"Dias perfeitos são aqueles que a meteorologia diz que vai chover, e chove mesmo"
(Composição de um grupo de amigos para um trabalho de Português no segundo ano do ensino médio)
Você acorda as 7:o0, feliz e disposta (ok, talvez triste e raivosa soe mais verdadeiro) pra levar o filhote ao dentista, para o exame neurótico de rotina. Olha pela sacada do apartamento e vê isso:

Liga pro dentista e cancela. Em alguns minutos, a amiga simpática liga e avisa: "Não venha pro centro a não ser em caso de vida ou morte. Eu vim e tive que andar atolada na neve até o trabalho porque o ônibus não conseguia andar mais". Mensagem dada é mensagem recebida. Minutos depois a pessoa que você tinha que encontrar ao meio dia também liga cancelando. Minutos depois liga o marido da amiga:"As escolas estão fechadas, se você ia trabalhar nas escolas não precisa ir!". Você pensa que é uma pena que não é hoje que você trabalha para as escolas, mas sim amanhã. Mesmo assim, agradecida pelo serviço de informações meteorológicas gratuito, fica feliz da vida em casa, satisfeita por ter um emprego/estudo flexível e a possibilidade de ficar em casa em um dia como esses. Pensa que vai passar o dia inteiro terminando o trabalho gigantesco que tem pra fazer, mas na verdade passa o dia inteiro brincando com Divertack. Depois que ele vai dormir, você começa a fazer o trabalho e lá fica até as 3:00 da manhã, crente que amanhã, as escolas também estarão fechadas.
Amanhã nem amanhece e você já está de pé, a cena pela sacada é a mesma. Liga a TV na esperança de que não vai ter que trabalhar. Esperanças perdidas, as escolas estão abertas. Pega o menino e vai-se, as 7:30. Na rua, a cena é igualzinha do
"O dia depois de amanhã" (sem a estátua da liberdade nem os lobos sem nexo), só que o dia é hoje mesmo. Dá 5 voltas no quarteirão da creche até achar uma vaga, tira a criança do carro, vai andando com neve até o joelho (não é exagero, era até o joelho mesmo), volta bufando. Gasta exatas 2 horas e meia pra chegar ao trabalho, à uma velocidade de 10km/h. Acha uma vaga pra estacionar a 3 km de distância, anda com a neve na cara, na bota, na calça. Chega atrasada, os alunos que você tinha que avaliar estão saindo para uma excursão. Porque criança não dirige nem desatola carro, então eles realmente se divertem com a neve.
Ao sair da escola seu carro está cheio de neve. Polyana como você tenta ser, agradece porque seu carro é aquele com alguns centímetros de neve e não este:

Raspa a neve do carro e sai dirigindo, agora a 5km/h enquanto as pontas do seus dedos descongelam aos poucos. 1 hora e meia depois você chega na creche (que normalmente fica a meia hora), cata o menino, depois de mais 1 hora e meia, várias cochiladas no volante, 527 repetições do CD preferido da criança (criado por você mesma pro aniversário do cidadão - se arrependimento matasse) e você chega em casa, as 7 da noite pensando: "Mas que raios eu estou fazendo nesse freezer?". Ao mesmo tempo, lhe vem a iluminação: E se ao invés de gastarem $17 milhões com a operação de tirar a neve da cidade, evacuassem todos os cidadãos para o Brasil e reinvestissem os 17 milhões em educação, saúde, etc. Em troca, mandassem por exemplo, o pessoalzinho lá de Brasília (e não estou falando nem da Juliana nem da minha sogra, cunhadas, por favor, entendam bem) pra uma temporada no gelo, juntando assim o útil ao agradável? - Me diz aí se não é um bom plano?
Viu só, dias perfeitos são aqueles que a gente descobre sozinha a solução para todos os problemas do mundo.