeira vez, agora consigo ver que há sim uma coisa linda em ver tudo com olhos de “segunda vez”, vale a pena ver de novo e é claro, com a chance de melhorar, de endireitar o que saiu meio torto, enfim, você é uma projeção onde só coisas boas se projetam, como ler um texto pela segunda vez e achar os erros, e descobrir novas belezas, como visitar um lugar amado de novo e achar novos cantinhos, e evitar os restaurantes ruins, e assim, do velho escrever uma história novinha em folha, uma história que vira cada vez mais sua, uma história que eu comecei, mas que aos poucos vou te ensinando a segurar a caneta, escrevemos juntas, até que um dia você vai pegar a caneta de vez, e continuar escrevendo sozinha, e eu vou ler, filhotinha, vou ler e acompanhar cada novo capítulo, mas vai ser impossível não sentir saudade de quando escrevíamos juntas.


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Atualizações

Este negócio de facebook (fala a senhora no fundo da sala, agulha de crochê em mãos, que ainda acha que Facebook é novidade) está acabando com a já pouca frequência de postagens por aqui. As coisas acontecem e o ritmo de lá é tão mais rápido do que o de cá, e não necessita parágrafos introdutórios nem explicações. Joga-se a frase solta e pronto. Tchi-bum (foi a melhor onomatopéia que eu achei pra atualização!Certeza que não faz nenhum sentido), tá lá, todo mundo vê, comenta e curte... será este o triste fim do blog? Espero que não. Porque o objetivo daqui era prover algo da memória que me falta para Ninoca e Zackolino no futuro rirem de sí, e das fofurices, e dos causos da vida de cada dia... e no Facebook, vai que ele some que nem Orkut? Pelo menos no blog eu tenho todos os textos no email! Medo!

Bom... vou colocar umas coisinhas exclusivas aqui que é pro Sr. Blogger não ficar tão chateado, o tema de hoje são "Jogos":

Ninoca e um dos nossos sempre divertidíssimos papos-cabeça na volta da escolinha:
- Olha mamãe, é um jogo...
- Como é, filha?
- Eu falo alguma coisa e você fala: "que gostosa!""

Vejam bem que eu venho jogando isso há tanto tempo que ela achou que era hora de formalizar a situação.

Enquanto isso, no mundo dos que vão à escola "dos grandes"... Competitack veio me informar que para o seu aniversário (de 6 anos, daqui há 5 meses) ele está organizando um campeonato com as meninas... com as meninas ? Sim, me explicou o moço, com as meninas, porque os meninos já estão convidados, mas as meninas...ah, as meninas, vão ter que participar em uma série de jogos (que incluem amarelinha, desenho, partida de BlayBlade e jogos de neve) e só as campeãs serão então convidadas para a festa. O motivo, explica ele para uma mãe horrorizada, é que não dá pra chamar todas as meninas para a festa! Prova disso é que os seus amigos mais próximos só chamaram os meninos, inclusive, a mãe do Albert disse que ele não poderia chamar ninguém da escola para festa de 6 anos, mas só para a de 7. Aparentemente existe uma política de festas no nível escolar que eu ainda não domino. E nessa eu fiquei sem saber se achei um horror o meu filhotinho estar estabelecendo tais regras (e como eu disse pra ele, você deve convidar quem é seu amigo, e amigo não tem que fazer nada pra merecer sua amizade), ou se isso faz parte do processo social. Acho que eu não estou pronta para lidar com este mundo de escola onde a gente tem tão pouco controle da situação. Então eu decidi voltar no tempo uns 3 anos, só para eu me preparar melhor...

Eu acho... só acho que essa coisa de jogo está meio que exagerada aqui em casa... vou ter que revisar as noites de jogos que fazemos com os amigos, e talvez o meu comportamento durante as mesmas. Chegou aquele momento definitivo onde você se depara com o inevitável: seus filhos são você. Medo! O mundo está mudando muito rápido! - Diz a senhora no fundo da sala, agulha de tricô em mãos e uma leve impressão de que nada disso tem volta...




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Conversas de Ninoca

Tagarelina nunca teve problema pra falar.

Desde os 18 meses a bichinha desembestou a não há quem a faça parar de falar, de cantar, de repetir... e mais recentemente, de analisar o mundo e os fatos. Ela acorda falando e passa assim o dia inteiro. Ela senta na mesa do restaurante e com a maior cara de gente resolvida me olha no olho e solta:
- Hello mommy... how are you today?

Mas as análises são o fenômeno de interesse aqui. Análise de criança de 2 anos é deveras relevante, toda grande descoberta científica começou assim. Porque se cidadão pode sair pelado pela rua gritando "Eureka!" e ficar famoso, não é minha Genina que não vai ficar famosa por conclusões fundamentais para explicar os mistérios do universo como neste extrato de apenas 5 minutos (dos mais de 45) do nosso papo na volta pra casa hoje, que sintetizam a abundancia, profundidade e genialidade do ser:

Mamãe... a placa é verde, a luz é verde... mamãe (veja bem que faz parte da genialidade identificar o interlocutor, todo pesquisador sabe que não se deve sair assim desperdiçando e compartilhando descobertas importante com qualquer um), olha a lua! ...mamãe...eu brinquei com a Nadine hoje... minha Nadine! (revisão de conflito esclarecido anteriormente) é, na escolinha, amiguinha... mamãe... eu não tenho piu piu, só o Zack! (arremate com intonação positiva e afirmativa de quem realmente sabe do que estea falando).

Essa menina vai longe...

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Toque de mágica

Quem tem criança não precisa de David Cooperfield. (Porque todas as outras pessoas precisam. Veja bem...a pessoa precisava de uma frase de abertura para o post).

Ele já vem lendo letrinhas e juntando sílabas aqui e lá há mais de um ano. Mas isso não é ler. Ler é trazer da estante o livro recém chegado do Brasil:
- Mamãe, lê esse pra mim, do "seu favorito" (eu tinha falado pra ele que o livro era do Chico Buarque, e isso ele sabe, o Chico é favorito - valeu Flávia pela sugestão). E no meio do livro, abrir um sorriso e gritar bem alto, com os olhinhos brilhando de quem viu um mundo novo se abrindo, diretamente da boca do lobo:
- E-U SO-U UM LOBO! - Mamãe!!!!!! Eu entendi!!! Ele disse: EU SOU UM LOBO!!!

Mágico.

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Arrumando "a marmita" do menino de escola para o dia seguinte. Ele brincando e de repente vem checar o lanche:
- O que você está fazendo hoje mamãe?
- O mesmo da janta Filhote, milho, aspargo, tofu...
- Não mamãe, em forma de que você está fazendo?- Diz ele se referindo aos (poucos) dias em que a mãe inspirada faz carinhas, cidades e outras formas com a comida.
- Humm... hoje não tem forma de nada filho...
- Ah mamãe, faz alguma coisa...
- Tá bom, vou fazer. - Bota uns aspargos pra lá, espiga de milho pra lá e... - tchã-nã!!!!
- O que é isso mamãe?
- Ah... olha bem Zack... use a sua imaginação (leia-se: ache e invente coisa porque eu não consegui fazer nada), você tem que adivinhar.
- Hummm... eu acho que é um bolo!
- Um bolo? Ah... muito bem, onde está o bolo? (Céus... juro que de bolo não tem nada)
- Aqui é uma camada do bolo, aqui as velas, aqui as balinhas do enfeite e aquele sprinkles e o outro pedaço do bolo!!!!!! - Diz ele todo pimpão.
- Muito bem filho! Você adivinhou! (Ufa!)
- Muito bem Zack, boa imaginação, hein? - Auto elogio de quem sabe que mereceu.

Imaginação de criança é tudo. Mágica.

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Cinco minutos depois de colocá-la na cama, escuto um grito e um choro incosolável:
- Eu tenho um dodóoooooooi, eu "piciso" de um remédico!! (PS - ADORO "remédico",tanto que não tenho coragem de corrigir! Eu sei, eu sei, má mãe, má mãe...)
Conhecendo a vocação de atriz da figura, dou um tempinho sabendo que normalmente, cinco minutos bastam para que ela ache sozinha a cura dos seus males. Ou ela cai no sono e o dodói miraculosamente desaparece. Cinco minutos passam e os berros só pioram. Melhor ir conferir o tal dodói. Chego no quarto e encontro uma menina desolada, descabelada, bochechão cheio de lágrimas:
- Aqui ma-mãe, eu tô muito dodói - diz ela entre soluços, mostrando o dedão.
- Ah Ninoca... to vendo (to vendo um dedo, intacto), tá bom filhinha, você precisa de um band-aid, né?
- U-hum... "piciso".
- Tá bom, mamãe vai buscar.
Vou buscar o band-aid, aproveito pra botar uma roupa na máquina, dobrar umas outras, ligo a máquina de lavar louça, guardo uns brinquedos jogados, aquela coisa básica que mulher faz quando vai de um cômodo ao outro. Pelo silêncio vindo do quarto, assumo que, ou somente a ideia do band-aid já curou o ferimento grave ou ela dormiu. Mas volto com o band-aid porque promessa é promessa. Ela ainda estava acordada, deitadinha, olhando pro dedão e o dodói imaginário.
- Pronto, tá aqui o band-aid, princesa, agora pode dormir, tá bom? - Diz a mãe, também conhecida como enfermeira e fada madrinha nas horas vagas.
- Tá bom mamãe...pode acender a luz pra ver o band-aid?(Boa tentativa de ficar acordada! Figura...)
- Não precisa, dá pra ver assim, ó.... viu? Agora boa noite, tá bom?
- Boa noite mamãe. - Diz ela satisfeita olhando para a atadura sagrada, vulgo band-aid.

E dois minutos depois, a bela já está adormecida. Mágica.


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Poliglotismos

Poliglack e Polininoca, como muitos outros poliglotinhas espalhados por aí (confiram os ótimos posts do Iglu de Babel sobre o assunto), sabem sem problemas com quem devem falar em qual língua, apesar de não saberem qual língua chama o que muito bem (Confundack ficou super surpreso outro dia assitindo a peça "The lion king", achando que todo mundo vinha do Brasil, porque falavam Português, "igual a gente", quando na verdade a peça era em Inglês). Mas vez ou outra, especialmente nos primeiros minutos depois da escolinha, rola umas misturinhas finas, que na maioria das vezes, são auto corrigidas.

Hoje pegando Fofurina na escolinha, a professora me falou:
- She had a very good day!
E Traduzinina com a maior cara de "é verdade, minha cara mãe", clarifica:
- Uhum... eu "teve" um ... very... não (pensa um pouquinho)... um muito bom dia, mamãe... não...um dia muito bom! É ! - Diz ela satisfeita com as maravilhas da expressão oral.

Mais tarde, pegando Crescidack na escola (escola dos "GANDES", como diria Pequenina), onde desde semana passada ele está tendo oficialmente uma overdose da terceira língua, Francês. Escutando no carro o CD do "Rio", que é em si uma mistureba de Inglês e Português, eu pergunto:
- Filho, essa música é de que parte do filme mesmo? (Porque ele, diferente da mãe, tem uma memória fotográfica e musical invejável - eu gastei a minha decorando todas as músicas da Xuxa na minha infância... mas isso é outra história)
- Essa música é daquele... o... bird méchant, sabe?
- Ah! O passarinho mau, é mesmo!
- É mamãe, do passarinho mau, isso...

*****
Equanto isso, do lado de fora da cerca do pátio da escola, uma mãe ainda muito angustiada chora todo dia depois de deixar um menininho que dá tchau atéééé perder a mãe chorona de vista. E grita:
- Eu te amo mamãe!!!!
E ela aproveita enquanto ele ainda não tem vergonha de gritar. E curte sabendo que sempre terão um "código secreto", o Português.



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Retrospectiva 2009 Parte II - O ano da menininha

Disse que continuava amanhã, mas não amanhã de que dia, certo?
Bom, 2009 já foi, mas antes que 2011 chegue ainda vale a retrospectiva.

Depois de muitos anos sem Globo, este ano assisti a retrospectiva 2009 na casa do primo (e um pequeno PS, nos EUA tem tanta coisa brasileira! Tremenda injustiça! Tem Globo, tem Leite Moça e Guaraná no supermercado! Um escândalo minha gente! Aqui pra achar essas coisas é uma peregrinação) e foi aí que eu constatei a dimensão da minha alienação. Tipo...75% dos fatos "retrospectados" eu não tinha nem ouvido falar. Sério, E.T, minha casa...em que planeta eu estava mesmo?

E agora vamos à retrospectiva dos únicos fatos que eu sei com certeza, onde conto pra Ninoca sobre o seu 2009.

Aviso: O texto que segue ficou meio biográfica e longo, coisa de mãe, estes seres abestalhados que acham lindo cada besteirinha feita pelos filhos, principalmente os muito pequenos. E se derretem, e acham que todo mundo quer saber também. Em minha defesa, eu não acho tudo que eles fazem lindo. Cocô na minha mão, e vômito na minha cara, por exemplo, são coisas das quais não me orgulho e que como prova disso não vou incluir na biografia deles, pronto, falei. Já esta retrospectiva é pra ser lida daqui uns 20 anos pela personagem principal para que ela saiba como foi seu primeiro ano. Então pra quem for corajoso, ou como eu, goste de ler umas coisas a toa pra fugir do trabalho, voi-là.

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Minha filhota, este ano foi um ano deveras importante pra você, afinal, você virou você e conheceu este mundão que agora te aguarda. Julho de 2008 e você era duas células viajando pelas "Europa". Em algum momento entre Veneza e Atenas você virou uma célula só (eu ia dizer que essa história está muito "metida", mas já vi o marido fazendo trocadilhos infames, depois a menina vai ler daqui uns anos e ficar com o maior "argh") e assim, sem mais nem menos, você virou o quarto elemento da nossa família, tornando nosso mundo bem mais cor-de-rosa (e viva os trocadilhos, esse foi pra você Camila :-). Mesmo todos os cursos de fisiologia, anatomia, bioquímica, genética e neurologia, não conseguem me deixar menos abismada com a maravilha deste processo, um pedacinho de coisa que vira um pedacinho de gente e povoa uma casa inteira com uma alegria e um amor que não tem tamanho, além é claro, de muitos vestidinhos, presilinhas e sapatinhos.

Até que pra quem saculejou tanto e teve tantas noites em claro ainda dentro da barriga escura, você teve uma chegada em grande estilo. Bastou uns dias pegando um bronze no hospital e já estava pronta pra batalha. Você ainda vai ouvir muita mãe dizendo por aí que a infância dos filhos passa muito rápido e olha...sabe que elas tem razão, porque de fato este ano foi mais rápido do que um dinossauro - a medida de velocidade, tamanho e poder, de acordo com seu irmão.

De um dia pro outro meu bebe molinho virou um bebe interativo, cheio de sorrisos banguelas e gracinhas. Magricela você nunca foi, mas em questão de meses você ganhou uma rechonchudeza absurdamente deliciosa, e diretamente proporcional ao aumento de dobras, foi o aumento de mordidas e apertos que você ganhou de todos ao seu redor, do seu irmãozão que te esmaga até as últimas consequências (seus berros), a estranhos na rua que me param pra falar que querem apertar as suas bochechas, ou que invejam seus cílios de boneca, sem rímel, eu garanto.

Em Julho Mamãe arrastou você e seu maninho sozinha pro Brasil, e confesso, foi só pra mostrar pra todo mundo como você era deliciosa. Depois disso fomos para um monte de lugares aqui mesmo pelo Canadá; Halifax, Hamilton, Niagra, Mont Tremblant e você, desde que esteja enroladinha no sling, não se incomoda de andar e acompanhar os horários pouco habituais da sua família desregulada. Dormir, no entanto, não é o seu forte e neste ano você só dormiu grudadinha na mamãe ou no papai. E não venha me dizer que a culpa é minha, que também quem mandou não seguir nenhum dos conselhos dos tantos livros que eu li e acostumar você a dormir em cima de mim, grudadinha no sling ou do meu lado, porque a culpa é inteiramente sua e da sua fofura. Mamãe sempre gostou de dormir com ursinhos de pelúcia, até que começou a ter alergia deles e você, no entanto, é mais macia do que todos os ursos, e extremamente anti-alérgica.

Desde Setembro você começou a se mexer e ver "qual é" a do mundo. Foi um grande alívio pra você conseguir sentar sozinha, porque assim você ficou quase em pé de igualdade com seu irmão e os outros amiguinhos da escola, podendo brincar no chão, este grande e desconhecido território até então. Ainda insatisfeita com o fato de que de repente todo mundo ia embora cuidar da vida e você ficava lá, onde te colocaram, você logo tomou atitude e começou a se arrastar em Outubro. "Essa menina vai longe", diziam as multidões enquanto você limpava o chão de casa com a barriga, sendo mais eficiente do que qualquer aspirador de pó, achando sujeiras microscópicas pelo chão. Zack, seu irmão e super-protetor, do qual você ainda vai ouvir falar muito, até desistiu de me avisar quando você estava comendo sujeira: "Mamãe, a Nina...ah, já comeu tudo" - diz ele, conhecendo a importância da vitamina "S". Conforme você foi ganhando velocidade no rastejamento, ganhou também o título de "Minhoquinha doida II - A missão", já que seu irmão também escolheu este como meio de locomoção, sem nunca ter engatinhado. Precavida, você ficou em treinamento para exército até Novembro, quando resolveu passar para a classe dos que andam sobre "quatro patas", como dizem por aqui.

Novembro foi um mês de grandes mudanças. Você não mais aceitou ser gostosa, porém banguela, e foi logo botanto pra fora os seus dentes. Todo mundo sabe que fazer dentes sairem da gengiva não é tarefa pra qualquer um, e só quem viu suas gengivas vermelhas e aquelas pontinhas de dente saindo é que consegue entender a dimensão da sua bravura, aguentando tudo só com mordidas em todos os objetos, inanimados ou não, que passassem por perto de você.

Agora que você tinha dentes, você viu que era hora de investir mais no seu repertório de fofuras e começou a ensaiar vários truques, para o deleite da sua plateia (estava doida pra usar uma palavra com regra nova de acento!). A partir de Dezembro então você aprendeu a fazer "denguinho", botando o pescocinho pro lado e dando um sorrisinho danado, também sabe achar a luz, bater palma e dançar ao som de qualquer música. Aliás, já que você desistiu da carreira militar, você poderia trabalhar naqueles programas de auditório, ou nos seriados americanos que tem risadas de fundo, porque bater palma e morrer de rir virou algo mais forte que você. Outro dia fomos à um espetáculo e você batia palma ao fim de cada música, encantando os vizinhos de poltrona. Na mesma noite, enquanto voltávamos pra casa, você cansada, se contorcia e chorava na sua cadeirinha, até que colocamos um CD do Tom Jobim ao vivo e no fim de cada música, você parava o choro pra bater palma junto com o CD, e foi assim até dormir.

Faz umas semanas que você começou a dar indiretas de que sendo um bebê moderno, precisa de um celular, botando a mãozinha na orelha cada vez que o telefone toca ou alguém fala "alô" pra você. E como a gente é bem bocó, fica falando alô o tempo todo, só pra ver essa sua mãozinha gorda com punho de dobrinha fazendo o tal do "alô". Por favor não fique brava por que a gente faz você fazer isso o tempo todo, afinal, provavelmente na sua adolescência o pedido vai ser pra você parar de falar "alô", então aproveite.

Seu primeiro Natal foi bem sossegado. Antes da data você foi o bebê Jesus, em uma atuação brilhante onde você ficou quietinha por longos quase 10 minutos, uma atriz nata. No dia do Natal você brincou muito, arrancou todos os enfeites que estavam ao seu alcance na árvore da vovó e tentou várias vezes conferir se o fogo da lareira era quente mesmo, mas na hora da ceia já estava nos braços de Morfeu, perdendo assim a aparição do Papai Noel, que deixou um presente pra você assim mesmo, do qual seu irmão cuidou muito bem, não deixando ninguém encostar até no outro dia. Cedo ou tarde, mas mais provavelmente cedo, você vai descobrir o quanto sua mãe não é exatamente um ser que tem memória, e que por isso mesmo, não lembrou de colocar o vestido de natal, o babador de "Baby's first Christmas", o outro que dizia "Quem precisa de Papai Noel se tem vovó"e até o chapéu de Papai Noel que ela tinha levado só pro Natal, obviamente. Ainda bem que nós fomos cantar no dia 26 em um asilo e aí, aproveitamos pra colocar todos os apetrechos e tirar umas fotos, e você, mesmo sem cantar, fez a alegria dos velhinhos distribuindo sorrisos natalinos, só para em seguida fazer um trabalho nada natalino e tão pouco feliz, sujando cada peça da tal roupa de natal, vestido, meia-calça, bolero...tudo mesmo, só escapou o chapéu.

A julgar pelo seu temperamento neste ano, você vai ter personalidade. Bom, personalidade todos tem, mas nem todos esbravejam tanto quando a comida não chega rápido na boca, ou quando são colocados na cadeirinha do carro ou no berço, estes instrumentos de tortura que sobreviveram à idade média só para serem usados com você.

Um capítulo a parte é seu amor pelo seu irmãozão, o Zackolino, e vice-versa. Desde aquele encontro lá na maternidade foi amor a primeira vista. Aliás, ele e seu pai são os únicos homens que você tolera nessa vida. Dizem que isso deve mudar quando você tiver uns 15 anos, mas você não vai no colo e não quer conversa com nenhum homem, já o Zack, você segue por todos os cantos e quase sempre ele fica feliz com isso, deixa ele te apertar até "esmagar seus ossos", coisa que ele aprendeu com seu tio Dedê e sempre dá o braço pra ele quando ele quer te pegar. Mas isso eu conto mais quando falar do ano dele, afinal de contas, pra você, o mundo já veio assim, com ele junto, já pra ele, você foi uma guinada em 2009.

Minha "Mamita Gordita", "Pisquila", "Pipuca", "Bochechuda", "Nervosa", "Deliciosa da Mamãe", o ano acabou ( e aliás, não conta pra ninguém, mas outro já começou) e de tudo que passou tão rápido, se fosse para colocar alguma coisa na cápsula do tempo de 2009, sem sombra de dúvidas eu colocaria suas risadinhas de garganta, os gritinhos quando você me vê e vem correndo, os tapinhas que você dá na minhas costas quando eu te pego no colo como quem diz: "valeu parceira", você mamando com aquela cara de "este é o líquido sagrado", você saindo correndo de mim engatinhando e dando gargalhada quando está comendo sujeira do chão e deixa a boca bem fechada para eu não conseguir tirar, pena mesmo que todas essas coisas são justamente as que não se pode guardar.

Você talvez nem vá conhecer esse sujeito, mas Michael Jackson morreu e dizem, foi um dos grandes acontecimentos do ano, mas pra mim, obviamente, o grande acontecimento foi você. Com um peso no coração eu estou aposentando sua coleção de sapatos tamanho 1 e 2 (outro dia escrevo mais sobre isso), "um pouco" pelos sapatos que são lindos, admito, mas "um muito" por constatar que você está crescendo e que como tudo mais que aconteceu neste ano, essas coisinhas tão "ai que delícia" não voltam nunca mais.

Feliz 2010 minha Gostosinha, que neste ano novo você encontre muitas sujeiras gostosas e nutritivas enquanto explora este mundão, que continue descobrindo, curiosa, tantas cores, formas e expressões interessantes com estes olhos brilhantes e redondos de Mangá, que você continue tentando falar coisas que além de Mamama e Papapa, vão fazer sentido para os nossos ouvido sempre abertos pra você, que você dê seus primeiros passos com segurança, mas caia muito também, sabendo que muitos braços estão esperando pra te agarrar, e te apertar, e te amar com este amor desmedido e incabível que já é seu, com ou sem fofuras.

(A seguir... parte III - A Retrospectiva do Batman - Com vídeo)
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Diário de uma mãe sem tempo

Poxa que poxa (como diria o Júlio, do Cocorícó - piada interna para mães) um mês sem postar, hein? Estou pensando seriamente em mudar o nome do blog para este do título... ou será que "mãe sem tempo" é pleonasmo? Do tipo: "A mãe sem tempo entrou pra dentro, subiu pra cima, desceu pra baixo e só não suicidou-se a si mesma com as próprias mãos porque uma estava ocupada cozinhando e a outra brincando de jogo da memória e se tivesse mais uma mão livre estaria colocando mais uma leva de roupa na máquina". O problema é que o diário seria assim:
"Querido diário, hoje não dá tempo de escrever, mas amanhã eu tento de novo".

Deixa assim mesmo então...eu tenho uns posts ótimos que andam escritos no meu cérebro, mas entre dentes crescendo e jogos de hockey com taco de golf e bola de futebol (estrelando Spiderman X Mulher Maravilha) não sobra tempo pra digitar. Se alguém aí inventar um cabo USB que conecte direto no córtex por favor avise que será de grande utilidade.

Por aqui anda assim:
Na Bebolândia o primeiro dente apareceu semana passada e precisamos morder o mundo. Passou na frente, a gente tritura. Dormir, obviamente, se tornou obsoleto para todos na casa, aliás, no prédio, no bairro, no mundo?...Dormir? O que é isso mesmo? O sofá da sala tem sido o spot mais concorrido da noite.
De dia, em compensação, começamos a engatinhar, ficar de pé e mandar beijo pra dentro, só pra seduzir o suficiente para aguentar mais um noite, ou muitas. Quantos dentes a gente tem mesmo?

Aliás, falando em dormir eu só estou aqui agora as 4 da manhã porque Pesadelack acordou aos prantos, dizendo: "Mamãe!!! Eu quelo ser mais japunes (japonês)!...é o papai noel". Freud, meu caro, você está por aí?

Com as recentes visitas dos tios, Familiack anda todo saudoso e diz pra todo mundo o tempo todo que está com saudades, para ligar no Skype. Isso, e também "Porque sim/não, não é resposta", que o tio fez questão de ensinar, para o deleite da mãe que agora precisa de respostas pra tudo e oh céus!...o menino tem perguntas.

E agora deixa eu ir pra cama por uns 5 minutos, antes da próxima acordada. Mês que vem eu volto :-)
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Primeiros

Hoje foi o primeiro dia de escolinha de Gorduchina. Uma hora e 6 bebês chorando depois, mamãe sai de fininho, Bochechina em mãos, e fala para a professora que volta outro dia, quando estas crianças grandes de quase 1 ano tomarem vergonha na cara e pararem de chorar, para deixar um colinho disponível pra minha Pequenina. Isto é, daqui uns 18 anos, pelo menos.

Crescidack, em compensação, está adorando sua classe dos "glandes", apesar de ressentir o fato de não estar mais com alguns amigos muito pequeninhos, de apenas 2 anos de meio, que ficaram na classe dos "2s". Ele garante que,  apesar deste abismo de idades, e mesmo pertencendo a universos completamente diferentes e logo,  não poderem mais dicutir sobre a filosofia da vida pós-fraldas, "a Sofia, Olivia e Eleanor are still my friends, mommy" e abraça as antigas colegas de classe (antigas como em, até ontem). Depois vai desfrutar os prvilégios de ser um homem crescido: na classe nova o cavalete de pintura está sempre aberto para uso, basta apenas colocar o avental. E quem disse que era difícil a vida de gente grande?

Após um dia cheio,  vamos ao parquinho de bicicleta para comemorar e enquanto Balancina experimenta o balanço pela primeira vez e morre de dar gargalhadas, Experiençack relembra nostálgico: " Lembla mamãe, quando eu ela pequenininho e você me balançava e eu ria muito"...e como esquecer, parece que foi ontem. E eu que achava que o povo exagerava quando diziam que "eles crescem tão rápido"...rápido agora parece eufemismo.

Depois do parquinho, todos a mesa, Esfomina não quer mais ser apenas um rostinho bonito e bochechudo na mesa, ela quer comer. E enquanto eu poderia facilmente amamentá-la exclusivamente até os 25 anos, ok, só até os 18, já que amamentar é sem dúvida a coisa mais deliciosa do mundo, o iminente aniversário de 6 meses e o desespero pela comida que todo mundo está comendo que inclui grunidos, contorcionismo e tentativas, bem sucedidas, de arrancar a comida da minha boca e colocar na dela, me convencem que é hora de começar a comer. Ou isso, ou colocá-la em uma jaula enquanto a gente come, sei lá...acho que o cereal parece a melhor opção.

Dia cheio...mas antes de dormir, após uma cara de reflexão profunda, Filosofack arremata com uma última colocação altamente existencial: " Na classe dos three's a gente não dome (dorme) nas camas altas, as camas são baixinhas, poque a gente é glande já". Certo filhinho, e glande também é o mundo...mas será que você não pode ficar pequenininho, só mais um pouquinho?

E assim termina um dia cheio de primeiros, com uma menininha fofucha dormindo no seu bercinho e um menino grande pedindo pra eu dormir com ele enquanto coloca as duas mãozinhas no meu rosto, na sua glande cama.

                              -Sabe filho, vida é uma grande balança... cheia de altos e baixos...
                                 -Eu sei mamãe, então empurra mais forte que um dinossauro!

                                        A estação de pintura: Livre para maiores de idade

                                         Nina estressadíssima em seu primeiro dia de aula