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Atualizações

Este negócio de facebook (fala a senhora no fundo da sala, agulha de crochê em mãos, que ainda acha que Facebook é novidade) está acabando com a já pouca frequência de postagens por aqui. As coisas acontecem e o ritmo de lá é tão mais rápido do que o de cá, e não necessita parágrafos introdutórios nem explicações. Joga-se a frase solta e pronto. Tchi-bum (foi a melhor onomatopéia que eu achei pra atualização!Certeza que não faz nenhum sentido), tá lá, todo mundo vê, comenta e curte... será este o triste fim do blog? Espero que não. Porque o objetivo daqui era prover algo da memória que me falta para Ninoca e Zackolino no futuro rirem de sí, e das fofurices, e dos causos da vida de cada dia... e no Facebook, vai que ele some que nem Orkut? Pelo menos no blog eu tenho todos os textos no email! Medo!

Bom... vou colocar umas coisinhas exclusivas aqui que é pro Sr. Blogger não ficar tão chateado, o tema de hoje são "Jogos":

Ninoca e um dos nossos sempre divertidíssimos papos-cabeça na volta da escolinha:
- Olha mamãe, é um jogo...
- Como é, filha?
- Eu falo alguma coisa e você fala: "que gostosa!""

Vejam bem que eu venho jogando isso há tanto tempo que ela achou que era hora de formalizar a situação.

Enquanto isso, no mundo dos que vão à escola "dos grandes"... Competitack veio me informar que para o seu aniversário (de 6 anos, daqui há 5 meses) ele está organizando um campeonato com as meninas... com as meninas ? Sim, me explicou o moço, com as meninas, porque os meninos já estão convidados, mas as meninas...ah, as meninas, vão ter que participar em uma série de jogos (que incluem amarelinha, desenho, partida de BlayBlade e jogos de neve) e só as campeãs serão então convidadas para a festa. O motivo, explica ele para uma mãe horrorizada, é que não dá pra chamar todas as meninas para a festa! Prova disso é que os seus amigos mais próximos só chamaram os meninos, inclusive, a mãe do Albert disse que ele não poderia chamar ninguém da escola para festa de 6 anos, mas só para a de 7. Aparentemente existe uma política de festas no nível escolar que eu ainda não domino. E nessa eu fiquei sem saber se achei um horror o meu filhotinho estar estabelecendo tais regras (e como eu disse pra ele, você deve convidar quem é seu amigo, e amigo não tem que fazer nada pra merecer sua amizade), ou se isso faz parte do processo social. Acho que eu não estou pronta para lidar com este mundo de escola onde a gente tem tão pouco controle da situação. Então eu decidi voltar no tempo uns 3 anos, só para eu me preparar melhor...

Eu acho... só acho que essa coisa de jogo está meio que exagerada aqui em casa... vou ter que revisar as noites de jogos que fazemos com os amigos, e talvez o meu comportamento durante as mesmas. Chegou aquele momento definitivo onde você se depara com o inevitável: seus filhos são você. Medo! O mundo está mudando muito rápido! - Diz a senhora no fundo da sala, agulha de tricô em mãos e uma leve impressão de que nada disso tem volta...




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Desabafos de uma mãe doutoranda

Esta semana eu dormi no total, 9 horas, desde sábado. Não é exagero, acabei de contar. Hoje é quinta.

Acho que cheguei no ponto em que posso dizer seguramente que nunca estive tão cansada, tão estressada, tão sem paciência e com tanto sono na minha vida.

Nesta semana: esqueci de abastecer o carro e fiquei sem combustível no meio da ponte, tive que ser guinchada até o posto e contar com a imprescindível ajuda dos amigos queridos (valeu mesmo Márcia e Silvio) para ir buscar os filhos nas respectivas escolas. Esqueci a chapinha ligada um dia inteiro e quando eu voltei a pia estava fervendo (e não, eu não passei a chapinha no cabelo de manhã, porque eu basicamente achei legal ligar a chapinha e ir embora), saí de casa sem casaco (num frio de -9 graus) e só percebi quando cheguei no trabalho (tá bom, foi semana passada, mas ainda entra na conta do descerebelamento), Atrasack chegou na escola atrasado dois dias, perdeu aula de violino e natação.

Só pra se ter uma ideia, cheguei no ponto de passar no drive-thru do McDonald's, comprar o lanche e deixar as crianças comerem assistindo televisão enquanto eu solenemente escrevo este post, pela pura e simples falta de força física para fazer janta ou subir a escada e botá-los pra dormir. Tamanha é a gravidade da situação.

Em compensação, eu analisei 500 páginas de estatística (não é exagero, eu abri uma resma de papel sulfite e gastei-a inteirinha - aliás, faltaram ainda algumas páginas), enviei dois artigos para publicação e submeti 2 resumos para conferências e uma "aplicação"de pós doutorado de 123 páginas (também não é exagero), além de avaliar 3 novos pacientes para minha pesquisa.

Sílvio: - Você quer trocar esta vida acadêmica maluca e este título de PhD inútil por uma noite inteirinha de sono e uma praia com água de côco e tempo para brincar com seus filhos?
Keiko: - Siiiiiiiiiiiiiim!

PS - Maridex está no Brasil esta semana, e é quando eu tiro o chapéu para qualquer mãe solteira. Eu não dou conta.

PS 2 - Você, mãe dedicada e companheira de guerra que estiver sentindo-se a pior mãe por ter ignorado seu filho por 5 minutos por qualquer razão bem justa, não se acanhe, lembre-se que em algum lugar do mundo sempre tem uma mãe pior que você.




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As aves que aqui gorjeiam...

Em qual dessas palmeiras eu encontro o tal sabiá?


Diz a lenda que uma vez que você deixa seu país natal, nenhum lugar mais te pertence e você não pertence a nenhum lugar. Eu ainda não me livrei dessa coisa de voltar ou ficar. Basta uns dias nos Brasil, uma prainha perfeita e umas águas de côco, uns amigos tão queridos que conhecem meu passado mais que eu, uns irmãos, uma família que faz sentir que você pertence ao mundo, muitos priminhos nacionais para brincar com os priminhos gringos e pronto, eu volto pra cá sofrendo. Fazer a viagem do positivo pro negativo na temperatura e na vida não ficou mais fácil depois de quase 7 anos de Canadá.

Se a terra de lá tem palmeiras pra sabiá nenhum botar defeito, a de cá tem uns pinheiros até simpáticos que insistem em ficar verdes mesmo no inverno.

Não é que falte primores nesta terra de cá. Lá não se faz pesquisa como cá e dificilmente eu iria viajar e sair apresentando meu trabalho por aí se estivesse na terra de lá, com o tal do sabiá (foi só pra rimar, confesso). Por outro lado, poucos primores se comparam ao fato de ir dormir com uma sacola cheia de roupa suja e ao acordar encontrá-las devidamente lavadas, passadas e dobradas ao seu lado. Sim, eu disse passadas. Minhas roupas mal resistiram a tal brutalidade, não viam ferro há anos.

Vamos combinar que as aves daqui não tem medo de assalto e normalmente não ficam horas no trânsito para qualquer deslocamento. Elas moram em casa com quintal e parque no fundo, sem muro e com cara de série de TV. Por outro lado, elas não gorjeiam mesmo, porque quem é doido de sair gorjeando num frio deste. A pobre ave antes de pensar em gorjear tem que botar casaco, bota, meia, luva, cachecol e dar sorte para o ônibus passar na hora que ela chegar no ponto. Se não, meu amigo, não há gorjeio que o faça. Sabiá sente falta de sair de casa com a roupa que está, assim, em menos de 20 minutos, pra poder gorjear em paz.

Não ajuda o fato que lá é só férias e aqui só trabalho acumulado. Acho até que Brasilina e Nacionalack vão acabar com uma visão bem distorcida do Brasil... meio mesmo à Gonçalves Dias... da terra que tem Palmeiras onde a gente pode subir, dos primores de comer vários picolés por dia, almoçar pastel, poder comer qualquer besteira "desde que seja bem nacional"(sic Zack), e brincar o dia inteiro com primos e amigos até cair de cansaço. É óbvio que encontremos mais prazer nós lá.

Espero que a nostalgia vá embora com a marquinha do biquini, porque este saudosismo não faz bem para um coração em abstinência de pizza de catupiry.



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Conversas de Ninoca

Tagarelina nunca teve problema pra falar.

Desde os 18 meses a bichinha desembestou a não há quem a faça parar de falar, de cantar, de repetir... e mais recentemente, de analisar o mundo e os fatos. Ela acorda falando e passa assim o dia inteiro. Ela senta na mesa do restaurante e com a maior cara de gente resolvida me olha no olho e solta:
- Hello mommy... how are you today?

Mas as análises são o fenômeno de interesse aqui. Análise de criança de 2 anos é deveras relevante, toda grande descoberta científica começou assim. Porque se cidadão pode sair pelado pela rua gritando "Eureka!" e ficar famoso, não é minha Genina que não vai ficar famosa por conclusões fundamentais para explicar os mistérios do universo como neste extrato de apenas 5 minutos (dos mais de 45) do nosso papo na volta pra casa hoje, que sintetizam a abundancia, profundidade e genialidade do ser:

Mamãe... a placa é verde, a luz é verde... mamãe (veja bem que faz parte da genialidade identificar o interlocutor, todo pesquisador sabe que não se deve sair assim desperdiçando e compartilhando descobertas importante com qualquer um), olha a lua! ...mamãe...eu brinquei com a Nadine hoje... minha Nadine! (revisão de conflito esclarecido anteriormente) é, na escolinha, amiguinha... mamãe... eu não tenho piu piu, só o Zack! (arremate com intonação positiva e afirmativa de quem realmente sabe do que estea falando).

Essa menina vai longe...

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Tradições de Natal


Gente!!! Me recuso a acreditar que Dezembro chegou. Fico besta como o tempo insiste em passar mais rápido a cada dia. E não importa quanto tempo você não tenha para entregar as provas a tempo, comprar presentes para levar para o Brasil a tempo, enviar os artigos a tempo e analisar seus dados a tempo, o tempo passa.

Eu gosto de Dezembro, sabe? Gosto de natal e tradições que existem na minha mente mas as quais eu executo com devida limitação de tempo e preparação, mas executo. De tudo que eu não faço, as tradições de fim de ano são parte das coisas que eu faço, custe o sono, custe os artigos, custe o que for, a gente faz e pronto.

Nossas tradições aqui são:
1. Ir ao concerto de natal da Jenifer Gasoi, uma cantora meio jazz, meio blues, meio pop e completamente queridinha com a qual fizemos aula de musicalização em ume época e desde então fomos à todos os concertos, mistura de clássicos de criança, de clássicos de Natal e de Hannukah (o concerto acontece na biblioteca judia), com ótima banda ao vivo, nada de efeitos especiais, bolhas soltadas pela própria Jenifer no meio do show, muita pulação, danças espontaneas e batidas de palma... tudo de certo e bom.

2. A partir do primeiro de dezembro nós lemos um livro de natal por noite, regado ao chocolate quente com marshmallow, à luz de velas. Esta é minha favorita.

3. Montamos árvore de natal colocando o enfeitinho de gesso com as mãozinhas do "primeiro natal" de cada um, e a cada ano é uma surpresa (bem melancólica) ao constatar quão grande estão as mãozinhas neste ano, em relação àquele primeiro natal...

Adoro natal. E vocês, que ainda eventualmente aparecem por este canto cheio de sapatos empoeirados...quais são as tradições de natal e fim de ano por aí?
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Toque de mágica

Quem tem criança não precisa de David Cooperfield. (Porque todas as outras pessoas precisam. Veja bem...a pessoa precisava de uma frase de abertura para o post).

Ele já vem lendo letrinhas e juntando sílabas aqui e lá há mais de um ano. Mas isso não é ler. Ler é trazer da estante o livro recém chegado do Brasil:
- Mamãe, lê esse pra mim, do "seu favorito" (eu tinha falado pra ele que o livro era do Chico Buarque, e isso ele sabe, o Chico é favorito - valeu Flávia pela sugestão). E no meio do livro, abrir um sorriso e gritar bem alto, com os olhinhos brilhando de quem viu um mundo novo se abrindo, diretamente da boca do lobo:
- E-U SO-U UM LOBO! - Mamãe!!!!!! Eu entendi!!! Ele disse: EU SOU UM LOBO!!!

Mágico.

********
Arrumando "a marmita" do menino de escola para o dia seguinte. Ele brincando e de repente vem checar o lanche:
- O que você está fazendo hoje mamãe?
- O mesmo da janta Filhote, milho, aspargo, tofu...
- Não mamãe, em forma de que você está fazendo?- Diz ele se referindo aos (poucos) dias em que a mãe inspirada faz carinhas, cidades e outras formas com a comida.
- Humm... hoje não tem forma de nada filho...
- Ah mamãe, faz alguma coisa...
- Tá bom, vou fazer. - Bota uns aspargos pra lá, espiga de milho pra lá e... - tchã-nã!!!!
- O que é isso mamãe?
- Ah... olha bem Zack... use a sua imaginação (leia-se: ache e invente coisa porque eu não consegui fazer nada), você tem que adivinhar.
- Hummm... eu acho que é um bolo!
- Um bolo? Ah... muito bem, onde está o bolo? (Céus... juro que de bolo não tem nada)
- Aqui é uma camada do bolo, aqui as velas, aqui as balinhas do enfeite e aquele sprinkles e o outro pedaço do bolo!!!!!! - Diz ele todo pimpão.
- Muito bem filho! Você adivinhou! (Ufa!)
- Muito bem Zack, boa imaginação, hein? - Auto elogio de quem sabe que mereceu.

Imaginação de criança é tudo. Mágica.

*************
Cinco minutos depois de colocá-la na cama, escuto um grito e um choro incosolável:
- Eu tenho um dodóoooooooi, eu "piciso" de um remédico!! (PS - ADORO "remédico",tanto que não tenho coragem de corrigir! Eu sei, eu sei, má mãe, má mãe...)
Conhecendo a vocação de atriz da figura, dou um tempinho sabendo que normalmente, cinco minutos bastam para que ela ache sozinha a cura dos seus males. Ou ela cai no sono e o dodói miraculosamente desaparece. Cinco minutos passam e os berros só pioram. Melhor ir conferir o tal dodói. Chego no quarto e encontro uma menina desolada, descabelada, bochechão cheio de lágrimas:
- Aqui ma-mãe, eu tô muito dodói - diz ela entre soluços, mostrando o dedão.
- Ah Ninoca... to vendo (to vendo um dedo, intacto), tá bom filhinha, você precisa de um band-aid, né?
- U-hum... "piciso".
- Tá bom, mamãe vai buscar.
Vou buscar o band-aid, aproveito pra botar uma roupa na máquina, dobrar umas outras, ligo a máquina de lavar louça, guardo uns brinquedos jogados, aquela coisa básica que mulher faz quando vai de um cômodo ao outro. Pelo silêncio vindo do quarto, assumo que, ou somente a ideia do band-aid já curou o ferimento grave ou ela dormiu. Mas volto com o band-aid porque promessa é promessa. Ela ainda estava acordada, deitadinha, olhando pro dedão e o dodói imaginário.
- Pronto, tá aqui o band-aid, princesa, agora pode dormir, tá bom? - Diz a mãe, também conhecida como enfermeira e fada madrinha nas horas vagas.
- Tá bom mamãe...pode acender a luz pra ver o band-aid?(Boa tentativa de ficar acordada! Figura...)
- Não precisa, dá pra ver assim, ó.... viu? Agora boa noite, tá bom?
- Boa noite mamãe. - Diz ela satisfeita olhando para a atadura sagrada, vulgo band-aid.

E dois minutos depois, a bela já está adormecida. Mágica.


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Ninar

Não conhecia... tão lindinha! E a Nina aqui levantando a mão: Sou eu! Nina! - Agora o Chico e a Adriana são os melhores amigos.


Ninar

Adriana Calcanhotto

Viva
Nina
Venha
Ver
Pequenina
Vem
Viver
Vem menina
Ser
Você
Vem menina
Nana
Nene
Dorme
Nina
Nana
Nene

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