Existem coisas inevitáveis que acontecem no curso dessa nossa vida e que quando você vê você constata tristemente...caramba! E não é que aconteceu?
Coisa 1 -
Neste sábado fomos convidados para a festa de aniversário da filha de uma amiga. Tudo bem se não fosse o fato de que a filha estava fazendo não 5, mas 18 anos. Consegui deixar todo mundo triste quando em meio a gracinhas de Princhucão (o pai mesmo) percebi os olhares complacentes da turminha "dos jovens", pensando certamente "poxa, esse tiozinho aí até que é engraçado" ou o pior "pô, olha o tiozinho coitado, mó mané" (no carioqûes da amiga carioca). Sim, éramos os tiozinhos, os amigos dos pais, convidados só pra trazer presente e não deixar os próprios pais deslocados na festa da filha.
A aniversariante esperta, aproveitou nossa presença pra despistar os pais, entretidos conosco, e sair com os amigos pra fazer a verdadeira festa, longe da velha guarda. Fomos os últimos a ir embora, quase ajudamos na faxina...ô tristeza, e pensar que um dia desses eram os meus próprios amigos que faziam 18 anos...
*******
Coisa 2-
Desde pequena eu sempre praguejei em alto e bom som para minha mãe (que era professora) que podia ser tudo na vida, menos professora. Porque embora eu achasse o máximo escrever no quadro-negro (no tempo que isso existia), eu achava insuportável ver as pilhas de provas que ela trazia pra corrigir em casa, muitas vezes à custa do nosso tempo de brincar juntas ou quando mais crescidinhos, entrávamos na dança corrigindo provas em troca de chocolate (essa moeda sempre foi forte lá em casa) ou não cumprimento de tarefas domésticas. Minha mãe ria e praguejava de volta: "quero só ver".
Sei que sendo membro da categoria (mãe) não deveria falar mal da mesma, mas praga de mãe é mesmo uma praga. Tanto foi que hoje, não sou professora, mas sou assistente aqui na faculdade. Isso quer dizer que eu não escrevo na lousa, não ganho maçã e nem me regozijo na honrada missão de educar cidadãos para a vida. Tudo que eu faço é corrigir provas. Ah sim, também tiro dúvidas por email e escuto reclamações, sempre que os alunos não tem coragem de se dirigir à professora "de verdade", quanto glamour!
Por conta disso hoje, as 6h17 da manhã eu não estou acordando, mas indo dormir, após uma noite de correções precedida de muitos dias enquanto uma pilha de 101 provas figurava em cima da mesa e minha vida consistiu de uma rotina divertidíssima de "auto reforço positivo" de várias categorias: se eu corrigir 5 provas posso beber água, mais 5 posso ir ao banheiro (assim, apelando pras necessidades básicas mesmo), mais 5 eu leio uma história pra Princhuquinho (para compensar a culpa de fingir que ele não estava lá mordendo meu pé e chamando "mamamama"enquanto eu corrigia), mais 10 como uma colher de Nutella (pra repor a energia gasta). Chegando a data de entrega das médias (hoje) o desespero foi tomando conta e até amigas desavisadas que ofereceram ajuda só pra serem bacanas se deram mal e passaram o domingo fornecendo mão de obra escrava - assitentes da assitente - cargo ocupado também por Princhucão que faz as planilhas, soma, confere, organiza, uma verdadeira linha de produção.
A recompensa final, o capricho que me ofereço após a semana de trabalho intenso: "quando eu acabar tudo (e só quando eu acabar tudo) eu escrevo um post sobre o assunto". Voi-là, agora posso dormir em paz. Só não posso contar nada disso pra minha mãe, pra me poupar do clássico: "mas eu te disse!".
C'est la vie...
2024 Stocking Stuffer Guide for Kids, Tweens & Teens
Há 5 semanas