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Diários de Van






Opa! Estamos de volta à nossa programação...

Eu nunca fui muito fã de longas viagens de carro. Talvez devido a interminável distância que separava nossa vidinha urbana de Sampa das deliciosas férias na fazenda da Vovó em Minas Gerais. No caminho, brigas certas entre eu e meu irmão pelo melhor espaço no banco, seguidas de uma advertência do meu pai, que geralmente sem efeito, era seguida de uma parada brusca, uma surra e o subsequente silêncio mortal no banco de trás. Enquanto isso, no som, música sertaneja ou japonesa, das quais se eu pudesse escolher uma, prefereria ser surda. Sem muita opção, me restava decorar todas as letras das músicas, que sei até hoje. Imagino que depois da confissão de que sei todas as músicas da Xuxa, e agora todas as sertanejas da década de 90, não sobram muitos pontos no meu conceito. Aguardem um post futuro onde confessarei saber também todas as do Sidney Magal e do Fagner, além de uns trechinhos de algumas do Agnaldo Timóteo.

Princhuco, o marido, no entanto, é mais entusiasta das longas aventuras rodoviárias e não se importa de dirigir longas distâncias. Isto, aliado ao preço consideravelmente menor do que o bilhete aéreo, nos fez optar por ir à Washington de carro, ou de Van, no caso. Além do que é divertido o conceito de ir para os Estados Unidos de carro, não? No maior roteiro "Freud explica", Princhuco também, digamos, aprecia a fina arte do Country Brasileiro, e como ele assume o controle da direção, também se acha no direito de escolha de 2 CDs contra 1 meu. E foi assim, que fomos por longos 1000 kilômetros, rumo ao casamento da vovó ao som de Bruno e Marrone - Leandro e Leonardo - Chico, Rio Negro e Solimões, Milionário e José Rico - Toquinho, e por aí vai.

Parece ruim, eu sei, mais ainda fica pior. O detalhe trágico e que me fez decidir de uma vez por todas que carro não pode ser considerado um meio de transporte para viagens, foi o novo membro da família, vulgo Princhuquinho, em viagem longa pela primeira vez. Acontece que o cidadãozinho nunca foi muito fã da sua cadeirinha do carro, ou deveria dizer cadeirinha de tortura? Mas em pequenas distâncias a gente engana o moleque, canta, faz uma palhaçadinha, dá alguma comida até chegar ao destino final. Desta vez, no entanto, não houve cenourinha, queijinho, brinquedo criteriosamente escolhido, hino nacional ou performance circense da Mamãe que fizesse Desesperack parar de chorar, por 1, 2...15 horas!!!Recorde! Enquanto isso, no banco da frente, Papai Princhuco ajudava muito falando a cada 5 minutos:"Faz alguma coisa", "Você já deu o brinquedo?", "Faz alguma coisa", porque obviamente eu estava dormindo tranquila no banco de trás enquanto o menino se esguelava. Não, não, eu não pedi o divórcio, assim é o amor.
A cenoura distrai... Mas não por muito tempo

Chegando lá, o menino simpático e sorridente, todo prosa e feliz durante o dia, a noite se transformava no monstrinho chorão, quase igual Lobisomen, só sem a lua cheia e os pelos (sendo assim acho que não se parece em nada com o Lobisomen, mas enfim). Não o culpo. A região de Washington virou praticamente uma sucursal de Minas Gerais, metade da minha família agora mora lá. E família que é família tem que dar provas de amor e fazer questão que você durma na casa de cada um deles. Pega mala, tira mala, arruma a caminha no chão pra Suicidack não pular, no mesmo quarto da Mamãe e do Papai, é claro. Afinal de contas, se quer um quarto só pra criança, arrume um hotel, ou volte pra casa. Sem entender nada, Perdidack, que já dormia a noite toda há tempos, acordava apavorado com uma mensagem clara para a Mamãe aqui: "Ou você me dá logo esse peito ou ninguém nessa casa, nesse bairro, nesse país, dorme". Com medo de baixar uma tropa do FBI lá na casa dos parentes dando busca no ousado que perturbou o sono do Tio Bush, Mamãe esperta descia ao chão e por lá ficava, até acalmar o pobre, lá pelas 7 da manhã. E assim foi...noite após noite, casa de parente após casa de parente.
Pit-stop em NY, o descanso do viajante
Bom, apesar do tom levemente negativo, miraculosamente a viagem foi divertida, digo, os dias foram divertidos, principalmente os quais Mamãe passou afogando as mágoas nos "Outlets" e pagando $0, 51 centavos em uma calça jeans da GAP, como prêmio de consolação pro Princhuquinho. Também abastecendo o estoque de cremes, materiais para scrapbook e outras pechinchas que só se encontra na terra do Tio Sam. Passamos também por várias lojinhas brasileiras pra comprar requeijão, queijo minas e comer "salgado de padaria", coisa que não existe aqui em Montréal, tremenda injustiça. Ah sim, teve também o casamento da minha mãe, que foi uma simpatia de evento, por mais estranho que seja casar a mãe, e o city tour básico. Além de tudo, o aniversário de Velhack, que só vai ser mesmo comemorado mês que vem. Tudo bom. De dia, só alegria visitando a casa do Tio Bush (ou ao menos a cerca)

Na viagem de volta, no entanto, entre a integridade física da criança (segura na sua cadeirinha) ou a integridade mental da família, optamos pela segunda e Tranquilack voltou a ser o bom bebezinho que é, dormindo placidamente no banco de trás. Afinal de contas, minha mãe bem disse, na minha época não existia cadeirinha de carro pra criança e até hoje eu nunca morri. Era exatamente este o argumento que eu ia dar pro guarda que eventualmente nos parasse. E ai dele se duvidasse. Viagem de volta. Morfeu estava lá, de braços abertos no banco de trás.

Depois de 2000 kilômetros rodados, 5000000 de calorias consumidas, alguns $$ gastos (valores reais vetados), nada como o lar doce lar, com um bercinho onde Pertuback agora só dorme sob protestos, muitos protestos. Afinal de contas, é tudo assim, se várias semanas foram necessárias para acostumar o bichinho a dormir lá no seu quarto sozinho durante a noite inteira, bastou uma semana fora pra o fazer esquecer tudo. Por essas e outras, por mais que eu ame desesperadamente meu filho e até meu marido sertanejo, e a viagem com eles tenha sido agradabilíssima, neste exato momento eu trocaria tudo por uma passagem só de ida sem direito a acompanhante pra qualquer lugar distante onde eu pudesse dormir 5 dias e 5 noites sem acordar nem pra ir ao banheiro.

Tenho fotos pra provar tudo mas o cabo da máquina está desaparecido nesta minha casa pós viagem que está mais pra New Orleans pós Katrina. Assim que eu achá-lo, provavelmente dentro da máquina de lavar louça, boto as fotos.

Sessão de respostas:

Lana: É aquilo, entre mortos e feridos todos saíram salvos. Mas a risada do Gargamel bem se aplica.

Deby: É a segunda música do peixe, que aliás, Princhuquinho exibiu orgulhosamente pra toda a família.


Marquito Anonymous: Isso mesmo, você entendeu tudinho, ainda mais depois dessa viagem com Princhuco, um segundo casamento soa bem.



Claudia: Pra Grandack ficar maior do que a mãe não vai ser preciso muito esforço, agora, a namorada, essa aí vai ter que enfrentar a fúria dos meus 1, 50m ;-)


















10 comentários:

Sandra Vicente disse...

Sua aventura daria um bom filme. kkkkkk
O Vini sempre amou as cadeirinhas e sempre aguentava RJ-SP na boa. A Lara nem tanto. Acho que porque ela enjoa e acaba vomitando. Depois que peguei a manha, ja sabia a hora e faziamos algumas manobras para evitar ou sujar menos. Acho que vc deve praticar mais essas viagens para ele se acostumar mais, o que acha (interrogacao)
Beijos e durma!!!!

Deby disse...

ufaa!!
Vc ainda tah viva?? "Padecer no paraíso". É isso aí, querida!
Aguentar choro de filhote enquanto se diverte na terra do Tio Sam.
Mas pelo jeito foi muito bom, né?
bjinhos e uma ótima semana (com muito descanso)

Anônimo disse...

Fiz uma viagem doida dessas quando os meus dois filhotes eram pequerruchos. Há dois meses fiz uma dessas cortando Portugal de norte a sul, ida e volta, eles já são pré-adolescentes...Posso dizer, comparando-se as viagens que maiores eles são mais facilmente ludibriados...Um sorvete, um sanduiche de queijo e vamos embora para a próxima parada. Já um bebê que dormiu o suficiente...não tem como, né? Foi corajosa! Na próxima apele para o avião se não quiser endoidecer! Praticidade é sinonimo de sanidade! Bjs.

Flávia disse...

Que inveja ! Eu aguentaria a viagem longa, a musica sertaneja (existe protetor de ouvido pra que ?), tudo para passar nos outlets e para comprar requeijao.

Que coisa a cadeirinha, Menina ! O Pacotinho de Seguranca ADORA a dele e ainda nem a viramos para frente (agora, maior de idade, ja pode).

Beijinho.

Deby disse...

Bom dia!!

Tem prêmio e tarefinha pra vc aqui: http://por1segundo.blogspot.com/2007/06/laughing-blogger-award.html

bjinhos

Juliana Werneck disse...

Keiko, para variar ri muito com suas histórias e seu jeito divertido e inteligente de escrever!
Olha, apesar de minha filha nunca ter tido muitos problemas com cadeirinha, eu só fiz uma viagem longa com ela (a qual eu, simplesmente, sabe-se lá por quê, não tenho nenhuma lembrança). A única coisa que sei é que, até hoje, viagem só rola de avião. Agora, se for para comprar calça a 0,51, revejo todos os meus conceitos!! :-)
Bjinhos, Ju.

Deby disse...

as fotos ficaram ótimas.
Ele é muito fofo.
bjinhos

Anônimo disse...

Tem certeza que ele só tem 1 ano de idade?? Ele é muito grande!

Suzi disse...

menina, morri de rir, aqui, lendo as tuas aventuras!!
mas não entendi nada quando li TOQUINHO no rol dos sertanejos.
Toquinho, parceiro de Vinicius de Moraes nessa lista?????

??????

Maeshonista disse...

Hahaha. Era mais ou menos o que eu esperava.

Dá próxima vez, você faz assim: Leva um Lexotan, metade você toma e metade você dá para o Meninack. Essa seria a única garantia de uma viagem tranqüila!

E, aproveita, que daqui uns meses além de levar o comprimidin, sugiro uma pequena dose etílica para acompanhar!

Beijos