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Pra nao acharem que andamos morrendo por ai...


Sinceramente acho que não tem graça masi ficar falando que eu não acho mais tempo pra blogar... e acho uma pena grande (tipo pena de pavão quem sabe?) estar perdendo a chance de registrar as muitas coisas que andam rolando por aqui...aliás, uma pena que Desmemorina vai ficar sem memórias, coitada!

Fato é que desde que voltamos de múltiplas viagens eu ainda não consegui me organizar de novo (de novo?), as malas, por exemplo, ainda estão pelo chão, no já tradicional sistema de "vamos usando da mala, assim não tem que guardar", funciona super bem, em aproximadamente 2 semanas a mala está vazia de novo e você economizou o tempo e encheção de desfazer as malas, a pior parte de toda viagem, como bem se sabe. Além, é claro, de não precisar varrer a área por baixo da mala por todo este tempo. Eu sei, minhas habilidades domésticas são de matar de inveja.

Ontem até comecei a ecrever um post no Word no meio do trabalho, mas daí alguém ligou, outro pediu outra coisa e lá ficou o post pela metade, mas de repente até o fim da semana eu acabo, era sobre a loucura da maternidade, se é que poderia ser sobre outra coisa.

Só pra constar nos autos que ainda estamos vivos e que vocês dois ou três que ainda passam por aqui são muito apreciados, vai uma fotinho de um dos programas " Quebequenses por excelência", o primeiro "Apple picking" ou " Cuillette de Pommes" - para os nacionalistas - da Maçazina, que voltou pra casa falando "apple mamãe, apple...ma-tã...hummmm!", depois de uma overdose de maçãs e seus derivados. Colheidorack já é um expert no assunto, tem mais colheita de maçãs do que anos de vida.



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De repente


Fomos pro aniversário do priminho querido e aproveitamos para tirar uma muito necessária mini-férias assim:


Só deu pra um suspiro:"Ah o mar..."- E voltar com o coração apertado, um sofrimento sem tamanho de saber que praia agora sabe-se lá quando, que só quem mora no pólo-norte e sabe que o outono a aguarda, conhece. No avião não saia da cabeça:"Garota eu vou pra Califórnia...O vento beija meus cabelos, As ondas lambem minhas pernas, O sol abraça o meu corpo, Meu coração canta feliz...Eu dou a volta, pulo o muro, Mergulho no escuro, salto de banda...Na Califórnia é diferente, irmão,É muito mais do que um sonho...A vida passa lentamente." - Olha Lulu, você que tem razão, viu? Eu mesmo já estou descolando um pos-doc ou alguma outra desculpa esfarrapada pra morar na frente do mar. Percebi até que se morasse lá eu correria todo dia de manhã, cozinharia comida fresca, meu cabelo ia estar sempre esvoaçante, ia ter uma casa com vista pro mar e minha celulite ia sumir de um dia pro outro. Além de ver o mar, vimos a família, o Mickey e o carimbo do pé do Woody Allen. Lugar fantástico essa Califórnia.

Mas enfim, voltamos à nossa bela Montreal, com as folhas mudando de cor e o termômetro em sua usual queda. Todos relaxados, bronzeados, felizes e...doentes. Trouxe da Califórnia um coktail de gripe suína, aviária, espanhola, pateteana, sei lá eu o que mais, um show de horror. Assim pelo menos me auto-diagnostiquei após desistir de ver um médico, 5 horas depois, quase morrendo mesmo, na urgência do hospital.

Depois de uma semana de cama, tylenol, gemidos, máscara e antibióticos, as crianças também pegaram o bicho, a despeito de todas as minhas tentativas de manter a distância (Carentack lá pelas tantas: "Mamãe, você já salou do dodói? É porque eu quelia te dá um beijinho..."). Fim-de-semana de alegria, dois com febre e uma mãe meio-lá-meio-cá é tão ruim quanto você nem imagina. Um chora, a outra nem se mexe, parece um bonequinho de cera, de partir o coração. Princhuco saiu ileso, pelo menos alguém pra cuidar da troupe de desfalecidos.

Hoje finalmente, só Doentina ainda dorme 20 em 24 horas pra se recuperar, a pobre Catarrina. Resolvemos então botar o nariz pra fora, dar uma olhada no mundo exterior para ter certeza que ele ainda estava lá. No caminho:

- Mamãe, a gente estamos indo onde?

- No supermercado meu amor.

- Ah, que bom! Eu vou complar umas coisas saudáveis.

Se me contassem eu ia dizer que estavam inventando, mas foi verdade. De repente, o menino sabe do que precisa.



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Vômitos inteligentes e outros fatos

Um estudo mostrou que enjoos matinais na gravidez estão associados com crianças mais inteligentes. Pelo menos algo positivo pra manter em mente enquanto se admira o fundo da privada. Se depender de mim, o mundo tem dois novos Einsteins.
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No prédio onde eu moro só tem velhinhos. Outro dia encontrei uma das minhas velhinhas preferidas, que está sempre respectivamente acompanhada do seu velhinho, que além de super simpático aparenta uns 30 anos a menos do que a realidade. Acontece que a velhinha veio me contar que seu velhinho tinha falecido...me deu uma tristeza. Toda vez que chego em casa agora fico só pensando que ali bem do meu ladinho tem uma velhinha sozinha no seu apartamento, esperando sua vez chegar. Aí eu corro e abraço muito o meu velhinho (11 anos de diferença gente, pense...), o negócio é mesmo fazer cada dia contar, e manter a esperança nas coisas do Alto, se não a vida fica meio sem sentido, né?
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Péssimo sinal é quando você chega no shopping e todas as vitrines só têm roupas de outono, as piscinas públicas começam a botar cartazes de "1 semana para o fechamento" e em todo lugar só se fala de volta às aulas - e você sabe que é volta mesmo, e não que tudo só começa depois do carnaval. É o fim do verão, o fim das férias, o fim do mundo?
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Observack hoje, a caminho do jantar na casa de um casal de amigos:
- Mamãe, a gente vai pla onde?
- Pra casa da tia Isa.
- Mas não ela pla casa do tio Jerry?
- Sim filho, eles moram na mesma casa, porque eles são casados, igual o papai e a mamãe, a gente mora na mesma casa, né?
- É, mas o papai não tem aquela coisa assim no dedo ó (fazendo círculos em volta do dedo, se referindo obviamente à aliança, que o pai, alegando que é atleta e contando a história de como um dia quase perdeu o dedo porque usava a aliança durante um jogo de baskete, e a muito contragosto da mãe, não porta).

Não tenho ideia de quem foi que disse que pra ser casado tinha que ter aliança, em todo caso, fica aí a lição, viu, PAPAI do Zack???? 
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Olha o tippinho. Nunca aparece e quando vem é só pra dizer umas bobagens (como se algum dia tivesse dito outra coisa, mas enfim...). Está mais pra Twitter que pra blog isso aqui.
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Nao va embora....(diretamente do teclado que insiste em ficar gringo, a despeito dos meus esforcos contrarios)

Todo mundo falando em volta as aulas, os festivais de verao chegando ao fim e o pensamento sombrio eh que daqui uns dias, para descer aqui soh de treno:

Para andar aqui, soh com esqui:
E as bisnaguinhas vao conhecer a embalagem de inverno:

Depois de uns anos nessas bandas a gente aprende a fazer como o moco da construcao. Rolou naquela grama como se fosse a ultima, andou de bicicleta como se ouvisse musica, nadou na piscininha como se fosse a unica...e logo acaba o verao, e a gente nao pula de predio nao, mas o que tem de gente pulando no metro...

Enquanto isso, deixa eu ir la curtir meu solzinho, blogar fica pra dias de chuva.
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Cenas de Outono

Trilha até o lago


O lago absurdamente lindo, o menino absolutamente cansado e o pai completamente babão.
Outuno é assim...Idos são os dias de calor, de camiseta e chinelo. Casacos e cachecóis vão saindo aos poucos do armário, uma leve tristeza vai tomando conta de saber que o longo e tenebroso inverno está a porta...por outro lado, a natureza fica tão linda com folhas de tantas cores caindo das árvores que a gente até dá um desconto e tenta aproveitar.
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Notícias quentes

O verão chegou em Montréal. Estão anunciando temperatura ressentida de 41 graus amanhã, é calor pra Saara nenhum botar defeito, vai entender essa cidade.

Enquanto isso, na sala de justiça, chegaram também os vírus que estavam hibernando durante o inverno e agora, quando nós deveríamos sair, eles resolveram sair primeiro de onde quer que estivessem e por aqui está tudo dominado. Doentack, Doenteiko e até o Computador, que não tinha nada a ver com isso. Entre febres e gargantas inflamadas, o único que tinha backup era o computador, o resto está destruído.

Aliás, capítulo a parte foi a história do backup. Há uns 3 meses eu achei que era tempo de comprar um HD externo e fazer um backup de TODAS as fotos de Fotografack, que até então estavam a mercê dos vírus, já que Eficienteiko aqui não imprime nunca as zilhões de fotos da criança. Bom, entre comprar o HD e fazer o backup passaram-se 3 meses (essas máquinas ineficientes que não se plugam sozinhas e fazem o serviço completo, humpf!) até que quinta passada, por uma iluminação divina eu resolvi tomar vergonha na cara e fazer o tal do backup. Batata, na sexta o computador pifou geral, morreu. Agora, minha questão é: premonição, sexto sentido ou uma conspiração da companhia que fabrica o tal HD e que coloca um vírus no seu computador quando você pluga o HD, só pra você sentir que o HD acaba de salvar seus documentos, sua história, a sua vida e assim você, em um ato de gratidão eterna, se sentirá compelida a comprar outros HDs e outros produtos vendidos secretamente pela mesma, ou até ações na bolsa até ir a falência???? Hein, hein, hein?? - Eu sei, são esses vírus, a febre...

Conspirações industriais a parte, tudo que a mãe não tem de precavida (prova cabal é demorar 2 anos pra fazer backup das fotos), Preventack tem. Desde que a onda de calor começou, ele aderiu a novos hábitos. Agora só vai pra cama com sua baleia e seu copo de água. Não só vai pra cama, mas dorme abraçado com os dois, um em cada mão. A água, bem se sabe, do jeito que vai, se a água do mundo todo secar de repente, no meio da noite, ele vai ter o seu copo do Elmo, pra tomar a vontade enquanto esbanja os outros, ou ainda, vender a preço de ouro e dar todo o dinheiro pra mãe explorar novas jaziguas de água na lua ou em Marte. Agora, se ao contrário disso, as gelerias da Antártida derreterem de vez causando uma inundação mundial, ele já garantiu que vai ter consigo sua Baleia de estimação - todo mundo deve ser amigo de uma baleia numa hora dessas. E não tente dissuadí-lo de que as duas tragédias não podem acontecer na mesma noite, ele não larga nenhum dos dois.
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Petits Bonheurs


Uma das coisas que eu mais gosto por estas bandas de cá é a variedade de festivais e eventos que começam a brotar com as flores na primavera. O mais interessante é que nunca rola muvuca e sempre rolam muitas famílias com seus filhotes na rua, curtindo com a multidão.


Festivack já foi ver Carlinhos Brown no Festival de Jazz quando ainda era bem mínusculo (porque agora ele é grande, vocês sabem), várias outras performances de rua no Festival Juste pour Rire e coisas mais eruditas como a série de concertos da orquestra municipal, especialmente para crianças. No entanto, o festival que mais aguardávamos era o "Petits Bonheurs" (Pequenas alegrias). O slogan diz tudo: "Pequenas Alegrias - O encontro cultural dos pequenininhos" e é isso que é. Uma séria de espetáculos de teatro, música, dança, oficinas e eventos de rua destinados as crianças de 0-6 anos e suas famílias, obviamente, já que por mais vanguardista que sejam os festivais, ainda não autorizam crianças dessa idade a pegarem o carro e se pirulitarem sozinhas para os eventos, quanta incoerência.

Mas enfim, ano passado, quando eu descobri o festival já era tarde demais. Meses antes do evento todos os ingressos já estavam esgotados. Este ano então resolvi não marcar bobeira e mesmo assim marquei. Quando fui comprar só tinha pra dois espetáculos, mas valeu a pena. O melhor foi uma mistura de música com teatro onde duas artistas tocavam instrumentos super diferentes como o Litophone entre outras surpresas que fizeram Impressionack e sua mãe, assim como todos na distinta audiência de criancinhas de 18 meses a 3 anos nem piscarem durante toda a apresentação. Memorack agora só fala nisso, é um tal de "bong!" pra cá "u-u-u" pra lá, descrevendo com uma clareza absurda as cenas da apresentação. Aliás, ficamos até famosos e quando fui olhar a programação do dia seguinte, lá estávamos nós no site do evento, quem quiser ver a mãe e filho babões é só dar uma olhada aqui.


É isso, quando a primavera chega, a vida é bela novamente. Esse mês já fomos ver uma exposição com monte de borboletas em liberdade, não só as borboletas mas todos estão livres, Libertack e seus comparsas brincam do lado de fora na creche, comemos nas calçadas dos restaurantes, há tulipas por toda parte, voltamos pra aula de natação, de musicalização e Desestresseiko resolveu até botar em uso sua total falta de habiliade culinária e fazer pão pra comemorar os longos dias de sol. O que, obviamente, não tem nada a ver com nada, mas achei importante dizer. Até porque o pão ficou até simpático, mas o gosto...bom, o pão foi pro lixo, mas o que importa é que o sol e as pequenas alegrias primaveris, estes vieram pra ficar, ao menos até Agosto.








PS - O dia das mães foi tão divertidamente ocupado que não deu tempo de postar, mas pra todas as mães por aí, Feliz dia das mães (adiantado pro ano que vem ;-)
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Bem-vinda Vida!

Hoje fez um calor enorme de uns vários 19 graus, o céu estava azul, o sol estava quente (porque pra quem não sabe existe tal coisa como sol frio por aqui), após um longo e tenebroso inverno, a cidade muda de cara, as pessoas ensadecidas desentocando, enchem as ruas de shorts, chinelos e bicicletas...

Não só isso mas eu mesma saí de calça capri e sapatinho aberto. "Grande coisa!" - Ouço você dizer. Mas passe 5 meses usando a mesma bota ridícula (porém quente) e o mesmo casaco, coberta da cabeça aos pés, assim, só como exercício, e aí você vai entender como cada centímetro de pele do lado de fora é uma alegria...

Não só isso, mas todos os brinquedos do parquinho da creche estão finalmente desenterrados (da neve, sim, porque até o escorregador mais alto estava coberto desde Dezembro), a neve que ainda tinha sobrado foi empurrada pro canto e Libertack não podia estar mais contente, chegou na creche dizendo: " Neve? Tadê? Binquedo? Qué! Qué! Eu quelo binquedo Mamãe!" - e saiu correndo pra se juntar a turma...

Não só isso mas está aberta a temporada de "Ice Capucinos" e Sorvetes (gordo é fogo, sempre tem uma boa desculpa pra comer)...

Não só isso, mas hoje entreguei meu último trabalho do semestre o que quer dizer: não mais sábados a noite estudando, nem domingos, nem todos os outros dias e noites enquanto as pessoas normais fazem coisas normais como dormir e brincar com seus filhinhos...

Não só isso mas quinta estréia novo capítulo de LOST e eu vou poder assistir...

Ah vida querida, seja bem-vinda, já estava com saudade!
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Dias Perfeitos

"Dias perfeitos são aqueles que a meteorologia diz que vai chover, e chove mesmo"
(Composição de um grupo de amigos para um trabalho de Português no segundo ano do ensino médio)

Você acorda as 7:o0, feliz e disposta (ok, talvez triste e raivosa soe mais verdadeiro) pra levar o filhote ao dentista, para o exame neurótico de rotina. Olha pela sacada do apartamento e vê isso:



Liga pro dentista e cancela. Em alguns minutos, a amiga simpática liga e avisa: "Não venha pro centro a não ser em caso de vida ou morte. Eu vim e tive que andar atolada na neve até o trabalho porque o ônibus não conseguia andar mais". Mensagem dada é mensagem recebida. Minutos depois a pessoa que você tinha que encontrar ao meio dia também liga cancelando. Minutos depois liga o marido da amiga:"As escolas estão fechadas, se você ia trabalhar nas escolas não precisa ir!". Você pensa que é uma pena que não é hoje que você trabalha para as escolas, mas sim amanhã. Mesmo assim, agradecida pelo serviço de informações meteorológicas gratuito, fica feliz da vida em casa, satisfeita por ter um emprego/estudo flexível e a possibilidade de ficar em casa em um dia como esses. Pensa que vai passar o dia inteiro terminando o trabalho gigantesco que tem pra fazer, mas na verdade passa o dia inteiro brincando com Divertack. Depois que ele vai dormir, você começa a fazer o trabalho e lá fica até as 3:00 da manhã, crente que amanhã, as escolas também estarão fechadas.

Amanhã nem amanhece e você já está de pé, a cena pela sacada é a mesma. Liga a TV na esperança de que não vai ter que trabalhar. Esperanças perdidas, as escolas estão abertas. Pega o menino e vai-se, as 7:30. Na rua, a cena é igualzinha do "O dia depois de amanhã" (sem a estátua da liberdade nem os lobos sem nexo), só que o dia é hoje mesmo. Dá 5 voltas no quarteirão da creche até achar uma vaga, tira a criança do carro, vai andando com neve até o joelho (não é exagero, era até o joelho mesmo), volta bufando. Gasta exatas 2 horas e meia pra chegar ao trabalho, à uma velocidade de 10km/h. Acha uma vaga pra estacionar a 3 km de distância, anda com a neve na cara, na bota, na calça. Chega atrasada, os alunos que você tinha que avaliar estão saindo para uma excursão. Porque criança não dirige nem desatola carro, então eles realmente se divertem com a neve.

Ao sair da escola seu carro está cheio de neve. Polyana como você tenta ser, agradece porque seu carro é aquele com alguns centímetros de neve e não este:




Raspa a neve do carro e sai dirigindo, agora a 5km/h enquanto as pontas do seus dedos descongelam aos poucos. 1 hora e meia depois você chega na creche (que normalmente fica a meia hora), cata o menino, depois de mais 1 hora e meia, várias cochiladas no volante, 527 repetições do CD preferido da criança (criado por você mesma pro aniversário do cidadão - se arrependimento matasse) e você chega em casa, as 7 da noite pensando: "Mas que raios eu estou fazendo nesse freezer?". Ao mesmo tempo, lhe vem a iluminação: E se ao invés de gastarem $17 milhões com a operação de tirar a neve da cidade, evacuassem todos os cidadãos para o Brasil e reinvestissem os 17 milhões em educação, saúde, etc. Em troca, mandassem por exemplo, o pessoalzinho lá de Brasília (e não estou falando nem da Juliana nem da minha sogra, cunhadas, por favor, entendam bem) pra uma temporada no gelo, juntando assim o útil ao agradável? - Me diz aí se não é um bom plano?

Viu só, dias perfeitos são aqueles que a gente descobre sozinha a solução para todos os problemas do mundo.

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Trânsito

Desde que mudei pra cá ficava feliz da vida achando que aqui, não tinha trânsito como o de São Paulo. Quem já ficou mais de 4 horas parada na Marginal Tietê sabe do que eu estou falando, trânsito é aquele que te obriga a desligar o carro, pegar a pinça e começar a fazer a sombrancelha e outras atividades altamente recomendadas e seguras já citadas por aqui.

Essa semana eu entendi porque eu achava que aqui não tinha trânsito, era porque eu andava de metrô.

Esta semana minha alegria se provou vã, aqui tem trânsito, e muito. As distâncias são menores, logo as horas também, mas que tem, tem.Um leitor atento pode se perguntar: "Mas por que raios então ela não continua andando de metrô?". E a resposta é simples, desde que eu sou uma mãe solitária, com um filho para levar para a creche, eu me recuso a usar o transporte público. O metrô tem sim inúmeras vantagens, mas acessbilidade, definitivamente, não é uma delas. Tente carregar um bebê em seu carrinho, a bolsa dele e sua própria bolsa, escada a cima, escada a baixo, e sobe, e desce e puxa e vai...minha gente, te digo, não é divertido. Troquei a meia hora de metrô por uma hora de carro, mas pelo menos não chego suada e desfigurada ao destino final. É fato que também tive que trocar os $32 que se paga para usar o transporte público livremente o mês todo por mais do que isso por semana, mas o que a gente não faz para ficar bonitinha, e se poupar do esforço físico.

Outro dia recebí um email daqueles encaminhados que eu odeio, mas que eventualmente resolvi ler. A tal mensagem era ótima e apresentava alguns fatos que comprovavam que você vive no Québec. Um deles era: Se você conhece as 4 estações: Quase inverno, Inverno, Ainda a estiagem do inverno e as Obras nas ruas e estradas, você vive no Québec. Aparentemente a estação atual é a das Obras. Boa parte da rua que me leva à creche e ao meu trabalho está fechada para obras, assim, fechada mesmo, o retorno por si só é uma viagem . A rua da creche, ops, escolinha, foi cortada pela metade. Quando digo cortada eu quero dizer cortada mesmo, foram lá e cortaram a calçada e o asfalto, não me perguntem o porquê. E é por essas e outras que há tempos minha sombrancelha não andava tão bem feita. Se bem que agora tenho outras distrações, como tirar o picolé da mão de Larapiack que ia pegar só um pedacinho e me tomou tudo e fazer diferentes gestos e caras pelo retrovisor para o mesmo enquanto canto todo o meu repertório de canções. De um jeito ou de outro, o povo que passa e me vê questiona minha sanidade e por vezes até me chama a atenção, mas como ninguém paga minhas contas, não ligo não.

E foi assim que, quem diria, eu sentí saudades do trânsito de São Paulo...Lá pelo menos sempre tem um moleque vendendo Bijou, Suflair (2 por 5 real), água, castanha de cajú de vigésima qualidade e por aí vai. Se bobear, você chega em casa com as compras do mês feitas (nesse momento você se pergunta que tipo de pessoa tem por compra do mês os itens supracitados...mas enfim...). É fato que você nunca sabe se o vendedor vai mesmo te vender ou eventualmente te assaltar, mas até aí, já diria minha mãe, não se pode querer tudo.
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O início do fim

Depois de 2 anos você já fica esperta...

Vai chegando o fim de Agosto, um vem vindo o outro indo, tudo discretamente.

Um dia você sente um ventinho e resolve não sair de saia, outro dia coloca um casaquinho de malha, outro dia um de lã e quando você menos percebe lá está você, cinco camadas abaixo das suas roupas, só o nariz, escorrendo, pra fora.

Como aqui em casa o funcionamento é sempre de última hora, ao perceber o fim iminente, a cadeirinha de bicicleta (coisa de lugar onde bicicleta é realmente um meio de transporte) de Passeack foi finalmente instalada, em um último movimento desesperado para aproveitar qualquer raio de sol restante. Os pais atléticos resolveram jogar um pouco de tênis (no caso da mãe, chame de jogar tênis qualquer coisa parecida com correr atrás de um bolinha, com uma raquete na mão, sem que uma necessariamente encoste na outra ) com a ajuda dos amigos babysitters entretendo Gandulack, que corre atrás das bolinhas, quase sempre com o intuito de comê-las.

Também passamos o dia inteiro fora (o dia começando às 15horas, horário que os pais organizados conseguiram sair de casa) , na "Fête des Enfants", um evento do dia das crianças daqui, comemorado no parque com brinquedos infláveis gigantes, caixas de areia com megablocos, milho cozido (que Galinhack come na espiga e adora, só perdendo para a areia, que ele também come e adora), e outras tantas atividades para crianças de todas as idades, uma grande comemoração do início do fim.

É Inverno, não adianta disfarçar, eu sei que você está chegando.



Aventurack aproveitando os últimos raios do Astro-rei em um dos infláveis gigantes da " Festa das Crianças"
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Mercúrio

Deu no painel do metrô hoje:

31 graus - Alerta de calor avassalador ativado (ou qualquer coisa do tipo que eu não tenho certeza como traduzir já que nunca vi um alerta desses em São Paulo, por exemplo)

Agora me diz se é ou não é um lugar maluco esse daqui?

E as pessoas continuam me falando: "mas você já está acostumada, né? No Brasil é sempre assim!". Claro, na Bahia talvez, ou no Saara, que fica pertinho do Brasil, todo mundo sabe. Enquanto isso na minha boa e velha São Paulo vejo pela webcam os amigos embaixo dos cobertores, quase congelando. Não reclamo, daqui a pouco tudo se inverte.
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Rápidas da vida em terras gringas

Marido assistindo o jogo Brasil X México : "Wrobinho gets the ball, here comes Wrobinho..." e por aí vai, ah sim, estão falando do Robinho, eu acho. E nada de "Globo e você tudo a ver". Em compensação, no intervalo, aparece o Rei (não o Roberto) em seu lindo inglês: " I am Pelé and watch Gol TV", certo, só por isso, agora eu assito também.

Felizmente eu não tenho espaço pra ter uma horta, mas segunda-feira, feriado nacional do Quebéc (porque eles juram que são uma nação), fomos colher morangos. E vamos combinar, colher é bem mais fácil que plantar. Fazendeirack adorou a brincadeira, mas vamos combinar, comprar no supermercado, já selecionado e em uma prateleira que não fica no chão e não tem terra é ainda melhor.

Verão é assim: Não tem praia, mas amanhã começa o Festival de Jazz, Carlinhos Brown na abertura, nem sou tao fã assim, mas aquele patriotismo bate e a gente vai, fantasiada de brasileira e tudo. Festival de fogos de artífício toda quarta e sábado a noite, festival "Só pra rir" e é todo mundo na rua, em um desespero quase insano de aproveitar cada gota de suor que puder cair nesse forno de cidade que congela meses depois...vai entender. 22 horas, 30 graus e tivemos que passar em 3 sorveterias pra achar uma com fila de apenas uns 15 minutos. E o regime? - você pergunta - Não, sei, pergunte pra Gisele Bundchen, meu verão dura só um mês e eu vou comer sorvete, todo dia se preciso for!
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Que venham as flores!

Finalmente, e já não era sem tempo, a neve foi-se e agora a primavera está se dando ao trabalho de mostrar a cara. Como diz meu aluninho, você pode começar a ficar feliz quando tem mais grama do que neve, bom sinal, estamos contentes, muito contentes.

Nas duas primeiras primaveras aqui eu achava estranho ver o povo saindo de camiseta e saia, mostrando aquelas canelas reluzentemente brancas, com uma temperatura de 16 graus. Em São Paulo isso é inverno, todo mundo sai de blusa, se bobear até de cachecol, já que falta melhor ocasião pra usar esse tipo de acessório. Mas agora tudo faz sentido...depois de meses usando sobre-tudo, cachecol, meias (assim, no plural mesmo), gorro, luva e o raio que os parta, ao menor sinal de calor, tudo que você quer é se livrar disso tudo. E pouco importa se ainda está um pouco frio, o calor vai embora rápido, é preciso usar todas as roupas possíveis antes que a oportunidade passe. É preciso sair pra passear, andar de bicicleta, fazer churrasco no quintal, respirar, pular...

Saímos neste fim de semana inteirinho sem casaco! É muita alegria! Calça pula-brejo, Primaverack de camiseta, o pacote de inverno aposentado de vez e para sempre (já que no próximo inverno não serve mais) e até havaianas foram usadas. Fizemos várias caminhadas ao ar livre (shopping também conta, já que shopping aqui é meio ao ar livre). Admirack está cada vez mais admirado com os animais que saem das suas tocas, esquilos, patos, pássaros (acho que pássaros não tem toca...nem patos) minhocas, folhas (penso que folhas também não são animais, mas enfim), é incrível como as coisas se mexem quando não estão cobertas por kilos de neve!

A gente cresce no Brasil vendo fotinhos das 4 estações nos livros da escola e não entende nada, já que no inverno não tem neve, no outono não tem folhas caindo das árvores, flor tem todo tempo e não só na primavera, assim como o sol que deveria ser tecnicamente do verão. Aqui tudo faz sentido, cada estação é igualzinha a dos livros e o negócio é tentar aproveitar o melhor de cada uma. Daqui uns dias as ruas vão estar cheias de tulipas, dá até vontade de ter um jardim. Ainda bem que a vontade passa assim que eu lembro que para tanto, eu teria que primeiro, ter uma casa e segundo, cuidar do jardim enquanto não inventam um tipo flor com "auto-cuidante". Para aproveitar a primavera me resta então usar todas as minhas saias, apreciar os jardins dos outros, passear pelo parque com Princhuquinho, andar de bicicleta e dar valor pra cada minuto de sol,céu azul e temperatura ideal porque daqui uns dias, passa e começa o calor desgraçado do verão, que logo passa também, as folhas caem e aí a história se repete...