Também sou do tipo que lê todos os anúncios de publicidade no metrô, que fica com raiva quando alguém para bem na frente daquela propaganda que você está lendo, pô, tanto lugar par parar e o cidadão estaciona alí, na frente da minha propaganda. Isso, é claro, além de ter lido a série vaga-lume inteira. A regra de ouro é, não há tempo a perder, mantenha-se informada, seja a informação útil ou não. Por essas e outras que estou ficando cada vez mais míope. Cega, mas bem informada.
Mas nem só de informações inúteis vive a Keiko. Chega uma época na vida que você é obrigada a passar para um nível mais útil...é matéria de faculdade, livros de gravidez, educação, nutrição, e ão, ão, ão que não acaba mais. Pra piorar, tenho acesso às bases de dados de todas as publicações de saúde, aí é uma triteza. Entro lá pra minha pesquisa, começo com "Paralisia Cerebral", "Determinantes", e quando me dou conta já estou pesquisando "Disciplina", "Educação", "Desenvolvimento Cognitivo" e imprimo pilhas e pillhas de artigos que vão sendo lidos na calçada enquanto ando, na academia (isso é, quando eu apareço por lá - Sandra, acho que é por isso que eu não faço amigos, estou sempre lendo).
Já é velha a notícia de que hoje temos acesso à informação como nunca. Fico pensando que pra conseguir um artigo que hoje consigo em um clic, na faculdade podia demorar até meses. Fico pensando que há algum tempo as caixas de sucrilhos nem tinham tabela nutricional e eu jamais iria saber que o prato cheio que como nem é tão light quando parece e eu só deveria comer 1/3 de xícara. Não que eu deixe de comer a xícara inteira, mas nada como uma decisão bem informada. Você engorda sabendo com o quê. Como eu acredito piamente que informação é poder, não acho ruim não, mas acho que a coisa está ficando meio exagerada.
Não basta aquela vaga sensação de que você não pode ser boa em nada se não tiver lido tudo que existe no mundo sobre o assunto. Do último artigo na Science até a notinha de rodapé do jornal, do pop up do site até o spam do cara da África que quer fazer um depósito milionário na sua conta. Agora outro dia me enfezei. Entrei na farmácia pra comprar um shampoo e saí tonta. Comecei a ler as embalagens : Cabelos longos com frizz e volume. Cabelos médios com a raiz oleosa e as pontas secas. Cabelos que tem mais volume de manhã e menos a noite. Cabelos enrolados com ondas médias. Cabelos curtos que armam e fazem pirueta. Fala sério?! Fiquei frustrada, percebi que o que eu queria era mesmo um absurdo...onde já se viu, em pleno século XXI querer shampoo pra cabelos Normais. Isso sem falar na coleção de condicionadores pra combinar com os shampoos. Bons tempos os do shampoo Seda cabelos Normais, Oleosos ou Secos e do Condicionador Neutrox pra todos os tipos de cabelo e ponto final. Saí da farmácia meio contrariada com um shampoo pra "Cabelos escuros que precisam realçar o brilho natural" e um outro para "Obter cabelos 75% mais macios em 3 lavagens", de repente no meio disso meu cabelo fica normal.
Só de raiva decidí, nunca mais leio caixa de sucrilhos no café da manhã.
5 comentários:
O disperdicio, com tanta caixa de cereal....
Sou igualzinha a você: leio até rótulo de caixa de fósforo. Devo ser a única pessoa que não tem fobia de avião e lê aqueles guias sobre como agir em caso de acidente, que estão sempre pendurados no banco da frente.
Seus cabelos são lindos ! Não precisa shampoo especial não.
Beijinhos informativos,
Flávia.
hahahahahahahahahahaha
HAHAHAHA, essa foi otima, amiga. Também leio de tudo, e tenho evitado comprar shampoo ultimamente, pois de fato é um ABSURDO conseguir decidir qual comprar. (e eu que tenho um grave problema psicológico chamado indecisão crônica, ou síndrome da dificuldade extrema em tomar qualquer decisão, particularmente as mais inúteis -- síndrome herdada do meu pai -- quase morro pra decidir.)
Sao em dias como esse que dá vontade de ter nascido na roça, ter casado com 17 anos e ficar feliz de aprender receitas novas. E assim seria a vida, feliz e simples....regadas à novelas das 8...
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